- Você não respondeu a minha pergunta, ou melhor...

- Pergunta? – Fingi estar confusa.

Eu sou difícil, tá?!

- Se eu te beijar, você vai contar para alguém?

Justin me olhou nos olhos. Ficamos a centímetros de distância.

As sombras das árvores próximas se alongavam pela água cristalina. Um vento fresco agitou-se nas folhas, e sacudiu os meus cabelos.                                               

- Não. – Falei

No horizonte viam-se grandes nuvens rosadas, com franjas de fogo. Mais para o alto o céu tinha uma cor suave de opala; bem no alto é azul desmaiado, puto, transparente, parelho.

Justin aproximou-se mais de mim, logo passou sua mão por minha cintura envolvendo-me abusadamente, corpo a corpo. Ele deu-me um leve beijo no pescoço, que precedeu ao queixo. Um centímetro de distância da minha boca para a sua e alguém gritou:

- Venham comer! Eu trouxe lanche!

Parabéns Kenny, você ganhou o troféu do ano, tá legal? “Estraga prazer“ Sinta-se honrado.

- Já vamos. – Justin gritou arrasado.

Ele me olhou com ar de decepção e soltou-me. Por que o Kenny tem que ser tão chatinho comigo? Puxa!

Nadamos até a borda, perto de uma pedra, onde o “estraga prazer” estava sentado com várias coisas em sua volta, vulgo, comida.

Apoiei o meu busto na origem da pedra, fixando assim, meu olhar naquelas comidas. Justin saiu da água e sentou-se ao lado do Kenny para comer. Seu olhar era fixo em mim, sentia vergonha por ele me olhar daquela forma, havia ternura, seus lábios constantemente eram prensados contra seus dentes esbranquiçados, em forma de mordidas.  Comemos. Há algo mais interessante e prazeroso do que comer? Acho que não hein. (Ops! Justin Bieber... Ele sim é melhor).

- Já está anoitecendo. Vamos embora crianças?

EMBORA? CRIANÇAS?

Justin lamentou-se e disse: Não podemos ficar mais um pouco? Hoje é a minha folga.

- Temos que ir. – Kenny falou

Sentei-me à sombra dum cinamomo, no chão ocre, as folhas das árvores desenharam arabescos caprichosos. Ao longo do tronco passeavam algumas formiguinhas numa fila extensa e sinuosa.

- Por favor, eu quero ficar. – Justin balbuciou e me olhou e seguida.

Balancei a cabeça e olhei para o chão, eu sabia que se não fosse o seu segurança naquele momento, nós teríamos nos beijado e meu sonho haveria se realizado. Afinal, não foi isso que você sempre quis Alice?

- Desculpe, não quero me intrometer, mas é melhor obedecê-lo Justin. – Levantei minha sobrancelha e mordi os lábios, esperando resposta.

Ele respirou fundo e soltou o ar revoltadamente. Levou sua mão esquerda ao seu cabelo e o bagunçou um pouco, ainda estava úmido. Levantou-se devagar, bateu uma mão na outra para limpá-las, olhou para o céu e logo voltou seu olhar para o Kenny.

- Vamos. – Finalmente, concordou.

Vestimo-nos e fomos embora, após jogarmos todos os restos de comida fora.

Logo que chegamos a frente ao hotel não havia uma alma vivente na portaria para contar história, a não serem os seguranças fortões e seduzíveis que vestiam aqueles ternos justos e escuros que me deixav.... Ok! (Excesso de pensamento)

Invadimos o corredor do hotel, onde ficavam os nossos quartos. Olhei de esgueira para o lado e vi um vulto. Justin passou na minha frente e olhou para trás por segundos, apenas para me enviar um sorriso. Em frente ao seu quarto havia um menino parado na porta. Quem seria? Assim que o mesmo nos viu, caminhou em passos ligeiros até a direção do Justin e o abraçou.

- Que saudades dude! – O menino de olhos castanhos falou.

- Eu também Ryan! – Falou sem desgrudar do garoto.

Ryan? Nome legal para um garoto bonito.

Ok! Já calei meus pensamentos. (?)

- Vamos entrar? Estou cansado da viagem. – Ryan  tagarelou palavras, mas essa parte foi a única que eu distingui.

Eu fiquei tipo: Excluída!

Justin virou-se para mim, após soltar-se dos braços musculosos do... Ryan, sim, eu acho que é Ryan, e veio me dar atenção.

- Alice, eu vou entrar. Até amanhã. – Por alguns segundos ficou concentrado, na mesma postura.

Só isso? Esse “Até amanhã” chocho?

