Remendo escrita por juvsandrade


Capítulo 6
Futuro


Notas iniciais do capítulo

Leia escutando Matt Nathanson - Wedding Dress.



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— Você vai me deixar louco, mamãe! — Ron resmungou, sentindo a pressão que o dedão de Molly Weasley fazia em sua bochecha, para limpar uma suposta sujeira existente ali. Logo depois ela arrumou-lhe os cabelos vermelhos com os dedos.

— Não fale assim comigo, Ronald Weasley. — Molly retorquiu, cruzando os braços em um piscar de olhos, mas logo voltando a arrumá-lo como conseguia. — Você vai se casar daqui poucos minutos!

— Exatamente, mamãe. Eu vou me casar, e não pousar para alguma revista de moda. — Ron fez uma careta como se tivesse voltado há ter treze anos.

— Você escutou o que você falou, querido? — incrivelmente contente, Molly perguntou, dando a resposta ela mesma: — Você vai se casar!

— Por que você parece tão surpresa como Jorge, quando eu anunciei o casamento?

— Porque do jeito que você é lerdo, Roniquinho, achei que você nunca pediria a mão de Hermione. — Jorge adentrou no cômodo ao lado de Harry e Neville. O último fazia uma tentativa inútil de arrumar a gravata. Molly apontou a varinha para a mesma que se arrumou sozinha em um segundo. — Você demorou sete anos para beijá-la. Seria compreensível se você demorasse... Vinte e um anos para pedi-la em casamento.

— Ora, Jorge, deixe o seu irmão em paz! — aumentando a tonalidade de voz, Molly esbravejou com o outro filho, dando um sorriso terno para Harry e Neville antes de seguir a arrumar o filho mais novo. — Se bem que eu confesso que fiquei surpresa quando você disse que iria casar Rony... — a mãe pareceu pensativa. — Sem contar que Hermione já faz parte da família, então a única diferença que esse casamento trará será a mudança do sobrenome dela.

— Mamãe...

— Ah, eu preciso vê-la! — exasperando-se, Molly beijou o topo da cabeça de seu filho e ajeitou-lhe mais um pouco o traje. — Não... Se mova, Ronald! — ameaçando-o com um olhar, saiu do quarto batendo a porta e pisando fundo no assoalho.

— Você não deveria ter deixado a mamãe ir encontrar-se com a Hermione. Ela já está se descabelando só de ter que ouvir a Tia Muriel falando sobre como as pernas dela são finas. — Jorge lamentou-se pela futura cunhada.

— Gina disse que iria tentar distrair a Tia Muriel. — Harry avisou, tentando acalmar o melhor amigo que havia começado a transpirar.

— É provável que a Tia Muriel comece a falar do quanto às pernas da Gina também são finas... Mas a Tia Muriel só acha que as pernas de todas as garotas são finas porque as dela são maiores do que um *****. — fazendo uma careta, Jorge disse e arrancou risadas dos outros ali presentes. — Se bem que eu posso quebrar o seu galho dessa vez, Roniquinho. Vou testar um novo "experimento" com a Tia Muriel para ver se calo a boca dela por alguns minutos.

— Acredite Jorge, esse seria o melhor presente de casamento que você poderia me dar. — Ron falou agradecido, tentando soltar um pouco o nó da gravata e desistindo ao ver que não conseguiria. — Minha mãe quer o que? Fazer com que eu morra asfixiado?

— Talvez esse seja o presente que mamãe esteja tentando dar para a Hermione de casamento. — rindo, Jorge saiu do quarto, deixando o irmão quase roxo de raiva – e de falta de ar.

— Algum dos dois viu como Hermione está?

— Não. — Neville deu de ombros e sentou-se de forma desajeitada no sofá do antigo quarto de Carlinhos. — As mulheres deixaram bem claro que não querem que nós nos aproximemos menos de 500 metros do quarto da Gina. E, sinceramente, eu não quero testá-las.

— As coisas estão quase piores do que no casamento de Gui e Fleur. — Harry avisou sem querer, fazendo com que assim o amigo assumisse uma expressão de angústia. — Mas... A decoração... Está mais bonita.

Rony bufou e olhou feio para os seus padrinhos.

Ótimo. Até agora ele sabia que:

Sua Tia Muriel provavelmente faria com que Hermione desistisse de entrar oficialmente para a família Weasley poucos minutos antes deles subirem para o altar.

Sua mãe estava tentando asfixiá-lo com aquela gravata idiota!

As coisas estavam piores do que no casamento de Gui e Fleur, mas a decoração estava mais bonita.

