Colocamos Nico em uma das macas enquanto que Annabeth vinha atrás de nós trazendo um copo, presumo, que com néctar. Edwin se despediu da gente e saiu dizendo que ia ficar com os outros.

Annabeth e eu ficamos em silencio por um tempo. Annabeth sentou na maca ao lado dele tentava fazer Nico beber um pouco de néctar.

– Aqui esta Annie. – disse alguém aparecendo ao meu lado.

Dei um pulo pelo susto que tomei. Annabeth e esse alguém, que é a Kayla filha de Apolo, começaram a rir de mim. Fiz uma careta para as duas.

– Estamos na enfermaria, um pouco de respeito pelos outros seria muito bom. – falei cruzando os braços emburrado e olhei ao redor.

Na enfermaria só tinha mais dois meio-sangues em outras macas e três ninfas que estavam andando pela enfermaria mais logo elas sairam.

– Certo. Respeito. – disse Kayla segurando o riso. – Só vim te entregar isso.

Kayla estendeu uma bacia com agua e um pano em cima, que eu nem tinha reparado, para Annabeth que pegou e colocou em cima de um criado que tinha ao lado da maca de Nico.

– Obrigada. – disse Annabeth e Kayla assentiu.

– Ele vai ficar bem? – perguntou olhando preocupada para Nico. – Se quiser eu posso...

– Eu agradeço, Kayla, mais não precisa. – disse Annabeth sorrindo agradecida. – Nico só está esgotado. Com um pouco de néctar e essa compressa de agua vai ajudar ele a melhorar.

– Tudo bem então. Se precisar sabe a onde me encontrar. – disse Kayla sorrindo.

– Claro. – disse Annabeth sorrindo maliciosa. – Com toda a certeza em algum lugar com meu irmão Max, dai é só perguntar para alguém a onde que vocês estão se agarrando.

Segurei a vontade de rir quando Kayla ficou corada com o comentário de Annabeth que ainda estava com um sorriso malicioso nos lábios. Desde o ano passado Kayla e Maxwel Norton, Max para simplificar, estão ficando e digamos que eles não são muito discretos.

– Poxa, maldade em Annie. – disse Kayla tentando ficar brava, mais ela estava com muito corada para leva-la a serio. – Só foi uma vez.

– Isso porque só foi uma vez que eu peguei vocês dois hoje. – disse Annabeth dando ênfase no hoje.

– Desde quando você é assim Annabeth? – perguntou ela cruzando os braços mostrando que estava aborrecida. – Certo, não me responda. Tchau para vocês. – disse ela sem dar tempo da Annabeth responder, mostrou a língua infantilmente e saiu da enfermaria.

Annabeth e eu esperamos ela sair da sala e começamos a rir, baixinho para não incomodar os outros enfermos que estava aqui.

– Me pergunto o que vai acontecer quando Quíron ver os agarramentos pelo acampamento e não só ficar sabendo sobre eles. – falei quando parei de rir.

– Que a gente não seja um deles. – disse Annabeth sorrindo. – Porque coisa boa não vai ser.

Sorri de volta pra ela e observei ela pegando o pano de dentro da bacia torcer tirando o excesso de agua e depois colocar na testa de Nico. Depois ela colocou os polegares nas têmporas dele e começou a fazer um movimento circular com eles.

– O que aconteceu realmente com ele? – perguntei baixinho só para Annabeth ouvir e me ajoelhei ao lado da maca ainda olhando o que ela estava fazendo.

– Nico pode tirar a alma de um ser humano.  – disse Annabeth dando de ombros como se fosse uma coisa super normal e natural. Só tem um problema. Isso não é normal e muito menos natural.

– Certo, pode explicar melhor antes que minha cabeça exploda tentando entender o que acabou de me dizer? – perguntei e Annabeth riu da minha cara e me deu um selinho.

– Você fica tão lindo assim. – disse ela sorrindo e eu fiz uma careta. – Mais respondendo a sua pergunta, com um toque, se ele quiser ou ele estiver com muita raiva e magoado, um filho de Hades pode tirar a alma de uma pessoa e a mandar direto para o Tártaro sem nem passar por um julgamento.

Tentei pensar um pouco sobre isso e cheguei à conclusão de que era muito perigoso. Se um filho de Hades tem tanto poder assim ele pode ser muito perigoso, principalmente se o inimigo dele souber como deixa-lo com raiva ele pode perder o controle e não saber bem o que esta fazendo, pode machucar um amigo assim.

Nico não é imune a ficar com raiva ou coisa parecida, agora a pouco ele demonstrou essa falta de controle com o que aconteceu com a Ashley, mais tenho que dar créditos a ele por tudo que ele fez até hoje e confiar que ele nunca faria mal a uma pessoa que não merecesse.

Sem falar que esse ano que passamos juntos lá no apartamento com Annabeth e Damon mostrou que Nico é muito legal por trás desse garoto sombrio, que todos devem pensar que ele é assim. Ele mostrou que eu posso confiar cegamente nele.

– Desde quando ele pode fazer isso? – perguntei. – E porque eu não estava sabendo disso?

