Remendo escrita por juvsandrade


Capítulo 14
Coelhos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/151962/chapter/14

— JORGE, VOCÊ QUER COLOCAR FOGO NA CASA? — Molly gritava com os pulmões nas mãos, movendo as mãos sem parar para um lado e para o outro, lançando um olhar ao filho que ninguém ali presente gostaria de receber.
Victoire, Teddy e James se encolheram atrás do tio, como se quisessem dizer que a culpa ali não era deles. Jorge abriu um sorriso de orelha a orelha e olhou sorrateiramente para o lado, procurando uma saída de emergência.
— Acalme-se, mulher. Eu só estava mostrando para as crianças alguns produtos novos... Nenhum deles tem como utilidade a destruição de uma casa. Se bem que isso pode ser bem útil. Boa ideia, mãe. — aproximando-se de Molly para tascar-lhe um beijo estralado na bochecha, Jorge saiu de fininho depois e correu para perto de Hermione, sabendo que a sua mãe nunca machucaria uma mulher grávida.
Se bem que a sua mãe ainda não sabia da existência de um bebê, Jorge pensou. Na verdade, ninguém ainda sabia. Sorriu um pouco ao ver o seu irmão, futuro pai de seu sobrinho, tentando pendurar a estrela no topo da árvore sem ajuda de uma varinha e rindo sozinho.
— O que foi Jorge? — Hermione perguntou, referindo-se a risada ao ar.
— Não é nada, cunhadinha, apenas algumas ideias mirabolantes surgindo em minha cabeça. — ele falou pelos cotovelos, pegando uma torta de abóbora, abocanhando-a e deixando Hermione com as sobrancelhas arqueadas. — Ah, e a propósito... — quando começou a andar, em direção ao irmão, parou diante dela para sussurrar: — Jorge é um nome adorável, sabe, para caso seja um menino...
A boca de Hermione praticamente tocou o chão. Por ainda não terem contado a ninguém, nem mesmo a Harry e Gina... Como Jorge sabia? Será que estava tão evidente assim? Sua barriga nem ao menos começara a crescer... Mordeu o lábio inferior, apoiando-se na mesa da cozinha e batendo uma mão na testa ao presenciar a cena que se seguiu.
— CUIDADO, RONIQUINHO, TEM UMA ARANHA ALI! — Jorge gritou e apontou para um móvel ao lado de Ron.
O ruivo deu um berro, desceu a escada apavorado e quase voou para cima do irmão assim que as gargalhadas deliciosas das crianças ecoaram pela sala. Gina deu um tapa forte em Jorge, fazendo-o rir ainda mais, e Harry, assim como ela fizera, deu um tapa leve na própria testa, não acreditando no que via.
Certas coisas nunca mudariam...
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? JORGE, EU SINTO QUE ISSO TEM UM DEDO SEU! — Molly voltou à sala, berrando. Arthur veio atrás, tentando ajeitar a gravata de forma desajeitada e recebendo ajuda da filha.
— Tudo eu, tudo eu. Culpe o Jorge! — o mesmo começou a reclamar, fingindo-se de bravo, sentando no sofá com um bico enorme nos lábios e ganhando um abraço apertado da adorável Victoire.
— Hermione, querida, eu fiquei sabendo que vocês instalaram um... Como é que chama aquilo mesmo? Vídeo... Cassete?
— Isso mesmo, Sr. Weasley. Vídeo Cassete. — Hermione sorriu para ele de uma forma doce. — O senhor está convidado para assistir quantos filmes quiser conosco. Há uma locadora ao lado do nosso apartamento...
— O que é uma locadora? — Teddy quem perguntou, sentando ao lado de Jorge no sofá e recebendo um cafuné de Harry, que estava sentado perto, na poltrona.
— É onde você aluga vídeos cassetes. — Ron respondeu, com o nariz empinado, orgulhoso de si.
— E por que eu alugaria vídeos cassetes? — Jorge se intrometeu.
— Para se assistir.
— E por que eu assistiria vídeos cassetes?
— Para... É... — Ron olhou sorrateiramente para Hermione, esperando por ajuda... Que veio.
— Jorge, vídeos cassetes reproduzem filmes na televisão. É como se um livro ganhasse vida e aparecesse na tela... — explicou com clareza, pegando James no colo e ganhando um sorriso infantil lindo. — O James aqui, por exemplo, adora um filme chamado Star Wars...
— Não me fale mais desse filme, Hermione, por favor. — Gina rangeu os dentes, aparentemente enjoada só de escutar a pronuncia daquele filme. — Antes de ontem James fez com que eu assistisse com ele três vezes direto... Até agora não sei o porquê de Harry ter comprar uma tele... — parou para ver se não estava se confundindo. — Televisão...
— Não vamos discutir novamente sobre isso... — Harry resmungou da poltrona.
— Quem quer jantar? — Molly interrompeu as futuras discussões. — Acho que já está na hora da ceia...
— Onde estão Gui e Fleur?
— Estão negociando com o Papai Noel no quarto deles. Sabe, acho que eles querem receber um presente daqui nove meses... — Jorge deu de ombros quando respondeu. Gina gargalhou e Hermione arregalou os olhos ao entenderem o sinal. Harry e Ron abafaram risadas.
— O Papai Noel está com os meus pais? — Victoire perguntou contente, cogitando na possibilidade de subir.
— Não, querida, ele não está. Ele só aparece na hora que vocês estão dormindo. — Gina falou sorrindo, antes que Molly atirasse palavras grotescas para cima do seu irmão. — O Tio Jorge só está brincando.