Ótimo. Ótimo. Completamente ótimo!

Quando é que ele poderia começar a dar saltos de felicidade?

— Quanto tempo falta para a cerimônia começar? — sem deixar de mover os

pés de um lado para o outro em momento algum, Ron perguntou, visivelmente impaciente.

— Alguns minutos. — Neville respondeu incerto da própria resposta.

— Defina alguns minutos.

— Uns... Vinte minutos?

— Por ai. — Harry confirmou com a cabeça e socou as mãos nos bolsos da calça social do terno bem feito. — Seu pai disse que viria nos chamar, quando chegar à hora.

— Por Merlin! — Ron retornou a suar frio. — O que eu faço agora?

— Bem... — dando um sorriso cúmplice para o ruivo, Harry disse: — Seria bom se você tentasse se acalmar. Depois você poderia dar um sorriso. Por fim, você pode se casar com a nossa melhor amiga. Que tal?

— Acho que seria uma boa. — rindo de forma abafada, Ron murmurou e coçou a nuca em seguida. — Cadê o meu pai?

— Acalme-se Ron! — Harry ordenou e deu um tapinha no ombro do amigo.

— Eu estou tentando! — a voz dele saiu mais como um ganido.

Os três garotos-homens escutaram o rangido da porta sendo aberta e voltaram os olhares para o patriarca Weasley, que, sorridente, adentrou pelo quarto e aproximou-se do filho.

— Acho melhor você descer Ron. Molly disse que Hermione está pronta.

— Agora? — Ron voltou a ganir. — Não pode ser daqui a pouco?

Harry e Neville riram.

— Você viu como Hermione está, pai? — esquecendo-se do pavor temporário, o filho questionou o pai, escutando mais risadas vindas dos amigos.

— Não vi, mas pare de se preocupar! Sua mãe disse que ela está radiante.

— Radiante? Foi essa a palavra que mamãe usou? — parecendo que havia digerido certa quantidade de Felix felicis, um sorriso gigantesco brotou nos lábios do ruivo e uma dose de confiança crepitou em seu íntimo.

— Foi, Ron. E Luna passou pelo corredor dizendo que Hermione estava linda... E também disse que ela só poderia estar mais bonita se estivesse usando um colar de dris... — Neville se calou e tentou lembrar como era o resto da palavra e a sua pronuncia correta. Desistiu ao perceber que não lembraria: — Deixe para lá.

Harry sorriu e os outros dois balançaram a cabeça, dizendo que não.

— Podemos ir Ron?

— Hermione está mesmo radiante?

— Vamos Ron! — foi à vez de Harry agir, empurrando o amigo pelos ombros e sentindo-o refrear os passos. Arthur e Neville foram à frente, deixando os dois mais lentos para trás. — Você está achando que a Hermione vai fazer o que? Desistir de se casar com você na hora H? — Harry sussurrou, vendo as orelhas do outro ganharem cor.

— Talvez ela tenha percebido a burrice que está fazendo em se casar comigo. — a voz de Ron era pesada, demonstrando que não era brincadeira o que ele dizia. — Você sabia que ela convidou o Victor Krum?

— Você só pode estar brincando! — revirando os olhos, Harry deu-lhe um empurrão mais forte e bufou.

— E o Krum veio?

— Ele veio. Com a noiva.

Ron freou brutamente os passos no corredor estreito, fazendo com que o amigo um palmo e meio mais baixo batesse em suas costas e xingasse-o em alto e bom som.

— Victor Krum está noivo? Por que ninguém me disse isso?

— Eu só descobri hoje, cara. Conversei com ele um pouco antes de subir e fui apresentado à noiva dele. Eles estão juntos há quase dois anos.

— E por que a Hermione não me contou isso?

— Talvez porque toda vez que ela cita o nome dele você enlouquece dessa forma?

— Victor Krum está noivo Harry!

— E você vai se casar Ron.

— Victor Krum não está noivo da Hermione, Harry!

— Óbvio que não. — o padrinho estava começando a perder a paciência. — Você que se casará com a Hermione, caso volte a andar, suba em cima daquele altar e diga sim.

— Mas é claro que eu direi sim!

— Ótimo. Podemos ir agora?

O noivo confirmou com a cabeça e deu dois passos, antes de parar mais uma vez e fazer com que Harry trombasse e xingasse-o novamente.

— E se Hermione disser não e resolver fugir com Victor Krum?

— Ronald, eu estou falando sério: ou você sobe naquele altar, ou eu mesmo farei com que Victor Krum suba.

