Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 12
Capítulo Doze




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Ao contrário do que havia imaginado, Draco ficou pronto bem rápido, mostrando que já tinha a prática em pentear o cabelo e não ficava de frescuras ao escolher uma roupa – o que logo ela descobriu se deveu ao fato de grande parte das roupas dele serem semelhantes, todas em preto ou outras cores escuras.

                Uma batida na porta e ela revirou os olhos, não havia passado nem cinco minutos desde a última vez que ele fora checar se ela já estava pronta.

- Só mais um minuto, Draco – ela bufou tentada a prolongar ainda mais a sua demora, apenas para afrontá-lo.

- Eu disse que você demorava a se arrumar – ele respondeu do outro lado da porta e riu.

- Mas aposto que demoro muito menos que as suas amiguinhas modelos – ela alfinetou e voltou a se concentrar em sua maquiagem.

                Dois minutos depois abriu a porta e se virou de costas para ele.

- Pode fechar para mim? – ela achava clichê isso de pedir a um homem que feche seu vestido, mas por mais que tentasse alcançá-lo até o final, não havia conseguido.

- Achei que você era do tipo de mulher que prefere fazer tudo sozinha – alfinetou ele puxando o zíper para cima, provocando-a com palavras para não prestar atenção em sua pela macia e no quão atraente ela lhe parecia naquele momento.

- Eu tento – ela deu de ombros.

                Disso ele tinha certeza.

- Te espero na sala – ele disse logo em seguida, e saiu pelo corredor. – Não demore! – falou durante o caminho.

                Novamente ela se sentiu tentada a voltar ao banheiro e prolongar o máximo o tempo de se arrumar, tudo para provocá-lo. Mas por mais que a tentação fosse grande, tinha de se apressar e conter as voltas que seu estômago estava dando. Nunca havia estado em um relacionamento antes, portanto nunca havia passado pelo momento de “conhecer os pais dele” e justamente a primeira vez em que fazia isso, tinha de ser com alguém como Narcisa e Lucius Malfoy.

                Claro que todo seu conhecimento a respeito dos dois se resumia ao que encontrar em alguns artigos na internet, que não disseram nada além do que ela já imaginava. Narcisa sempre foi o tipo de mulher que dá mais atenção para o status que para o sentimento em si, e Lucius era o tipo de homem que dava mais importância ao trabalho e seu dinheiro, que para família, por ambos serem como eram Hermione podia apostar que o casamento deveria ir cada vez mais de mal a pior, mas Narcisa nunca se submeteria a um divórcio, iria arruinar a já não tão imaculada imagem da família Malfoy, claro que a parte de não tão imaculada se devia a Draco e suas aventuras amorosas regadas a muita bebida, e ela podia apostar que drogas estiveram no meio diversas vezes, como já dissera, ela não era tão ingênua assim.

                E como se não bastasse Narcisa ser uma mulher extremamente ligava aos valores que a própria sociedade atribui, a essa altura ela já devia saber tudo sobre a família Granger e o que seu pai andou aprontando, assim como devia saber que seu filho estava com uma plebeia e certamente considerava a relação o mais inapropriada possível.

                Juntando todos os fatos, Hermione estava aterrorizada ante a ideia de conhecer a família de Draco.

- Vamos? – ela disse ao chegar a sala.

                Ele desligou a televisão, que estava ligada em um canal aleatório e Hermione tinha certeza de que Draco não prestara a menor atenção no que passava, e se levantou para acompanhá-la até o elevador.

- Você está muito bonita – ele disse e ela assentiu, aceitando o elogio.

                Mas tudo que conseguia pensar era que beleza não era o suficiente para Narcisa Malfoy.

- Quanto tempo leva até a casa dos seus pais? – ela perguntou ao entrar no carro dele. Um carro diferente do que ele usara durante o dia.

                Agora iam em um automático sedan prateado, uma cor de carro que Hermione não imaginava que Draco tivesse. Ele estava sempre com cores escuras e sóbrias, e um carro prateado pareceu chamativo demais para alguém como ele.

- Uns quarenta minutos – ele disse.

                Porém para Hermione pareceram horas, sentia-se nervosa e seu estômago continuava dando voltas, e quanto mais se aproximavam, pior ela se sentia. Por diversas vezes achou até que precisaria pedir a Draco que parasse o carro, que voltassem para casa, que fizessem qualquer coisa que não incluísse seguir por aquele caminho até a casa da família Malfoy.

