Eu nunca me senti inteiramente completa. Havia sempre um vazio, e nada pra preencher. Eu dormia com aquela sensação esquisita de que faltava alguma coisa, aquela sensação que não era o bastante. É tão estranho isso, tudo isso. É estranho olhar para o lado, e não ver ninguém que eu possa contar além de mim mesma. É estranho colocar a cabeça sobre o travesseiro e chorar noites inteiras sem saber o motivo. É estranho essa minha mania de estranhar as coisas. As coisas andam meio assim, meio sem sentido, meio tudo virado do avesso. Eu queria ter alguma explicação, nem que fosse só pra mim, nem que fosse só para eu me entender um pouco. As pessoas disseram que essa sensação é passageira, e que logo iria passar. Mas já me disseram isso algumas centenas de vezes. E sabe de uma coisa? As coisas não vão passar. Só mudar.

Creio que a solução, seja algo provavelmente obscuro ou opaco demais para que possa ser percebido aos meus olhos, mas prefiro a hipótese de não haver solução. Buscamos por respostas demais, sendo guiados por uma linha torturante a procura da respectiva certeza, nos definhamos em pés calejados caminhando por uma linha de trem e não se enxerga a luz, não se percebe a verdade. Sei lá, ou talvez eu saiba e finja que não sei como uma forma de me proteger da infeliz realidade em que vivemos, somos hipócritas demais para abrir os olhos e perceber que solução seria nascermos novamente, afinal se tem alguém aqui que só faz ‘merdas’ indecifráveis somos nós. Quanta ingenuidade, quanta santidade. Não passamos de egocêntricos que dizem serem boas pessoas, não digo que estou tirando meu corpo fora, apenas digo que também sou assim e ainda sou capaz de julgar assim como você também é, assim como você faz. Somos atores e trabalhamos contracenando sem ao menos receber por isso, queria eu entrar em um reality show e poder manipular em um jogo como sou na vida, ser teatral e lidar em uma disputa sobre quem é protagonista e quem é apenas figurante. O que és tu? Na verdade com tanto ego, sou apenas uma figurante, manipulada pela vida, a procura da resposta fantasiosa que criei em minha mente, digo no coração pra ser mais exata. Está ai o ponto chave, o coração nos engana, nos engana demais, nos faz sermos mais sentimentais onde deveríamos ser mais racionais. A certeza na verdade é o que vivemos, o resto só passa de sonhos imaturos de quem não tem os pés no chão. Estou flutuando no momento e isso me causa repulsa, às vezes vidas após a morte deveriam existir para que quem sabe um dia eu veja que ‘o mundo melhor’ não foi somente um sonho ou talvez o mundo não mereça viver eternamente, o mundo mudou e quem disse que nós mudaremos? Mesquinhos demais pra querer mudanças e não se preocuparem consigo mesmo, dizem que educação começa de casa, creio que caráter também. De boa samaritana não há nada em mim, mas creio que estou começando a ter vergonha da minha pessoa, repulsa de quem me cerca. Crianças birrentas. Se vos incomoda o que penso, pode começar a reclamar, julgar, fofocar afinal é o que fizeste melhor. Não somos melhores, nem piores que os outros, na verdade somos iguais o bastante para preferirmos o silêncio, para que não falemos de nós mesmo. Realidade sarcástica.

Vou guardando tanta coisa, suportando uma por uma dentro de mim. Não é fingimento, é só a necessidade que todos acreditem que eu estou... bem. Eu queria sorrir, e queria que pela primeira vez fosse de verdade, fosse de felicidade. Eu queria acordar num dia melhor, numa fase melhor, eu queria ser melhor. Ou então, um pouco melhor da pessoa que eu sou hoje. Eu queria que as pessoas perguntassem como foi meu dia, queria que elas se importassem com a resposta. Eu queria dizer “estou bem, obrigada”, mas que fosse sincero. Queria não ter chorado tanto pra me tornar a pessoa que eu sou hoje. Às vezes, chega a dar medo de mim mesma, e da forma como eu vou lidando com as coisas. Eu queria voltar para os braços de quem me empurrou, mas meu orgulho é sempre maior. Eu queria viver à toa, pra nada e por nada, eu queria fazer diferente, fazer a diferença. Eu queria não ficar mudando repentinamente. Nem ficar procurando um lugar onde eu coubesse, onde eu me encaixasse. Tem noites, que eu passo horas e horas escrevendo textos sem sentido, amassando e começando tudo de novo, desde à primeira linha. Só para tentar me entender um pouco, e sabe qual é o meu problema? Achar que eu conseguiria. Meu problema é achar que “me” entender é a coisa mais natural do mundo. E não, não é. E por mais que eu tente, eu ainda sinto falta daquela ingênua que eu era. Eu ainda sinto falta de quando fingiam que sentiam a minha falta. Ainda sinto falta de quando fingiam que se importavam comigo. Até porque, antes eles até fingiam. Hoje nem isso.

