Acordei com minha mãe gritando e batendo na porta. Ela parecia mais chutar a porta. Cocei os olhos e calcei minhas pantufas rosa de coelhinhos. Eu adorava coelhinhos. Eu tinha ganhado essas pantufas do meu pai, fazia tanto tempo que eu não o via. Desde quando comecei minha carreira, ele só liga às vezes, não muito recente. Acho que é porque ele não queria que eu fosse cantora nem nada assim, ele não queria me deixar seguir meus sonhos.

Caminhei lentamente até a porta, quase parando. Tropecei no colchão que estava no chão, onde Annie dormia, quase cai. Era pra Annie estar no quarto de hospedes, ou em qualquer outro quarto que tinha na minha grande casa, mas ela quis dormir em um colchão no chão. Ela disse que isso a lembrava dos velhos tempos, de quando ainda éramos pequenas, nos nossos 10 anos de idade.

- Que droga, o que foi mamãe? – eu disse abrindo a porta sonolenta.

Olhei pra trás e Annie ainda dormia. Garota idiota.

- Adam ligou pra você... Hoje você tem que terminar de gravar a musica pra logo colocarem ela pra divulgar, esqueceu? – ela tinha as mãos na cintura.

- ah, isso... A musica.

- Eu to te chamando há meia hora e você não acordava. – ela tinha um tom irritado na sua voz.

- Ok mãe... Diga pro Adam que hoje eu vou ir dirigindo com meu carro, ok? – eu disse quase dando pulinhos.

- Não... De jeito nenhum.

- Obrigado mãe, avise ele! Eu vou com meu carro e pronto. – a empurrei e fechei a porta.

Ela gritou um “tudo bem”. Eu sorri e fui até o banheiro para fazer minhas higienes. Fazia um bom tempo que eu não dirigia, desde quando eu bati meu carro há uns 3 ou 2 meses atrás. Mamãe não me deixava dirigir, mesmo eu não tendo ficado machucada. Eu só tive que comprar outro carro.

Lavei meu rosto e o enxuguei. Assim que sai do banho dei de cara com Annie. Ela já estava trocada.

- Demorei tanto assim? – eu ri

- Não... – ela disse irônica e foi pro banheiro.

Me troquei rapidamente. Coloquei uma roupa normalzinha, bem básica. Aliás, eu só iria ir terminar de gravar a musica mesmo.

- E aí, cinderela, pronta? – disse Annie.

- Eu que deveria perguntar isso. – eu ri

- Ok, vamos que eu quero, bom, ver o Justin. – ela riu.

- Você é tão idiota.

- Cala boca.

Nós rimos e descemos rapidamente as escadas. Eu e Annie pegamos uma maçã, a letra da musica, a chave do carro e fomos até lá fora. Meu carro era bonitinho. Não era tão chique, era normal, eu acho. Eu e Annie logo entramos. Coloquei meus óculos de sol e dei a partida. Eu tinha tirado a carteira de motorista a quase um ano, é, acho que eu dirigia bem.

- E então, Annie, acha que eu to cantando bem? – tentei puxar assunto no meio do caminho.

- Sim, você é ótima! E ainda mais com o Justin, você fica totalmente perfeita! – ela disse fazendo alguns gestos com as mãos. – Acho que você devia ser mais legal com ele, fofa.

- Eu sou legal até demais com ele.

- Ual, se esse é o seu legal... Imagine o que deve ser quando você não esta sendo legal... – ela riu irônica.

- Cala boca. – a empurrei.

Fomos rindo até chegar no estúdio. Era legal dirigir até aqui. Entramos rapidamente lá. Justin, Scooter e Adam já estavam lá. Adivinhem? Estavam debatendo: “Aonde esta Melanie que não chega?” – Era o que eu os ouvia dizer.

- Eu estou aqui, amores. – eu disse rindo um pouco e tirando meus óculos de sol.

- Não demoramos tanto. – Annie tinha as mãos na cintura.

- Tudo bem, temos que terminar tudo hoje e agora! – gritou Adam me empurrando ao lado de Justin.

Fomos empurrados até lá dentro... Entramos, colocamos nossos fones de ouvidos profissionais, ajeitamos nosso microfone e esperamos o sinal dos nossos maravilhosos empresários para começarmos a cantar.

- 1, 2, 3...  JÁ! – eles gritaram.

Comecei a cantar do meu jeito, suavemente, fazendo meus gestos com as mãos. Senti que Justin me fitava. Minha voz era suave, era diferente. Justin logo começou a cantar quando eu parei. O jeito que ele cantava, se entregava a musica e bom, a emoção que poderia transmitir, era tudo perfeito. Senti que aquela musica traria mais que o topo da mídia a Melanie Johnson, talvez trouxesse mais coisas. Aquela musica era simples, mas do mesmo modo era perfeita pra mim. Me fazia lembrar de amores passados, promessas não compridas, gente deixada pra trás... Tudo, mesmo.

- My lifesaver... – eu repetia um pouco.

- Lifesaver, oh lifesaver. Yeeeah... – Justin terminou a musica.

