Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 11
Capítulo Onze




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Draco ainda não podia acreditar no que seus olhos viam. Ela o havia trocado pelo principezinho e agora tinha a cara de pau de aparecer em seu apartamento perguntando se sentia saudades? Não mesmo! Não era ingênuo e já havia cansado de ter sido feito de tolo por Kate quando eram mais jovens, quando ela resolveu brincar com ele e com William por algumas semanas, para logo decidir que o posto que William poderia lhe oferecer era melhor que o de Draco. Sendo um duque, ele só ficava abaixo da realeza, justamente de William.

- Achei que você já havia superado isso – deu de ombros com descaso e a afastou de seu corpo.

- A garotinha que acabou de sair daqui era a que estava usando essa outra taça? – ela perguntou apontando para a taça sobre a mesa. – Muito bonitinha, mas bem abaixo dos seus padrões, Draco.

- Andei revendo os meus padrões – voltou a dar de ombros.

- Você costumava me tratar melhor – ela disse com um sorriso cínico.

- Supere isso – ele retrucou. – O que quer aqui afinal?

- Ouvi dizer que você estava com outra pessoa, só quis saber quem ela era. Posso estar me casando com William em poucas semanas, mas você sabe que por um tempo você foi meu preferido.

                O que significava que agora ele não era mais. Então que diabos ela fazia ali?

- E também queria ter certeza de que você sabe com quem está saindo, porque pelo que ouvi sua mãe falar essa tarde em Londres durante o chá, sobre os rumores, ela em nada aprova... Além do mais, outras mulheres conhecem a família Granger e o pai dessa garotinha está longe de ser um bom homem – Draco rangeu os dentes a encarando.

- Você já se arranjou com William, vocês vão se casar e a rainha Elizabeth não parece disposta a se esforçar em acabar com você como fez com Diana anos atrás, então por que diabos você tem de voltar a me incomodar?

- Porque eu fiquei com saudades – ela deu de ombros. – William pode ser muito bom na cama, gostaria de saber se você pode superá-lo.

- Vai ter de descobrir sozinha – ele retrucou levando-a de volta para o elevador de onde ela saíra. – Meses atrás eu lhe disse isso, e vou repetir mais uma vez: seu casamento está muito bem arranjado, e você não gostaria que eu o destruísse, não é mesmo? Então me ouça de uma vez por todas e dê o fora daqui, a partir do momento que você me traiu com o idiota do William, você deixou de ser alguém com quem eu ficaria.

- Você não reclamou da última vez que estivemos juntos – ela disse passando uma unha comprida por sua bochecha.

- Já lhe disse, andei revendo os meus padrões e você está fora dele – quando as portas se abriram ele a empurrou para dentro. – Adeus Kate, seja feliz no seu casamento – disse com ironia – e me deixe em paz!

- Quem perde é você – ela disse não querendo ficar por baixo e ajeitou seu conjunto impecável. – Adeus então, Draco Malfoy. Só preste atenção no que eu lhe digo e saiba mais sobre essa garotinha, com uma ligação eu descobri muita coisa, aposto que você não quer ser enganado!

                A porta se fechou e Draco deu um murro contra a parede. Que diabos Hermione não havia lhe contado sobre sua família? Com passos rápidos ele andou pelo apartamento até seu escritório pessoal, sua vontade era de ligar para ela e tirar essa história a limpo de uma vez, mas sabia que não era hora para isso, além do mais queria conversar pessoalmente. Assim que decidiu pegar seu celular, com dedos ágeis discou o número de seu homem de confiança, aquele a quem designava funções como a de descobrir sobre Hermione Granger.

- Aparentemente você não fez uma pesquisa profunda o suficiente – Draco quase urrou quando o homem atendeu o telefone. – A infeliz da Kate esteve aqui agora com uma historinha sobre o pai de Hermione Granger não ser uma boa pessoa, então você tem doze horas para descobrir o que ele faz, fez e pode fazer que possa me afetar.

                Sem dar tempo para uma resposta, Draco desligou o celular e o jogou sobre a mesa. Não seria enganado por uma mulher outra vez. Não mesmo.

