A Marca escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 18
Diário (Marie)


Notas iniciais do capítulo

AÊÊ!!!!!!
ALELUIA, MANOLOS E MANOLAS!!!
POSTEI ISSO AQUI!
~dança~~festa~~dança~~confete~~serpentina~



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Entrei no box e liguei o chuveiro.

Pensei em como tudo estava acontecendo rápido demais. Há alguns dias uma marca apareceu em meu tornozelo, então eu assisti um bibliotecário infartando, comprei uma passagem para Londres, viajei, conheci uma garota com uma marca igual a minha que me apresentou para um cara que também tinha a marca, ajudei eles dois à descobrir quem era o Pablo que eles procuravam em menos de uma hora e descobri que meu pai na verdade era padrasto e quem era meu verdadeiro pai no momento em que meu verdadeiro pai estava morrendo.

Aí a casa-escritório explodiu.

Desabafei com a garota que eu conhecia há menos de 24 horas como se ela fosse minha amiga de infância, tiramos um dia de folga e essa garota pulou de uma cabine de roda-gigante, fazendo uns guardas pensarem que ela tentou se suicidar, mas na verdade ela estava tentando se salvar do que parecia ser a morte certa, mas era uma alucinação. Aí no dia seguinte fomos para uma igreja em Liverpool, um cara que agiu como se fosse velho amigo da minha família tentou me entregar para um psicótico, aí o psicótico atirou nele e eu fugi com o outro cara, mas voltei para salvar a garota e levei uma facada, acordei no meio do caminho de volta para o hotel, num carro sendo dirigido por uma adolescente que aprendeu a dirigir jogando GTA, mas dirigia bem, aí fui para o quarto do cara e ouvi a triste história do seu passado, transando com ele logo em seguida, como uma ninfomaníaca insensível.

Me senti mal por essa última parte. Talvez essa seja a verdadeira razão para o pequeno probleminha de impotência ocorrido, ele estava abalado por lembrar da morte da irmã.

Terminando o banho de consciência pesada, me vesti com as mesmas roupas do dia anterior.

Saí do banheiro, James estava se levantando.

–Marie? – chamou.

–Oi?

–Foi um pesadelo ou aconteceu?

–O quê?

–A minha desonra. Foi um pesadelo ou aconteceu?

Ri internamente. A maneira como James se sentia mal pelo acontecido no dia anterior era engraçada.

–Aconteceu.

Ele se jogou de novo na cama, de cara no travesseiro.

–Levanta e vai tomar banho pra gente ir falar com a Rebeca.

–Eu não quero falar com a Rebeca! – reclamou como uma criança pirracenta.

–Que pena. A gente vai falar com ela mesmo assim.

–Ah, não! Eu não quero ir! Ela não gosta de mim! Ela me acha fedido.

–Fedidão. – corrigi.

–Viu? É pior ainda!

–Então toma banho pra ela te chamar de “cheirosão”. – falei.

–Tá bom... – concordou, com uma expressão triste.

Depois do banho de James, descemos para o quarto de Rebeca. Bati na porta, ela abriu, falando no telefone com alguém. Fez um sinal com a mão para que entrássemos e fechou a porta.

–É, eu sei, Lucas... – ela disse em alguma língua que julguei ser português – Tá, desculpa! ... Ok, eu prometo que vou te ligar todo... Eu sei que eu já fiz essa promessa! ... Então eu prometo que vou cumprir! ... O quê? Por que não acredita mais em mim? – ela revirou os olhos – Eu estava muito ocupada me recuperando psicologicamente. ... É, me recuperando. Um cara foi assassinado na minha frente, Lucas! ... É, eu sei que é horrível... Ah, fui no olho de Londres para relaxar, mas aí um cara tentou me matar... Ih, é muito complicado, não me faça explicar. ... Não, isso foi antes de ontem. Ontem eu não liguei porque o cara tentou assassinar a Marie, aí eu tive que dirigir o carro e fiquei muito tensa, possivelmente traumatizada. ... Não, eu não bati em todo mundo como eu faço no GTA, ok? ... Marie? É uma francesa que conheci... Não, eu não esqueci de te passar o número da canadense, eu faço isso quando eu voltar... É, eu sei que estou te devendo um motivo para vir para Londres, e eu te conto outro dia, pode ser? ... Não? Ah, foda-se, vou contar outro dia mesmo assim! – então ela desligou o celular.

–Quem era? O tal do Lucas? – perguntei.

–É. Como sabe?

–Tive a impressão de ouvir o nome dele algumas vezes...

–Então, como foi a noite de vocês? – perguntou. Nós nos encaramos, desesperados. Comecei a inventar uma mentira quando Rebeca riu – Eu sei como foi a noite de vocês. Eu ouvi. Aquele casal de velhinhos até reclamou comigo quando me encontraram no elevador... Disseram que eu tinha que “dar um jeito nos meus amigos” e que “aquela sua amiguinha é a mais barulhenta que ele já levou para a cama”. – senti meu rosto ruborizar – e o velhinho disse depois que a velhinha saiu: “não precisa brigar com sua amiga, não. Ela me ajudou a ressuscitar um velho amigo meu.”. Eu não aguentei, assim que me vi longe do senhor, comecei a rir.