— Você não faria isso!

— Se você não voltar a andar, acredite, eu farei.

Hermione ordenou que as suas próprias mãos parassem de tremer daquela forma. Gina, ao seu lado, deu-lhe um sorriso calmo, dizendo-lhe que tudo estava bem e segurou-lhe uma das mãos trêmulas, sem nem ao menos proferir uma única palavra.

— Gina, querida, você precisa vir comigo. Harry já está esperando por você.

— Harry? — Hermione guinchou. — Eu posso falar um segundo com ele?

"Controle-se Hermione", ela voltou a dar-se ordens.

— Mas querida, a cerimônia... — Molly tentou falar, todavia a outra a encarou com os olhos ansiosos, quase saindo de órbitas, fazendo com que um sorriso nascesse nos olhos de sua futura-sogra-oficial. — Fique calma, querida. Você está ainda mais nervosa do que Ron...

— Ron está nervoso? — a voz de Hermione saiu esganiçada.

... E se ele percebesse que... Não queria... Se casar... Com ela?

— Gina, por que você não me disse que o seu irmão está nervoso? — a voz tornou-se chorosa. — Ah, Merlin! E se o Ronald...

— Espere um segundo querida, vou chamar o Harry. — Molly percebeu que seria o melhor a se fazer antes que a nora tivesse um ataque cardíaco em pleno casamento. — Gina, tente acalmá-la. — saindo tão rápido quanto entrou, a Sra. Weasley foi à procura de Harry.

— Hermione Granger, fique calma! — a amiga precisou acalmá-la em cima da hora. — Ron está nervoso porque se casará com a melhor amiga e com a mulher que ele ama. É compreensível. — a ruiva falou com um sorriso sincero demais nos lábios. — E você está nervosa porque se casará com o seu melhor amigo e com o homem que você ama. Não é compreensível?

— É. — Hermione voltou a choramingar. — Os livros idiotas sobre casamento não diziam como a noiva deveria se portar minutos antes da cerimônia!

— Eu ainda não consigo acreditar que você leu livros a respeito de casamento. — Gina deu uma risada curta e envolveu a amiga nos braços, em um apertado abraço. — Hermione, por favor, fique calma. Todo mundo sabia que uma hora ou outra, aquele relacionamento louco de vocês terminaria em casamento. Não é uma surpresa para mim estar aqui, agora, amparando-a e dizendo para você não se esquecer de respirar.

— Gina... — a noiva quis achar palavras para dizer, contudo o barulho descompassado de seu coração a distraiu. — Talvez o Ron perceba que não quer se casar comigo. Quer dizer, por que ele se casaria com a amiga sabe-tudo? Eu nem ao menos sei jogar xadrez de bruxo! O que vamos fazer? Ele vai querer conversar comigo sobre Quadribol e eu... Eu... Não sei muito sobre Quadribol! Ai ele perceberá que eu sou completamente desinteressante e...

— Hermione? — Harry apareceu na porta e Gina suspirou alto, agradecendo por tê-lo ali.

— Ron desistiu, não desistiu? — lágrimas pesadas brotaram nos olhos castanhos dela e Gina suspirou outra vez, ainda mais alto. — Ah, Gina, eu deveria ter me esforçado para aprender a jogar xadrez de bruxo!

— Do que ela está falando? — Harry sussurrou no ouvido da namorada e a mesma apenas deu de ombros. — Hermione, o Ron não desistiu. Na verdade, ele está achando que você está querendo desistir.

— O que o Ronald Weasley tem na cabeça? — a garota rugiu entre dentes. — Mas que trasgo sem miolos! Por que eu desistiria?

— Bem, Hermione, eu sinto dizer, mas você tem mais motivos para desistir do que ele. — com o que Harry disse, Gina e Hermione arregalaram os olhos, esperando a continuação: — Para primeiro de conversa, Victor Krum está aqui.

— Ah, não, você também não! — jogando as mãos para o ar e sentando no banco da penteadeira, Hermione bufou e evitou encarar o reflexo no espelho.

— Segundo: Ron demorou sete anos para beijá-la. — pausa. — Ou melhor, foi você quem beijou-o, no final das contas. O que piora a situação dele.

Um breve sorriso apareceu nos lábios da noiva com a recordação do beijo... Porém, onde Harry Potter estava com a cabeça ao dizer que ela desistiria daquele casamento?

— E terceiro: Ron ronca alto.

