What do You Want From Me? escrita por v_wendy, TheMoonWriter


Capítulo 8
Capítulo 7 - Fix You


Notas iniciais do capítulo

Oii, gente *-*
Desculpa a demora, mas esse capítulo foi particularmente difícil de escrever...
Ele é dedicado para a minha Be(s)ta - TheMoonWriter - que sempre me ajuda bastante com essa fic.
Espero que gostem...
Nos vemos lá embaixo.
:*



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Capítulo 7 – Fix You



Hermione corria pelos corredores, ainda tentava conter as lágrimas que teimavam em descer pelo seu belo rosto de porcelana. Merlin! O que eu fiz? Eu obliviei minha melhor amiga!

A culpa que ela sentia era quase sobrenatural e, por uma fração de segundo, ela cogitou voltar ao dormitório e desfazer o feitiço. Mas isso foi apenas por uma fração de segundo.

Os corredores de Hogwarts estavam em uma penumbra que ela jamais havia visto. Seguindo para a Torre, ela sentiu que estava fazendo a coisa certa, ganhara três meses de bônus em uma passagem direta para os planos de Riddle.

Mas eu bem que preferia não estar aqui. Eu sei que, seja lá o que eu descobrir, vai ajudar Harry, mas... bom, digamos que esse não é o meu esporte favorito.

Ela fechou a mente enquanto se aproximava da Torre, que parecia ser a única parte iluminada do castelo. Com um suspiro, ela entrou.

#*#*#

A Lua estava alta no céu, iluminando a Torre, mas havia uma parte dela que continuava na escuridão e era exatamente lá que ele se encontrava. Tom consultou o relógio pela segunda vez em dois minutos. Bom, a pontualidade dela não é das melhores. 15 minutos atrasada... Então ele a viu.

A castanha deu uma fungada forte e ele percebeu que ela chorava, em seguida, ele também percebeu que ela ainda não tinha o visto.

– Riddle? – ela o chamou pelo sobrenome e isso o incomodou. Sabia que tinha que ser associado aquele trouxa, mas mesmo assim, aquilo o incomodava – Riddle? – ela repetiu.

Tom colocou sua habitual máscara fria, presunçosa e irônica quando saiu das sombras. Ela estava de costas para ele e deu um pulo quando ouviu sua voz tão perto.

– Se quiser voltar às formalidades, Srta. Granger, peço-lhe que me avise de antemão.

Hermione virou-se e ele pôde ver os olhos dela, vermelhos e brilhantes pelo choro, mas em choque, só que essa reação ele não soube justificar.

– Por que não chegou no horário estipulado? É a segunda vez que chega atrasada, acaso precisa de um relógio? – sua voz era fria e sarcástica.

As bochechas de Hermione ganharam uma coloração avermelhada e ela estreitou os olhos. Suas mãos foram parar na cintura e Riddle percebeu que ela estava brava, na verdade, ele percebeu algo além: que quando ela chorava se tornava mais explosiva.

– Você tem algum problema? Pede-me para chegar aqui sem que ninguém me siga e se irrita com meu atraso! Não tenho como fazer duas coisas ao mesmo tempo! Evitar que me sigam e ainda chegar no horário certo! – ela terminou com desdém. Fechou os olhos, deixando as mãos caírem da cintura, cruzou os braços e respirou fundo – Sinto muito. – ela parecia resignada ao se desculpar – Mas não tem sido uma boa noite e eu estou um pouco irritada.

Ele ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Não sabia o que dizer depois desse surto dela, parecia que ela estava triste, afinal, chegara chorando, mas ele não sabia o que fazer diante de pessoas que estavam sentindo algo, já que ele mesmo não tinha nenhum sentimento há muito tempo. Pigarreou e começou a falar, seguindo sua linha fria de raciocínio.

– Claro, é ótimo que tenha seguido minhas ordens com rigor. Arranjou uma varinha?

A garota não pareceu nada ofendida com o fato dele não ter nem se referido a sua péssima noite. Descruzou os braços e, com a mão direita, puxou do bolso a varinha de madeira escura.

