-Max... não vou me acostumar com isso nunca, humpf... – murmurei comigo mesma. Estava insegura de falar na frente de uma pessoa que eu pensei que conhecia. Vai ver ele tenha esquecido a promessa. Não queria falar sobre o assunto agora. Acho que já aconteceu o bastante por um dia. Se ele esqueceu muito que bem. Se não ele teria que esperar por amanhã. Levantei-me com esperanças que ele se esquecesse da promessa que eu tinha feito. Infelizmente ele não esqueceu.

  -Missie, se não é pedir muito por hoje... você me prometeu que iria me contar sobre aquilo no banheiro – ah, ótimo! Eu teria que contar.

  Eu voltei lentamente, suspirei e olhei para Laura. Eu tinha esquecido que ela estava ali. Eu não queria contar para ele com ela lá. Eu não sei por que. Será que ela ficaria ofendida se eu pedisse para ela sair? Será que ela falaria comigo depois disso? Ah! que se dane. O nome dela não deveria ser Laura e ela também não deveria ter 10 anos mesmo. Eu é que estaria brava com ela se ela ficasse brava comigo. Aí ia ser uma guerra.

  -Marc... Max, eu queria falar isso só para você – e olhei de esguelha para Laura. Ela não me pareceu ofendida. Ela só esperou a confirmação dele para sair. Ele olhou para Laura e confirmou com a cabeça. Ela saiu normal.

  -Pronto. Pode começar – ele voltou os olhos para mim. Acho que ele estava esperando por isso desde o começo da conversa. Eu hesitei um pouco tentando lembrar de tudo. Depois contei para ele o que tinha acontecido. A cada passo que eu chegava do final ele ficava com uma cara... uma cara de confusão. Eu usei um termo assim “apareceu uma imagem na minha cabeça”. Pareceu ridículo depois.

  Ele hesitou quando eu terminei de falar, ele olhou para baixo e depois voltou o olhar para mim. E me perguntou:

  -Você sabia que poderia ser uma profetisa? – Ele me perguntou. Eu pensei um pouco, e lembrei da conversa que eu tinha ouvido. Eu tinha uma leve impressão que eles falavam de mim, mas eu não sabia. – Tinha alguma idéia que poderia ser uma profetisa? – Eu vou ter que falar isso, pensei. Ah! droga. E se ele ficar bravo comigo? Eu não podia fazer nada. Não podia levantar da cama e falar “Espere, espere. Eu ainda estou acordada. Não falem nada ainda.” É acho que vou ter que falar.

  -Na verdade, sim. É que eu ouvi a sua conversa com Luigi ontem à noite... – falei.

  -Luigi? Você não quis dizer Luke? – Ele me perguntou, mas depois se arrependeu por ter feito isso. Eu assenti.

  -É, ele mesmo. Eu consegui ouvir até vocês falarem alguma coisa de eu poder ser escrava das trevas – me senti idiota com o termo escrava das trevas e olhei para o chão. Eu não agüentaria seu olhar de raiva, mas não pude evitar olhar para ele. Ele não estava com raiva. Só não consegui entender qual era sua expressão. Depois de alguns minutos olhando para ele, ele começou a sorrir. Seu sorriso era de um homeme de 20 anos. Depois começou a rir baixo. Ele devia estar com raiva de mim, e não sorrindo.

  -Bom, acho que resolvemos o mistério, Missie – não sabia o que falar. Esperava que ele estivesse com raiva, decepcionado, mas não feliz, nem triste. Agora quem estava com raiva dele era eu. Pena ele ter usado uma poção contra as minhas emoções. Depois ele continuou. – É ótimo saber que você não vai ser uma escrava, porque essa é uma das piores funções que alguém pode receber. Mas, sai perdendo. Isso que você viu era uma visão do futuro, e um profeta só consegue ver as coisas depois que ele ouve que pode ser um ou é um. Você ouviu que pode ser – ele se levantou, e eu me levantei também. Bateu palmas e disse: - Parabéns! Você é a nova profetisa!