Gina entortou o nariz e concordou com a cabeça, enquanto Hermione soltava uma risada. Harry, no entanto, aproximou-se da amiga-irmã e beijou-lhe no topo da cabeça, estendendo-lhe a mão e forçando-a, de certa forma, a ficar em pé.

— Mas eu lhe garanto que elenão desistirá de você, e eu tenho certeza de que você não desistirá dele. — ele sorriu para ela com carinho e foi retribuído. — Você sabe que nós já passamos por muita coisa Hermione, e vocês nunca desistiram um do outro, por isso que eu digo que não será agora que isso acontecerá.

— Mas Harry... — outra vez os olhos amendoados da noiva estavam cristalinos. — Eu nem ao menos sei o nome dos batedores do Chudley Cannons!

Harry e Gina soltaram gargalhadas e, conduzindo a amiga pelo corredor a fora, seguiram a rir.

— Hermione, dará tudo certo. E eu posso afirmar, pois Jorge garantiu que a tia Muriel só acordará semana que vem, caso tenhamos sorte, ou seja, ela não estará acordada para amaldiçoar o seu casamento, como ela fez com todos os outros. — foi à vez de Hermione gargalhar. — Você está e é linda. Sem contar que o cérebro do meu irmão pode não ser muito grande, mas ele não seria idiota o suficiente de não se casar com você.

Respirando fundo, bem fundo, Hermione pode ver Molly e Arthur aproximando-se deles, elogiando-a sem medidas e apressando-os sem parar.

Então era aquilo.

Hermione Granger iria se casar.

Com Ronald Weasley.

Naquele momento, Hermione sentiu-se completa.

— Tenho certeza que tia Muriel ficará uma fera quando vir às fotos do casamento. — Jorge comentou ligeiramente orgulhoso do seu feito. — Estou começando a me preparar para o ataque que ela dará quando reparar que Hermione não está com aquela tiara ridícula. — Ron imediatamente olhou para o seu outro padrinho que, falando pelos cotovelos, gabava-se para Angelina.

— Oh, sim. Aqué-éla tiárra éra un pesadê-elo. — Fleur comentou, ajeitando o vestido com cuidado e entortando o nariz ao ver a pequena Victoire desfazendo o laço branco delicadamente ajeitado nos cabelos loiros. — Victoire, parre já com isto! — a filha obedeceu de imediato e passou a se distrair com o pequeno Teddy, que ficava passando por debaixo das pernas de Neville.

— Hermione está vindo! — Molly esganiçou, batendo palmas e controlando as lágrimas para a cerimônia. — Podemos começar!

— Victoire e Teddy, estão prontos para arrasar? — Jorge perguntou, abrindo um sorriso lateral e conduzindo os dois menores para frente. — E lembrem-se do que combinamos: atirem muitas pétalas em cima da tia Muriel. Quem sabe o cheiro das flores não diminua o cheiro do mofo daquela bendita mulher?

— Jorge Weasley, não fale assim do cheiro da sua tia! — Molly revirou os olhos, todavia, uma risada era perceptível no olhar dela. — Vamos, vamos, vamos! Hermione está quase chegando e Ron não pode vê-la... Roniquinho, querido, está pronto?

— Eu... Eu acho... É...

— É assim que se fala! — Jorge deu uma risada alta e, quando parou, perguntou: — Onde Harry e Gina estão?

— Eles estão vindo! — Neville avisou, escutando os passos na escada.

— Arthur, peça para começar a música!

— Onde está a Sra. Granger?

— Ela disse que as pilhas da filmadora deram defeito e que ela precisava procurar outras na bolsa. — Arthur anunciou, com os olhos brilhando ao mencionar os artefatos trouxas. — Muito interessante aquele aparelho. Ela estava me contando que a filmadora serve para...

— Arthur, nós não temos tempo para isso! — desesperada, Molly começou a ajeitar cada padrinho e madrinha com rapidez, deixando-os ainda mais perfeitos. — Vá atrás dela, Arthur. Ron, daqui cinco minutos as pessoas começarão a sentar, por isso acho melhor você aparatar . Não queremos que o noivo perca o próprio casamento.

— É, Roniquinho, e lembre-se: caso você não suba no altar, há um búlgaro disposto a fazê-lo. — irritando o irmão, Jorge recebeu um olhar feio da matriarca e da irmã, e um tapa na (única) orelha de Gui.

— Ah, que ótimo Jorge, você realmente está ajudando muito. — Gina bufou e cruzou os braços. — Ron, fique calmo ok?

— Ronald, vá agora! — rugindo, praticamente, Molly ordenou.