– É da minha melhor amiga – Tom percebeu que toda a coloração do rosto dela sumiu e viu que os olhos marejaram novamente –, é apenas um empréstimo, mas falei com Dumbledore e ele pediu ao...

– Dumbledore? – o garoto interrompeu, sentindo certa raiva pulsar em suas veias – Por que o procurou?

Hermione piscou e analisou Tom por alguns segundos antes de responder. Ele se irritou com aquele silêncio ininterrupto e ergueu a sobrancelha mais alto ainda.

– Ele não é o diretor da Grifinória? – Tom assentiu e a compreensão o atingiu, logo, ele se perguntou como pode se esquecer que a garota pertencia à ‘Casa dos Leões’ – Achei o caso um tanto... bom, não seria uma prioridade máxima na vida do diretor e, como você mesmo disse, preciso de uma varinha para ontem.

– Certo. O que ele disse?

– O fabricante de varinhas virá amanhã. – ela respondeu, dando-lhe as costas e olhando para o céu. Ela murmurou algo que ele não ouviu e, Tom percebeu, que mesmo que não chorasse, ainda estava triste.

Isso o confundia. Sentimentos. O confundiam e muito, afinal, ele nunca havia sentido. Claro, não era um completo insensível, mas tinha aprendido a controlar e a canalizar os sentimentos e com o tempo eles se tornaram imperceptíveis.

Ele juntou as mãos e se sentou em um degrau, analisava a garota a sua frente friamente. Quando ela tornou a se virar, sua expressão era determinada e até um pouco feroz.

– Mas, afinal, por que me chamou aqui?

No fundo, Tom já esperava por essa pergunta. Ele encarou o céu escuro e respondeu, atento para a reação dela.

– Que eu saiba, a Srta. queria fazer parte de... minha causa. Bem, não é a única, sabe que eu tenho... seguidores, nessa causa e, se quiser se associar a nós, deverá conhecê-los.

Através da luz da Lua, Tom conseguiu ver os olhos dela se arregalarem lentamente e ela ficou ligeiramente pensativa. Encaminhou-se para a parte mais escura da Torre e lá ficou, parecia mergulhada em pensamentos. Riddle ficou tentado em usar legimência para tentar descobrir o que ela pensava, mas não o fez.

Minutos depois a voz dela cortou o silêncio.

– Então, realmente voltamos às formalidades, não?

Os lábios dele se curvaram em um sorriso involuntário.

– Talvez, Hermione.

#*#*#

Jade e Amatha se levantaram em silêncio na escuridão da noite. O grupo de Comensais iriam se encontrar no Salão Comunal da Sonserina e elas seguiam sorrateiras para lá. Quando chegaram, as duas encontraram todos os Comensais, em pé, com expressões apreensivas.

Amatha sorriu ao ver Abraxás, que foi para o lado dela. Jade percebeu que Gunther estava encostado na parede, com um sorriso torto dançando em seus lábios. Ela balançou a cabeça e começou seu mínimo discurso.

– Temos de ir para a Torre de Astronomia...

– A Torre de Astronomia? – perguntou Walburga, interrompendo-a.

– Sim, Walburga. A Torre. Tom pediu para fossemos para lá, mas não podemos ser vistos. Seria suspeito e conveniente demais que encontrassem um grupo de estudantes da Sonserina exatamente quando o monstro de Slytherin anda petrificando os sangues ruins. Vamos usar o Feitiço Desilusório.

Instantaneamente, cada um virou para a pessoa que estava ao seu lado e deu uma pancada forte na cabeça dela. Jade sentiu como se Amatha tivesse quebrado um ovo ali e uma sensação como se houvesse gelo percorrendo seu corpo a atingiu.

Jade saiu primeiro, seguia pelos corredores rapidamente. Estava intrigada desde que Tom lhe dissera para fazer isso... e também havia o modo como havia o feito. A garota de belos cabelos negros não estava gostando nada dessa história de reunião na Torre de Astronomia, principalmente porque parecia que havia algo misterioso envolvendo essa reunião.