                Mas agora ali estava, Draco lhe informara que estavam próximo, e ela começou a enrolar a alça de sua bolsa em um ato de puro nervosismo.

- Você está bem? – Draco perguntou com o cenho franzido. Havia notado que ela estava tensa e silenciosa, mas agora dobrando e enrolando a alça de sua bolsa, ela parecia prestes a surtar.

- Só estou nervosa – ela disse e suspirou. – Você e eu sabemos bem que sua mãe não vai aprovar a sua escolha, e por mais que você diga que isso não importa para você, para muitas outras pessoas importam. E nós estamos nisso para manter limpa a imagem da sua família, e sinceramente eu duvido que vá dar muito certo quando todos souberem quem a minha família é e tudo mais...

- O príncipe vai se casar com uma plebeia – Draco disse sem desviar a atenção da estrada, apoiou uma mão sobre a perna dela e deu um leve aperto, querendo mostrar que estava ao seu lado e que não achava que seria tão ruim assim. – A família Malfoy não é grande coisa se comparada a família Real, e se até eles incluíram plebeias em seus casamentos, a começar pela Diana, não há muito que possam dizer sobre os Malfoy’s.

- Mas a sua família nunca vai aceitar – Hermione retrucou, sabendo que estava certa.

                Não importava se a própria rainha ou o papa casassem com alguém que não é de seu nível social, a família Malfoy era conhecida por se ater aos costumes tradicionais, e esse parecia ser um dos que Narcisa Malfoy não aprovaria se fosse rompido.

- Tem uma escola para ensinar garotas a serem lady’s, Draco! – Hermione continuou, cada vez prevendo um desastre maior. – Certamente quando você disse que escolheria sua própria esposa, seus pais pensaram que seria alguém que foi a um lugar como esse.

- Você tem classe, e sabe disso – ele respondeu. – Você se portou muito bem no jantar, e hoje no almoço. Alguém ignorante teria jogado aquele monte de talheres e taças no chão e usado só os comuns, você soube para que cada um servia – só quando ele se virou para encará-la foi que Hermione percebeu que haviam parado. – Hermione – ele murmurou, nunca pensara que um dia estaria numa situação dessas, tendo de acalmar uma mulher quando estavam prestes a conhecer seus pais – não se preocupe.

                Ela assentiu querendo acreditar nele, e se virou para olhar pela janela. A casa era muito maior do que havia imaginado.

- Vamos? – ele perguntou antes de sair do carro. Ela assentiu e respirou fundo, de todo jeito agora não havia mais volta.

                Ele segurou sua mão, mas sem entrelaçar os dedos, e a guiou até a grande porta principal. Era enorme e a fazia se sentir minúscula.

- Sorria – ele sussurrou em seu ouvido.

                Por mais que lhe parecesse difícil sorrir, tinha de aceitar que não havia mais volta, e que estava ali para cumprir parte do seu acordo. Tinha de sorrir e se mostrar feliz, mostrar que estavam loucos um pelo outro, ou qualquer coisa semelhante, e que se sentia muito bem nessa relação. Mesmo que a maior parte de tudo isso fosse mentira.

                Draco tocou a campainha e em questão de segundos já havia um criado ali, que Hermione julgou ser o mordomo, abrindo a porta, pronto para recepciona-los. Pegou o casaco de Draco e os guiou pelo hall espaçoso e bem decorado. Por um instante Hermione ficou chocada com toda a elegância que havia ali, por fora a casa parecia um pouco antiga, mas por dentro era tudo novo e reluzente, esbanjando luxo e elegância.

- Por aqui – o mordomo os guiou até uma sala para visitas, muito ampla e com belos sofás, onde a família Malfoy já se encontrava sentada a espera deles.

- Boa noite – Draco cumprimentou a todos de uma forma que, para Hermione, soou e pareceu formal demais considerando que eles eram sua família.

Sua mãe não lhe sorriu, apenas se levantou e o beijou no rosto, seu pai o cumprimentou com um aperto de mãos, a única que parecia animada em vê-lo foi uma jovem loira e de olhos muito parecidos com o de Draco, que rapidamente se ergueu e o abraçou.

- Você não se atrasou – a loira comentou com um riso e Draco a beijou na bochecha. Ela parecia ser a única a quem ele tratava sem um respeito polido.