— Calma, calma, calma! — Arthur pediu, dando um abraço apertado no filho e olhando sorridente para os outros demais. — E a família Weasley continua a crescer...

— Como coelhos. — Luna se manifestou pela primeira vez. — Criaturinhas adoráveis, os coelhos. Tive a oportunidade de...

— Luna, agora não. — Gina sussurrou para a amiga que tornou a sorrir e a ficar quieta. — Vamos lá Ron... Lembre-se que você é o nosso rei!

Gina disse e arrancou uma risada do noivo, do namorado e de Neville e Luna.

— Só se ele for o rei de vocês. — Jorge ergueu as mãos e fingiu ajeitar uma coroa invisível na cabeça. — O meu umbigo ficaria enciumado, caso eu tivesse outro rei em minha vida.

— Ronald, vá agora!

Com um estampido, Ron sumiu, e todos desejaram que ele tivesse aparatado para o lugar certo.

— Gui, arrume o seu cabelo! Merlin, se a sua tia estivesse acordada, tenho certeza que ela já teria dado um jeito. — voltando a organizar todos os mínimos detalhes, Molly se exasperou. — E sobre isso... Jorge, nós precisamos conversar depois.

— Não estrague a noite, mulher! — o filho culpado revirou os olhos.

— Teddy, não puxe o cabelo de Victoire!

— Onde está a Sra. Granger?

— Acho que vou dar uma espionada para ter a certeza de que Ron está lá na frente...

— Será que as pessoas já começaram a se sentar?

— Harry, querido, Hermione está bem?

— Sim, Sra. Weasley. Não se preocupe.

— Victoire, olhe para o papai. Lembre-se do que o tio Jorge falou: jogue muitas pétalas na tia Muriel, tudo bem?

— Si, papi.

— A Sra. Granger apareceu.

— Desculpe a demora. Eu não conseguia encontrar a minha bolsa. Onde está a minha filha?

— També-ém querro saberr.

— Querido, onde está a nossa filha?

— Não sei. Acho que já está descendo.

— Depois eu posso dar uma olhada na sua filmadora, Sra. Granger?

— Arthur, nós não temos tempo para isso!

— Desculpe querida, mas é que é tão interessante...

— Os coelhos também são interessantes.

— Acho que a música começou... Mas sou meio suspeito para falar isso, já que só tenho um ouvido e escuto metade das coisas...

— Jorge, não brinque com essas coisas!

— O único ouvido é meu e eu brinco se eu quiser.

— Jorge...

— Alguém já reparou que o meu nome é sempre o mais pronunciado nas conversas?

— Por que será?

— Gina eu também amo você.

— Jorge cala a boca.

— Ai! De novo o meu nome. Desculpe-me, Harry, mas acho que sou mais popular que você.

— Fique a vontade.

— Acho que a música começou mesmo agora.

— Ah, claro, Gui, humilhe-me só porque você tem dois ouvidos e escuta as coisas melhor do que eu. Que bom irmão você.

— Jorge!

— Alguém quer o meu autógrafo?

— Será que eu precisarei puxar a Hermione pelos cabelos?

— Eu estou um pouco perdido.

— Calma, Neville.

— Victoire, Teddy, estão prontos para entrar?

— Eles estão prontos há quase meia-hora.

— Gui, querido, abra a porta para mim. E lembrem-se: Gui e Fleur primeiro, depois Jorge e Angelina, Neville e Luna e por fim Harry e Gina. O Sr. Granger e a Sra. Granger entraram com a Hermione e...

— Nós já sabemos mamãe.

— Na verdade, já estamos cansados de escutar a senhora repetir a mesma coisa.

— Podemos entrarr? Querro respirrar...

— Gui, querido, você abriu a porta?

— Mas e a Hermio...

Pararam de falar quando escutaram a escada da sala rangendo. Catorze cabeças viraram para cima. Vinte e oito olhos encararam a garota-mulher que, de branco, descia degrau por degrau, equilibrando-se no sapato de salto alto e respirando fundo a cada passo.

Gina estava certa quando dissera que Hermione estava maravilhosa.

A Sra. Granger subiu o que faltava para encontrar a filha e abraçá-la, sussurrando palavras de mãe na beirada de um dos ouvidos da filha e fazendo-a sorrir. Logo após os olhos da noiva percorreram a sala e as bochechas ganharam uma tonalidade escarlate.

Ali encontrava-se sua família. A nova e a antiga.

— Óh, Herrrmioni! Você está marravilhosa!