Mesmo que tivessem usado o Feitiço Desilusório, nenhum deles era tão eficiente quanto o de Tom Riddle, que conseguia se tornar um verdadeiro camaleão humano. Mas até que eram razoáveis, contando que Druella, Walburga e Cygnus estavam no quarto ano e Órion estava no quinto. Jade, Amatha e Abraxás estavam no sexto e Gunther no sétimo, mas nem mesmo ele conseguia um Feitiço da Desilusão tão perfeito. Por esse motivo, eles se dividiram em dois grupos – Jade, Gunther, Walburga e Cygnus; Abraxás, Amatha, Druella e Órion – e seguiram por caminhos separados até a Torre.

Como o esperado, chegaram ao mesmo tempo na Torre. Jade foi a primeira a entrar e a primeira a ver Tom parado, em pé, encostado a janela. Internamente, ela se perguntou por que tanto mistério, mas todos esses pensamentos foram interrompidos quando Tom sorriu torto. Ele quase nunca sorri, não assim! Claro, ele quer me deixar louca, ele está mais lindo do que nunca.

– Precisam aperfeiçoar esse feitiço. – disse ele olhando para a forma disforme que era Jade – Mas, por hora, podem desfazê-lo.

Jade apontou a varinha para a forma mais próxima e deu-lhe uma batida. Parecia que todos haviam agido em sincronia, pois no mesmo instante ela sentiu uma coisa quente escorrer pelo seu corpo e percebeu que era possível ser vista de novo.

– Abraxás – chamou Tom –, feche a porta. Lacre-a para que ninguém possa entrar aqui.

O garoto loiro estava perto da porta, então teve apenas que se virar. Lançou na porta um feitiço silencioso, mas um ‘clique’ anunciou a todos que tinha cumprido sua tarefa com êxito. Ele voltou a postar-se ao lado de Amatha e Jade sentiu um formigamento na nuca. Não estava com um bom pressentimento.

– Tom – ela começou – por que nos reunimos aqui e não na floresta?

– Por que a floresta está sendo vigiada. Bem, o caminho para chegar até ela está, mas isso não vem ao caso.

Ele começou a caminhar de um lado para o outro, sinal de que um discurso estava a caminho.

– Sempre achei que estivesse sozinho em minha luta para expurgar sangues ruins da Terra. Quando vim para Hogwarts, percebi que havia pessoas com esse mesmo desejo – ele deu um rápido olhar para os Comensais –, mas, com o passar do tempo, percebi que tudo isso vai muito além de Hogwarts. – ele parou de andar – Essa é uma luta para toda a vida e, quando se trata de lutas, causas nobres e... poder, devemos fazer alianças promissoras com pessoas que poderão ajudar em nossa causa.

O que ele quer dizer com isso? Perguntou-se Jade, unindo as sobrancelhas. Não há nada de claro ou até mesmo de contextual nesse discurso! Sua pergunta foi respondida quando Tom murmurou ‘Lumus’ e a parte da Torre que estava na penumbra se iluminou, apresentando uma garota de cachos castanhos.

#*#*#

Hermione sentiu oito pares de olhos nela. Perfurando-a. Mirando-a de cima a baixo. Pensava que logo iria sentir um calor nas bochechas, porque não era fácil ter oito pares de olhos a mirando e ainda continuar com uma postura fria.

Sua mente estava bem fechada, ela tinha certeza. Não arriscaria que qualquer um desses Comensais da Morte ousasse entrar na sua mente... Afinal, uma dose de Legimência era o que bastava para que eles vissem o que ocorreria no futuro e de que lado Hermione realmente estava e lutava.

Uma garota de cabelos negros levemente ondulados a encarou com um olhar de ódio puro. Não havia dúvidas que essa era a sensação que aqueles olhos negros transmitiam a Hermione. Se a garota morena pudesse, Hermione Jean Granger estaria jazendo morta aos seus pés.

Ela? – perguntou com raiva, encarando Riddle – O que ela faz aqui, Tom?

