Os Filhos da Aurora. escrita por Dan Rodrigues


Capítulo 8
Sarah...




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E no primeiro dia...

Abraçado com Sarah, Ricoh perguntou em voz baixa e calma, confortando-a.

- Vamos, me diga o que está acontecendo, por que você está assim?

- Ah, Ricoh, você não entenderia, é coisa de criança, muito infantil!

- Tente.

Ela mirou o garoto com os olhos inchados e vermelhos.

- Trata-se de Bullying. E... de você. – Ela soltou um longo suspiro.

- Então primeiro me fale do Bullying.

- Bom... tudo começou quando eu fazia a sexta série. Pequena e infantil demais, é o que meus colegas achavam. Eu não era descolada, nem legal, só fazia o que tinha de fazer, nunca sai com nenhum garoto, nunca cheguei perto de um, eu era a esquisitona da classe.

- Acho que sei como você se sentia. – Disse Ricoh, tentando manter a voz em um tom confortável.

- Mas e um dia, na saída do colégio... Várias garotas se juntaram, elas queriam que eu ficasse com um garoto, algo sobre provar que eu sou mulher de verdade. Encurralaram-me em um beco. O garoto veio, tentou me beijar, e eu cuspi no rosto dele, algumas garotas ainda me segurando. Eu fiquei com tanto medo e raiva, que consegui ativar meus poderes, e mudei para a forma Astrana. Foi horrível, eles começaram a rir de mim, uma garota veio para me bater, e eu saí correndo, dei um salto por cima delas, o maior salto da minha vida, e sai pulando cercas, muros, nada parecia difícil para mim, eu tinha impressão que podia voar. Então ficou difícil elas correram para me pegar, por que eu corria por cima dos prédios, e telhados, e me apoiava em qualquer coisa que sustentasse meu peso.

- Faz muito tempo que aconteceu?

- Não, no outro dia eu acordei e vi você no corredor da sua casa. Eu sabia que meus poderes tinham me levado até lá. E quando vimos Temosnozes e Salgueiro pela primeira vez, eu... eu descobri então a que raça nós pertencíamos.

- Astranos – Disse o garoto, quase sussurrando.

- Mas por que você estava chorando, Sarah? – Disse Ricoh, demonstrando interesse.

- Por você!

- A, sobre eu ter herdado os poderes do Ângelus?

- Não, que lento! Ah, deixa pra lá...

Ela ia se levantando do tronco, e Ricoh puxou seu braço. Ela sentou-se novamente, parecia querer contar aquilo, só não sabia como.

- Ricoh, eu... eu acreditei em uma teoria infantil e ultrapassada demais para ser verdade, algo que infringe os limites de o que é realidade, se bem que esta realidade é cheia de surpresa, por que veja só, estamos em outra dimensão...

- Vá direto ao assunto, por favor – interrompeu Ricoh.

-... Eu só queria dizer... desde aquele dia em que te encontrei no corredor... eu sabia que você era especial como eu, então comecei a alimentar uma teoria estranha de que eu ter aparecido daquela forma em sua casa devia ser o destino querendo nos unir. Então, quando voltei para casa, logo descobri como usar os colares, e viajei para Aurors novamente. Passei quatro dias aqui, até que você descobrisse como voltar.

- E como é que eu usei o colar no mesmo dia, e vim parar aqui só quatro dias depois de você?

- O tempo entre essas duas dimensões passa de formas diferentes. Se voltarmos para lá chegaremos exatamente no momento em que partimos...

- E Sarah... – interrompeu o garoto novamente –, eu sei como é difícil lidar com isso a primeira vez. A gente não sabe o que dizer, se atrapalha, fica nervoso. Mas eu quero que fique a vontade para me dizer o que quiser, não se envergonhe.

- Você despertou algo bom em mim, sabe? Quando estou com você sinto algo que não sentiria com mais ninguém. Você é especial, mesmo que às vezes seja um pouco burro. – Ai ela deu uma risadinha abafada. – Fiquei muito triste quando Temosnozes disse que você poderia ferir uma pessoa, se não tivesse controle... Eu comecei a gritar, eu não acredito nisso, não, você é muito educado, não faria uma coisa dessas, nunca! E quando vi que você tinha passado aquele tempo todo só com a Belle, eu perdi as esperanças.

- Sabe Sarah? Ás vezes eu tenho medo de que isso seja mesmo verdade. – Sarah fez que não com a cabeça. – E você também é especial pra mim, do seu jeito. Nunca conheci uma garota mais inteligente – E ele tocou a testa da garota. –, e nem tão madura quanto você. Você aprendeu a ser feliz, Sarah, coisa que eu, não! Você aprende as coisas muito rápido, tem uma ótima capacidade de dedução, você é genial! – A garota deu um sorrisinho.

- Não é bem assim...

- É sim – mais uma vez Ricoh a interrompeu –, olha meu amor por você é diferente, mas amar diferente não significa amar menos... Ah, Sarah, eu não quero você sofrendo por mim, por que eu sei o que é isso, sei, eu já sofri também!

- Você não me ama? Não como eu amo você? – Perguntou a garota, sem nenhuma esperança.

- O que eu sinto por você, Sarah... É muito mais do que amor, é maior, e ainda assim eu nunca deixarei de te amar. Como já disse você se tornou única e especial em minha vida. Não quero ver você triste. – Ele deu um grande abraço na garota, que gostou muito.

- Você gosta dela, não é? A Isabelle?

- Isso eu não sei ainda. Preciso de um tempo para pensar.

Eles levantaram-se, Sarah ainda observando-o, e passaram por Belle na saída da floresta.

- Ah, vocês demoraram, já está na hora, vai começar, a cerimônia! – Disse Belle, caminhando apreçada.

- Salgueiro vai ensinar vocês a mostrar seus poderes.               


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