— Opa, eu acho que agora Krum e eu iremos disputar com Ron pela noiva.

— Jorge!

— Eu sei que a senhora é a minha maior fã, mamãe.

— Ainda bem que você desceu! — Gina falou alto, cortando as demais discussões que poderiam nascer a qualquer segundo. — Estava quase indo puxá-la pelos cabelos.

— Gina, você não faria isso. — a voz de Hermione era tímida, porém, quente; viva. — Você sabe o quanto esse penteado demorou a ser feito.

Todos sorriram.

— Agora que a noiva está aqui, podemos começar a cerimônia! Gui, eu não pedi para você abrir a porta?

— Sim senhora. — o filho finalmente obedeceu e a porta se abriu.

Hermione sentiu o coração pulsando em sua garganta, nas pontas de seus dedos, e por todo o resto de seu corpo.

Em silêncio, repetia para si mesma: "... Você se casará com Ronald Weasley. Você se casará com Ronald Weasley. Você se casará com Ronald Weasley."

A Sra. Weasley e o Sr. Weasley aparataram.

Victoire e Teddy saíram.

Faltou-lhe o ar.

"... Ronald ama você. Você sabe que ele o ama. Talvez não tanto quanto você o ame, mas ele ama você... Você sabe disso, Hermione Granger-futuramente-Weasley!

Gui e Fleursaíram.

Sentiu as pernas falharem.

"... Vocês serão felizes. Ronald será um dos melhores aurores que o mundo já viu e você conseguirá libertar os elfos e outras criaturas mágicas que se encontram em situações miseráveis.

Jorge e Angelina saíram.

"... Nós teremos um apartamento pequeno, no começo, mas com o tempo talvez nós compremos uma adorável casa... Talvez um sobrado. Um sobrado de estilo vitoriano. Com janelas azuis e telhas vermelhas. Seria adorável se a cerca também fosse branca, para combinar com a cor da casa."

Neville e Luna saíram.

"... Rony terá que aprender a usar o aparador de grama de forma trouxa. Nossos visinhos não podem desconfiar... A não ser que nós moremos em um bairro bruxo. Porém Ronald poderia se sacrificar um pouco e aprender a se virar sem a varinha. Talvez eu consiga convencê-lo a comprar um carro e a tirar uma carteira de motorista..."

Antes de Harry e Gina saírem, ambos abraçaram a amiga com zelo, sorrindo amplamente e murmurando que estavam esperando-a no altar.

Harry e Gina saíram.

"... Seria bom se Rony aprendesse a dirigir, assim poderia buscar os nossos filhos na escola. Eu também poderia aprender a dirigir, assim poderia levar as nossas crianças ao balé, ou natação, ou futebol, ou aula de xadrez... Ou a biblioteca estadual."

— Querida, está na hora. — o Sr. Granger chamou a atenção da filha, mas não o suficiente para tirá-la de seus pensamentos.

Aceitando o braço estendido do pai e o outro da mãe (ela fizera questão de entrar com a mãe e o pai), Hermione respirou profundamente sem perceber e começou a andar porque seus pés simplesmente se moveram.

A noiva saiu.

"... Porém nós precisamos nos acertar nos empregos antes de pensarmos em termos filhos. Talvez possamos ter o primeiro em 2006... Até lá, provavelmente teremos conseguido comprar uma casa. Mas teremos que conversar sobre quantos filhos nós queremos, antes de comprar o sobrado, para não faltar quarto para nenhuma de nossas crianças... Também precisamos ter um quarto para visitas. E um ou dois sofás-cama, pois talvez um dia Gina e Harry passem a noite por lá, e os filhos que eles provavelmente terão precisam de um lugar para dormir. E eu adoraria que Teddy passasse alguns dias das férias conosco. E também tem os meus pais e os pais de Rony... Depois de um jantar de família no sobrado de cercas brancas, seria um prazer caso todos resolvessem passar a noite com a gente.

... Eu preciso aprender a fazer waffles e outras comidas para servir no café-da-manhã.

Bem, acredito que a Sra. Weasley vai adorar me ensinar.

E posso conversar com Jorge. Acho que ele pode precisar de ajuda na loja. Caso eu tenha algum tempo livre, posso passar por lá e ajudá-lo com as finanças e com a organização.

E quando engravidar, eu preciso conversar com a Fleur.

Acho que eu posso comprar alguns aparelhos trouxas para colocar no nosso apartamento. Uma torradeira facilitaria a nossa vida, agora. E uma cafeteira também. Fazer com que Rony aprenda a usar será o mais difícil. Mas acho que ele gostará do micro-ondas.