- Hermione – Draco disse virando-se e lhe estendeu uma mão, que ela agarrou e se aproximou dele. – Essa é Annelise, minha irmã mais nova – ele disse e a menina lhe sorriu.

- Prazer – Annelise lhe disse beijando-a na bochecha. – Pode me chamar de Anne!

- O prazer é meu – Hermione lhe respondeu com um sorriso.

Annelise parecia ser a única naquele ambiente familiar que não estava envolta de uma bolha de seriedade e falta de expressão.

- Mãe – Draco se aproximou dos pais levando Hermione pela mão. Pelo leve franzir de sobrancelhas de sua mãe, já sabia que ela não estava disposta a encarar Hermione como alguém que em breve faria parte de sua família. – Essa é Hermione Granger – ele se virou para encará-la e Hermione sentiu seu estômago dar outra volta pelo nervosismo. – Hermione, esses são meus pais, Narcisa e Lucius Malfoy.

- É um prazer – Hermione disse somente dando um aceno com a cabeça e um leve sorriso. Já havia percebido que naquela família não eram muito a favor de beijos e abraços, com exceção de Anne.

- O prazer é nosso – Narcisa disse de modo mecânico, encarando seriamente a mulher com quem seu filho parecia disposto a se casar. – Vou pedir que sirvam o jantar, mandei fazer frutos do mar. Espero que goste.

Hermione assentiu com um leve sorriso, sentindo-se uma farsa. Todos ali estavam agindo, atuando para que tudo ficasse e parecesse certo, bem diferente do que seria se de fato quisessem a companhia um do outro. Quando Narcisa se afastou, pareceu ser a vez de Lucius olhá-la com minúcia, mas não durou muito, ele logo se ergueu servindo-se de mais uma dose de uísque e servindo uma para Draco também.

- Imagino que você não tome uísque – ele disse sem ser rude, era apenas uma observação.

- Não mesmo – Draco respondeu com humor contido e Hermione sentiu vontade de acotovelá-lo, só porque ela era fraca para o álcool!

- Venham – Narcisa disse ao chegar a soleira da porta, seus sapatos de saltos altíssimos ecoavam contra o piso e sua roupa caía com perfeição em seu corpo magro.

Não podia negar que Narcisa era um exemplo de elegância, sempre tão ereta e sabendo usar as roupas certas para cada ocasião, o que se fez Hermione se sentir ainda mais perdida, sentia-se definitivamente como uma plebeia em um castelo de luxo. Nada ali era como ela estava acostumada, e mesmo tendo certeza desde o início que seria assim, não imaginou que o sentimento seria tão incômodo.

E quanto mais Narcisa demonstrava seus bons modos e sua elegância, mas parecia fazer com que Hermione entendesse que jamais seria assim tão elegante, os olhos de Narcisa pareciam refletir com deboche que ela jamais seria a esposa ideal para alguém como Draco.

Mas ela não estava se casando com Draco, uma voz interior a lembrou. Estava se relacionando com ele, mas não havia um anel em seu dedo nem um pedido fora feito. Não. Além do mais a família Malfoy não aceitaria nem suportaria um divórcio, de modo que, como Draco pretendia mandá-la embora assim que tivesse seu diploma e ele o cargo no parlamento, não se daria ao trabalho de criar toda uma farsa envolvendo um casamento que, no final, acabaria com a reputação que estavam querendo salvar.

- Pelo que eu soube você se conheceram em Cambridge – Narcisa comentou, sua voz sempre tão sóbria que não permitia decifrar se estava sendo irônica ou se simplesmente não dava a mínima para isso. – Você parece muito nova para estar fazendo um mestrado.

- Eu faço faculdade, Draco tem apenas algumas matérias na mesma sala que eu – respondeu Hermione de maneira polida.

- E quantos anos você tem, Hermione? – Lucius perguntou e Hermione mordeu a língua para não soltar um comentário mordaz, preferia pular toda essa parte de introdução, afinal podia apostar tudo que tinha que os pais de Draco já haviam feito uma busca detalhada sobre toda a sua vida.

- Vou fazer vinte – ela respondeu.

- Você é muito bonita – Annelise comentou

- Obrigada – Hermione lhe sorriu.