– Jade – ele começou e Hermione percebeu que aquela era a namorada de Riddle –, ela é a aliada. Minha mais nova Comensal.

Hermione achou que fosse vomitar quando ele disse isso, mas não o fez. Preciso entrar no jogo... e o prêmio é estar viva até voltar para o futuro. Ela deu dois passos a frente e encarou a morena – Jade – com um sorriso de lado.

– Nenhum de você teve quaisquer reações contrárias as que eu esperava. – ela procurou acrescentar certa frieza à voz quando voltou a falar – Mas estou aqui porque nós temos objetivos em comum – sorrindo e tentando evitar a todo o custo a náusea que sentiu prosseguiu –: acabar com a escória que se infiltra em nosso meio.

De repente, a garota loira mais alta, que ela reconheceu como sendo Amatha Yaxley, deu-lhe um sorriso.

– Você não é a tal garota que veio do futuro, namorada daquele ruivo que descende dos Weasley?

Hermione se perguntou por que em Hogwarts os boatos corriam tão rápido. Provavelmente essa pergunta é resultado daquela ‘cena’ na biblioteca. Ou Tom Riddle contou para alguém o que viu no corredor...

– Se associa a ralé Weasley? – perguntou Jade Bulstrude, com as sombrancelhas arqueadas. Hermione procurou disfarçar a rajada de ódio que estava sentindo, com um esforço que pareceu exigir todas as forças de seu corpo, ela deu um sorriso zombeteiro.

– Digamos que, quanto mais o tempo passa, mais as coisas mudam.

Jade rodou a varinha nas mãos. Merlin! Essa garota é completamente tresloucada... Parece até que ela vai lançar um feitiço em mim! Oh, Merlin! Esqueci com quem estou lidando... é bem capaz dessa garota me lançar um feitiço.

– Ah, é? – falou a morena – Então, me responda, seu namoradinho tem sede de sangue e poder?

Uma vontade de azarar Jade Bulstrude percorreu Hermione, não, uma azaração – mesmo que fosse a Ferreteante – seria fraca demais. Ela estava com vontade de partir para uma agressão trouxa mesmo, mas isso não foi possível. Ela tinha que fazer aquilo para ajudar seu melhor amigo e, por mais que quisesse socar aquela menina como tinha feito com Draco Malfoy em seu terceiro ano, não seria uma maneira inteligente de entrar para o círculo de seguidores do namorado dela.

– As sedes que ele tem ou não, não são nem da minha e nem da sua conta. – interrompeu Riddle com uma voz cortante – Jade, Hermione Granger veio do futuro e conhece... tecnologias desconhecidas por nós e pessoas de nosso tempo. Isso é importante. Ela é, a partir de hoje, uma Comensal da Morte e não há o que ser contestado sobre esse assunto!

Jade – a namorada de Tom Riddle – cruzou os braços e fechou a cara para ele. Lançava para Hermione olhares completamente assassinos. Um garoto de cabelos negros, Gunther Avery, se aproximou de Riddle com um sorriso bajulador.

– Milorde – ele começou – só tem uma coisa que não entendo. Como a Srta. Granger... bem, como ela ficou sabendo sobre nós?

Riddle avaliou Avery como se ele fosse um ser completamente obtuso.

– Ora, Avery, use seu cérebro! Não assim tão difícil... – desviando o olhar do garoto, que fechou a cara para o ‘Lorde’ – De qualquer forma, vocês têm mais uma integrante ao... grupo.

Ele abriu a porta para que, um a um, os Comensais pudessem sair. Hermione sentiu um maravilhoso alívio quando os olhos raivosos de Jade se desprenderam dela.