                Quando se levantou na manhã seguinte, mau humor o definia. Já não era um costume seu ficar sorrindo nem nada assim, mas naquela manhã parecia impossível que pudesse rir. Havia se revirado na cama, e só dormiu quando o sol já estava prestes a surgir, ou em suas palavras, apenas cochilou. Serviu uma xícara de café preto e bebeu com uma careta, seu café definitivamente era horrível, mas não estava afim de descer para comprar um na padaria ao lado.

                Só conseguia pensar que precisava tirar a história a limpo com Hermione, descobrir o que ela não havia lhe dito... E talvez sua relação terminasse antes mesmo de começar algo mais firme. Não que lamentasse por dar adeus a Hermione, mas sim por saber que se não desse certo era Pansy quem o esperava, além do mais, um lado irracional seu sentia-se mal por Hermione não permanecer em Cambridge, porque era óbvio que se ela o estava enganando o tentando aplicar-lhe alguma espécie de golpe, ele não a quereria por perto nem pintada de ouro e muito menos permaneceria pagando para ela estudar.

                Quando a encontrou próximo ao horário do almoço, sentiu vontade de rir de suas caretas pela terrível dor de cabeça que sentia, sentiu inclusive vontade de fazer piadas – o que não era do seu feitio, mas logo o mau humor superou os outros sentimentos, fazendo-o permanecer sério e dizendo poucas palavras.

- Onde você quer me levar? – ela perguntou quando ele estava ainda em seu apartamento, esperando ela terminar de colocar tudo que precisaria em uma bolsa.

- Antes eu preciso conversar com você – ele respondeu, sério.

                Ela ergueu o rosto e franziu o cenho ao reparar em quão sério ele se encontrava, parecia querer falar de algo grave e ela se perguntou se deveria temer alguma coisa. Pela expressão dele, provavelmente sim.

- Tudo bem – ela se sentou no pequeno sofá próximo dele, e sua presença tão próxima claramente pareceu deixá-lo desconfortável.

                Tão desconfortável que Draco se levantou, pôs as mãos nos bolsos do sobretudo preto que usava e só então se virou para encará-la.

- Tem alguma coisa que você não está me contando, Hermione? – ele perguntou com a voz grossa, sua voz séria deixando claro que não estava tolerante a mentiras ou a qualquer brincadeira.

                Por um instante ela se sentiu tentada a fazer alguma piada, só para vê-lo ainda mais irritado. Mas o olhar que ele lhe lançou mostrou a ela que não seria uma boa ideia.

- Sobre o que você está falando? – ela perguntou o encarando fixamente.

- Ouvi falar que sua família tem alguns problemas, o que você tem a dizer sobre isso? – ele questionou.

- Toda família tem problemas – ela respondeu, simples.

- Responda Hermione! – ele gritou contendo o impulso de socar a parede.

- O que você quer saber, Draco Malfoy? – ela se ergueu para questioná-lo. – Porque eu não estou entendendo nada! Você chega ao meu apartamento, diz que precisamos conversar e vem com perguntas sem pé nem cabeça sobre a minha família. Que diabos aconteceu? – ela ergueu a voz sem nem perceber.

- Aconteceu que a minha mãe se reuniu com algumas mulheres da sociedade para algum chá – ele falou com descaso, deixando claro o quanto desprezava essas reuniões fúteis e inúteis. – E aparentemente o seu nome já chegou a Londres! Aparentemente também, a família Granger parece não ter uma boa fama por lá. Então sou eu que lhe pergunto, Hermione Granger: o que diabos está acontecendo? – ele gritou inclinando-se para ela. – Porque aparentemente muitos são os rumores, assim como muitas são as pessoas que não aprovam o comportamento do seu pai, então se você tinha a intenção de me enganar, me dar um golpe ou qualquer coisa desse tipo é hora de entregar o jogo. Quem diabos é o seu pai e o que ele faz?

                Chocada. Era assim que Hermione se encontrava no momento. Sua boca aberta e o queixo caído, os olhos um pouco arregalados.

                As mulheres da sociedade falavam de sua família?

                Maneando a cabeça ela cruzou os braços, deveria imaginar que duraria muito mais os falatórios sobre seu pai e o que ele havia feito. Deu de ombros ao encarar Draco Malfoy e suspirou. Só não pensava que teria de contar sobre sua família tão cedo para ele.