- Amanhã? – Perguntei com uma voz debochada desviando o meu olhar para Ryan que prestava atenção em tudo.

Naquele instante, Kenny nem estava mais presente, não gostava de abraçinhos entre esse tal de Ryan e o Justin, achava melancólico de mais para dois homens. Fiquei sabendo disso mais tarde.

- Sim. Amanhã eu tenho outro show.  Tens ingresso?

- Não. Eu não tenho. – Lamentei e seu rosto escureceu em preocupação.

- Você quer? Eu posso conseguir.

Pensei um pouco, ergui a cabeça que estava inclinada para minhas sandálias, descerrei os olhos, sorri. Decerto eu estava feito boba pensava sobre algo óbvio.

- Quero! – Justin esfrega as mãos em felicidade.

- Antes do show eu passo no seu quarto e te dou o ingresso. Você quer ficar perto de mim? – É o mesmo que perguntar se macaco que banana, não?

- Não. Quanto mais longe de você, melhor. – Exibi uma carranca de má vontade e de deboche.

- Então vou te dar o ingresso mais longe de mim.

- Ela está brincando Justin. – Ryan, o garoto de olhos castanhos falou pela primeira vez se referindo á mim.

- Eu sei Ryan. Certo. Vou te dar o ingresso. Você quer ir também ou vai ficar no quarto vegetando amanhã? – Virou-se para o garoto que estava meio encostado à parede, de braços cruzados.

- Eu vou. Quero ingresso também. – Fez um coração no ar e deu uma piscadela.

- Idiota! Então, vocês dois vão juntos. – Concluiu.

Não me diga... Achava que eu iria numa vassoura voando até lá e o tal de Ryan fosse de carro.

Espere... JUNTOS?

- Juntos? – Transformei meu pensamento em palavras escutáveis. Uma tanto exageradamente...

- Sim, algum problema menina? – O garoto sorriu sinicamente e desencostou-se da parede.

- Não! – Falei rápido, tentando desfazer o mal entendido, pois havia dito como se o mesmo fosse me atrapalhar, incomodar, ou coisa parecida.

Justin virou-se novamente para mim e esboçou um sorriso imperceptível, talvez só eu conseguisse notá-lo.

- Boa noite Alice. – Deu-me um beijo no topo da minha cabeça e segurou minha mão direita enquanto praticava tal alto. - Dorme bem tá? – Justin puxou-me para um abraço e em seguida afogou seu rosto em meu pescoço, deixando lá uma leve mordida, da qual eu senti e ri. Ryan enviesou um olhar de interrogação pra mim e eu me contive.

Se ele tá a fim, por que não parte pro ataque?

Juro, eu preciso de um homem que transforme erros em acertos... Só isso.

 - Não faça isso. – Ri pelo nariz e sussurrei para o Justin enquanto saia de seu abraço. – Tchau.

O mesmo mandou um beijo no ar para mim quando longe e abraçou novamente o Ryan.

- E aí cara?! Conta as novidades para o seu irmão aqui. – Ryan falou enquanto eu me afastava deles e entrava em meu quarto.

Enfim, a sós.

Precisando de um banho, joguei as coisas no chão e entrei no banheiro. Já tomada banho, deitei-me (lê-se: joguei-me) na cama e estiquei um braço a fim de alcançar meu Macbook, o que logo consegui. Navegando por sites americanos, acabei adormecendo rapidamente.

[...]

*toctoc*

Alguém bateu na porta? Af.

Um ruído generalizou-se no escuro e eu levantei a cabeça, tentando focalizar, mesmo no escuro.

*toctoc*

Puta que pariu.............................. (sim, são pontinhos de revolta)

Apoiei minha mão na cama e ergui meu corpo. Tirei o edredom de cima de mim e levantei-me com dificuldades, com nervo de bater meu corpo em algum lugar. Apalpei os móveis e encontrei a luz, em seguida abri a porta.

- Oi. – Disse manhosa, ainda de olhos fechados.

Então ouvi alguns risos. Certamente, tive que abrir os olhos com dificuldade e focalizei o ser... Justin atentado Bieber e Ryan alguma coisa.

Mal o menino me conhece e ri de mim? Bufei.

- Que foi garoto? – Falei em português... O sono ainda me dominava, problemas?

Os dois me olhavam e riam. Tudo bem, eu estou descabelada, de sutiã e short de baby-doll, mas não pareço tão engraçada assim... Ou sim?

Calmo aí... Sutiã e short de baby-doll? É isso mesmo Evaristo?

De súbito, cobri-me com as minhas mãos. (Elas são gigantes para cobrir o meu corpo todo né? Deve.)

- Por que você está falando assim? – Ryan pronunciou-se.