– Ele pode fazer desde, deixa eu ver, a um mês atrás e você não poderia saber disso porque Nico estava com medo e me pediu para guardar segredo. Lembra que ele até ficou longe da gente por um tempo e depois ficou dois dias com o pai dele?

Assenti confirmando. Me lembro que ele parecia muito estranho nesses dias. Sempre se esquivava da gente e que por uma semana ele ficou trancado no quarto e nem via a Ashley, dava uma desculpa qualquer para não ficar com Damon e agora eu sei que era para não machucar meu filho e nem seus amigos caso ele perdesse o controle.

– Depois de eu dar uma bela dura nele por essas atitudes idiotas ele foi para o mundo inferior saber de alguma coisa sobre isso com seu pai. – continuou Annabeth.

– Depois disso ele voltou ao normal. – falei me lembrando que nesse dia ele estava sorrindo feito um bobo.

– Pois é. Hades não podia ajudar muito, Deuses não interferir na vida de seus filhos, então ele lhe deu um livro que um de seus filhos havia escrito sobre isso. Sobre esse poder, que é raro. – disse ela tirando o pano da testa do Nico e colocando na bacia. Molhou o pano e fez novamente o processo de torcer e colocar de novo na testa dele e voltou a fazer os movimentos circulares nas têmporas dele.

– Então, esse poder não é comum de filhos de Hades? – perguntei me sentando no chão e olhando para o rosto dela concentrado no que estava fazendo.

– Bem longe disso. Pelo que Hades me informou só ouve uns cinco casos de filhos dele que podiam fazer isso. – disse Annabeth.

– Muito raro. – comentei e ela assentiu.  – O que aconteceu quando ele descobriu que podia fazer isso.

– Lembra quando eu te liguei e falei que iria dar uma volta com Damon e que depois eu ia pegar o Nico e a Ashley no grupo deles? – perguntou ela e eu assenti. – Então foi nesse dia. Nico acabou se envolvendo em uma briga porque os caras tiraram com a cara dele por estar em um grupo tão idiota quanto aquele.

– Se Grover ouvisse isso... – falei. – Mais o grupo é legal, o que tem de mais nisso?

– Sabe, eles ficaram falando que aquilo era coisa de gay porque só meninas faziam aquilo, o que não é verdade já que tinha muitos meninos naquele grupo também.

– Então pegaram ele para cristo. – falei e Annabeth assentiu.

– Eu li a mente de um deles, o cara grandão que estava na frente dos outros e se achava o dono do pedaço. – falou ela e de cara já imaginei um filho de Ares, isso é tão típico deles. – Ele estava com raiva do Nico porque ele tinha todas as atenções. Os professores gostavam dele pela excelente nota que ele tirava em todas as matérias.

Pude perceber pelo tão de voz dela que ela estava extremamente orgulhosa do Nico estar se dando tão bem em todas as matérias. Afinal, Annabeth sempre ajudava ele a estudar.

– E você se orgulha muito disso. – falei e ela sorriu timidamente.

– Culpada, mais continuando. Nico se dava bem em todos os esportes também, mas não tinha muitos amigos na escola, somente a turminha em que ele a Ashley ficavam. Por ser misterioso e por isso que eu falei antes muitas meninas achavam ele extremamente inteligente, lindo, sexy e pagável. – ela piscou pra mim quando falou esses dois adjetivos sorrindo maliciosa.

– Porque sempre tem que ter mulher no meio? – perguntei devolvendo o sorriso malicioso. Annabeth deu de ombros.

– Mistérios. – disse ela enigmática. – Então o grandalhão estava cansado de todas as tentativas dele de dar em cima de uma menina sempre darem erradas e elas ainda jogavam na cara dele que se ele fosse o Nico elas pegavam.

“Em quanto eu estava lendo a mente do grandalhão um dos amigos do cara pegou a Ashley pelo braço e Nico perdeu o controle de vez, avançou para cima do cara que tinha pegado ela e quando tocou nele o cara começou a gritar feito um louco e eu tive que interferir, não podia deixar as coisas passarem do limite, meio-sangues não podem machucar mortais.”

– Às vezes queria que essa regra não existisse. Sempre tem alguém que fica te infernizando e mesmo que você possa fazer alguma coisa não pode, porque se não vai descumprir as regras. – falei. Eu conhecia um bocado de gente que merecia levar umas poucas e boas por serem tão idiotas.

– Eu também queria. – disse Annabeth sorrindo, mais de repente seu sorriso some.

– O que foi? – pergunto tocando sua perna e deixando minha mão ali.

– No momento que o Nico tocou no garoto e ele começou a gritar. Os pensamentos do Nico não eram muito bons. Ele estava tomado pela raiva e queria que o garoto sofresse por ser tão... Chato. Se eu não tivesse feito todos dormirem, incluindo Nico menos a Ashley, Nico poderia ter matado aquele garoto sem pensar duas vezes.

Engoli em seco. Eu não sabia o que falar agora.

– Modifiquei a memória dos caras que estavam com o grandalhão, incluindo ele, e levei Nico e Ashley para a casa. Depois que o Nico acordou, ele me pediu para modificar a memoria da Ashley também, ele não queria que ela se lembrasse dele daquele jeito.