- Você já sabe tudo sobre a minha família, agora está na hora de eu saber realmente sobre a sua! – ele disse ainda sério, mas já não gritava.

- Eu nunca quis te dar um golpe, Draco – ela retrucou ofendida. Porque de fato se sentia assim por ele pensar que poderia fazer algo tão baixo, como se realmente pudesse se aproveitar de um homem e de seu dinheiro. Definitivamente ele não a conhecia. – Nem nada disso. Acontece que minha família já pertenceu a sociedade londrina, não sou herdeira de nenhuma lorde, duque ou seja qual for o nome que vocês dão, nós só tínhamos muito dinheiro e meu avô conhecia as pessoas certas – deu de ombros. – Mas, resumidamente, quando meu avô morreu e meu pai herdou tudo, não demorou muito para as dividas crescerem e meu pai começou a jogar, todo santo dia ele ia para algum lugar jogar e apostar, até que não restou mais nada. Nem meu fundo para faculdade, nem a casa que minha mãe herdou dos pais que fica em Paris. Só dividas.

- Foi isso que aconteceu, de verdade? – ele questionou se aproximando.

- Sim – ela deu de ombros. – Meu pai se afundou em dividas, e depois que ele pegou o meu dinheiro para a faculdade para cobrir qualquer besteira que ele tenha feito, eu me revoltei e vim pra Cambridge por conta própria tentar dar o meu jeito. Ninguém nos cedeu um financiamento nem empréstimo nenhum, porque o nome do meu pai passou a ser bem conhecido nos bancos, então não tinha mesmo como eu conseguir pagar uma faculdade como Cambridge.

                Draco tinha que assumir que agora era ele quem estava chocado. De todas as possíveis situações que havia criado em sua mente, nenhuma delas envolveria dívidas e trabalho honesto, nos últimos dias vinha conhecendo Hermione melhor e algo em seu interior lhe dizia que ela seria incapaz de lhe trair, ainda mais desta maneira, ainda mais sabendo o quanto ele repudia mulheres que só se interessam por seu dinheiro. Mas depois do comentário de Kate, ele não podia pensar com clareza, estava cego pela ameaça que seu patrimônio poderia estar sofrendo.

- Você não fala mais com os seus pais? – perguntou tentando se acalmar.

- De vez em quando, mas no máximo vou para Londres almoçar com eles, passo um tempinho e já volto para cá, além do mais não é como se eu tivesse tido muitas férias nos últimos anos – ela deu de ombros. – E também, por mais que eu repudie tal sentimento, ainda sinto raiva de meu pai por ter destruído o meu sonho de fazer direito por culpa de algo estúpido e ilegal.

- Sinto muito – ele disse em voz baixa.

                Era o máximo que ele diria a ela. Não lhe diria o quão mal havia pensado nela, nem que se arrependia disso.

- Já passou – ela deu de ombros. – Você acha que isso pode fazer sua mãe gostar menos ainda de mim?

- Minha mãe não gosta de ninguém – ele deu de ombros e quase riu ao vê-la arregalar os olhos. – Eu já lhe disse, escolher uma esposa ficou por minha conta, além do mais, você não é vulgar, não fuma e pelo que eu vi ontem a noite, também não bebe. É exatamente o tipo de mulher que os homens do parlamento aprovam.

                Ela deu de ombros e sentiu suas bochechas corarem. Não havia nada demais no que ele lhe disse, mas mesmo assim ela se sentia bem e era um elogio saber que outros homens a aprovariam, não por si própria, mas por saber que estava cumprindo com a sua parte no acordo, assim nada poderia fazer Draco mudar de ideia.

- Antes de irmos, só quero saber por que você não me disse nada – ele disse segurando-a pelo braço.

- Porque certamente não é algo de que eu me orgulho – ela retrucou.

- Se eu soubesse a história toda por outros poderia ser pior – ele respondeu ainda a segurando. – Além do mais, eles poderiam distorcer o que realmente aconteceu.

- Você acreditaria neles? – ela perguntou rapidamente, uma pergunta que o pegou de surpresa.