Não consigo mais continuar com isso, não consigo mais fingir que nada está acontecendo, que nada está me afetando. Porque eu preciso só de alguns segundos para desmoronar. E às vezes, parece que eu carrego o peso do mundo nos ombros. Então eu me vejo tão pequena, segurando um peso que nem é meu. Confesso, que não aguento ter que suportar tanta coisa desmoronando sobre mim, sem ao menos um alguém para me consertar nas vezes que eu quebro. E quantas e quantas vezes eu passei madrugadas inteiras chorando pelos cantos, pensando em fugir, pensando em correr pra longe de tudo, de mim. Mas pra onde? Pra onde eu iria sem me sentir sufocada em meio a tantos devaneios que me confundem? Para falar a verdade, eu acho estranho me sentir assim, como se o resto do mundo tivesse virado as costas pra mim, como se a minha unica saída fosse ficar no mesmo lugar. Logo eu que sempre sorri — nem sempre de felicidade. Logo eu que sempre me mostrei forte, estava ali, caída no chão, literalmente, sem alguém para segurar a minha mão e dizer que tudo acabaria bem. Mas nunca, ninguém percebia. Muito menos se importava, muito menos se preocupava em saber se eu sorria de felicidade ou por obrigação. Eu não queria me machucar assim, eu não queria ter motivos para permitir que meu coração se tornasse uma pedra. Uma parte de mim morreu, e ninguém notou.

– Honestos?

– Honestidade!

– Então, eu tenho que te contar uma coisa. Mas por favor, não me deixe cair mais uma vez, porque no chão eu já me revirei muito. - Falei, saindo de seu abraço. - Me desculpe pela grosseria de hoje e de todos os momentos. Nós dois sabemos que não sou assim. E acredite, me dói ter que agir de tal forma. Mas acontece que quanto mais doce eu sou, mais você me bagunça. E eu não posso mais permitir isso, entende? Você sempre me procurou quando as coisas não iam muito bem, porque sabia que eu era capaz de fazer o possível e o impossível pra te ver sorrir. Mas, meu amor, meu bem, eu não sou uma clínica de reabilitação. Não é desse jeito que as coisas funcionam, pelo menos não deveria ser. Eu não podia mais permitir que você viesse, se internasse em mim por um, dois dias e depois, curado, voltasse pro seu vício. Ou seja, a tal da Jas, e até mesmo a Selena. Pois quando você sente toda a dor se esvair, é porque eu as tomo pra mim. Eu sofro, pra te ver bem. Porque a minha cura é o teu sorriso. Mas acontece, que você me virou as costas, logo depois. Você foi embora, voltou pro seu parque de diversões, pra tua montanha-russa, e eu fiquei aqui, esperando você precisar de mim de novo. E… Chega né? Basta. Eu preciso de alguém aqui o tempo todo, que me deixe roubar sorrisos, na verdade, que os entregue pra mim sem que eu peça. Eu preciso de alguém, que precise de mim, o mesmo tanto, ou até mais. E você já deixou, mais do que claro, que não quer ser esse alguém. É melhor pararmos por aqui.

A menina meiga, do mais belo e doce sorriso, com olhos brilhantes e vestígios da inocência de criança ainda existe, ainda está ali, mas como nos contos de fadas que as princesas são aprisionadas em torres altas, essa menina foi escondida, trancada a dez chaves, sim dez, por que sete seriam poucas. E em vez de um dragão de guarda da torre, tem apenas uma garota, mas não se engane, por que sua frieza e amargura detém tudo que aproxime-se.

– Você não pode fazer isso comigo. Se basear no passado. Eu preciso de você.

