Segunda, 16 de Setembro.

Certo, o convívio com a Mia esta me afetando. Estou tão agitado e sem concentração, que acho que a única solução é parar , escrever e ver se assim consigo organizar meu raciocínio.

Nunca tinha falado com ela daquela forma. Caramba, eu fui um grande babaca. Isso estava escrito nos olhos dela e nos da Midori que faltou pouco me matar quando Mia saiu do carro sem falar nada. Estava na cara que ela queria chorar, seus olhos se encheram de lágrimas logo após eu falar que sabia o que ela tinha feito enquanto eu estava no Japão.

O pior é que eu de fato sabia o que ela tinha feito, pois Boris me contava o que ele via e o que a Tina contava a ele. Até então eu sabia que ela tinha se trancado por dias e dias depois que saiu a foto da Broadway e não recebia ninguém e muito menos respondia os meus emails. Sabia também, que começou a namorar e isso em dilacerou, pois quando entrei no avião, mesmo depois de ter visto ela beijando JP , eu não pretendia ficar com ninguém no Japão, mesmo que estivéssemos separados, o fato é que ninguém vai conseguir me fazer feliz como ela. Quem diria, ela, a amiga desde sempre da minha irmã, ela que descobriu ser princesa. A menina ‘desajeitadamente linda’ que conseguia tropeçar e continuar graciosa, a meninas que na maioria das vezes não faz idéia do quanto é inteligente e corajosa, que descobriu ser herdeira de um país e continuou como sempre foi: amiga de todos e prestativa. Fora fato de que ela atura a Lilly quase tanto tempo quanto eu, e ainda a ama, assim como eu! Amar a Lilly não é uma tarefa muito fácil! Enfim, esta foi a menina por quem me apaixonei a tanto tempo atrás. Mia Thermopolis. Não há ninguém que possa substituí-la, que me faça sentir 10% feliz como me sinto quando estou com ela, com a sua espontaneidade, seu jeito de me sondar quando quer me contar algo e não sabe como! Seus beijos e sua fixação pelo pescoço que ela acha que eu não percebo!

Foi por esta menina que me apaixonei e não havia estadia no Japão que me fizesse mudar de opinião. E então, eu mal havia chegado ao meu alojamento provisório, após atravessar meio mundo e vi Outro beijo dela com o mesmo garoto da escola. Na Broadway. No musical. A Bela e a fera.

Merda! Por que não vi isso com ela? Era o que me perguntava o tempo inteiro. Não podia acreditar que ela, minha Mia, estava beijando um cara e este cara NÃO ERA EU. O que deu nela? Era outra coisa que eu me perguntava freqüentemente.

Meu humor nas primeiras semanas de Japão estava péssimo, mas nas reuniões com a equipe técnica e alguns médicos, tinha que vestir uma empolgação com o projeto, que eu não possuía.

Ela nem ao menos respondia meus emails, se não fosse pelo Boris, estaria até agora esperando notícias!

Após semanas indo de reuniões para o meu quarto e do meu quarto para reuniões, quando meu humor subiu de zero para 1,5, Boris me contou que ela estava namorando. Hein, namorando? EU FUI SEU NAMORADO POR QUATRO ANOS! Eu, Michael Moscovitz e agora ela namorava o garoto do milho no chilli???

Ela namorava. Teria de me acostumar com isso. Eu ao era mais o namorado, não era mais a mim que ela beijava. ‘Será que ela cheirava o pescoço dele?’, ‘Merda, merda, merda!Para de pensar isso! Você nunca foi adepto do sadomasoquismo e não vai ser agora que vai se tornar!’ Era o que eu pensava toda vez que a imaginava com ele. Com o tempo, consegui bloquear esses pensamentos, resolvi que eu iria fazer bem feito o que vim fazer aqui, afinal, ela estava refazendo a vida dela e eu tinha dado margem a isso, já que tinha terminado com ela antes de viajar (tudo bem que foi antes de vê-la beijando o JP na escola e já tinha até desistido do término quando entrei naquela escola, mas enfim). Me enfiei no trabalho, quase um trabalhador japonês, 20 horas por dia, dormia se sobrasse tempo! Ah, claro, eu ligava pra falar com meus pais e Lilly (o que sobrava menos tempo ainda para dormir!).

Lilly, ainda tinha isso, elas não se falavam mais. O mundo estava mesmo às avessas!

Após uns três meses nessa vida, Midori me intimou a sair com ela, Jake e uns amigos, comecei a sair e descontrair um pouco, só então comecei a ver as coisas claramente: Não ficaria aqui pra sempre, um ano e meio e agora só faltava um ano. Eu voltaria e iria reconquistá-la. Após essa decisão consegui curtir meu tempo lá, apesar de que a noite, quando só tinha eu e meus pensamentos, era pra uma certa menina que eles iam. Mia Thermopolis.