- Não quero ofendê-la, Hermione – Draco disse com seu jeito polido. – Mas eu não a conheço tão bem assim para garantir que eles estavam mentindo.

                Ela podia aceitar isso sem se ofender, principalmente porque sabia que agiria do mesmo jeito se a situação fosse inversa, ainda mais por ter dificuldades em confiar plenamente em alguém, afinal se seu próprio pai foi capaz de partir seu sonho em pedaços, o que um homem como Draco Malfoy não seria capaz de fazer? Mas no seu íntimo havia desejado ouvir que ele confiaria no que ela lhe dissesse, e a resposta que recebeu só lhe provou o que já tinha certeza, ainda era cedo demais para qualquer coisa. Confiança, ou qualquer outro sentimento ainda não estava solidificado entre eles.

- Não posso culpá-lo por isso – ela deu de ombros. – Onde você quer me levar? – ela repetiu a pergunta que fizera minutos antes, antes dessa discussão e toda a descoberta sobre sua família.

- Vamos – ele a levou pelo braço para fora do apartamento, esperou enquanto ela trancava a porta e em silencia desceram até o carro dele. – Você não tem mais nada para me contar? – ele perguntou quando entrava no carro.

- Não – ela respondeu, a menos que ele quisesse ouvir sobre sua vida amorosa inexistente ou suas noites de solidão com pizza e filmes jogada no sofá. Agora ele já sabia tudo sobre ela, mas até do que ela achava necessário, portanto não precisava entrar nos detalhes mais íntimos, principalmente porque não gostaria que ele retribuísse o favor e lhe contasse sobre suas intimidades. Definitivamente não.

                Ele arrancou em uma velocidade que a deixava desconfortável no banco de passageira, sempre achava que Draco dirigia numa velocidade muito superior a necessária, ainda mais em uma cidade não tão tumultuada quanto Cambridge, onde várias pessoas andavam a pé ou de bicicleta, ela morria de medo que ele acertasse alguém.

- Vai mais devagar, Draco – ela disse entredentes, sabia que ele não gostava quando ela falava como se estivesse lhe mandando, mas em situações como aquela era impossível.

                Ele revirou os olhos com descaso, e por teimosia não diminuiu, fazendo-a bufar.

- Você prefere almoçar ou ver o vestido primeiro – ele perguntou e ela deu de ombros. Ele voltou a revirar os olhos, parecia que a cada dia que passava ela ficava mais insolente, não duvidava que logo ela o estaria desafiando ou ofendendo.

                Tinha de admitir que isso era um dos motivos que ela o atraia, mas muitas vezes era simplesmente irritante.

- Vamos almoçar – ele retrucou.

                O restaurante não a surpreendia em nada, Draco provavelmente só costumava a ir a lugares como aquele, o que ela sabia que eram raros em Cambridge, afinal a cidade sempre viveu principalmente da renda de estudantes, os quais boa parte não tinha condições de ficar bancando almoços em jantares em lugares como aquele em que entravam.

                Os lustres eram elegantes e os garçons todos bem vestidos, mesas arrumadas com várias taças e talheres, e só pessoas recatadas estavam as mesas. Certamente não era o tipo de lugar com o qual ela estava acostumada.

- Aceita um vinho? – ele perguntou com humor e ela revirou os olhos, não achando engraçada a gracinha que ele fizera. Sentia-se ridícula por ter ficado bêbada com poucas taças de vinho, ele bebera o dobro e não havia ficado nem um pouco afetado.

- Prefiro uma água – ela disse e ele riu.

                O fato dele não ficar afetado com o álcool não deveria surpreendê-la, já que na noite em que o conheceu ele bebeu várias doses da bebida com maior teor alcoólico que ela conhecia e não ficara embriagado. Ele parecia imune aos efeitos do álcool, e com um sorriso ela imaginou quantas noites de bebedeira ele já não tivera para ficar desse jeito, precisava de muito para abalá-lo.

- Desculpe se não tenho o costume de sair para encher a cara – ela disse com ironia e revirou os olhos.

                Ele deu de ombros, nem um pouco ofendido, o que a fez bufar. Ele era sempre assim?