Por que eu fui ter essa ideia genial? Minhas ideias geniais só tem se provado ser planos absurdamente idiotas! Aliás, mais do que idiotas... Não há palavras que possam descrever meus maravilhosos planos infalíveis! Ela bufou indignada como o pensamento. Infalíveis? Ah, Merlin! Perdoe-me. Eu disse i-n-f-a-l-í-v-e-i-s? Pois não há nada que falhe mais do que meus planos! Só que agora não adianta, não posso mais voltar atrás. Ela levou as mãos ao rosto, horrorizada. E, meu Merlin! O que fiz? Aliei-me ao inimigo... Eu sei, é por uma boa causa, mas, mesmo assim, me dá nojo... Eu fiz algo extremamente errado e agora não tem mais volta, já fui apresentada aos Comensais da Morte e, que Merlin me ajude, parece que sou uma deles agora.

Sentando-se no chão da Torre, ela notou que não estava sozinha.

#*#*#

Gunther Avery e Jade Bulstrude eram amigos desde pequenos. Sarah Bulstrude, tia de Jade, e Johan Avery, tio de Gunther, haviam se casado quando os dois eram bem pequenos. Eles passavam muito tempo na casa dos tios e, por isso e mais tantas razões, se tornaram bons amigos.

A vida de Jade sempre foi conturbada, ela sempre teve problemas com o pai quase nunca depositava sua confiança em alguém. Isso despertava a curiosidade de Gunther.

Em uma tarde ensolarada, pouco antes de Jade entrar para seu primeiro ano em Hogwarts, Gunther a questionou sobre isso.

– Por que você não confia em ninguém, Jay?

Ela suspirou profundamente, deitando na grama do jardim dos Avery. Eles estavam na casa de Gunther, o que havia se tornado um tanto freqüente, já que eram grandes amigos.

– Confiança – começou a morena, parecia saborear a palavra antes de continuar – é uma coisa que as pessoas devem conquistar, Gunt. Não é o tipo de coisa que acontece de um dia para outro, sabe? As pessoas devem se conhecer muito bem antes de uma ganhar a confiança da outra.

– Tipo a gente? – ele perguntou. Esperava uma resposta positiva, mas ela crispou os lábios e fechou os olhos – Ou nós não nos conhecemos tão bem?

Os olhos dela se abriram, incrédulos.

– Claro que nós nos conhecemos bem. – ela riu e continuou – Na verdade, eu acho que você é a segunda pessoa que mais me conhece no mundo... A primeira sou eu, claro.

Ele sorriu, mas não estava completamente satisfeito. Gostava muito de Jade e queria muito que ela confiasse nele, na verdade, achava que não havia mais ninguém que fosse digno da confiança dela.

– Mas você confia em mim? – ele pressionou. Jade se sentou, passava as mãos pela grama do jardim, um ligeiro vinco havia se formado em sua testa.

– Gunt, pra mim, confiança está ligada a várias outras coisas... amizade, é uma delas. Você é meu melhor amigo e é claro que eu confio em você. – ela riu e depois fechou a cara para ele – Nunca mais me pressione sobre esse assunto, eu não gosto dessa pieguice.

Agora, Gunther estava naquela roda de Comensais da Morte. Jade se encontrava bem à frente e ele podia sentir a raiva emanar ela. Bom, ela estava absolutamente certa quanto a Hermione Granger, a garota agora era tão Comensal da Morte quanto Jade.

Ninguém percebeu que a garota de cabelos negros segurava firmemente a varinha, e isso não era um mau sinal. Era um péssimo! Uma sensação amarga percorreu Gunther, ele havia tentado tanto e tão duramente conseguir derreter o coração de pedra de Jade... E Tom Riddle, que nem valorizava e nem havia movido uma palha para isso, havia conseguido tal feito.

A mão de Jade começou a tremer. Balançando a cabeça, Gunther resolveu intervir.

– Milorde, só tem uma coisa que não entendo. Como a Srta. Granger... bem, como ela ficou sabendo sobre nós? – perguntou.

Avery sentiu o olhar de Riddle pousar nele. Sabia que o Lorde estava avaliando sua impertinência, mas ele não se importava de parecer impertinente ou até mesmo burro. Jade poderia ter cometido um assassinato, e não era no sentido figurado da palavra, mas sim no literal. Ele não poderia suportar que ela rompesse sua alma, não depois do que havia acontecido a seu avô.

