Pov. Caspian

                Eu podia não querer, eu podia não aceitar, eu podia não concordar, mas eu compreendia.

                Era por uma causa justa. Bem, mais ou menos, uma chantagem nunca é justa.

                Ela optou por se sacrificar, por fazer a coisa certa. Uma verdadeira rainha. Era isso que eu compreendia.

                O que não quer dizer que eu aceite.

                Isso nunca.

                Jamais irei esquecer o que sinto por Susana assim como eu jamais deixarei esse sentimento morrer, muito pelo contrario, eu lutaria para fazê-lo viver.

                A primeira coisa que pensei em fazer foi ir falar com esse tal Johnny Wonderwood, mas Pedro me aconselhou a não fazer isso. Fiquei surpreso ao descobrir que ele não sabia sobre a ameaça.

                Depois de minha promessa, Susana e eu trocamos mais um beijo, então ela foi para o seu quarto trancando a porta e esquecendo-se do que viera buscar.

                A dor era grande e a vontade que eu tinha era de chorar tentando, assim, por a dor para fora. Entretanto, as lagrimas pareciam ter secado.

                Tomei um banho e preparei-me para dormir. Já eram altas horas da noite quando saí do banheiro. Sentei na cama no exato momento em que Eustáquio chegou ao quarto, indo para a sua (no quarto em que estávamos havia duas camas, uma delas foi ocupada por Eustáquio, Susana e Lucia tiveram que nos ceder seus quarto, mudando-se para o quarto de seus pais por causa da falta de espaço no quarto de Pedro e Edmundo para nos acomodar).

                - Ainda não me acostumei a ver você aqui. – Comentou ele, sentando em sua cama e arrancando-me de meus devaneios.

                - Acredite, é tão estranho para você como é para mim. – Falei com um sorriso que, na verdade, era uma mascara.

                - Então, o que deu do seu lance com a filha de Ramandu? – quis saber, embrulhando as pernas.

                - Como é? – senti ter perdido alguma coisa. O que ele quis dizer com “lance”?

                - Você e a Lilliandil, rolou mais alguma coisa ou só um clima mesmo?

                Ri com seu jeito de falar.

                - Tenho que confessar que acho Lilliandil muito linda...

                - Tá, só não deixe Susana ouvir você falando isso senão ela vai surtar do mesmo jeito que surtou quando soube da existência dessa garota. – Aconselhou. – Mas eu acho a Lucia e a Susana mais bonitas do que ela.

                - É elas são. – concordei.

[...]

                O odiado Johnny ligou durante o café da manhã do dia seguinte, querendo falar com Susana. Lucia atendeu.

                - Ele quer falar com você. – disse à Susana.

                Ela levantou irritada contornando a mesa em direção à irmã. Lucia entregou o fone para ela e voltou a sentar-se.

                - O que você quer? – perguntou delicada como uma pedra. Ouviu a resposta. – Hoje? – quis saber. – Certo. Na hora do almoço então? – ouviu. – Aham. Ok, tchau. – desligou e retornou ao seu lugar.

                - O que ele queria? – perguntou Pedro.

                - Falar comigo, pessoalmente, ainda hoje. – respondeu com uma indiferença superficial.