A comida foi servida em seguida, o que ocupou a todos poupando a conversa. Draco encarava a mãe sem realmente conhecê-la, sabia da fama que ela possuía de ser uma mulher fria, de ser difícil de agradar e sabia também que Hermione deveria estar aterrorizada sobre passar algum tempo naquela casa, mas a verdade era que Narcisa sempre foi uma mulher zelosa que cuidou com carinho dos filhos.

Mas no momento parecia ser totalmente o oposto disso.

Depois do jantar, em que não houve conversa, uma sobremesa foi servida junto com um cálice de conhaque para os homens. Draco bebeu o seu num gole só e sorriu para Hermione, apertando sua mão. Não era o tipo de homem que permanece um bom tempo de mãos dadas com uma mulher, de fato sempre achou isso ridículo e exagerado, mas naquele momento a situação era diferente, queria fazer sua mãe acreditar que realmente tinha algo mais sério com Hermione – algo além do único beijo trocado, e mantendo-se distante de Hermione não conseguiria seu feito.

Após o jantar voltaram para a sala de visitas com uma taça de vinho em mãos, Hermione sorveu um pequeno gole da sua dizendo a si mesma para ir devagar, não iria andar cambaleando como fizera na noite anterior, não na frente de Narcisa Malfoy, que parecia intimidá-la cada vez mais.

Agora estavam os quatro na sala, Annelise havia se retirado, e Hermione nunca se sentira mais desconfortável, não sabia sobre o que falar nem o que dizer.

- Você vai levá-la ao casamento de William? – Narcisa perguntou ao filho com a expressão neutra, e Hermione odiou isso. Queria ser capaz de dizer se Narcisa a odiava ou apenas não a queria ao lado de seu filho, mas era impossível.

- Claro – Draco disse parecendo bem humorado. – Hoje fomos ver um vestido para Hermione, Sophie tinha um desenho pronto que pareceu feito para Hermione.

- Ela é quem está fazendo o vestido de Kate – Narcisa comentou sorvendo outro gole de seu vinho.

- Achei que fosse um dos grandes segredos sobre essa palhaçada de casamento – comentou Draco de forma ácida.

Hermione já havia se dado conta de que cada vez que o casamento real era mencionado, o humor de Draco parecia mudar e oscilar, só não conseguia entender porque. Com um suspirou deu-se conta de que era mais um dos segredos de Draco, e enquanto ela lhe contava toda sua vida, parecia que cada vez mais ele lhe escondia a dele.

Erguendo-se ela disse que precisava ir ao toalete, sorveu o último gole de vinho de sua taça e se afastou pelo corredor, o mordomo que os atendera assim que chegaram a informou onde ficava o banheiro e com um sorriso ela lhe agradeceu.

Pisando na ponta dos pés, Hermione evitou fazer barulho, e ao entrar no banheiro seu queixo caiu. Sabia que a casa era toda elegante, mas não achava que até o banheiro seria uma amostra de quanto dinheiro eles possuíam, ainda mais sendo esse um suposto banheiro social. Era todo decorado em verde, com detalhes prateados – que pelo que entendera tinha a ver com o brasão da família Malfoy, que estava orgulhosamente pendurado acima da lareira na sala de jantar.

Tudo naquela casa chegava a ser obsceno de tão elegante. A sala de jantar era enorme, com uma mesa comprida que permitia que até vinte pessoas se sentassem, e Hermione não duvidava que havia um salão por ali caso quisessem convidar mais gente. A sala de visitas possuía uma grande lareira que fora acesa recentemente, deixando uma temperatura boa no ambiente, as janelas eram grandes e permitiam ver a noite, e o bar que havia no canto estava repleto das mais variadas e melhores bebidas já vistas – e disso, depois dos anos que trabalhou no pub, ela entendia.

Demorou-se no banheiro afim de tentar se acalmar, antes de chegar havia imaginado que o jantar seria a pior parte, porque tinha certeza de que haveriam diversos talheres e taças, como se estivessem testando a sua capacidade de se comportar a mesa sem parecer idiota, e quanto a isso não tivera problemas. Havia mesmo vários talheres, mas ela os usara sem problemas, o que imaginava que deveria ter surpreendido Narciso, ao menos um pouquinho.  Mas depois do jantar foi que o ambiente pareceu ficar mais tenso, talvez se ela tivesse agido como se não conhecesse nada, Narcisa lhe diria que era uma idiota, que não servia para casar com seu filho nem ter qualquer tipo de relação com ele e a mandaria embora. Mas como não foi assim, tinha de reconhecer que estava dificultando para Narcisa achar defeitos, e a noite mal começara.