- Que horas vai ser o jantar na casa dos seus pais? – perguntou querendo mudar de assunto.

- Deve ser servido as oito, mas a casa fica um pouco longe então não podemos sair muito tarde.

- Eu ainda acho que não vai ser uma boa ideia – ela deu de ombros – além do mais, pelo que você mesmo disse, sua mãe já sabe que você está saindo com a filha dos Granger’s, não vai ser novidade nenhuma, aposto que ela já deve saber tudo sobre mim a essa altura.

- Você não vai me fazer mudar de ideia – ele disse e ela revirou os olhos mais uma vez.

- E seu pai?

- Ele não está nem ai, desde que eu esteja sóbrio e vá ocupar meu lugar no parlamento eu posso casar até com a minha avó – ele deu de ombros, parecendo mau humorado ao falar do pai.

- Problemas com o papai? – ela perguntou para irritá-lo. Ele a estava irritando ultimamente, nada mais justo que retrucar. Exceto pelo detalhe dele ser um Malfoy, e ela basicamente não ser ninguém.

- Não vamos falar disso – ele respondeu desviando a atenção para um dos garçons que viera lhes atender, e em seguida, após pedir as bebidas, se concentrou no cardápio.

- Você nem disfarça que o assunto o incomoda – ela disse e ele revirou os olhos.

- Não é hora para conversarmos sobre isso...

- Bom, nós ainda temos o quê? 4 anos e muitos meses juntos? Uma hora você vai contar sobre você, Draco. Eu já lhe disse tudo sobre mim, nada mais justo.

- Isso não faz parte do acordo – ele disse.

- Assim como me beijar também não faz, mas você o fez mesmo assim – ela disse o encarando fixamente.

                Até o momento Draco pensava que ela havia decidido que o assunto sobre o beijo que trocaram na noite anterior ficaria esquecido, inclusive considerava que depois de tanto beber ela houvesse esquecido, mas pelo visto não.

                Deixando o cardápio de lado, ele a encarou fixamente.

- É sobre isso que você quer conversar? – ele perguntou com uma sobrancelha arqueada.

- Não vai acontecer novamente – ela disse o cortando.

- Eu duvido – ele retrucou rapidamente. – Cinco anos de convivência sem nenhum contato? Eu realmente duvido, Hermione.

- Então talvez não seja uma boa ideia continuar com isso – ela retrucou com o rosto erguido, querendo manter seu orgulho. Mas não continuar com isso significava desistir de Cambridge.

- Está pronta para desistir do seu sonho? – ele perguntou, como que desafiando-a. Quando ela ficou em silêncio, um pequeno sorriso torto brotou nos lábios dele. – Exatamente. Além do mais, você é muito atraente, Hermione.

                E você também, Hermione pensou e conteve o impulso para não dizer o que não devia, pois só acabaria dando mais chance para ele investir contra ela.

- Todo mundo têm desejos – e ela sabia a que desejo em particular ele se referia. Deveria dizer que com ela não era assim, que nunca havia estado com ninguém e que não se sentia mal por isso. Solitária talvez, não carente, muito menos a ponto de ficar cedendo aos encantos de Draco Malfoy.

- Não entrei nessa para ter um romance – ela retrucou.

- Quem está falando de romance? Eu falei de desejos – ele disse com uma sobrancelha arqueada.

                Realmente, Draco Malfoy estava longe de parecer o tipo de homem que se envolve em romances.

- Eu disse que seria fiel, Hermione, mas isso implica em outras coisas...

- Não vou para cama com você – ela o interrompeu.

                Ele duvidava seriamente disso, mas já bastava de provocações por um dia. Riu e desviou sua atenção novamente para o cardápio, fazendo o pedido sem nem consultá-la, só por saber que isso a irritaria. Mas para sua surpresa, ela não disse nada, só revirou os olhos e bebeu sua água.

                O que mostrou a ele que podia até provocá-la, mas ela faria o mesmo. Com um sorriso, Draco pensou que as coisas finalmente estavam ficando mais interessantes.

- É bom você ter pedido algo que eu goste – ela comentou e ele riu.

