Vida de Semideusa escrita por Jkws


Capítulo 13
Antes da luta




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- Só vamos poder entrar no jardim amanhã. – falou Luca, vi ele estremecer ao ouvir o som de Ládon de novo.

- Por que? – Perguntei, não que eu tivesse pressa em ser mutilada por um dragão de cem cabeças, além da dor de cabeça e do sufoco que foi a viagem com as irmãs cinzentas. Eu só queria saber mesmo.

Ah e só pra constar: eu odeio ficar presa em lugares fechados, gosto de ser livre. Precisava descansar urgentemente.

- Por que as Hespérides são ninfas do por do Sol e o Sol já está se pondo, não chagaremos lá á tempo. É melhor descansarmos e amanhã irmos. – Explicou David

- Beleza.

Achei descansar uma ótima ideia. Pegamos nossos sacos de dormir e Luca acendeu uma fogueira. David se sentou próximo a ela e pegou seu violão, eu tinha esquecido que ele o tinha trazido. O violão era dourado, um dourado brilhante, parecia que ele estava tocando um pedaço do Sol. Enquanto tocava eu não pude deixar de ficar impressionada: ele tocava muito bem a melodia penetrava em mim e me deixava feliz.  

Ele olhava para o céu, e tenho que confessar que por mais irritante que ele fosse ele era bonito.

Nunca diria isso em voz alta é claro. Seus cabelos castanhos claros balançavam com o vento, parecia um ator mirim. A pele ganhava um tom especial á luz da lua, e os olhos cor de mel, olhavam para mim agora.

- O que? – ele perguntou distraído.

- Nada. É só que...

- Algum pedido especial? – ele disse. Levei um tempo para entender o que ele estava falando.

- Oh, oh é isso mesmo. – falei me atrapalhando um pouco, pensei rápido numa música e falei a primeira que me veio á mente. – Not like the movies.

- Katy Perry?

- É. Conhece?

- Claro.

Ele começou a tocar no violão as notas que eu ouvia no piano. E começou a cantar tinha uma voz macia, bonita e afinada. E eu dormi. If it's not like the movies, That's how it should be, foi a última coisa  que ouvi David cantar.

 - Jessie, Jessie, acorde.

- Hããããn. – resmunguei.

Fui sacodida

- Acorde! – Falou Luca mais alto agora.

-Saaaaai – Falei sacudindo a mão para que ele saísse.

- Ah, é assim então? – Ele falou num tom ameaçador.

Então ouvi o zíper do meu saco de dormir ser aberto. Luca pegou meu tornozelo e me puxou para o chão. Me soltei e dei língua para ele.

Depois que juntamos as coisas procuramos uma lanchonete, comemos hambúrguer e milk-shake de café da manhã e passeamos por São Francisco, almoçamos bolo de chocolate o que me fez lembrar da minha mãe.

Estava tudo ótimo.

Até aquele cão infernal nos atacar é claro, mas até que foi fácil mata-lo. Vimos um grupo de cinco dracanae e voltamos correndo para o Monte Tamalpais. São Francisco tinha muitos monstros.

- Sabe, você é bem parecida com sua meio-irmã Thalia. – disse Luca quando chegamos ao lugar onde tínhamos acampado antes.

Bem, eu sabia que tinha uma meio-irmã e que eu lembrava ela, mas não sabia o nome. Thalia. 

- Onde ela está?  Não a vi no acampamento.

- Ela é uma caçadora, segue Ártemis agora. – Respondeu Luca.

- Ah.

Eu queria conhece-la. Ia perguntar mais sobre elas. Mas os garotos pararam de andar. Parei também, olhei para onde eles olhavam e percebi que além da montanha o Sol estava se pondo. O dia tinha passado rápido.

 Já era hora de visitar o jardim das Hespérides. E ver Ládon, o dragão de cem cabeças.

Subimos o monte, estava coberto por uma névoa. Fomos andando, a névoa foi ficando cada vez mais forte. Chegou ao ponto de eu não conseguir enxergar nada. Senti como se estivesse sozinha, mas podia sentir Luca á minha direita e David á minha esquerda. Assim como podia sentir o medo, e eu sabia que os dois sentiam o mesmo. Um dragão de cem cabeças? Um dragão quase me matara dias atrás, na escola. E ele só tinha uma cabeça. Cem? Suicidio.

De repente a névoa se dissipou, e á minha frente apareceu um jardim grande e bonito. Sim o jardim era bonito, mas aquela coisa no meio com certeza não era.

O dragão tinha inúmeras cabeças, disseram que tinha cem, mas com certeza foi um chute pois era impossível contar. Em meio ao emaranhado de cabeças vi maçãs brilhantes e douradas. Senti vontade de comê-las, pareciam deliciosas.

Mas ai senti o bafo do dragão e a vontade de comer se transformou em vontade de vomitar tudo o que comi no ano. ECA.

- E agora? – Perguntou David. E senti o olhar dos dois pousaram sobre mim.

- O que? – Perguntei

- A missão é sua, o que vamos fazer? – Disse Luca.

Absorvi aquilo. Não sabia o que fazer. Mas não senti incômodo algum em ter a responsabilidade. Pensei um pouco. O melhor jeito era alguém distrair a maioria das cabeças, alguém arrancar uma delas, e o outro pegar a maçã. Calculei que o difícil era distraí-lo, já que este tinha que chamar mais atenção do dragão.

- David, você tenta pegar uma maça com uma flecha e uma corda. Luca você arranca uma cabeça dele enquanto eu vou distraí-lo.

- É melhor eu distraí-lo. Você não tem muita experiência. – Disse Luca.

- Não se preocupe. Eu não vou morrer. E eu vou distraí-lo. Arranque-lhe uma cabeça.

Luca fez uma careta, mas assentiu e murmurou um “tá”.

Respirei fundo. Conte até dez.

- Ele provavelmente só vai proteger a árvore. Vou tentar ser a maior ameaça assim vocês vão ter menos cabeças pra lutar. Vamos. Tentem não morrer, por favor. – Sentia estar sendo mandona, e idiota. Estávamos numa missão suicida. Eu não devia fazer isso com eles.

- Se vocês não quiserem fazer isso. Eu entendo totalmente.

- Eu vou com você. – Disse Luca.

- Tô nessa. – Disse David. E fiquei feliz por eles estarem ali.

- Vamos nessa. - falei, e não consegui disfarçar o medo em minha voz.

Cem cabeças. Pensou Misit.


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