– Então, por isso ela não comentou nada. – constatei e ela assentiu e fez o processo do pano de novo.

– Tudo que ela sabe daquele dia é que Nico partiu para cima do garoto e deu um susto nele e quando eu cheguei eles pararam de implicar.

– Quantas vezes isso já aconteceu? – perguntei.

– Só mais uma vez depois daquela e essa. – respondeu ela. – Mais não é muito significativa e nem merece o tempo que vou usar para contar sobre a outra.

– Hum. – foi o que eu falei, ela não ia me contar sobre essa outra vez e eu sabia que tinha alguma coisa importante nisso e provavelmente Nico deve ter pedido para não contar sobre essa vez ou sei lá mais o que.

– Que eram aqueles grandalhões lá fora? – perguntei depois de um tempo em silencio.

– O Adalberto é filho de Phobos e os outros, dois eram filhos de Deimos e os outros dois de Éres. – disse Annabeth e me lembrei do meu encontro com Phobos e Deimos.

Os dois tinham roubado a Quadriga de Ares que estava com Clarisse, um tipo de teste sei lá não me lembro bem do motivo. Ajudei Clarisse a recuperar a Quadriga e também dei uma pequena volta na moto de Ares, que na verdade era a Quadriga e a moto era uma das formas dela, sem falar que Phobos não é um grande lutador se você não tiver medo.

Deixei esse pensamento de lado e fiquei observando Annabeth fazendo aquela massagem na cabeça de Nico.

– O que você está fazendo com essa massagem?

– Para relaxar a cabeça dele. Digamos que usar esse poder, além de ser desgastante fisicamente, sobrecarrega os neurônios dele lhe dando uma tremenda dor de cabeça depois. – disse ela.

– E sempre funciona. – disse Nico bem baixo que quase não deu para entender o que ele falou.

– Ei, a bela adormecida acordou. – falei me levantando e vi Nico sorrir de lado ainda com os olhos fechados.

– Só não ganhei o beijo do meu príncipe encantado para despertar. Que injustiça, não acham? – disse ele e nós três rimos.

– Como se sente Nico? Dor de cabeça? Alguma coisa? – perguntou Annabeth preocupada estendendo o copo com néctar. – E abre os olhos menino.

– Me sinto muito bem, só um pouco cansado. – disse ele abrindo os olhos e bebeu um pouco de néctar. – Não fiz nada de mal, não é? – perguntou olhando para Annabeth.

– Não, não fez nada. – disse Annabeth olhando para mim e entendi que não era para falar sobre o pequeno incidente com a Ashley. – Você só acabou desmaiando e foi por poucos minutos.

– Ela te contou, não foi? – perguntou ele fechando os olhos.

– Sim. – falei dando de ombros. – Deveria ter me falado isso antes. – ele simplesmente deu de ombros.

– Nico, você consegue ficar acordado por alguns minutos? – perguntou Annabeth fazendo ele abrir os olhos.

– Consigo. Por quê? – perguntou encarando ela e depois olhou pra mim. Dei de ombros, não sabia o que ela estava tramando.

– Vou precisar de sua ajuda e sei que não vai me negar porque você vai querer fazer. – disse ela olhando para os lados. – Mais não posso falar aqui, preciso de um lugar mais reservados. Consegue andar.

– Já esta pedindo de mais, não acha? – perguntou ele arqueando uma sobrancelha.

– Tem haver com a Ashley e a missão dela. – disse Annabeth se levantando. Em um segundo Nico estava de pé. Falou em Ashley as coisas mudam de figura.

– Vamos logo então. – disse ele andando para a porta da enfermaria todo disposto como se não tivesse acabado de desmaiar.

– Sabe pra onde ir? – perguntei cruzando os braços. Sorri quando ele parou de andar, mas não se virou.

– Então, pra onde vamos? – perguntou ele trocando o peso de pé sem se virar para nós encarar.

– Vão para o chalé de Poseidon eu vou depois. Primeiro vou deixar essa bacia no lugar e pegar mais um pouco de néctar para você. – disse Annabeth e depois deu um beijo no meu pescoço. Fechei os olhos. Ela adora me provocar. – Só vou dar uma olhadinha no Damon e vou para lá.

– Espera. – disse Nico e se virou para nós encarar. – Damon está dormindo agora porque você vai ver ele? Acabou de deixar ele lá, esse menino vai ficar mal acostumado com tantos mimos da mama dele.

– Verdade. – falei sorrindo pelo comentário de Nico me virando para olhar para Annabeth que estava com a bacia em mãos. – Ele está na Casa Grande com a Ninfa, não é? Porque ir lá agora?

– Está. Mas não com a Ninfa e nem dormindo. – disse ela dando de ombros. – E sim junto com a Clarisse. – falou normalmente como se isso fosse comum, o que não é nem um tiquinho comum.

– Com a Clarisse? – gritamos Nico e eu juntos e acabamos acordando os outros dois meio-sangues que olhavam assustados para todos os lados.