– Ora, Avery, use seu cérebro! Não assim tão difícil... – disse Riddle. Gunther fechou a cara para Tom, mas esse não viu, estava absorto demais em mirar seus seguidores – De qualquer forma, vocês têm mais uma integrante ao... grupo.

Riddle se encaminhou para a porta e abriu-a para os Comensais pudessem sair. Abraxás saiu primeiro, seguido por Amatha, depois Druella e Jade. Do lado de fora, os Comensais recebiam feitiços da Desilusão lançados por Riddle, mas Jade o ignorou completamente e saiu correndo pelo corredor.

– Mas que... – começou Riddle, sua voz delatava toda sua fúria pela desobediência de Jade. Gunther só tinha uma coisa em mente: encontrá-la.

Porque não era natural em Jade Amethyst Bulstrude perder o controle. Com a varinha em punho, ele se lançou atrás dela.

#*#*#

Ela nunca havia se sentido assim na vida. E era óbvio o porquê.

Ele sempre lhe dissera que o amor era algo absurdamente inútil e agora ela entendia e concordava. O amor só trazia sofrimento, dor e, quem diria, lágrimas. Ela que nunca havia chorado, que sempre havia contido suas dor e sua raiva em seu coração... agora chorava.

Jade, em seu íntimo, sabia que aquelas lágrimas nada poderiam resolver. Na realidade, só atestavam o quão fraca estava sendo, mas não era uma coisa que ela poderia evitar. Não agora, pelo menos.

Estava tudo um perfeito caos, em sua mente e, principalmente, seu coração. Por que tudo tinha que ser tão difícil? Por que ela havia se apaixonado, mesmo sabendo que o sentimento não levava a nada...

Deveria ter aprendido a lição com tudo que aconteceu com a minha mãe... Ela amava tanto meu pai e olha o que ela conseguiu... Apenas um grande monte de nada... Não quero que isso aconteça comigo e com Tom, não quero amá-lo mais. Quem diria que um dia eu pensaria nisso, mas acho que há um dor que não posso suportar.

Depois da explosão que havia tido no corredor, de sair correndo como uma louca, havia se instalado em uma sala de aula vazia e agora estava sentada no chão, ao lado da mesa do professor. Sabia que não havia o menor perigo de alguém tê-la seguido, já que ela corria mais rápido do que qualquer um que conhecia, então ela ficaria sozinha, exatamente como desejava.

Colocou a cabeça entre os joelhos e sorriu consigo mesma. Quando foi que ela havia derramado alguma lágrima em toda a sua vida? Nunca, era a resposta. Nem quando era magoada por seu pai, nem quando quebrou a perna na Câmara Secreta, nem em nenhum momento da sua vida... nunca havia chorado. E agora... agora, ela estava chorando por um garoto...

Andei decaindo muito, acho. Eu costumava ser forte e costumava não chorar. Eu costumava a ser Jade Bulstrude.

(link da música: http://letras.terra.com.br/coldplay/183253/)

O barulho de passos apressados se aproximando a deixou alerta, mas ela nada fez para tentar fugir ou se esconder. De que valeria a pena? E ela tinha certeza de quem ninguém iria notá-la ali, tão fraca.

Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.

Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.

Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.

Preso em marcha ré.


– Jade.

Ela ergueu a cabeça para ver quem era, mesmo que não precisasse. Conhecia aquela voz muito bem...

– Gunt. – ela saudou tristemente, tentando esconder as lágrimas que escorriam. Ele era seu melhor amigo, seu fora e sempre seria, mas não poderia suportar que alguém a visse naquele estado completamente lastimável.

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.

Quando você perde algo que não pode substituir.

Quando você ama alguém, mas é desperdiçado.

Pode ser pior?


– Jade... você está chorando? – a voz dele trazia certa preocupação e ela não agüentou, mais algumas lágrimas caíram.

– Irônico, né? Eu, justo eu, que sempre prometi a mim mesma que jamais choraria, porque isso é sinônimo de uma fraqueza irrefutável, estou chorando...

