Acordei e sorri. Me sentia mais livre, sentia que não tinha nenhum peso tentando me esmagar. Percy ter descoberto o que sempre senti era algo bom, mas se ele não sentia o mesmo, pelo menos estava livre não me prendendo a ninguém.

Levantei e tomei um banho, hoje não tinha aula, poderia ficar em casa sem fazer nada.

Desci as escadas e lá estavam os meus pais, sorridentes como sempre.

- Bom dia! – Sorri.

- Nossa, como você está feliz. – Disse minha mãe sorrindo. – Bom dia, querida!

- Bom dia! – Disse meu pai tomando seu último gole de seu café. – Você parece mais feliz.

- Pois é, me sinto muito mais feliz. – Eu não parava de sorrir.

É claro, Percy não saía da minha mente, ele iria permanecer ali para todo o sempre. As coisas não serão mais as mesmas, é capaz até dele nem querer mais falar comigo. Mas eu cheguei a uma conclusão, quando você tem um amor não correspondido, não é o fato da pessoa não te amar que dói mais, é o fato de você guardar esse enorme peso que você carrega no seu coração que dói. Não estou dizendo que o fato da pessoa não te amar não doa, é claro que dói e muito, mas você fica 60% melhor quando conta o que sente.

Terminei de tomar meu café, e fui até meu quarto, e abri aquela janela, que por tanto tempo a deixei fechada e só abria raramente para ver Percy. Abri a janela para deixar a luz do sol entrar em meu quarto. Sorri ao ver como o céu mudou de ontem para hoje.

Ontem ele chorava, estava triste e bravo, assim como eu. Hoje ele está sorridente e feliz, assim como eu. Estou começando achar essa sincronia de humor muito estranha.

Tudo estava bem, até a janela na minha frente ser aberta.

- Bom dia! – Ele sorriu confuso.

- Bo-o-m dia! – Gaguejei.

- Acho que precisamos conversar. – Ele ainda estava confuso.

- Sobre? – Me fiz de desentendida. Até porque não iria ficar lembrando toda hora que eu estava apaixonada por ele.

- Vem aqui em casa, agora. – Ele sorriu e saiu do quarto.

Por mais nervosa que eu estava, eu teria que ir. Só eu me expressei quando contei a ele o que sentia, ele não conseguiu dizer nada. Eu teria que ir de qualquer jeito.

Desci as escadas e saí, quando abri o portão, olhei a Rosa da Amizade. Ela estava viva como nunca, ela deveria ter murchado, mas graças aos Deuses, ela estava linda.

Ele já estava em frente a porta, me esperando, e sorrindo. Aquele sorriso que me faz perder a noção de tudo.

- Você está bem? – Perguntou ele.

- Muito bem. – Sorri. – E você?

- Bem também. Entra! – Ele deu espaço para que eu entrasse em sua casa, e me seguiu até o sofá, depois de fechar a porta. – Por que nunca me contou? – Seu sorriso se desfez.

- Do que adiantaria? – Pausei. – Eu amaria e continuaria sofrendo, porque você iria dizer que não sentia o mesmo. Eu iria ficar na mesma situação. – Olhei para baixo.

- Você nunca iria saber se não contasse, ou perguntasse. – Ele disse calmo.

- A questão é que se você sentisse o mesmo, não estaria com ela. – Dor. Era o que eu estava sentindo, de novo.

- Já parou para pensar que eu poderia estar com ela por que a garota de quem gosto talvez não sentisse o mesmo? Que talvez, eu tentava esquecer essa garota com a Rachel, mas era impossível? Eu sempre achei que essa garota fosse boa demais para mim, mas ela me disse que sente o mesmo. – Pausou. – Fiquei confuso, afinal, eu queria parar de sofrer por ela, mas ela estava ali dizendo que gostava de mim. Confesso que no começo, não sentia o mesmo, pois ela era minha melhor amiga, mas depois eu senti algo mais do que amizade, muito mais, e eu não sabia como agir, ou melhor, eu não sei como agir. – Ele sorriu nervoso.

Tudo o que eu sempre quis escutar, eu escutei. Sonhava com aquilo todas as noites, pensava naquilo toda hora, mas nunca pensei que esse sonho um dia iria se tornar realidade. Ele sentia o mesmo por mim, exatamente o mesmo. Senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Eu sentia algo inexplicável, talvez felicidade? Era algo muito forte, era mais que felicidade.

E então, enquanto eu tentava relacionar tudo, enquanto eu me beliscava para ver se não era apenas mais um sonho, ele me beijou. Foi um beijo urgente, aquele pelo qual nós esperávamos há muito tempo, um precisando do outro. Foi o melhor beijo de toda a minha vida, o mais romântico também, e então eu percebi que não era um sonho, era a realidade de acreditar em um sonho.

- Talvez seja muito cedo para dizer “eu te amo”, mas eu sempre te amei de qualquer forma. – Ele disse depois de selarmos o beijo. Ele se referia ao fato de sermos melhores amigos que se amavam.

- Tirou os pensamentos de minha mente. – Sorri.

Ele me abraçou. Ah! Eu nunca me senti tão feliz. É algo tão bom, estar feliz e de bem com a vida.

Sabe, depois que tudo passa, você vê como a situação foi engraçada. Eu rio de tudo o que aconteceu, até daquilo que me fez chorar e muito, mas eu nunca vou esquecer o sofrimento que foi, de como eu fiquei sem coração. Eu até cheguei a pensar que eu ficaria sem coração para todo sempre, mas ele se refez com o beijo. É como aquelas histórias de “felizes para sempre”, o beijo é a cura de todo sofrimento, e foi com o beijo que meu coração se refez. Eu nunca acreditei no “felizes para sempre”, mas eu passei a acreditar depois que eu entendi o verdadeiro significado disso. Quando você encontrar a pessoa que faz seu coração bater mais rápido, corra atrás dela se realmente valer à pena, e se ela fizesse a mesma coisa por você, por que é assim que começa o “felizes para sempre”.

Mas também, eu nunca vou esquecer de como eu queria que ele me amasse, e de pensar que eu praticamente jogava na cara dele um:  “Por favor, me ame?” e ele nem percebia.

Mas a verdade é que quando você acredita, um dia acontece, pode demorar, mas acontece. Apenas acredite!