O Sr. Weasley com certeza gostará.

Se o Rony parar com esse ciúme bobo, quando tivermos os nossos filhos, podemos levá-los para passar uns dias na Bulgária. E depois podemos fazer um tour. Eu sempre quis conhecer a Grécia, o Egito... Talvez possamos passar por Veneza! Mas antes precisaremos conseguir uma promoção.

Gina e Harry poderiam ir com a gente.

... Ah, e quando sairmos do nosso apartamento para irmos morar no sobrado, teremos um enorme jardim! Rony adoraria ensinar os filhos a jogar Quadribol, e eu posso passar as tardes lendo histórias para eles. E quando Harry e Gina tiverem as próprias crianças, podemos convidar todos para um piquenique! Teddy e Victoire também, é claro.

Ao invés de azul, as cores das janelas podem ser verde-oliva. Não, Rony não vai querer. Ele dirá que verde o faz lembrar-se da Sonserina. Vinho ficaria bonito também.

É, podemos colocar as janelas de..."

— Querida? — chamando a filha pela terceira vez em forma de murmúrio, o pai finalmente conseguiu a atenção da filha para ele, que, surpresa, arregalou os olhos ao ver que já se encontrava diante do altar. — Está tudo bem?

Por Merlin! Como ela havia ido parar ali tão rápido?

— Sim! — respondeu, ainda tentando compreender e sentindo o mundo ao redor girar. — Eu estou ótima.

E agora? O que ela faria?

— Então eu fico feliz. — o Sr. Granger beijou a testa da filha e esperou que a esposa fizesse o mesmo, para então olhar nos olhos azuis do praticamente-genro e entregar-lhe o seu bem mais precioso nas mãos.

Hermione arfou.

E Ronald também.

— Cuide dela como você tem cuidado desde sempre. — abrindo um sorriso emocionado, o Sr. Granger pediu, ganhando um sorriso contendo a mesma quantidade de emoção do ruivo.

— Cuidarei com a minha vida.

Respirar.

Como é que se fazia aquilo mesmo?

Hermione sentiu-se boba ao recordar da declaração de uma noiva trouxa, em um dos livros trouxas sobre casamentos. A mulher, bem clichê, disse que no momento de subir ao altar, o mundo congelará. A única coisa existente, em todo o universo, era o noivo, e nada mais.

No final das contas, Hermione precisaria morder a língua. A tal da outra noiva estava certa.

Não existia nada mais no mundo sem ser Ronald.

... Ronald, na verdade, era o melhor sinônimo de seu mundo.

E o jeito que ele sorria com os olhos para ela...

O jeito que ele infiltrava-se em sua alma, acelerava-lhe o coração e fazia-lhe queimar...

Oh, Merlin, como é que se respirava mesmo?

— Você tem certeza que está tudo bem? — Ron murmurou, estendendo uma mão trêmula para a noiva e sentindo os dedos mornos dela entrelaçando-se com os seus.

— Não há como não estar. — ela lhe respondeu com outro murmúrio e com um sorriso sinceramente esplêndido, posicionando-se ao lado dele e perguntando-se mentalmente se seriam obrigados a quebrar o contato das mãos.

— Você está maravilhosa... — o elogio de Ron fez com que as maças do rosto de Hermione tornassem a ganhar cor.

Ela ainda não conseguira se acostumar com os elogios que ele lhe fazia...

Conseguiu responder apenas aumentando o sorriso.

— Senhoras e senhores... — o mesmo bruxo do enterro de Dumbledore e do casamento de Gui e Fleur encontrava-se ali para realizar a cerimônia. Ron precisou olhar para baixo para conseguir enxergá-lo direito. — Estamos aqui hoje para realizar a união de dois fiéis, unidos pela magia e pela vida, que estão dispostos a compartilhar as alegrias e tristezas perante todas as situações que lhes forem impostas. Perante a lei, posso declará-los um único, caso estiverem aptos a suportarem a tristeza, a pobreza e a doença juntos, assim como aptos a acolherem a felicidade, a riqueza e a saúde juntos. — a Sra. Granger e a Sra. Weasley choramingaram juntas na primeira fileira, enquanto secavam as lágrimas e soluçavam baixinho. — Ronald Billius Weasley, você aceita Hermione Jane Granger como sua esposa, para amá-la e respeitá-la até o último dia de suas vidas?

— Sim, eu aceito.

Jorge socou o ar logo atrás, como se estivesse orgulhoso do irmão por não ter desmaiado ou coisa pior.

