Vida de Semideusa escrita por Jkws


Capítulo 3
Minha chegada ao Acampamento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/152726/chapter/3

A sensação de voar era incrível.

O vento contra o meu corpo querendo me levar, viajar. O dragão planava sem solavancos.

Matt não parecia estar gostando da ideia de voar, Mel cuidava dos machucados, indiferente.

Eu prendi minhas pernas ao dragão, e abri os braços.

O outro dragão voava atrás de nós esperando uma deixa. Me senti segura no ar com Peleu. O outro dragão logo desistiu da caçada inútil e foi procurar outro jantar.

– Vai cair – Melody disse, analisando uma queimadura do seu braço esquerdo. Ela estava horrível. Cabelos chamuscados, roupas em farrapos e queimaduras por todo o corpo, mas fiquei surpresa de as queimaduras não serem mais graves, e de ela estar viva.

– Como sobreviveu?- falei me segurando no dragão novamente. Matt estava ocupado demais entrando em pânico para participar da conversa.

–Eu peguei o arco e a flecha dentro do carro e também um pacote de ambrósia, quando percebi que não dava pra correr e sobreviver, comi uns pedaços de ambrósia, muito mais do que seria recomendado, na verdade, me deitei no chão e tentei não ser queimada, a ambrósia me salvou.

– Ambrósia? O que é isso? Isso é possível?

– A comida dos deuses. Bem, foi a única saída que encontrei, quando semideuses estão feridos comem ambrósia ou bebem néctar, ajuda a nos recuperar, acho que recuperou minhas queimaduras, me salvou. Mas se comer de mais entra em combustão.

– Deve ser uma delícia. Espera. Está dizendo que existem deuses?

– Sim, existem.

– Deuses, tipo Zeus, Poseidon e Hades? – Eu lembrava facilmente dos três grandes.

– Sim.

– Tá de brincadeira.

– Você acha que esses dragões são de brincadeira?

– Eu esperava que fosse um pesadelo.

Ela sorriu.

– Eu também.

– O que quer dizer?

– Eu já lhe disse antes, ser um meio-sangue não é a melhor coisa do mundo.

– E você é uma meio-sangue? - perguntei incrédula.

– Filha de Apolo. – ela disse orgulhosa. Me esforcei um pouco para lembrar dele.

– O deus do sol?

Ela assentiu:

–E da música, e dos médicos e curandeiros também.

– Legal.- Realmente era legal, e realmente era difícil de acreditar.

Ficamos um tempo em silêncio.

–E você acha que eu sou uma... – não terminei a frase, era difícil acreditar nisso.

–Tenho certeza. Você tem dislexia e TDTAH, não consegue ficar parada e atrai vários monstros.

– Isso não é bom.

– Eu lhe disse. Mas isso é por que sua mente funciona no grego antigo, e você é hiperativa são seus instintos de batalha, fazem você ficar viva.

–Estou confusa.

–É normal.

–Não parece.

Ela riu.

–Normal para nós semideuses.

– Isso não faz ser menos estranho sabia srta...- ela me lançou um olhar severo – Melody - completei rápido.

–Chegamos.- gritou Matt aliviado.

Foi quando eu vi o Acampamento pela primeira vez.

Primeiro vi um grande pinheiro e um monte de crianças e adolescentes ao redor dele, pareciam muito nervosas e confusas. Estavam protegendo árvore. Não, a árvore não, uma coisa dourada pendurada no galho mais baixo da ávore. Uma delas nos avistou e critou:

–Olha lá, Peleu está voltando!

Todos gritaram de felicidade, mas logo a felicidade se transformou em dúvida: “Quem está com ele?”, “Será que é um ataque?”, “Peleu não pode nos atacar, ele nos defende! Não é mesmo?”

– Acalmem-se- Disse a voz de um homem muito alto - Acalmem-se todos!

Só quando cheguei mais perto percebi, por que era tão alto, estava num cavalo. Um pouco mais perto e vi que ele não estava num cavalo, ele era um cavalo, quer dizer, da cintura para baixo, mas da cintura para cima, era um homem com barba bem feita e cabelos mais ou menos longos.

– É Melody - disse alguém, um garoto - e Matt e... – a voz parou – uma garota. Que não conheço.

Pousamos. Assim que descemos Peleu se enroscou embaixo da árvore, como se nunca tivesse saído. As crianças se voltaram para nós. “Hey Mel! Meio ano longe é muito tempo, hein.” “Você está viva! Ah que bom” e ela dizia “Que saudades! Ei você não estava tão grande na última mensagem de Íris! Como cresceu!.”

Um monte de garotos-cabras vieram cumprimentar Matt: “Bom trabalho cara!”, e “Vamos comer umas latas para comemorar!” e levaram Matt pra floresta. Eu não sabia como eles iam comer latas, então achei que era uma gíria de garotos-cabra.

Ninguém falou comigo ou me cumprimentou, eu também não saberia o que responder se falassem. Mas todos me analisavam com o canto do olho como se quisessem saber de que bueiro eu tinha saído.

O homem-cavalo abriu caminho.

– Campistas! Todos para as suas atividades! Exeto os conselheiross dos chalés, precisamos discutir uns assuntos. – disse ele - E você também, é claro. – dessa vez dirigiu-se a mim.

Houve um longo “ah” coletivo, e todos se foram, exeto por mais ou menos uns dezenove garotos e garotas que ficaram, deviam ser os conselheiros dos chalés. Seguimos, para uma casa grande. Observei os chalés, tinha um monte deles entulhados, uns dezenove ou vinte. Todos diferentes entre si. Tinha uma parede de escalar soltando lava, um anfiteatro, estábulos, com cavalos voadores e sombras na floresta, um acampamento normal. Para semideuses, suponho.