Gunther se sentou a seu lado e lado apoiou a cabeça no ombro dele. As lágrimas rolavam e ela não conseguia impedir, mas se sentia melhor porque ele estava ao seu lado. Era mais fácil com ele ali.

Luzes vão te guiar até em casa

E aquecer teus ossos

E eu tentarei, consertar você


Minutos incontáveis se passaram antes que qualquer um pudesse falar qualquer coisa. As lágrimas de Jade cessaram, mas ela não tirou a cabeça do ombro de Gunther, porque estava se sentindo bem... sentindo uma paz, um alívio.

– Obrigada, Gunt. – ela murmurou.

Bem no alto ou bem lá embaixo.

Quando você está muito apaixonado para esquecer.

Mas se você nunca tentar, nunca vai saber.

O quanto você vale.


– De nada. – ela pode ver seu rosto se contrair numa careta, mesmo no escuro – Estou ficando assustado, Jay. Quando eu chego aqui, você está tendo uma crise de choro e agora está pedindo obrigada... – ele pausou e a encarou, meio sorridente – Quem é você e o que fez com a minha Jade?

Ela suspirou. Não sabia o que responder, mas tudo naquela noite parecia tão estranho... Talvez a garota Bulstrude nem soubesse mais quem era. E foi exatamente isso que ela lhe respondeu.

Luzes vão te guiar até em casa

E aquecer teus ossos

E eu tentarei consertar você


– Estou perdida, Gunt. Não sei mais de nada. Parece que absolutamente todos os meus tremores se comprovaram verdadeiros, entende? A começar por aquela grifinóriazinha petulante!

– Talvez isso seja uma coisa da sua imaginação...

– Não é. Há mais ali do que podemos ver, acredite. Conheço Tom... – ela suspirou e ergueu a cabeça, sorrindo tristemente – ou talvez eu não o conheça tão bem... Ah, Gunt! Eu me sinto tão... quebrada.

Lágrimas rolam no seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Lágrimas rolam pelo seu rosto

E eu...

– Então, me deixe te consertar.

O que Gunther disse a deixou tão assustada e intrigada que ela nem previu o que ele estava prestes a fazer. Aproximando-se dela, ele capturou os lábios da garota de cabelos negros. E ela não fez outra coisa se não retribuir o beijo, porque aquilo lhe parecia o certo, retribuir o beijo. Enlaçar suas mãos no pescoço de Gunther e retribuir o beijo.

Lágrimas rolam no seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Lágrimas rolam pelo seu rosto

E eu...

E naquele momento não havia Tom Riddle, nem Hermione Granger, nem ninguém no mundo além dos dois. Ninguém... Porque nada ali importava, não importavam os problemas.

Os dois se afastaram um do outro e Jade encarou os olhos negros de Gunther, procurando em sua mente algo que pudesse explicar aquela loucura. Ela tinha namorado e ela amava seu namorado.

Lágrimas rolam no seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Lágrimas rolam pelo seu rosto

E eu...

Amo Tom, certo? Mas quando Tom a beijava o mundo não desaparecia e nem os problemas não pareciam deixar de existir. Nada mais parecia fazer sentido, nada. Ela via que Gunther esperava alguma reação dela, mas naquele momento ela não tinha condições de ter alguma reação.

Luzes vão te guiar até em casa

E aquecer teus ossos

E eu tentarei, consertar você

– Jade? – ele chamou. – Está tudo bem?

Ela sorriu

– Tudo ótimo, Gunt.

Naquele momento, a porta se escancarou e revelou alguém não parecia achar nada daquilo ótimo.



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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Esse capítulo foi um dos mais difíceis que já escrevi - eu acho que já disse isso - porque eu tenho que lidar com sentimentos de três pessoas muito diferentes, sendo que duas delas estão sofrendo, uma está triste porque uma delas está sofrendo... e tem o Tom, que está sempre indiferente a tudo.
É isso aí. Agora Hermione Granger é uma Comensal da Morte... isso vai dar o que falar...
Bom, espero que tenham gostado... Me digam, tá? A opinião de vocês é muito importante para mim.
:*