Minha Vida Antes... (annabeth) escrita por Marina Leal


Capítulo 7
Capítulo 7: UM ESTRANHO ME DÁ PRESENTES


Notas iniciais do capítulo

eu sei que o nome desse capítulo ficou parecido com um dos capítulos do livro, então, quem será esse "estranho"?



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Andei durante muitas ruas, mas sem saber onde estava indo e nem me preocupando com a direção que eu tomava, eu só conseguia pensar no uivo torturado que meu cachorro deu quando viu que eu não estava mais lá e com o sentimento que eu um dia iria sentir aquela tristeza novamente e me repreendendo mentalmente ao pensar nisso. Era o melhor a fazer, eu disse a mim mesma. Minha mente não caiu nessa e comecei a chorar novamente, meu peito não parecia nada aliviado a cada lágrima que caía e a cada soluço que eu deixava escapar parecia que tudo ao meu redor desaparecia.

Depois de algum tempo eu tentei parar de pensar no Black e me concentrar no fato de que meu pai e minha madrasta nunca mais iriam me tratar da maneira que eu fui tratada durante todos aqueles anos, e tudo o que eu sabia era que não queria mais voltar para a casa de meu pai, a dor não havia passado, mas eu estava sob controle novamente.

Cheguei a uma estrada bem iluminada onde passavam muitos carros. Não quis pedir carona, com medo de que algum monstro me encontrasse. Eu sabia por experiência própria que não devia ficar em um lugar por muito tempo e me preocupei em estar em um campo aberto, pois mesmo em casa os monstros não me deixavam em paz, estremeci só de pensar em quantos poderiam vir atrás de mim naquele momento.

Depois de muito andar pela estrada senti um formigamento na minha nuca que me avisou que tinha alguém me vigiando, mas deixei pra lá. Estava começando a clarear, mas o céu ainda estava um pouco escuro, e eu aproveitava as sombras das árvores que estavam no meu caminho.

“Ei! Ei, menina” ouvi uma voz masculina me chamar depois de algum tempo, mas eu não prestei atenção e continuei caminhando, ele devia estar chamando outra pessoa. “Espere! Criança.”

Não havia mais ninguém na rua além de mim, então era óbvio que era comigo que ele estava falando. Então eu parei, mesmo com meus instintos gritando para que eu corresse, fiquei no lugar, mas meu corpo se preparou para lutar.

“Achei que você nunca ia parar.” Um homem falou aproximando-se não pude ver seu rosto muito bem, mas parecia que ele estava sorrindo. Quando ele estava a dez passos eu falei:

“Pare bem aí.” Eu alertei.

O estranho deu mais alguns passos então parou. Olhei seu rosto, me parecia familiar mesmo que eu nunca tenha o visto. Seus olhos pareciam duas safiras de tão azuis que eram e seu rosto era um pouco fino meio alongado, sua expressão era de quem se divertia, seu sorriso travesso parecia algo que eu tivesse visto há muito tempo... mas de onde?

“Tudo bem. Parei.” Ele disse interrompendo meus pensamentos confusos.

“O que você quer?” perguntei um pouco cautelosa e ao mesmo tempo procurando uma arma - com as mãos - dentro da minha mochila.

“Apenas lhe entregar um recado de alguém muito importante.” Ele falou sorrindo e piscou para mim como se compartilhássemos um grande segredo. “Vá para a OFICINA METALÚRGICA RICHMOND, é uma loja de ferramentas próxima a uma avenida, naquela direção.” Ele apontou para o oeste, e com isso ele estalou os dedos e sumiu em uma névoa prateada.

Pisquei, eu não podia acreditar que esse estranho havia sumido em pleno ar. E que lugar era aquele? OFICINA METALÚRGICA RICHMOND, eu nunca tinha ouvido falar, encontrar esse lugar seria um grande problema, mesmo que ele tivesse apontado a direção, mas de longe ir para lá foi algo que me deixou muito nervosa, havia muitos monstros no caminho para lá e eu não teria a mínima chance sem uma arma de verdade.

Olhei novamente para o local aonde o homem estranho desapareceu e percebi que em seu lugar tinha agora algo pequeno e brilhante, com muita cautela me aproximei do objeto e numa surpresa muda eu vi que não era apenas um objeto, eram dois objetos brilhantes e um papel endereçado a mim pelo lado de fora.

Annabeth, estava escrito no papel em uma caligrafia elegante e firme, com uma certeza que eu não sabia de onde vinha eu percebi que foi minha mãe que havia mandado aquilo para mim, isto é para você concluir sua jornada e poder se proteger, mas saiba que só poderá usar o broche apenas três vezes, portanto use-o com sabedoria.

