Passos ávidas eram ouvidos pelos corredores do hospital, a face inexpressiva não combinava em nada com os passos apresados e ansiosos do vingador. Pessoas, que seu ver eram insignificantes, olhavam-no com raiva. Não ligava pra isso. Sua mente apenas dizia uma frase, uma pequena luz que aumentou de tamanho:

–Ela acordou. – ela gritava desesperadamente feliz. Fazia três dias que ela dormia. Seu corpo ainda frágil era monitorado pelas máquinas do hospital, e seus ferimentos estavam bem, quase cicatrizados, com exceção do que quase lhe causou a morte.

Entrou no corredor que levava a sala da rosada. Mais alguns passos e abriu a porta se deparando com uma rosada assustadas pela porta ter sido aberta tão bruscamente.

Sentada naquela maca, com os olhos verdes arregalados e boca levemente aberta, estava a mulher que prometeu ficar ao seu lado eternamente.

Por que enquanto eu te amar você nunca vai está sozinho, eu te prometo.

Prometeu tirar-lhe um pouco do peso que carregava nas costas e ele mesmo sem querer acreditou. Recebeu essa promessa abertamente sem nem mesmo perceber. Aquelas palavras haviam lhe despertado, havia lhe dado um motivo além da vingança.

...E é essa luz que está dizendo que quer carregar seu peso, mesmo que seja doloroso e difícil, ela quer...

Fechou a porta e com passos firmes se aproximou da rosada. Mãos rápidas tocaram a pele branca, seus lábios ávidos tocaram os lábios da outra. Não tinha certeza do que estava fazendo, apenas tentava acalmar um coração que quase perdera o que amava.

Um beijo calmo aconteceu naquele quarto de hospital. Um beijo que tinha por adjetivo mostrar que estavam ali, um para ao outro.

Separaram-se lentamente. Os olhos negros miraram os olhos ainda fechados da rosada. O que estava acontecendo com ele? Desde quando agia por impulso? Essa vontade de tê-la não podia ser normal.

Abriu os olhos ainda acreditando que estava sonhando. Mas ao abri-los ele ainda estava lá. Perto dela. Perto demais dela.

Talvez se ela levasse um beliscão acordasse, mas quem disse que ela queria acordar? Ela preferiria ficar ali, em mais um dos sonhos que tinha com ele, só assim o tinha por perto, só assim não precisaria ouvir suas palavras ásperas e frias. Era ali que podia ser feliz, nem que seja por breves momentos.

Olhando um nos olhos do outro não se atreviam a falar. Ele concentrado demais nos sentimentos que ela despertava e ela acreditando que aquilo era mais um sonho.

–Sakura... – sua voz saiu leve, era mais um suspiro de quem acabara de encontrar algo que realmente admirava. E mais uma vez ela acreditou que aquilo era um sonho, só assim que ele falar seu nome daquele jeito.

A porta foi aberta e o contato quebrado. Como uma magia que teve seu pico alcançado e depois sua força caiu miseravelmente. Pela porta entra um loiro eufórico, com um sorriso enorme no rosto.

–Sakura-chan! – as voz alegre preencheu o ambiente. O loiro nem ao menos percebeu o clima que o lugar estava mergulhado e com total alegria de vê a amiga bem continuou – Como você está? A Tsunade-obaa-chan disse que você esta bem melhor. Sabe quantos dias você ficou dormindo? Três dias! Estávamos todos preocupados com você. Sério, nunca, ouviu bem? Nunca faça isso de novo. A peituda disse que você quase morreu. Tive um treco quando ouvi isso, não só eu, mas todos os nossos amigos.

Será que ele nunca pararia de falar? Ele não via que ela ainda estava debilitada? Somente um idiota como ele pra continuar falando tanto e tão rápido assim. Olhou pra Sakura e viu que ela estava meio confusa com tudo que ele dizia. Uma veia estourou na testa do moreno.

–Eles vão vir correndo pra cá quando souberem que você acordou. Ah! Matamos Madara, eu o Teme ali. Claro que eu tive que fazer quase o trabalho todo, né? Mas ele ajudou. Eita! Já ia esquecendo-

–Cala boca! – uma voz irritada e mal humorada se espalhou pelo quarto de hospital.

–Não me mande calar a boca Sasuke-teme! – irritado ele retrucou.

–Eu nado quantas vezes eu quiser. Não vê que ela acabou de acordar e você está confundindo a cabeça dela falando tanto?

–Eu não – olhou pra rosada e viu a cara de interrogação nela. É, estava mesmo atrapalhando. – Desculpe. – continuou sem jeito.

– Tsc! – virou rosto pra rosada, à mesma parecia absorta aos últimos acontecimentos. Perguntou-se no que ela tanto pensava. Será que era no beijo? Não duvidaria nada que fosse nisso.

Aquilo era mesmo um sonho? Como poderia se Naruto tinha entrado bem no meio no melhor momento? Em todas as vezes que sonhara eram sempre ela e o moreno, ninguém mais. Então o que Naruto estava fazendo ali? Todas aquelas coisas que ele dizia pareciam tão reais. Será que...

–Não é um sonho. – contestou falando alto suficiente pra os dois homens ouvirem. Com uma sobrancelha levantada o moreno percebeu no que ela tanto pensava.

–Não é um sonho.

Se não é um sonho então quer dizer que... Olhou diretamente pro moreno e na mesma hora corou.

Se aquilo não era um sonho então Sasuke havia lhe beijado!! Beijado!! Suas mãos foram rapidamente para a boca, tapando-as.

–Deixa eu repetir: Uchiha Sasuke me beijou. E não num sonho, mas sim de verdade.

O moreno olhando pra ela percebeu o porquê dela ter achado que estava sonhando. Mesmo sem querer sorriu levemente. Aquela inocência o cativava, era algo dela e que o mesmo amava.

–Érr... O que aconteceu? – com uma grande interrogação na cabeça o loiro percebeu que estava sobrando. – Acho que é melhor eu ir... – não ganhou a atenção de nenhum dos dois – Tchau! – irritado por ter sido excluído saiu.

O que faria agora? Perguntaria sobre o beijo ou fingiria que nada aconteceu?

–Não precisa ficar com essa cara de retardada por causa do beijo. – ele sabia muito bem o que tinha falado, mas não resistiu. Queria ver a cara irritada dela.

–O que disse? – um misto de raiva e constrangimento se alastrou no seu interior. Virou o rosto, com os braços cruzados no peito e um bico inconsciente nos lábios continuou. – Não fui eu que ataquei uma mulher hospitalizada.

Atacou? Bem, até poderia ser, mas em nenhum momento a ouviu reclamando do ataque, pelo contrário, ela estava bem feliz. Aproximou-se dela até ficar a centímetros de distancia do seu rosto.

–Hmm...Me diga que não quer ser atacada novamente, Sakura.– com uma voz sexy demais se aproximou da rosada. Como um leão que acabara de ver sua presa preferida desprotegia.

–E-eu – o que diria? Com toda certeza queria ser atacada por ele.

Ele estava lento demais, ou será que ela que estava com presa demais? Não sabia, mas simplesmente atacou os lábios do moreno sem se importar. Descobriu algo nesse gesto. Amava “atacar” os lábios de Sasuke.

Ficou surpreso, não podia negar, mas também gostou da reação. Mostrava que não era só ele que queria essa aproximação, mas ela também. Ela o desejava assim como ele a desejava.

Sem perceber acabou se viciando nos lábios rosados, acreditando fielmente que havia encontrado seu porto seguro. E entre beijos e suspiros uma pergunta cresceu na sua mente: Quanto tempo conseguiria ficar longe dela?