Narcisa se ergueu assim que Hermione passou pela porta, tendo o cuidado de andar sobre o tapete felpudo, afim de não fazer barulho com seus saltos, ela se aproximou do filho e o encarou fixamente.

- Esse é o tipo de mulher que você acha que deve se casar? O acordo era uma esposa, Draco! Não uma estudante qualquer com quem você quer se divertir... Já passou da hora de você se firmar em alguma relação – Narcisa lhe disse com o tom de voz sério.

- E o acordo era que eu poderia encontrar aquela que vai ser minha esposa – Draco retrucou com uma sobrancelha arqueada.

- Não em um pub qualquer! – Lucius apontou segurando a esposa pelo braço, o olhar duro que lhe lançou mostrava que era ele quem deveria cuidar dessa relação, mesmo sem dizer nada Narcisa sabia que ele a julgava por ter mimado os filhos, e no fundo a culpava por não conseguirem dar conta do filho mais velho. – Você deveria encontrar uma esposa que fosse exemplar, que melhorasse a sua imagem, não alguém que trabalhava todas as noites em algum pub imundo para se sustentar num apartamento minúsculo!

- Ela pode ter trabalhado toda noite em um pub, mas pelo menos era um trabalho honesto – Draco lhe apontou o dedo – ao contrário do que muitos fazem dentro daquela droga de parlamento – erguendo-se ele sabia que estava prestes a perder o controle.

Havia passado boa parte da noite bancando o bom filho, sorrindo e conversando, mas por dentro sentia-se remoer de raiva. Não era o tipo de homem que queria ficar dando satisfações de sua vida aos pais, já era um homem crescido e havia passado dessa fase, sentia vontade de lhe gritarem para que dessem atenção a Annelise, que quase sempre estava no colégio interno, e o deixassem em paz.

- Eu vou ocupar meu lugar no cargo que é da família, não tenha dúvidas disso, e sei que posso fazer muito melhor que a maioria dos idiotas que estão dentro desse parlamento – ele encarou o pai fixamente. – Mas não pensem que eu iria mesmo falhar na hora de encontrar alguém para ficar ao meu lado, tudo para vocês empurrarem uma idiota qualquer como Pansy Parkinson para cima de mim. Já lhe disse uma vez, mamãe, posso morrer solteiro, mas com alguém como Pansy eu não me caso!

- E com alguém como ela também não – Lucius retrucou erguendo a voz. O que para Draco foi como um convite para que gritasse também. – O que você viu nela, Draco? Porque não venha me dizer que está apaixonado nem nada disso, vocês acabaram de se conhecer – nisso ele estava certo, não estava apaixonado e duvidava que um dia se apaixonaria por qualquer mulher que fosse. – Então me diga, o que ela tem de especial para te manter cativo? – com um olhar indagador, ele aguardou a resposta do filho.

- Eu queria alguém que pudesse pensar por si própria – Draco deu de ombros. – Não vou ter uma marionete como esposa, como todos aqueles velhos querem. Eu ficaria entediado em pouco tempo, e o divórcio seria a solução... É isso que vocês querem? Além do mais, se até o grande príncipe William – Draco disse com sarcasmo – pode se casar com uma plebeia, qual a diferença?

- Kate é uma grande mulher – Narcisa apontou.

- É uma aproveitadora – Draco retrucou. – E não chega nem aos pés da mulher que Hermione vai ser – e ele podia mesmo compará-las.

- E como você sabe que essa Hermione não quer só o nosso dinheiro? – Narcisa perguntou voltando a se aproximar. – Você já sabe a laia a qual o pai dela pertence, e o que o faz acreditar que ela não é igual ao pai?

Draco se calou por um momento. Simplesmente havia acreditado em Hermione, sem questionar por que. Ela parecia estar lhe falando a verdade, mas como explicaria isso a sua mãe? E pior, como sua mãe aceitaria uma resposta dessas?

- Ela não fala com os pais, então não comece a achar que eu vou ser vitima de algum tipo de plano em família para roubarem o nosso dinheiro – Draco revirou os olhos com desdém e se afastou, servindo outra dose de uísque para si. – Além do mais, vocês não têm motivos para desconfiar, apenas aceitem que Hermione vai passar a frequentar esta casa tanto quanto eu – ele bufou e se afastou. – A começar por hoje, passaremos a noite aqui – saiu da sala e encontrou com Hermione no corredor, próxima a porta que dava para a sala de visitas.