Vi Adam, Scooter e até Annie bater palmas. Eu me curvei rindo um pouco, Justin fez o mesmo. A musica foi finalizada.

Abracei Justin espontaneamente. Era bom sentir aquele perfume dele, sentir ele junto a mim. Droga, Mel, o que é que você ta pensando, sua doida?

- Hey, podemos ir almoçar em algum lugar pra comemorar. – disse Justin me fitando.

- Verdade! Claro! Vamos! – gritou Annie quase pulando.

- Annie, querida, ele ta falando comigo. Você não vai. – eu ri

Ela cruzou os braços e fez um bico.

- Claro que a Annie pode ir, então, vamos? – ele perguntou.

- AAAAAAh, vamos, por favorzinho! – Annie estava me chacoalhando. Essa garota era doida.

- Ok, claro, vamos... Por que não. – sorri irônica.

- Garotos, porque não vão se divertir? Eu e Adam temos que cuidar do resto. – disse Scooter.

- Que resto? – perguntou Annie. Ela sempre tinha perguntas.

- Editar a musica, ver se precisa de ajuste... Tanta coisa...

- Ah, e ainda tem que colocar ela na internet, ou algo assim. – completei.

- Exato.

- Ótimo, nós vamos, e o meu carro?

- Eu levo depois. – disse Adam.

Legal, íamos almoçar ou sei lá o que, no carro de Justin. Annie estava pulando de alegria, ela repetia varias vezes: “Ual, eu vou sair com Justin Bieber!” Minha amiga só pode ser doente.

Não demorou muito. Logo chegamos a um restaurante italiano que não ficava muito longe do estúdio. Não estava muito cheio, ainda bem. Não gosto quando restaurantes estão cheios, a maioria das pessoas ficam te olhando enquanto você come e isso não é nada legal, nada mesmo.

- Restaurante italiano? Estou de regime, não posso comer massa. – ergui as sobrancelhas e soltei uma risadinha pelo nariz.

- Fim do regime, gatinha. – Justin riu

Revirei os olhos. Eu odeio quando ele me chama de “gatinha”. De boa, isso é estranho. Enfim, nos sentamos em uma mesa. Annie já estava mais calma, menos eufórica. Pra ela, estar ali com o Bieber era algo surreal, já eu estava levando como um pesadelo. Ou não.

- Então, vão querer o que? – perguntou Justin.

- Qualquer coisa pra mim vale. – ergui os ombros.

- Salada? – disse Annie. Eu e Justin a fitamos. – Ué, saladas são saudáveis.

- Tudo bem, vamos pedir uma pizza.

Chamamos a garçonete, essa daí também pediu uma foto com a gente. Tiramos a merda da foto e logo fizemos nosso pedido. Eu amava meus fãs, de verdade, mas, ficar tirando fotos enquanto você come, acho que isso não é legal. Mesmo.

Não demorou muito pra pizza chegar. Ela chegou rápido.

- Parece que ta boa. – eu disse rindo um pouco.

- É mesmo. – Justin riu também.

Cada um pegou uma fatia, comemos silenciosamente. Aquele silencio incomodava um pouco. Annie ficava rindo sozinha, enquanto às vezes eu percebia que Justin me fitava, isso era constrangedor. Eu sorria. O sono estava quase me consumindo. Era praticamente umas 2 horas da tarde agora e eu tava com muito sono mesmo, pois é.

- E então, vamos? – eu disse assim que terminei de comer minha pizza.

- Opa, vamos embora. Vou levar vocês. – disse Justin sorrindo, ele sempre esta sorrindo.

Uma ou duas pessoas pediram autógrafos e fotos, eu atendi a meus fãs. Eu adorava todos eles. Fiquei pensando em tudo. Finalmente eu tinha conseguido novamente voltar a mídia, a ser lembrada. Ser esquecida não é legal. Eu vivia colocando na cabeça que eu tinha que mostrar aos haters que eu podia, que eu conseguiria... Que eu era boa e não era igual a eles. Eu tinha que mostrar que eu não ficaria esquecida como eles diziam e que eu não era uma modinha passageira. Eu era muito mais. Não que eu fosse orgulhosa, é que eu já tinha ficado cansada de ficar ouvindo as pessoas dizerem que eu não era capaz.

- Bom, chegamos garotas. – disse Justin quando chegamos em frente a minha casa.

- Ah, ok... Tchau Bieber. – disse Annie saindo do carro.

- Obrigado, Justin. – o abracei e dei um beijo em sua bochecha.

Ele me fitou um pouco desentendido, eu ri.

- Qual é, eu to sendo legal. – sorri pra ele.

- Tudo bem... – ele me abraçou de novo e riu.

Fechei os olhos sentindo seu abraço e o seu perfume. Dizem que quando você abraça alguém de olhos fechados, é porque essa pessoa significa muito pra você, é porque ela é especial. Respirei fundo e me afastei de Justin, sai do carro e acenei pra ele, o vendo ir embora. É, foi um dia interessante. Olhei pra Annie que me fitava segurando o riso.

- Ual, o que foi aquilo, Mel? – ela ria agora.

- Cala boca, retardada. – a empurrei.