— Ah... — a menininha pareceu decepcionada. — Mas por que o presente só chegaria daqui nove meses? — todo mundo olhou feio para Jorge, que deu um sorriso lateral enquanto se deixava afundar nas almofadas.
— É, Jorginho, por que o presente só chega daqui nove meses? — Ron provocou, apoiando-se perto da lareira e cruzando os braços.
— Eu não sei, Roniquinho, por que você não me conta? — com as sobrancelhas arqueadas daquela forma tão única de Jorge Weasley, Ron percebeu que havia algo no ar.
Hermione estremeceu e apressou-se para o lado do marido, ficando na ponta dos pés para conseguir sussurrar no ouvido dele: — Ele sabe que eu estou grávida!
Foi a ver de Ron estremecer. Dos pés a cabeça.
— Como ele sabe? — os dois começaram a cochichar na frente de todo mundo.
— Eu não sei! Ele falou agora pouco na cozinha que Jorge seria um nome bonito para o nosso filho, caso fosse homem...
— Hell no! — Ron exclamou entre dentes e, ao notar que falara mais alto, tornou a diminuir o tom: — Meu filho não se chamará Jorge!
— Ronald Weasley... — Molly os cortou, notando a tensão entre o filho e a nora. — Você pode me dizer o que está acontecendo?
— É, Roniquinho Weasley, por que você não divide com a sua família a notícia do ano...
Ron fez uma nota mental de arrancar a outra orelha de Jorge assim que a sua mãe virasse as costas. Com as próprias mãos. Sem magia, nem nada.
Sentindo todos os olhares da sala caindo sobre eles, os dois tragaram a saliva, incomodados. Hermione olhou para ele um tanto quanto ansiosa e assustada, mas depois deu um sorriso, daqueles sorrisos quentes de Hermione, como se quisesse dizer que estava tudo bem.
Que eles poderiam contar "a notícia do ano"...
Retribuindo o sorriso, Ron passou um braço ao redor dos ombros de sua esposa e escutou-a rir, num misto de sensações, e quis acompanhá-la. Mas achou melhor esperar alguns instantes até ver a expressão de sua mãe. E de Gina.
— Ronald, querido...?
— Não se preocupe, mamãe. O que acontece é que ano que vem você terá que fazer mais um agasalho Weasley.
Gina, que estava sentada no braço de uma poltrona, praticamente caiu. Harry a segurou, todavia, deslizou um pouco pelo chão. O choro de Molly foi instantâneo. O sorriso de Arthur também. E a risada de Fred não poderia faltar.
Teddy, Victoire e James se entreolharam, duvidosos.
— O que está acontecendo? Por que a mamãe está chorando? — Gui apareceu na porta, ajeitando os cabelos.
— Eu estou grávida. — Hermione falou e as lágrimas de Molly aumentaram em quantidade.
— Do Ron? — Gui perguntou, lançando aquele sorriso galanteador e arrancando mais uma risada de Jorge. As bochechas de Hermione ficaram da mesma cor das orelhas de Ron.
Arrancar o cabelo do outro irmão, fio por fio, também estava na lista.
— Porrque Molly está chorrando? — Fleur deslizou pela sala, indo de encontro à sogra e abraçando-a com cuidado. — Jorrge?
— Eu estou grávido. — ele disse com simplicidade, dando de ombros e fazendo uma careta. — E pelo visto a Hermione também está.
— Herrmione? — os grandes olhos azuis de Fleur brilharam de empolgação. — Oh, mas que marravilha!
— Tomara que seja uma menina. — Victoire comentou, empinando o nariz. — Não agüento mais brincadeiras de garotos.
— Ah, Vic, vai dizer que você não gosta de guerra de bomba de bosta. — Teddy zombou. — Você fica uma gracinha com bosta do cabelo.
— Teddy! — Harry ergueu a voz, ainda trêmula, para enfim ficar de pé para cumprimentar os dois amigos. — Vocês estão falando sério? Você está mesmo grávida?
— Não, isso tudo é uma grande pegadinha. — Ron ergueu as sobrancelhas. — Por quê?
— Estou louca para ver um pequeno gênio montado em uma vassoura, jogando Quadribol! — Gina apareceu ao lado do marido, com o sorriso mais sincero do universo. — Olá, sobrinho, a titia já está com vontade de apertar as suas bochechas! — abaixou-se para ficar da altura da barriga da cunhada. — Acho que você já sabe que será o garotão ou a garotona da tia.
Hermione se emocionou absurdamente com a cena.
— Da madrinha. — foi ela quem falou, com a voz abalada. — Será o garotão ou a garotona da madrinha.
— É sério? — a voz de Gina falhou também ao ver a amiga confirmar com a cabeça. — Oh meu Deus, Hermione! — abraçou-a com força, tirando-a dos braços do irmão.
— Também mereço um abraço do padrinho, não é mesmo? — ela esticou um braço para Harry, recebendo-o também ao som do suspiro de Molly.
— Bem, vocês podem tratar de fazer mais filhos, pois eu quero ser o padrinho de um. — Jorge anunciou emburrado, sentado no sofá com os braços cruzados. — Até parece que eu sou um trasgo que não merece um afilhado.
— Não fale assim Jorge. — Ron sorriu travesso, dentro do abraço da irmã. — Trasgos merecem afilhados. Já você...
— Parem os dois! — Molly se intrometeu e sorriu entre lágrimas. — Teremos mais um Weasley!
— Luna estava certa, afinal. — Gina sussurrou para Ron, que não entendeu. — Nós, os Weasley's, somos mesmo iguais a coelhos!
E, gargalhando, Ron apertou a irmã em um abraço, olhando ao redor e vendo como aquele seria o melhor Natal de sua vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Remendo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.