Sinto muito que você tenha sofrido, mas prometo que agora tudo irá mudar. A.

Minha mente não conseguia assimilar o fato. Minha mãe havia me enviado dois presentes e eu não me importei com nenhum deles, tinha apenas olhos para o pequeno bilhete que ela havia escrito, não era muita coisa, mas eu tive a confirmação de que ela realmente se importava comigo. Virei minha atenção para os presentes de minha mãe, para fazer um exame mais minucioso. Como dizia o bilhete havia um broche, só que eu não estava preparada para o fato de ser de ouro puro, abri o fecho com cautela e ele se alongou e se transformou em uma espada, não pude explicar como, mas reconheci o brilho, era bronze celestial, perguntei-me brevemente como eu sabia o nome, mas deixei pra lá. E junto do broche havia uma sacola pequena de moedas grandes e douradas, tirei uma de dentro do saco para ver o que estava gravado nelas. Em um lado tinha um edifício que reconheci imediatamente como sendo o Empire State, e no outro lado da moeda havia entalhado um homem com um raio, Zeus. Dracmas de ouro, minha mãe havia me dado alguns dracmas de ouro, eu não podia acreditar.

Saí rapidamente do meio da rua para refazer meus planos, agora eu tinha o que procurar, tinha as ferramentas necessárias, e o local aonde deveria ir, eu tinha que ir para uma loja de ferramentas que ficava na direção oeste e tinha que começar já.

*****

Olhei o mapa que havia colocado em minha mochila, depois de dormir um pouco em um bosque perto da rodovia aonde eu havia me encontrado com o deus mensageiro Hermes, e eu sabia que era ele, eu tinha certeza. O mapa me mostrou que eu estava muito longe do local que eu deveria ir, cerca de 30 km de distancia a oeste, bom, pode não ser uma distancia muito longa quando se está de carro e se é um adulto, mas quando se tem sete anos, e, além de sozinha e por conta própria você está a pé e correndo o risco de ser atacada por qualquer tipo de monstro, 30 km parece ser no fim do mundo. Por precaução eu não recolhi a lâmina da minha espada, segundo o bilhete eu só poderia usá-la por três vezes, eu não sabia se contava ter aberto o fecho, mas não queria arriscar.

Sacudi a cabeça tentando pensar em como chegar lá, bom o primeiro passo eu sabia qual era, eu precisava andar e encontrar alguém para me dar uma carona, eu sabia ser bonitinha quando eu queria, e eu tinha certeza de que era necessário.

Levantei-me de meu acampamento improvisado e depois de guardar tudo eu me pus a caminho, só para descobrir que minha sorte sumia um pouco mais a cada dia. A poucos metros do lugar onde eu estava tinha um monstro esperando por mim.

“Oi, filha de Atena.” Disse uma mulher baixa, mas que tinha um olhar estranho e vazio, mas que parecia poder me enxergar perfeitamente. “Você achou que iria esssscapar de nósssss por muito tempo?”

Minha mente trabalhou rapidamente para saber que tipo de monstro ela era, então quando ela puxou a letra s nas palavras eu soube o que ela era: uma dracaenae. Eu já havia recebido uma visitinha de monstros iguais a ela antes. Lembrei-me das explicações de meu pai sobre aquele tipo de monstro.

******

“Primeiro, você não pode deixar que ela ou, se houver mais de uma, elas passem o rabo ao seu redor ou lhe deixem sem movimento.” Meu pai disse uma vez, mas não parecia muito feliz ao me explicar sobre isso.

“E se elas conseguirem me deixar sem movimento?”

“Então você deve morder o local mais próximo e quando ela soltar você... corra atrás de uma arma.” Ele piscou para mim e sorriu.

******

Balancei a cabeça, bom a informação mais útil foi ele ter me dito que eu devia evitar a cauda dela, mas, morder a parte mais próxima me parecia uma idéia meio esquisita.

 “Não estou fugindo de nada” eu disse com minha mão indo para a minha bolsa onde estava minha espada, era uma de três, eu precisava ter isso em mente.

“Cuidado criança, sou uma lutadora experiente, e pelo que eu sei você foi criada como uma criança normal, bom, quase normal. Mas mesmo assim me diga: Que chance você tem contra mim?” ela zombou.