– Podemos fazer uma flashback? Eu tentei fazer de tudo ao meu alcance, para fazer você feliz. Pelo menos por um tempo, o tempo do qual estivemos juntos, lembra-se? Eu fiz de tudo por nós, eu humilhava-me a ti, jogava todo o meu amor a você. Eu seriamente pensava que esse novo doce amor, podia ter uma continuação. Mas, você era algo grande de mais pro meu alcance. Você era, é o Justin Bieber! Eu sonhava acordada, sempre pensando em ti, e me pegando sorrindo com isso. Tola eu, que caí do cavalo. A ficha caiu e junto com ela a verdade apareceu. Você nunca foi grande o bastante para tornar as minhas expectativas realidade. Eu que era a boba da história, como sempre. Este meu cavalo foi rápido demais, e me fez cair, sem que eu pudesse suplicar a um pedido de ajuda. E você? – Ah você me fez sonhar demais, sonhar com coisas inexistentes. Fez com que eu me perdesse em teu mundo a procura de ti. Enfim, eu nunca te encontrei, eu só criava um aspecto teu, tão parecido. Me contaminei por partículas de meu mundo inexistente, eu achava que este teu vulto era real, só que tudo era uma fantasia. Aliás toda minha vida tem sido um teatro, e eu era a personagem principal, eu era o fantoche mais usado. Só que uma hora a cortina cai, o show revoga, os fantoches desmoronam, mostrando a todos as façanhas. E esta hora chegou, esperadamente abordou. A verdade foi dita silenciosamente para que só eu possa escutar, e para que eu possa te dar aqueles golpes inesperados para que tu desmorone junto a mim. Para te dar o gosto amargo do chão sórdido o qual tu nunca experimentastes. Se tu querias uma aventura, pois bem, te dei uma. Você conseguiu, agora aqui está seu prêmio, pode ficar ao chão como uma poeira, agora você experimentará o gosto de ser ignorado, pisado, jogado como eu estava a um bom tempo, te darei o gosto de minha vitória para que tu possas se contentar com meus sorrisos e minha hipocrisia ao me ver levantar.

– Você realmente foi meio que um tormento na minha vida,um verdadeiro vendaval. Pois é, eu realmente não queria que fosse assim, não queria que terminasse assim, não dessa maneira. Você era, ou melhor é, muito importante para mim e eu tenho um carinho imenso por você. Não quero esse fim para nós,n ão quero esse amargor, realmente não quero isso. Eu quero e eu preciso, de pelo menos ,a gente de bem um com o outro. Porque na boa, está sendo um dureza viver sem você e sem saber realmente sobre você. Eu descobri que eu te amo! E eu te escolhi! E se eu estou sorrindo, é porque eu realmente estou sendo forte, porque a minha única vontade era ficar olhando pro nada e pensando em tudo, ou melhor em nós. Não sei o que vai ser da minha vida, pois eu não posso viver de nostalgia. Está sendo complicado para eu entender que você vai tentar ser feliz assim, feliz sem mim, que você tentará viver melhor assim. E também sei que eu te trouxe muitas decepções, mas me desculpa, eu realmente não sou perfeito, nunca fui e nem pretendo ser. Desculpa se eu não sou o seu padrão de homem...

– Na verdade, você é, de um jeito estranho... agora, apenas como ídolo. - O interrompi.

– Mas também sei que você me deve muitas desculpas. Na real, se eu te decepcionei, você também e muito. Você me fez chorar, você me deixou aqui sofrendo. Mas eu não sei realmente como te falar tudo isso, na verdade eu fico sem reação na tua frente, não sei o que fazer e nem que atitudes tomar. Isso não é normal, essa falta e esse desejo incontrolável que eu tenho por você. Eu te quero ainda, eu nunca deixei de querer, mas o meu orgulho sempre falou mais alto, certo? Eu relutei contra meus sentimentos no início. Sabe, eu não consigo achar palavras para te falar tudo o que eu sinto. É complicado, são tantos sentimentos embaralhados em meu coração que ao invés de sairem, eles entalam na minha garganta e não descem nem saem. Confusões, sentimentos pra cá, sentimentos pra lá. Esse meu coração está parecendo uma montanha-russa. Não sei ao certo o que falar pra ti, o que fazer quando estou perto de ti. Tudo o que eu queria era não ter que ficar com essas dúvidas e mais dúvidas em minha cabeça. Queria acabar de uma vez por todas com isso, e tirar essa angústia enorme de dentro de mim. Talvez se não existesse “eu e você” e fosse “nós”, eu não estaria assim… tipo, sei lá. Você tinha que ser minha. Temos tudo pra dar certo. Só você que não percebe. O brilho dos teus olhos ilumina essa minha caverna. Uma caverna onde eu guardei os meus sentimentos. Então vem, vamos lá tirá-los de lá. Olha nos meus olhos e me ajuda a tirar isso tudo de dentro de mim. Vem me fazer te falar tudo o que eu sinto. Me dê coragem. Apenas coragem. Só isso que falta pra eu te falar. Talvez as palavras fujam, mas que se dane. Na hora, a gente faz um beijo valer mais do que 19217291721 palavras. Eu não quero ter que ficar com isso guardado pra mim. Quero compartilhar meus sentimentos contigo. Quero você. Quero nós. E quero agora, por que eu já não aguento mais te esperar. Mas quem ama, espera. E eu estou te esperando entender que eu não preciso de uma garota famosa, uma garota perfeita, uma garota rica ou pobre.... é você quem eu preciso.