                Pouco tempo depois, Hermione se encontrava parada em frente a um lugar que nunca imaginara que estaria: um ateliê onde uma estilista faria um modelo exclusivo para ela. A loja não era muito grande, mas sim muito elegante, assim que entraram uma jovem bem vestida veio recepcioná-los, e sorriu descaradamente para Draco, o que fez Hermione revirar os olhos.

- Sophie já está chegou? – Draco perguntou e a moça lhe sorriu ainda mais, parecendo encantada por vê-lo pessoalmente, o que fez Hermione bufar e não passou despercebido para Draco, que a encarou pelo canto do olho e riu baixo, enquanto a jovem se afastava. – Elas costumam fazer muito isso – ele disse ao pé do ouvido dela, que negou com a cabeça. Ele sabia como provocá-la.

- E você as incentiva cada vez mais – ela retrucou.

- Sophie está esperando por você, senhor Malfoy – a jovem disse ao voltar toda sorridente, e ao falar segurou no braço de Draco, para guiá-lo até onde Sophie o esperava.

- Não é comigo que ela deve se encontrar – Draco disse tirando a mão da mulher delicadamente de cima de seu braço, e Hermione riu ao ver o sorriso da jovem morrer. – Vamos? – ele perguntou virando-se para Hermione, que de bom grado segurou em seu braço, apenas para esfregar na cara daquela mulher que não devia ficar se jogando para cima de homens acompanhados, mesmo que não sentisse nada por Draco, esperava que ele fosse fiel, e jovens como aquela certamente não facilitavam.

                Entraram em uma espaçosa e luxuosa sala, onde uma mulher já não tão jovem, mas muito bem arrumada os esperava. Draco sorriu para a mulher e beijou sua mão, e Hermione sorriu ao ver as bochechas da mulher ficar coradas.

- Hermione, essa é Sophie Cranston – ele disse as apresentando. – Sophie, essa é Hermione, minha acompanhante para o casamento – ele disse com uma piscadela e a mulher riu.

- Você não muda nunca! – ela disse e ele riu, sentando-se em um confortável sofá e puxando Hermione para se sentar ao seu lado. – Imagino que seja ao casamento do príncipe que você se refere, e devo dizer que está muito em cima da hora para fazer um vestido! Não que eu não vá conseguir – ela riu – mas só porque sua mãe é uma das minhas melhores clientes, Draco. E não posso bolar nada muito complicado, vamos fazer um elegante e simples para essa jovem. Levante-se, por favor – a mulher pediu e Hermione se ergueu. – É muito bonita, Hermione.

- Obrigada – ela respondeu.

- Pode tirar seu vestido? Por favor. Ele é muito solto e assim não posso ver como o seu corpo é.

                Tentando manter seu orgulho intacto e não querendo que suas bochechas corassem, Hermione agiu como jamais imaginou que faria e ergueu o vestido ali mesmo, no meio da sala e na frente de Draco Malfoy. Esse era o troco por ele ter ficado fazendo gracinha sobre desejos, sabia que tinha um corpo bonito, apesar de desejar ter um pouco mais de seios, e sorriu quando, aparentemente de brincadeira, Draco soltou um assobio.

- Você tem um corpo ótimo – Sophie lhe disse e se levantou para vê-la mais de perto. – Não vai ser um problema criar algo para você, na verdade já tenho até um croqui aqui, o fiz hoje mais cedo, e acho que quando o vestido estiver pronto vai ficar ótimo em você! Claro, se você gostar – Hermione sorriu e antes que pudesse tirar o vestido, a mulher a parou pois precisava de suas medidas. – Venha aqui – disse levando-a até um canto da sala, de frente para vários espelhos.

                Sob o olhar fixo de Draco, Sophie tirou todas as medidas de Hermione e sorriu ao rabiscar algo mais no papel. Quando finalmente pode por seu vestido novamente, Hermione suspirou e sentou ao lado de Draco, aliviada.

                Havia notado como o olhar dele percorria seu corpo, e sentiu-se envergonhada conforme ele parecia analisar seus seios e sua barriga lisa. O olhar dele parecia queimá-la, e a fez se sentir como se estivesse totalmente nua.