Me joguei na cama da Rebeca, com a cara no travesseiro, enquanto James e Rebeca riam.

–Porra! Marie Isabelle Deville, você se superou! Você fez um velhinho de, sei lá!, 60 anos ter uma ereção! – exclamou James, rindo mais alto ainda.

–Pelo menos ele teve uma ereção. – falei. James parou de rir.

–Como assim? – perguntou ela.

–Nem ouse falar. – disse James.

Sorri maliciosa.

–Sabe, Rebeca, é que o James...

–Cala a boca!

–... br... – James tapou minha boca antes que eu pudesse falar.

–Ah, meu Deus! – exclamou Rebeca – Nem precisa terminar de falar, já entendi! – ela começou a rir – Isso me lembra que eu conheci uma pessoa que chamava o Mario Bros. de Otário Broxa...

Comecei a rir. James me soltou.

–Muito engraçado, Rebeca! Mas eu pelo menos... – ele parou.

–Desistiu de se defender? – perguntei.

–Eu não sei como ofendê-la... Eu não sei nada sobre a vida sexual dela... – ele parecia desolado com o fato de não poder ganhar a discussão.

–Você nunca vai conseguir usar minha vida sexual contra mim. – ela disse, sorrindo.

Então ele sorriu.

–Claro que não vou, porque... Você é virgem! Estou certo?

Ela abaixou o olhar, seus olhos se encheram de lágrimas.

–Não... – ela disse.

–O quê?! – perguntei um tanto surpresa e preocupada pelo fato disso fazê-la chorar.

Ela sentou ao meu lado na cama.

–Tecnicamente, perdi a virginidade aos 13 anos... – ela respirou fundo e continuou – Eu estudei num internato por um tempo... E, quando eu fiz treze anos, o diretor de lá... – ela engoliu em seco – Ele... Ele...

–Ele abusou de você...? – perguntei cautelosamente.

Ela só chorou em resposta.

–Me... Me desculpe... Eu... Eu não... Eu não sabia... – disse James.

–Claro que não sabia, é mentira. – ela disse, parando de chorar imediatamente e sorrindo.

Bati nela.

–Isso não teve graça, Rebeca!

–Eu disse que é uma mentira, não uma piada!

James riu. Levantei e cruzei os braços.

–Fale alguma coisa útil antes que eu perca o controle e te bata. – eu disse.

Rebeca me olhou como se eu fosse uma maníaca e disse:

–Bem, eu descobri algumas coisas enquanto vocês dois ficavam de peguete lá em cima.

–Tipo o quê? – perguntei.

–Tipo que o caderno que o Richard deu é em francês e eu queria saber se você poderia traduzi-lo.

–Ok, sem problema. – peguei o caderno em sua mão – E o que vocês dois vão fazer?

–Em primeiro lugar eu vou ficar longe do tarado depravado antes que ele venha pra cima de mim de novo, até porque, agora vocês tão tendo um lance, e...

–A gente não tá “tendo um lance”. – falei, fazendo aspas no ar.

–Não? Mas ontem...

–A gente fez um trato de uma noite. – disse James.

–Hã?

–Um trato de uma noite. – expliquei – Só uma noite. Rolou ontem e nunca mais acontecerá de novo.

–Ai, gente... Eu acho tão... Idiota, isso. – ela disse.

–Sexo sem compromisso? – perguntei.

–Bem, é. Porque, não sei se estou certa, vocês são amigos. Aí vocês, tipo, transam e continuam agindo como se nada acontecesse! Isso não muda as coisas nem um pouco?

James sorriu.

–Rebeca, minha pequena... Você é jovem demais para entender...

–Beleza, não precisava fazer eu me sentir uma criança de seis anos! – reclamou.

–Tem 16, a diferença é mínima, é só um “deze” de dezena na frente.

–Ela tem 16? – perguntou James.

–É. – respondi.

–Pensei que tinha 15... Pô, então ela num é nova pra entender, não, cara! Eu já entendia muito bem com 16.

Ela fez uma careta.

–Continuando... – ela disse – Conheço uma pessoa que sabe sobre a marca, vou falar com ela.

–Posso ir com você? – pediu ele.

–Não. A pessoa está no Brasil e eu vou falar com ela por telefone. Você... Lembra quando você desmaiou no cemitério? – segurei um riso, ele revirou os olhos – Então, volte para lá e tente descobrir quem está enterrado no túmulo sem nome. Talvez seja útil.

–Certo. – ele disse.

Então fui para casa, para poder traduzir o caderno.

Entrei na antiga casa da família. Estar sozinha ali ainda me causava certo arrepio. Ouvi miados constantes. Denise vinha em minha direção.