– Não diga que estou blefando em dizer que ainda lhe amo, te confesso que não ando me esforçando para lhe esquecer, é tanto amor que jamais haverá consumação entre nossos lábios se tocando em um compasso perfeito novamente, em uma sintonia sincronizada. Só cansei de ser tão das pessoas. Cansei de me doar, e só me doer em troca. Cansei de ser boba, boa, burra. A confiança está abalada. No momento quero distância do mundo, distância de todos. Não quero falar sobre a minha vida, nem quero escutar os problemas alheios, os meus já são ruim o suficiente. Só quero ficar afastada, no meu canto. Quero recuperar toda a força que eu perdi até aqui. Quero voltar a ser minha, a ser dona do meu próprio caminho. Não depender mais das pessoas, não precisar de ninguém ao meu lado pra sorrir. Eu só quero cuidar de mim, porque todas as vezes que eu permiti que alguém cuidasse, eu saí muito machucada. Mas é que dói. E não tem cura. Tem amenizadores, mas são passageiros. Nada permanente demais, ao ponto de exterminar essa maldita dor que me invade, que toda conta, que se infiltra em minhas entranhas e por lá se aloja. E vai cansando. Você acha que tudo está bem. Mas, pelo menos uma vez, deixe de acreditar no meu sorriso e olhe um pouco mais acima. Fixe seu olhar em meus olhos. Eles não conseguem esconder o que eu estou sentindo. Eles deixam transparecer facilmente a tristeza que reside em mim. Então depois de notar isso, reflita bem, pra depois me dizer se tens certeza que tudo está bem comigo. São sorridos forjados, um discurso ensaiado e uma alegria falsificada que passaram a fazer parte dos meus dias, que se tornaram muito rotineiros. Monotonia e nostalgia se tornaram quase que de casa. Cicatrizes internas que ainda doem. Feridas abertas que não se fecham. E machucados novos sendo abertos. Me tornei muito frágil, vulnerável, facilmente atingível. Um alvo de todos os tipos de dores. E não consigo me livrar disso. O máximo que faço é fingir que não sinto. Mas até fingir acaba me ferindo, porque é o mesmo que ocultar, mentir pra todos. E acima de tudo, é mentir pra mim mesma. Não funciona. A dor está lá, e não é simplesmente dizendo que não há sinto que ela irá sumir. Como eu já disse, não tem cura. Então, eu estou cansada de criar fantasias em minha cabeça, dizendo que tudo está bem, que vai passar. É tudo ilusão. E saber que o que seria bom pra mim é apenas uma farsa, faz doer mais.

O silêncio se fez.

– Você perdeu a oportunidade de ficar calada. Disse tantas coisas, mas não disse nada. - Justin

Balbuciou. Merda!

– Eu quero atitudes, se quisesse palavras, comprava um dicionário. - Retrucou novamente.

– Se for entrar na minha vida, não se vá depois, sério, isso doí demais. Se for fazer promessas, faça com a intenção de cumprir todas elas. Antes de dizer que me ama, sinta que isso é verdadeiro, pra não me machucar. Fale tudo, me mostre a verdade, a sinceridade que jamais foi ouvida ou vista. Fique do meu lado, eu preciso de alguém pra dividir os meus momentos bons e ruins. E se for zoar da minha cara que seja só de brincadeira. Se for dizer que me odeia, que seja só uma maneira de demonstrar o amor que sente por mim. Quero que me mostre a verdade em tudo, quero que viva comigo de uma maneira diferente, que me mostre que a vida pode ser muito boa, que me faça acreditar que o para sempre pode existir. Que seja uma amizade, que seja uma paixão, um amor, mas que permaneça, que não seja igual o vento que se vai.

– Será! – Bieber falou.