                Mas logo sua atenção se desviou para o modelo que Sophie lhe mostrava, era o esboço de um vestido longo de caimento leve, cor clara e com flores na parte superior do vestido, muito bonito. Por um minuto Hermione se sentiu empolgada pelo evento que prestigiaria, afinal não era qualquer pessoa que era convidada para o casamento real, além do mais, ir acompanhada de Draco parecia uma boa coisa. Ele não lhe demonstrava o menor afeto, mas sabia que se alguém tentasse importuná-la, como por exemplo os inúmeros paparazzi’s que certamente estarão lá, Draco a defenderia como ninguém.

                Minutos mais tarde encontrava-se novamente em uma loja, agora da pequena galeria de lojas exclusivas, novamente acompanhada de Draco Malfoy, o motivo da vez era encontrar um vestido para o jantar desta noite, tinha de ser algo elegante mas ao simples ao mesmo tempo, segundo as definições nada confiáveis de Draco.

                Sem mencionar o quão constrangida ela se encontrava por ir as compras com ele, Draco era o tipo de homem que todas as vendedoras queriam atender, não só por sua beleza, mas por saberem o quanto ele poderia gastar, e também era o tipo de homem que todas queriam se jogar aos pés, esquecendo-se completamente de quem deveriam realmente atender, era uma loja feminina afinal.

                Rindo viu Draco revirar os olhos e se afastou, as vendedoras que voltassem a se jogar aos pés dele, podia muito bem dar um jeito e encontrar um bom vestido para usar. Cambridge tinha fama de ter noites frias, mas ultimamente o clima se manteve bem agradável, então um vestido leve e fresco não a deixaria incomodada.

- Estou vendo que vai ser sempre assim – ela comentou ao entrar no carro dele, já no meio da tarde.

- Assim o quê? – Draco perguntou franzindo o cenho.

- Nas lojas – ela revirou os olhos, mas logo riu – todas fazem questão de ignorar que eu estou com você, e de que a roupa que fomos procurar é para mim.

                Ele riu dando a partida no carro, pôs a mão no câmbio manual e de canto de olho olhou para Hermione. Passou a marcha, simplesmente por gostar de fazer isso, caso contrário não gastaria dinheiro a mais para que seu carro fosse manual e voltou a observá-la, ela tinha as bochechas coradas, e mesmo com as vendedoras aproveitadoras, ela parecia estar tendo um bom dia, e Draco gostou disso.

                Certamente não estava se convertendo no tipo de homem que pensa que se ela está feliz, então ele está feliz, mas saber que ela podia passar um bom dia ao seu lado era bom, o fazia sentir que poderia passar os próximos anos numa relação mais séria com Hermione, de fato poderia até se imaginar casado com ela. Esse era o seu plano original, mas sabia que para Hermione tudo, a principio, não passava de um esquema para mantê-lo firme em seu lugar no parlamento, e depois ela iria embora. Mas não se tratava disso, certamente que não. Precisava de uma esposa, e Hermione parecia ideal para o papel, mas sabia que tinha que ir com calma com ela, conquistá-la aos poucos e não de forma explicita, como levando flores e a convidando para jantares toda semana e ir ao cinema. Não. Com Hermione tinha de ser racional e ir a pequenos passos, por isso havia lhe dito que queria que ela ficasse ao seu lado até sua formatura na faculdade, isso significava que ele tinha cinco anos para se empenhar em convencê-la a casar com ele.

                E ele era Draco Malfoy, afinal de contas, e tudo que se propunha a fazer, ele conseguia.

- Você deveria me deixar em casa – a voz dela o trouxe de volta de seus devaneios, e quando deu por si estava entrando na garagem de seu prédio.

- Não temos muito tempo – ele disse a olhando, o que de fato era verdade. – A casa de meus pais não fica aqui em Cambridge, e demora um pouco para chegar – o que era só em parte verdade, pois com o carro que tinha não levaria mais que quarenta minutos. – Além do mais, minha mãe presa muito a pontualidade, tenho certeza de que você pode se arrumar aqui.

- Vou tomar banho e vestir o quê? – ela perguntou com uma sobrancelha arqueada.

- Tudo bem – ele revirou os olhos dando a ré, para voltar a rua. – Você tem cinco minutos para pegar as suas coisas, vou esperá-la no carro.

