Remendo escrita por juvsandrade


Capítulo 13
Rosa




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Não existia forma de duas táticas darem errado, ainda mais uma sendo uma tática dos bruxos e outra, dos trouxas. Que, pelo que Hermione pudera ver, eram bem semelhantes. Porém, como ela pensara, a chance de cometer um erro era praticamente nula, não era?

Ela precisou respirar fundo, tragando todo o ar que conseguia obter.

Um pensamento bem bobo passou por sua mente. Rosa nunca fora a sua cor favorita. Nem mesmo quando ela era pequena – se bem que ela fora uma criança precoce, por isso não valia – as roupas rosas das bonecas ou os enfeites para cabelo daquela cor tão "mimada" haviam lhe chamado a atenção. Rosa era a cor que as meninas da sua classe, no primário, usavam dos pés a cabeça. Rosa era a cor que provavelmente Lilá usariatambém dos pés a cabeça. Rosa era uma cor... Que até então, nunca fora agradável para Hermione.

Até então...

... Pois, naquele momento, rosa era a cor mais bonita existente na face da Terra.

— Rosa... — ela sorriu emocionada para o palitinho e para o vidro de poção em sua frente, em cima da pia do banheiro. Ambos estavam daquela cor. — Rosa... — Oh, Merlin! Oh, Merlin! Oh, Merlin! — Rosa... — repetiu mais uma vez, para ver se enfim passava a acreditar.

Sorrindo ainda – e ela se perguntou se conseguiria um dia deixar de sorrir depois daquela notícia -, Hermione levou uma mão a boca, para segurar um soluço e outra ao ventre, acariciando o mesmo por cima da blusa e não contendo algumas lágrimas.

— Seja bem vindo, pequeno Weasley. — ela sussurrou para a própria barriga, rindo de si mesma e balançando a cabeça, ainda sem acreditar: — E fique sabendo que você será muito amado pela mamãe e pelo papai...

O seu sorriso era estupidamente grande. Os maxilares doíam por tamanho exagero, mas, nunca em sua vida, Hermione se sentira tão... Feliz. Era como se a única peça que faltava para completar o significado de sua vida tivesse aparecido, bem debaixo do seu nariz...

Ela seria mãe, Ronald seria pai... Oh, Merlin!

— Ron?

A pronuncia de seu nome foi feita em forma de um sussurro acovardado... O que era estranho, pois a valentia de Hermione não costumava esvair-se para dar espaço ao receio. Devagar, bem devagar, virou-se na cama, abaixando sem querer um pedaço da coberta e deixando a vista o tronco desnudo. Sentiu frio e antes de encarar os olhos castanhos tão bonitos e singulares de Hermione, observou a neve que se divertia ao cobrir a janela e o horizonte. A preguiça de levar as mãos até a beirada da colcha foi maior do que o abrupto tremor que, sem pedir permissão, percorreu por todo o seu corpo, fazendo com que ele se movesse incomodamente para o lado, ainda mais perto de sua esposa. Ron sabia que, aproximando-se de Hermione, poderia se agasalhar com o calor que ela habitualmente exalava.

Após acomodar os fios rubros em uma das pernas dela em uma intimidade adoravelmente conquistada após o casamento, procurou uma das mãos de Hermione para enlaçar com uma das próprias, dando um beijo em cada nó dos dedos encontrado e fechando os olhos, perguntando-se em silêncio se ela deixaria com que ele dormisse mais cinco minutinhos no amparo daquele corpo.

— Rony?

Outra vez o tom alterado; intimidado. Abrindo os olhos para o azul misturar-se com o castanho, Ron sorriu de leve, segurando um bocejo e tentando compreender o que ela queria lhe dizer através do silêncio do olhar.

Todavia, Hermione era inteligente o suficiente para saber que ele não era inteligente o suficiente para saber o que ela gostaria que ele soubesse. Talvez, se ele fosse inteligente como ela, conseguisse saber sem precisar de palavras. Sim, ele decifraria todos os mistérios daquela voz e daquele olhar... Mas, como ele não era tão inteligente como Hermione...

— O que aconteceu?

A boca de sua esposa entreabriu-se uma vez para depois fechar-se. Abriu mais uma vez. E fechou-se outra.

Alguma coisa extraordinária deveria ter ocorrido para roubar de Hermione Granger (Weasley) as palavras, pois Rony sabia que as palavras veneravam-na.

— Hermione, está tudo bem com você? — preocupando-se, Ron se endireitou na cama, apoiando o peso do corpo em um braço e tombando a cabeça para o lado.

Tudo o que Hermione soube fazer naquele instante foi observar a cascata vermelha pendendo para baixo. Os poucos fios de carmesim mesclando-se com as sardas distribuídas pela face alva causavam um bonito contraste, ainda mais quando o azul dos olhos de Ron atenuava a visão.

Talvez fosse por amá-lo tanto que, diante de seus olhos, Ronald Weasley era o homem mais bonito do universo. E também, por amá-lo tanto, implorava para Deus ou para Merlin, que a criança que carregava no ventre tivesse os cabelos, ou os olhos, ou as sardas ou o sorriso do pai. Seria uma criança tão bonita se assim o fosse...

— Hermione, diga o que aconteceu com você, por favor...

— Ron eu... — antes que ela terminasse de dar a notícia, um sorriso enorme – gigantesco – brotou em seus lábios para então as palavras saírem com facilidade: — Eu estou grávida.


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