- O quê menino? – Falei ainda em português escondendo-me um pouco atrás da porta.

- Fala em inglês, Alice. – Justin sugeriu.

Depois de alguns segundos reflexivos, eu me toquei.

- Desculpe. O que vocês querem? – perguntei indiferente.

- Vamos lá para o meu quarto? – Biebs soltou as palavras como se nelas não houvesse gravidade.

- Respeito é bom e conserva os dentes, sabia? O que eu vou fazer no seu quarto há essa hora? – Olhei em meu relógio de pulso. – É duas horas e quarenta e três minutos da madrugada, o que vocês querem? – Repeti a última parte novamente dando-lhes tempo de mudar o convite ou...

... Parece até que eu tenho intimidade.

- Estamos sem sono. – Ryan respondeu.

- Mas EU estou com sono. – revirei os olhos e bocejei afastando-me dos dois.

- Vamos? A gente faz qualquer coisa e você perde o sono. – Ryan novamente intrometeu-se.

- Eu mal o conheço! – O olhei nos olhos pela primeira vez.

- Qual é. Por favor, vamos? – Biebs puxou minha mão.

- Dá pra soltar? Eu estou com sono! – Puxei minha mão que estava em domínio do mesmo.

- Por que você está tão feroz?

- Quê? – Escondi meu rosto em minhas mãos, não mais me importando com o meu corpo, queria chorar (quem sabe eu os comoveria, e eles me deixariam em paz?), o porquê é que eu odiava alguém me acordar no meio da madrugada por motivos fúteis.

- Ei! – Tirou minhas mãos do meu rosto - O que foi? – Sussurrou enquanto estava me envolvendo em seus braços.

- Eu odeio que me acordem... Urgh! Você é um chato – Já nem sabia mais o que falava, quase adormecia – Não... Não... Eu... Não sei... Ah!... – Recitava palavras sem sentido algum, meus olhos estavam fechados e meus braços correspondiam ao abraço do Justin, minha cabeça encostada ao seu ombro como sinal de que eu adormecia ali aos poucos soava cômico para Ryan que quando viu, riu.

- Alice! Acorda! – Sacudiu-me. Abri os olhos e vi tudo empalidecido. Cocei os meus olhos com os dedos e afastei Justin com a mão livre. Tudo ainda estava enleado, desconectado, ouvia sussurros e risadas.

- O que acha de pintá-la? Ou... Sei lá! Vamos brincar com ela? – Justin sugeriu para o Ryan.

Embora tudo estivesse logrado, e um tanto empanado, eu ouvi nitidamente aquelas palavras maldosas atentando sobre mim.

Esforcei-me ao máximo para me manter acordada o suficiente para mostrar a eles que eu havia escutado e estava emburrada.

- Idiotas! – Empurrei Justin com um toque dos meus dedos em seu ombro e dei meia volta. Adentrei o meu quarto e me joguei na cama, esquecendo-me de trancar a porta para eles não me perturbarem mais.

- Psiu! Esqueceu a porta aberta bobinha! – Despertaram-me com cutucões.

- Tenho cara de piano porra? Para de me cutucar, quero dormir. – Cuspi arrogância para os dois.

- Levaaaaaanta! – Ryan fechou a frigobar com os pés e batucou enquanto gritava; uma latinha de refrigerante com um garfo.

- São 3 horas da manhã!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Afoguei-me no travesseiro e no edredom.

Senti algo sólido e quente imprensar-me sobre a cama, identifiquei-o rapidamente quando o mesmo falou: se você não levantar, eu vou ter que levar dormindo mesmo; sussurrando em meu ouvido e todo o peso do seu corpo gordo sobre mim, eu tentei levantar e senti algo... Enfim: Sai daí! – Falei baixo.

O mesmo saiu de cima de mim e esboçou um sorriso para o Ryan do tipo: Missão cumprida!

Vadios!

Será que esses garotos não têm ocupações?

Tive ímpeto de gritar: EU QUERO DORMIR! Mas, não fiz tal ato.

Entrei no banheiro, escovei os dentes, arrumei o meu cabelo, lavei meu rosto e abri a porta. Os dois me encararam, de súbito. Pareciam anjos...

Só pareciam.

Saí andando e os expulsei do quarto com um sinal de mão. Fechei a porta e os mesmo permaneceram imóveis.

- Você vai assim?

- Como? – Sono... Eu te amo.

- Vestida assim? Se alguém nos vir com você nesse estado, vão pensar que você é uma garota de programa e eu sei que você não quer parecer isso, embora esboce uma beleeeeza – Ryan intensificou a última palavra e eu