- Você continua fazendo isso – ela revirou os olhos e bufou como se estivesse irritada.

- Isso o quê? – ele estreitou os olhos e bufou. Ela continuava fazendo isso de dizer as frases pela metade, forçando-o a perguntar sobre que diabos estava falando. Parecia um idiota cada vez que fazia essa pergunta.

- Mandando em mim! – ela se ajeitou no bando e o encarou. – EU já lhe disse, Draco Malfoy, que não sou o tipo de garotinha que vai ficar aceitando tudo que você diz, e fazendo tudo que você quer.

- Certamente que não! – Draco revirou os olhos, a começar pela noite anterior. Se Hermione fosse o tipo de garota que fazia tudo que ele queria, teria passado a noite em sua cama. – Mas agora você não tem muita escolha, sinto lhe dizer – não que ele sentisse realmente – não vou me atrasar porque você perdeu a hora se maquiando.

- Você realmente não me conhece – ela abriu a porta do carro e a bateu com força, demonstrando sua irritação.

                Era incrível como em um segundo estava tudo certo, e no momento seguinte ela conseguia irritá-lo de tal maneira que sentia vontade de agarrá-la pelos cabelos, e enfiar sua boca na dela até que ela sossegasse, ou que terminasse em algo mais íntimo, mas a considerar pela atitude dela não aconteceria isso tão cedo.

                Quando ela voltou, exatos cinco minutos depois, Draco deu a partida e logo se encontravam em seu apartamento.

- Aposto que você deve levar uma hora só para arrumar esse cabelo – ela disse passando a mão em seu cabelo penteado com gel, e bagunçando-o.

                Ele revirou os olhos decidindo ignorar a provocação dela e a guiou pelo apartamento. Era um lugar espaçoso e pouco decorado, deixando visivelmente perceptível que só um homem vivia ali. As cores eram sóbrias e não havia flores nem nada do gênero.

- Você pode se arrumar aqui – ele disse abrindo a porta para um quarto, que a julgar pela ausência de itens pessoais, deveria ser de visitas. – O banheiro fica ali e tem toalhas limpas penduradas.

- Obrigada – ela disse e ele saiu rapidamente.

                Jogou as suas coisas sobre a cama, assim como o vestido que havia comprado recentemente e o sapato. Com minucia observou o quarto, era muito bem arrumado e bem maior que o seu quarto no pequeno apartamento há quadras dali. Por um instante se imaginou morando ali, afinal não era ingênua e sabia que se Draco queria um relacionamento duradouro, momentos íntimos acabariam por acontecer – ela só esperava que não tão cedo. Mas não iria se enganar dizendo que não, além do mais, Draco mesmo havia deixado claro que poderia ser fiel, mas que tinha suas necessidades.

                Entrou no banheiro e viu que era tão elegante quanto o resto do apartamento, possuía uma espaçosa banheira de hidromassagem e um chuveiro com várias saídas, algo que ela nunca tinha visto antes, mas que era extremamente bom. Claro. Para Draco Malfoy, só do bom e do melhor.

                Enquanto para ela, as coisas não eram tão boas assim, de fato, se comparasse ao apartamento de Draco, seu apartamento estava caindo aos pedaços. A porta principal nem sempre trancava, e alguns degraus das escadas rangiam, sem mencionar os vizinhos barulhentos. Estar ali parecia estar no paraíso, silêncio e tudo do bom e do melhor.

                Poderia se acostumar com isso, o problema seria a hora que terminasse, seria terrível voltar a realidade, porque tudo que vinha vivendo com Draco só poderia ser um sonho, certamente.

                Mas não era o momento de pensar nisso, afinal Draco parecera bem insistente quanto a fazer essa relação, mesmo que de faixada, dar certo e a ela só cabia cooperar.


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Notas finais do capítulo

n/a: semana mais do que nunca foi um caos!
sei que vocês já devem estar cansados de ouvir eu me desculpar pelo post não ter saído na quinta, mas fim de semestre tá me fazendo querer matar alguém de tão tenso :s
anyway. ai está o post :D
durante a semana devo responder aos reviews, ok?
beijos.