“Talvez mais do que você imagina.” Falei tirando minha bolsa das costas e tirando minha espada da bolsa em um movimento rápido e preciso, um segundo depois eu tinha uma bela espada em minha mão enquanto descrevia um arco, mesmo sabendo que aquela era uma arma bonita, eu não me sentia totalmente à vontade com ela, era como se espada não fosse a minha arma. Ela se afastou de mim como se não esperasse aquilo.

“Não pode sssser, me disssssseram que sssseria fácil pegar você, que você não sssssaberia lutar.” Ela disse recuando com um toque de medo em sua voz, por um momento estranho senti uma pontada de satisfação, ela tinha medo de mim.

Avancei com a espada erguida e a dracaenae afastou-se mais alguns passos de mim. Então o lampejo de algo brilhou em seus olhos e ela não parecia mais com medo. Ela veio diretamente para mim, com movimentos ágeis e precisos que desviei com minha espada, ela quase me acertou.

Sempre por um triz eu escapava de seus ataques, caí no chão e rolei para evitar um dos rabos de serpente que ela mostrou, mas não me esquivei a tempo e fui erguida do chão como uma boneca de trapos com a espada a alguns metros no chão.

“Você não parece tão feroz agora.” Ela disse.

Sua cauda ia enrolando-se no meu corpo tornando difícil respirar. Olhei para ela desejando que fosse rápido, mas então ouvi a voz de meu pai em minha cabeça, a lembrança do pouco que ele me ensinou: “Morda-a Annabeth, morda-a”.

E foi o que eu fiz, mesmo morrendo de nojo, diga-se de passagem, vi a parte que eu julguei ser mais dolorosa quando se recebe uma mordida e desferi uma dentada na pele dela. Ela urrou de dor e me jogou no chão, neste momento rolei para onde a espada estava e a juntei do chão no mesmo instante em que ela se virava pra mim e então vi uma brecha em sua defesa e aproveitei para desferir o golpe final. Ela explodiu em uma chuva de areia que foi sendo levada pelo vento até que sumiu e eu estava novamente só, mas não fiquei parada ali por muito tempo, comecei a correr em direção à estrada principal, precisava de ajuda rapidamente e algo me dizia que eu encontraria o que eu buscava quando chegasse até aquele lugar que minha mãe me disse para estar, e agora eu tinha algo a mais para me preocupar, pois, segundo o bilhete eu só poderia usar a espada apenas mais duas vezes e também tinha a certeza de que monstros estavam procurando por mim agora.

Muitos carros passaram por mim e algumas pessoas pararam e me ofereceram uma carona, mesmo ficando desconfiadas quando eu mentia dizendo que tinha nove anos e era baixa para minha idade me levavam para o mais próximo do centro da cidade que podiam, e eu sempre agradecia.

*****

As coisas ficaram piores quando cheguei naquele lugar, monstros pareciam brotar de cada canto da cidade. Eu evitava o metrô principalmente, o cheiro de monstros era muito forte lá em baixo. Mas não desistia de procurar o lugar chamado OFICINA METALÚRGICA RICHMOND, toda noite eu pedia à minha mãe proteção e companhia para que eu pudesse completar minha jornada, uma vez achei ter visto uma foto minha no jornal, mas foi apenas rapidamente e não pude saber se meu pai estava ou não procurando por mim, lutei contra a esperança de que ele se importava comigo ou com o que minha mãe pensava dele e segui adiante. Eu ainda estava com a sacolinha de dracmas de ouro intacta, não consegui encontrar um meio de usá-las.

Três dias depois de chegar à cidade, eu entrei sem prestar atenção em um beco que estava apinhado de monstros, alguns foram embora antes que pudessem sentir minha presença, deixando apenas dois no beco juntamente a mim. Preparei-me para a luta, pois eu sabia que era impossível que não houvesse uma luta ali.

Agarrei meu broche, intimamente desejando não precisar usá-lo naquele momento. Parei rapidamente para escutar o que os dois mais próximos estavam dizendo.

“Mark, você ficou sabendo que o Olimpo está praticamente em guerra novamente?” começou o mais alto dos dois, sua voz fazia tudo ao redor tremer.

“Sim, eu fiquei sabendo. Mas eu só queria o saber o que aconteceu dessa vez.” Comentou o outro balançando a cabeça, parecia descontente com alguma coisa. “Eles lá de cima quase sempre estão em guerra e quem paga o pato somos nós.”

“Ora, você se lembra que os três chefes fizeram um juramento de não ter mais filhos?” falou o primeiro em um sotaque estranho.

“Se me lembro, mas o que isso tem a ver Eddie?” O chamado Mark perguntou.

“Tem a ver que o senhor do céu quebrou o juramento.” Eddie falou de forma que parecesse uma conspiração.

