Eu ainda permanecia sentada em minha cama, os soluços subindo por minha garganta, as lágrimas incessantes. Charlie já havia desligado o telefone e andava de um lado para o outro, arrumando as coisas de Jeremy e as próprias numa mala. Eu não conseguia ao menos pensar, o choque me paralisou por completo.

Eu só sei que de alguma forma fui parar no banco de trás de um carro. Jeremy ao meu lado dormia na cadeirinha e Charlie dirigia em direção a La Push, acredito. Os soluços já haviam parado, mas as lágrimas não. Elas continuavam a descer por meu rosto insistentemente. Minhas mãos agarradas em meu colar, segurando o resquício de Jacob que eu possuía. Após longas quatro horas de estrada, Charlie estacionou em frente a familiar casa vermelha, em La Push. Senti vários pares de mãos frias e duras me tocando, vozes familiares, mas que não faziam sentido algum. Eu saí do carro, mas não me lembro realmente como. No minuto seguinte eu estava sentada na garagem de Jacob, meus pais e somente eles ali.

“Nessie, por favor, olha pra mim” Edward me pediu com pesar na voz, suas mãos segurando meu rosto e limpando minhas lágrimas. Suspirei e desviei meu olhar, encontrando seus olhos de ouro.

“Eu quero vê-lo” Minha voz saiu rouca, fraca, embargada.

“Filha, Jacob ainda está vivo. Mas ele não deve permanecer assim por muito tempo. Carlisle está tentando atrasar o máximo que pode para que você e Jeremy possam se despedir”

“Então ele tem uma chance?” Meus olhos encheram-se de esperanças.

“Filha, me ouça. Eu sinto muito, mas Jacob não vai sobreviver”

Ouvi minha mãe soltar um soluço do outro lado da garagem.

“O que aconteceu?”

“Não é a hora”

“EU QUERO SABER!” Gritei, enfurecida.

“Eles lutaram até machucarem Jacob gravemente. Eles só partiram quando acharam que ele estava morto. O objetivo deles nunca foi destruir a alcateia. Eles queriam...”

“Me destruir”

“Atingir a nós, cortar nossa relação com os lobos. E então eles não teriam ao menos o trabalho de nos derrotar. E sem nós, eles podem matar Jeremy”

“Eu preciso vê-lo” Levantei-me num pulo, ódio consumindo meu peito. Eles vieram para matar Jacob. E então partiram. Só.

Segui meus pais até a casa vermelha, andando pelos conhecidos cômodos até o quarto de Jacob. Não me preocupei em ouvir os ‘sinto muito’ que se seguiram, eu apenas entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim.

Jacob mal respirava, seu coração batia fracamente e falhava diversas vezes. Seu corpo, agora humano, coberto de sangue, cortes, hematomas. Era horrível. Ajoelhei-me ao seu lado, segurando sua mão e chorei com todas as forças que tinha. Eu pedia, eu gritava para que Deus ou qualquer força maior do universo o trouxesse de volta. Inutilmente. Ele continua ali, sua vida equilibrando-se por um fio, pendendo para o vale da morte.

Carlisle pediu desculpas por interromper-me, adentrando o quarto, e caminhou até o soro, injetando algum medicamento. Eu o olhei, implorando para me dar os detalhes que meu pai não me deu.

“Nessie, não acho que seja bom...”

“Por favor, Carlisle”

Ele suspirou. “Tudo bem. O que você quer saber?”

“Como ele se transformou de volta se foi atacado de repente e de uma vez?”

“Ele percebeu que não suportaria por muito tempo, então quando já estava muito fraco, transformou-se de volta na esperança de que eu pudesse curá-lo. Ele usou sua ultima gota de força fazendo isso”

“E você pode?”

“Eu sinto muito, Nessie. Eu só posso o manter vivo até que você se despeça” Ele me olhou com olhos pesarosos. “Se isso lhe serve de algum conforto, o ultimo flash em seus pensamentos foi você. Pelo menos é o que dizem Edward e a alcateia”

Aquilo me revoltou de uma forma que ninguém ali poderia imaginar. Ódio dominou meu coração e eu levantei-me, correndo em minha velocidade vampira para fora da casa. Meus pais me seguiram, mas eu virei-me e gritei para que me deixassem em paz. Eu precisava ficar sozinha. Eles obedeceram e eu corri floresta adentro, procurando pelos cheiros. Se algum deles tivesse ideia do que eu estava realmente planejando, nunca me deixariam sair sozinha.