Certamente havia escutado uma boa parte da conversa, mas Draco não estava com humor para discutir sobre isso.

- Nós vamos ficar aqui? – ela perguntou com os olhos arregalados.

Mas ele não lhe respondeu, apenas a guiou pelo corredor até as escadas, e logo no segundo andar a guiou para o quarto que certamente pertencia a ele.

- Não vou passar a noite no mesmo quarto que você, Draco – ela disse entre dentes enquanto ele praticamente a empurrava para dentro do quarto.

- Hoje não é uma questão de escolhas, Hermione – ele bufou batendo a porta. – Não vou fazer nada que você não queira, mas também estou irritado demais para pegar o carro e sair daqui. Tem algumas coisas que eu ainda preciso discutir com o meu pai, e espero resolver logo cedo amanhã, assim não terei que voltar aqui tão cedo.

- Foi tão ruim assim a conversa com eles? – ela perguntou abraçando a si mesma.

Odiava a posição em que Draco a estava colocando, como se já dormissem juntos há um tempo e fosse a coisa mais normal do mundo. Mas logo maneou a cabeça, para Draco certamente era a coisa mais normal, ele levava todas para a sua cama.

- Nada além do que eu esperava – ele grunhiu tirando a camisa. – Minha mãe não é tão ruim assim, acredite, meu pai é que é o problema – ele bufou – sempre tem de ser do jeito dele, minha mãe só o apoia nas suas ideias absurdas.

- Eles falavam em casamento, Draco – ela disse mostrando que havia ouvido mais do que ele imaginava. – Eles querem que eu me case com você.

- Eu lhe disse que precisava de uma esposa, mas você preferiu entender como se fosse apenas um relacionamento sério, mas sem vínculos maiores – ele se aproximou dela, ainda irritado pela conversa com os pais e com vontade de beijá-la. – Mas nós não vamos falar sobre isso, não agora – ela suspirou abaixando a cabeça.

- E se eu não quiser me casar? – ela questionou voltando a erguer o rosto.

- Não vamos falar sobre isso agora – ele respondeu com a voz séria.

Se ela não quisesse se casar, ele a faria mudar de ideia. Tinha tempo para isso.

Com passos rápidos ele se afastou e voltou em seguida segurando uma camiseta, que estendeu para ela.

- Ou eu posso pegar algo da minha irmã – Draco disse dando de ombros.

Mas ela não estava se importando com o que usaria, e sim com o fato de que estaria na mesma cama que Draco Malfoy. Aceitou a camiseta, imaginando que ela seria menos reveladora que qualquer peça que Annelise pudesse lhe emprestar. Trocou-se no banheiro e usou uma escova que ele lhe entregou, minutos depois estava de volta ao quarto, onde ele estava jogado sobre a cama.

- Com tantos quartos nessa casa não é possível que tenhamos de dormir no mesmo – ela disse sem se aproximar.

- Não sou santo, Hermione – Draco disse a encarando com uma sobrancelha arqueada. – Acha mesmo que eu seria o tipo de homem que trás uma namorada para casa e a põe para dormir em outro quarto?

Ela abaixou a cabeça, sabia que não.

- Então venha logo para cá – ele disse e ela se aproximou, visivelmente desconfortável.

Draco se levantou e segurou a mão dela, novamente pensando que nunca havia se imaginado em uma situação assim, Hermione parecia sempre tão forte e independente que não se imaginava tendo que consolá-la ou lhe passar segurança, no entanto, só naquela noite era a segunda vez que fazia isso.

Ergueu o rosto dela e sorriu, tentando fazê-la se sentir mais segura, mas não adiantou... Quando deu-se por si, seus lábios estavam próximos aos dela, ela entreabriu os lábios e um beijo aconteceu. Diferente do que imaginava, ela não o rejeitou nem empurrou, somente retribuiu ao beijo.


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Notas finais do capítulo

n/a: finalmente um capítulo saindo no dia certo o//
espero que gostem!
ainda estou devendo respostas aos reviews, eu sei, mas calma, férias começaram e aos poucos eu ajeito tudo por aqui.
beijos.