Eu podia dizer que pensei: “cara eu sou tipo vidente” ou “Eu vi essa coisa num sonho!!”, mas não a única coisa que pensei foi: “Estou sonhando de novo, dormi na aula de história, e estou tendo pesadelos de novo!!”. Gritei e esperei a voz me ameaçar. Nada.

A srta. Owens correu para o carro, mas ao invés de abrir a porta fez algo muito estranho, se debruçou pela janela e tirou de dentro do carro um arco e um monte de flechas que brilhavam ao Sol.

– Srta. Owens o que vai fazer com isso? – Gritei, aquele pesadelo era novo.

Ela ia pegar mais alguma coisa mas o dragão lançou fogo no carro que explodiu.

Gritei.

O fogo engoliu a srta.Owens.

Ela estava morta. 

A essa hora eu já devia ter gritado na sala e alguém teria me acordado. Por que aquilo ainda estava acontecendo?

–Melody! – Gritou Matt como se fosse amigo íntimo da srta. Owens

Então, só então percebi que Matt tinha largado as muletas e tirado os sapatos, já estava tirando as calças. Eu definitivamente estava louca. Por que estou dizendo isso? Ué por que agora Matt tinha a parte inferior peluda, e como se não fosse o suficiente, ele também tinha cascos, como um cabrito.

Como se não bastasse tudo aquilo, o dragão investiu contra mim. O pânico invadiu meu corpo. Fogo. Fumaça. Como consegui não ser fritada? Boa pergunta, e ali estava a resposta: Matt tinha me puxado no último segundo, os pelos das suas pernas estavam chamuscados.

– Valeu- Falei ofegante.

– Corra! – ele gritou. E eu devia ter corrido naquele instante. Mas a única coisa que pensei foi:

– Já pensou em se depilar? – Eu sou uma idiota, e eu sei disso.

– Ele vai queimar todos os meus pelos se não corrermos agora!- Matt era ainda mais idiota por responder a minha pergunta. Mas deixei ele me puxar e corremos.

Estávamos no campo aberto da escola, mais á frente tinham umas árvores, e foi pra lá que fomos. O dragão estava com a boca mais perto das minhas costas do que o recomendado pelos médicos. Ele ia me abocanhar quando umas cinco flechas acertaram a sua orelha direita.

– Já pensou em visitar o Tártaro? Seu pedaço de carne queimada!! – Gritou a srta. Owens.

Espera, srta. Owens? Ela tinha sido pulverizada minutos atrás como podia estar atirando flechas? Olhei para trás e lá estava a minha professora de história com as roupas em trapos e cabelos bagunçados. Para quem tinha estado numa explosão de carro depois de um ataque de dragão verde que cospe fogo ela estava ótima. Como tinha sobrevivido, eu não sei, mas estava feliz por ela ter impedido que eu virasse lanche de dragão.

O bicho se virou e rugiu, e a srta. Owens lançou um monte de flechas na sua boca, o que só o fez ficar ainda mais zangado. Anote aí: um dragão voador de sete metros de altura não morre fácil. Quando se virou mais ainda, sua calda derrubou umas dezenas de árvores. Matt escorregou, e me soltou para que eu não caísse também.

Uma árvore que sobreviveu estava á minha esquerda corri e me abaixei atrás dela, me escondi a tempo de ver uma onda de fogo passar ao meu lado, uma mecha do meu cabelo ficou chamuscada. senti uma sensação de déjà vu. Foi como no meu sonho. Se uma voz estridente...

– Jessica Katherine Parker, seu pai não a livrará de mim.

Eu tinha que estaqr tendo o pesadelo de novo. Não podia ser real. Eu estava tremendo, tudo aquilo acontecendo tão rápido. Era tão impossível demais até para um pesadelo. Que droga era aquilo?

O dragão ia lançar mais fogo e fritar a árvore onde eu estava. Foi quando vi um outro dragão. Cara dois já é demais! Eu ia me dar muito mal. Até o dragão que estava no chão olhou para o dragão que vinha voando. Matt tinha se recuperado, se prostrou ao meu lado e falou confuso:

– Peleu?

–Você conhece essa coisa?- Perguntei e ele pareceu ofendido.

–Claro que sim, mas ele não deveria estar aqui. Veio nos resgatar.

–Primeiro – Falei ofegante – Como você sabe? E segundo, por que ele não deveria nos resgatar? Sabe, eu gosto de ajuda quando um dragão tenta me fritar.

–Peleu! – gritou a srta. Owens me parecendo bem viva.

O outro dragão recuou, como se não pudesse fazer nada contra Peleu.

Okay, tinham dois dragões gigantes na área livre da minha escola, por que ninguém tinha vindo, sei lá, matar eles?

Peleu pousou e a srta. Owens subiu nele como se fosse um velho amigo, ela era maluca. E pra piorar Matt também estava indo em direção ao dragão-amigo.

–Ei Peleu – Ele acariciava o queixo do bicho – Oque está fazendo aqui?

Peleu fez um som esquisito, acho que estava “falando”. Matt assentiu e olhou para mim desconfiado.

–O que ele está dizendo? – Perguntou a srta. Owens

–Espera um pouco. Srta. Owens você não estava morta? E Matt entende ele? O que está acontecendo? – Falei

– Me chame de Melody ou Mel. Explicaremos tudo quando chegarmos ao acampamento, venha suba.

– Eu? Subir nas costas de um dragão? Nem morta!

–Sinceramente Jessie, não está muito longe da morte com esse dragão aí tão perto de você. - Ela apontou para o outro dragão que ainda estava encolhido na beira da floresta.

–Como posso confiar em um dragão que nunca vi na vida?

Peleu pareceu ofendido, mas se nem o dragão que eu tinha visto em sonho antes podia confiar (ele meio que queria me comer, sabe?) quanto mais nesse, né?

–Ele guarda o velocino de ouro, protege o acampamento - ela falou como se fosse óbvio.

Velocino? Que tipo de Acampamento tem um dragão como protetor? E eu iria pra esse Acampamento, assim do nada?

–E minha mãe? – Eu realmente não queria subir naquilo.

–Ela vai ficar sabendo, no Acampamento você estará em segurança. – Matt disse, desceu das costas do dragão e me pôs lá, com dificuldade e depois subiu de novo.

–Vamos nessa, Peleu - Matt disse – Vamos pra casa.