— Hermione Jane Granger, você aceita Ronald Billius Weasley como seu esposo, para amá-lo e respeitá-lo até o último dia de suas vidas?

— Sim, eu aceito.

— Então eu os declaro unidos por toda a vida.

Fora a ver de Gina suspirar alto, encantada de presenciar aquela finalmente-união com os próprios olhos. Anos antes, seria quase irreal supor que assistiria mesmo aquele casamento... Porém, naquele momento, quando o bruxo baixinho ergueu a varinha, fazendo com que estrelas jorrassem e caíssem sobre os então esposa e esposo, o passado pareceu distante...

... A única coisa importante era à felicidade absurda do presente.

— Pode beijar a noiva. — o bruxo orador anunciou, e Ron cumpriu com satisfação a ordem dele.

Assim que os lábios se tocaram, em um delicado roçar que conseguia demonstrar toda a expectativa, a alegria e a paixão, os irmãos de Ron, incluindo Gina, irromperam em uma salva de aplausos, que logo foram acompanhados por todos os demais convidados.

— Você está realmente maravilhosa, Sra. Weasley. — ciciou Ron e arrancou mais um belo sorriso de sua esposa. A mesma ficou na ponta dos pés, pois mesmo de salto alto não ficava da altura dele, para beijá-lo mais uma vez durante um abraço e falar em seu ouvido:

— Você também está maravilhoso, Sr. Weasley. — os ouvidos de seu marido queimaram contra a sua pele, fazendo-a diluir o sorriso: — E podemos pintar as janelas da nossa casa de vinho, caso você quiser.

Antes mesmo dele perguntar sobre o que ela estava falando, o bruxo orador bateu palmas, para chamar a atenção que estava focada no casal principal do dia, e, vendo que não conseguira, limpou a garganta alto e seguiu batendo palmas.

— Senhoras e senhores! — disse mais alto como nunca. — Por favor, queiram se levantar!

— Ah, ainda bem que acabou o momento choro. — Jorge comentou para Neville, que arqueou as sobrancelhas e esperou a continuação. — Achei que mamãe inundaria tudo, o que seria uma pena, pois a melhor parte vem agora...

— Jorge, não seja tão insensível. — Gina se intrometeu, dando um tapa no ombro do irmão e sorrindo de forma a contradizer o seu ato. — O casamento foi perfeito.

— Fico ligeiramente decepcionado ao perceber que só teremos mais uma festa de casamento Weasley. — o ruivo fez uma careta supostamente triste, abraçando a irmã pelo ombro e apertando-a com força. — É uma pena que você ficará para titia, Gina. Do jeito que Harry tem sorte, é bem capaz que um balaço acerte a cabeça dele a qualquer segundo e ele passe o resto da vida no St. Mungus. Ou caso ele a peça em casamento, eu mesmo acertarei a cabeça dele...

— Jorge! — pisando no pé do irmão, mas nem assim conseguindo fazê-lo soltá-la, Gina bufou alto para em seguida gargalhar. — Eu não ficarei para titia!

— Ah, ficará. Eu mesmo me encarregarei disso.

— Pare de ser tão machista!

— A questão não é ser machista... — um sorriso levado brotou naqueles lábios finos. — A questão é proteger a minha irmãzinha de mãos masculinas. Nada contra as suas mãos, Harry.

— Jorge, para de atormentar a Gina. — Gui apareceu ao lado do outro tão semelhante a ele mesmo, fazendo um cafuné nos cabelos vermelhos do irmão e em seguida, olhando torto para Harry e Gina, que se encontravam estupidamente ruborizados. — Contudo, se você precisar de ajuda para acertar a cabeça do Harry caso haja um pedido de casamento a mais na família, me avise.

— Vocês dois... Arg, vocês dois são piores do que o Ronald! — bufando feito criança, a garota segurou as mãos do namorado e puxou-o para longe, ao mesmo tempo em que as risadas dos dois irmãos ressoavam pelo ar. — E depois eu que sou a caçula.

— Hey, Gina... — Harry foi diminuindo o ritmo dos passos, conseqüentemente, fazendo-a parar de se mover e encará-lo nos olhos verdes. — Não se preocupe com eles. Você sabe que por mais que eu seja atingido por um balaço ou por alguns feitiços, eu não vou deixar de me casar com você.

Gina estava errada quando pensara que a única coisa importante era à felicidade absurda do presente.

Havia duas coisas importantes: a felicidade do presente e a felicidade que se seguiria em um futuro próximo.


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