–Oi, Denise! – exclamei, me abaixando e acariciando a cabeça de minha gata – Desculpe não ter voltado ontem a noite, mamãe teve que passar a noite fora, mas agora ela tá aqui. – joguei o caderno no sofá e peguei Denise no colo – Tá com fome, tá? Vou pegar sua carne. – Fui até a geladeira e peguei um pedaço de carne, já separado, para Denise. Ela tinha alergia à ração, por isso o médico recomendara que comesse carne.

Coloquei a carne crua em um pratinho de plástico e o coloquei no chão. Ela parou de miar e comeu, voltei para a sala e sentei no sofá. Abri o caderno de meu pai e um outro caderno, esse meu, e com uma caneta, passei tudo que estava escrito em francês para o inglês.

Li algumas páginas, onde Richard narrava coisas horríveis que papai, bem, Pablo fizera. Não parecia real. Não devia ser real. Mas era. Algo dentro de mim sabia que era. Então a narrativa mudava de trágica para feliz. Era o dia de meu nascimento, 22 de fevereiro de 1993. Pablo narrava esse trecho - alguns trechos foram escritos pelo próprio Pablo, sendo esses memórias mais detalhadas – dizia o quanto estava feliz pela minha chegada, mas ao mesmo tempo triste pelo que me aguardava.

E então a narrativa trágica toma lugar; Mais sangue. Mais mortes. Até que um outro momento de alegria tomou conta daquele cenário de destruição.

“22 de março de 1994.

Linda, simplesmente linda. Acabei de voltar da casa de Dominique. Marie está crescendo linda. Hoje ela fez exatamente um ano e um mês. Já anda e até fala algumas coisas. Ela anda progredindo na pronúncia de meu nome completo, agora me chama de Pablo Pierre...

Hoje no jantar ela me chamou de papai. Dominique logo me expulsou de lá. Ela sabia que era perigoso para Marie que ela crescesse sabendo que eu era seu pai. Não sabia porque, mas sabia. Acredito que seja instinto maternal.

Enfim, Dominique me fez ir embora, fazendo-me prometer que eu os visitaria com menos frequência.

Acabei de falar com Hugo. Sei que ele é apaixonado por Domi. Ele a ama, na verdade. Influenciei-o que tentasse algo com ela. Logicamente, Hugo estranhou isso. Afinal, eu o estava influenciando a sair com a mãe de minha filha... Mas era pela segurança delas. Era tudo pela segurança delas.

Katherine veio me visitar hoje, quando voltei para casa, e perguntou quem eram essas pessoas que eu tanto visitava. Tive que mentir. Disse-lhe que eram meus clientes. E quando ela perguntou se podia matá-los, respondi que não, afinal, eram eles que me davam dinheiro.

“Você anda ficando muito humano, Pablito.” – ela me disse.

“Eu sou humano, Kath. E você também, não se esqueça.” – foi o que respondi.

Ela apenas riu e disse:

“És um tolo, Pablito. Humanos são seres medíocres e fracos. Meros mortais. Nunca. Nunca me iguale a tais novamente. – ela respirou fundo – Cuidado, querido. Toma muito cuidado. Sabes que se continuar nessa serás morto. Estás tornando-te humano. Quando Charles e Victor descobrirem que paraste de matar, hão de se aproveitar disso. Viste o que aconteceste com Annabeth.”

“Annabeth teve filhos, e herdeiros poderiam tirar-nos do poder, o que sei que Charles reprovaria. Tanto que a mando dele busco por sua filha. Eu não o faria, não cometeria o erro de Anna, sabes disso. Respeito Charles acima de tudo, assim como respeitei Annabeth. Devo o que sou a eles, certo?”

“Certo.”

“Agora, se me der licença, preciso desse tempo para mim.”

“Tudo bem, Pablito.”

Antes que saísse, a chamei e disse “Ah e, Katherine. Por mais que te adore, não me chame mais de Pablito.”, ela sorriu e saiu.

Temo que descubram sobre Marie, ou sobre meu amor por Domi. Sei que as matariam se soubessem. Assim como fizeram com Annabeth.”

Sequei as lágrimas em meus olhos e respirei fundo. Rebeca estava certa. Nunca soube que Pablo era meu pai por um bom motivo; Pela minha segurança.

Continuei lendo e traduzindo tal caderno. Descobri muitas coisas, o suficiente para criar uma ideia do que a marca era. E também descobri como ter certeza; Com quem falar e onde encontrar a pessoa.

Por instinto, anotei o nome e o endereço da pessoa em uma folha separada. Já havia terminado de traduzir o caderno, que não estava mais ao meu lado no sofá. Talvez o tivesse derrubado e o chutado para baixo do sofá. Só não sabia onde estava.

Então ouvi um barulho. Fiquei imóvel para tentar escutar melhor, e ouvi uma voz feminina atrás de mim.

–Não precisava se dar o trabalho de traduzir, mas obrigada.



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Notas finais do capítulo

e aê?!
Ficou bom?
Ficou ruim?
Ficou foda?
Ficou uma merda?
ME DIGAAAAAM!!!!!! por favor, hihi ^u^