“Sério? O senhor Zeus tem um novo filho?” Ele não sabia se ficava preocupado ou se acreditava mesmo naquilo.

“Filha, Mark, é uma menina.” Gargalhou o que se chamava Eddie e o outro o acompanhou.

“Você está de brincadeira Eddie!” O outro falou entre risos de deboche, mas enquanto eles não prestassem atenção em mim eu não precisava me preocupar de fato.

“Ora, ora, ora, o que será que temos aqui.” Uma terceira voz masculina chegou até mim farejando o ar encerrando a conversa de alguns minutos antes e me fazendo ter um arrepio, eu não devia ter comemorado antes da hora. “Ah, sim. Acho que é um filhote de deus Eddie... e Mark.” Ele falou o segundo nome parecendo um tanto relutante.

Eddie farejou o ar.

“Sim, você tem razão, e está muito perto de nós, vamos procurar.” Disse ele vindo até mim.

“Ah, procure você, não estou com paciência para ser derrotado hoje, até mais.” Disseram os outros dois, indo embora.

“Isso, vão embora seus covardes.” Eddie disse revoltado.

Ótimo, pensei, agora é um contra um. Perfeito. Agarrei o broche e o abri, o monstro ouviu o som do bronze celestial se esticando e tomando forma e virou-se para o som com um sorriso enorme em seu rosto. De repente ele pareceu esticar e ficar do tamanho de um poste e parei para reavaliar a minha situação.

“Você devia ter fugido quando podia semideusa.” Ele disse parecendo ameaçador.

“Você não teria deixado, e muito menos seus amigos.” Retruquei para esconder meu medo, mas infelizmente minha voz tremeu.

Ele pensou por um momento.

“Tem razão, apesar de você ser uma gracinha” respondeu.

“Acho que agora devo te matar” eu disse calmamente, antes que eu pudesse ficar vermelha (de raiva ok?), um calafrio subiu por minhas costas. “Você não devia ter me chamado de gracinha.”

“Se você conseguir pequena, mas você é uma gracinha” ele desdenhou.

Não agüentei mais e ataquei, ele investiu contra mim no mesmo momento. A luta foi mais complicada do que com a mulher serpente, ele parecia saber como se movimentar e que lado ele deveria se esquivar da ponta de minha espada.

“Vamos Annabeth, você precisa de um plano” falei para mim mesma, desesperada.

“Você luta bem pequenina, tenho que admitir isso” ele disse ao se desviar de meu ataque mais preciso e ainda assim não consegui atingi-lo. “Mas ainda assim não é páreo para mim.”

No momento em que ele disse isso uma ave apareceu no céu e voou sobre as nossas cabeças, deu a volta e atacou o rosto do gigante que eu estava lutando, obviamente para que eu tivesse alguma chance, de ou fugir ou acabar com aquilo de uma vez por todas, o que viesse primeiro.

Então, aproveitando-me que a ave estava servindo de distração eu olhei em volta a procura de algo que pudesse servir de apoio para uma manobra final, eu vi uma corda comprida amarrada ao lado do prédio no beco que nós estávamos, corri até ela, não me importando que ela estivesse imunda (de coisas que eu não quero comentar) e subi uma boa altura, calculei a distancia certa e balancei-me para o peito dele com a espada apontada para seu coração. Tudo o que pude assimilar foi um grito alto de dor e então que estava caindo juntamente com uma chuva amarelada que reconheci como os restos do segundo monstro que eu havia derrotado.

Eu balancei por algum tempo na corda, então pulei para o chão, meu coração parecia querer voar do meu peito à medida que eu assimilava o que havia feito, olhei para o céu e pude ver um pássaro voando em minha direção, mas ele não parecia agressivo, parecia querer me acompanhar para algum lugar. Ergui o braço para que ele pousasse, e antes que ele entrasse em contato comigo eu soube que ave era aquela e quem a havia mandado.

“Obrigada” eu disse à coruja. “Obrigada, mãe. Espero que um dia possamos nos encontrar.” Falei olhando para o céu e esperando por um sinal de que minha mãe também quisesse me encontrar um dia. Mas tudo o que recebi foi o som de um trovão, um estrondo tão forte que eu não acreditei que tivesse sido um sinal da minha mãe e que me tirou do estado de adoração a ela, que naquele momento eu me encontrava, me lembrando que eu tinha problemas mais urgentes.


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Notas finais do capítulo

gostaram????? me digam o que acharam, não sei se vou poder postar amanhã, então se divirtam...