Lembrei do nome que se dava aquele homem-cavalo: centauro. Era isso! Centauro!

Eu só segui o centauro.

Fomos para a casa grande, tinha um sótão estranho, entramos e todos se sentaram entulhados ao redor de uma mesa de ping-pong, o que devia ser uma mesa de reuniões improvisada.

–O que significa isso, Quiron?- Perguntou uma garota loira. Tive a leve impressão que ela se referia a mim.

– Não tenho certeza, Annabeth - falou Quiron – Peleu foi treinado para proteger o velocino, nunca deveria ter saído de seu posto.

– Mas ele saiu, temos que saber por que! - Disse a tal Annabeth

– Estou trabalhando nisso – e virou-se para mim - Então minha queria. Conte-nos sua história.

Foi difícil me concentrar com aqueles desconhecidos me fitando, mas contei tudo, da melhor maneira possível desde os sonhos que vinha tendo com o dragão. Quando terminei Quiron disse:

– Você teve um vislumbre do futuro, um aviso.

– Quer dizer que alguém queria me avisar daquela coisa? - perguntei

– Provavelmente - ele falou assentindo

– E quanto a Peleu?- Falou Melody

Houve murmúrios.

– Foi resgatá-los, óbvio.

– A pedido de quem? De ninguém do Acampamento aposto - falou Annabeth, e eu comecei a achar que ela não suportava ficar sem saber de algo.

Um garoto de cabelos pretos e olhos verdes, a acalmou, segurando sua mão, devia ser namorado dela.

– Isso não temos como saber – Quiron fez uma pausa e completou - ainda.

De repente, do nada apareceu um cara gorducho e levei um baita susto.

– Sem poderes sr. D - advertiu Quiron

– Claro, esqueci. Uma novata hein? Seja bem-vinda e blá blá blá. Vou para a cozinha.

– Não deveria participar da reunião sr. D? - Uma garota ruiva falou

– Alguma coisa vai acontecer se eu não participar?

– Não.

– Tchau.

Por que ele tinha perguntado para ela? Ela era um tipo de vidente ou cartomante por acaso?

Observei as pessoas ao redor da mesa. Tinha um garoto de cabelos pretos, meio que excluído, como se ninguém quisesse ficar perto dele, e eu percebi por que: algo nele me dava calafrios, tinha cheiro de cemitério. Tinha um garoto com cabelos castanhos claros que me lembrava muito Melody, não sei por que, ele tinha olhos cor de mel calorosos e um pele bronzeada, com se ficasse muito ao sol, achei ele bem bonitinho, parecia ter a minha idade: 14 anos.

– David, poderia me passar o relatório de quando estive fora? –pediu Melody

O garoto com olhos de mel respondeu:

–Não temos muitas novidades, a maioria dos campistas só chegou hoje, e se deparou com o velocino sem proteção alguma - ele olhou pra mim como se eu tivesse sequestrado o dragão para deixar a droga do velocino desprotegida. Eu nem sabia o que diabos era um velocino! - os arqueiros de Apolo comandaram a defesa do velocino pro caso de... alguma coisa acontecer.

– Nenhum problema enquanto eu estive fora? – ela pareceu não acreditar.

– Nenhum – ele pareceu orgulhoso.

–Okay.

Então Matt entrou, e para a minha surpresa estava mesmo mastigando uma lata.

–Voltei.

–Que bom, Matt, conte-me tudo que aconteceu nos últimos meses – pediu Quiron.

E Matt começou a falar das coisas estranhas que aconteceram conosco, com a explicação de que eram causadas por monstros. Ele disse que aquela líder de torcida que disse que queria me matar "embora preferisse meninos” era uma empousai. E que aquele pitt bul que me mordeu, e quase arrancou meu braço era na verdade um cão infernal. E quando estava empolgado perguntou:

– Lembra daquele ciclope que eu botei pra correr?

– Ciclope? – perguntei.

– É, o vestido de caubói.

– Ah, lembro. E como você o fez correr?

– Na verdade não correu, eu toquei minha flauta de bambu, a terra engoliu ele.

– Ah, claro. Flauta de bambu.

Flautas de bambu pode fazer a terra engolir ciclopes? Bom parece que podem.

Quando ele terminou Quiron disse:

– Bom foram muitos monstros, você devia ter vindo para cá ano passado, no máximo, quando tinha 13 anos.

– Por que? O que acontece aos treze anos? - perguntei.

–Seu cheiro fica mais forte, e é quase impossível sobreviver. Parece que alguém realmente quer você viva.

–E um outro alguém quer você você morta. – foi a primeira vez que o garoto de cabelos pretos meio excluído falou, e eu não gostei da maneira como ele falou.

– Nico, não a assuste por favor. – Advertiu Quiron.

– Nico tem razão, a voz do sonho quer a garota morta - Falou o provavelmente namorado de Annabeth.

– Como vocês tem tanta certeza? – perguntei.

– Por que quem te ameaçou, mandou o dragão pra te matar. Dãããh - falou o tal David

Lancei-lhe um olhar de raiva. Ele se encolheu. Sempre me disseram que meu olhar de raiva era fatal.

– Acho que acabamos por aqui. Reunião encerrada - Quiron anunciou.

– Espera. Como acabou? Quem quer me matar? E quem está me protegendo? Se eu sou uma meio-sangue, quem é meu pai?

–Não trenho a resposta para nenhuma de suas perguntas. Mas não se preocupe tudo vai se resolver. E enquanto você não for reclamada, o que acontecerá logo, ficará no chalé de Hermes. Poderia leva-la para lá Melody?

– Claro, Quiron - e me lançou um olhar de compreensão – Vamos Jessie.

E eu a segui, para o chalé do deus dos viajantes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!