Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 9
Amor de perdição


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas bonitas! Desculpem-me a demora para postar! A faculdade e o estágio me deixaram com pouco tempo para escrever, mas aqui estou eu. Aproveitem!^^



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Capítulo 9: Amor de perdição

Isabella Swan POV

      Outubro estava quase chegando ao fim e a neve começava a cair mais cedo do que o normal, fazendo muito frio. As tarefas domésticas só aumentavam e todas as noites, eu ia dormir extremamente exausta. A rotina em Hertford só piorou quando em um dia de faxina geral na residência dos Cullen, minha mãe deixou de falar comigo. Isso tudo por que ela acabou descobrindo os livros que Edward havia me dado.

      Havia entrado no meu quartinho antes de voltar aos meus afazeres, quando vi Renée de frente para o meu armário, com alguns livros nas mãos.

-Onde arrumou tudo isso? – perguntou, referindo-se aos livros.

-Eu comprei num sebo, mãe. Não vê que são velhos pela capa? – respondi. Esperava que ela acreditasse nisso de verdade - E para de mexer nas minhas coisas! Será que não posso ter um pingo de privacidade aqui?

-Poder, pode. Mas antes disso, eu só queria saber de quem são as iniciais EAM que estão na contracapa desse livro?

-Ora, de quem são as iniciais, mãe? É lógico que são as iniciais do antigo dono! – bufei. Por que ela não para de fazer pergunta e esquece logo isso?

-É mesmo? Eu estava dando uma lida nesse livro aqui e vi que há dedicatórias endereçadas a você. Agora me fala, Isabella, você conhecia o dono?

       Droga! Eu devia ter me lembrado das dedicatórias! Devia ter dado um jeito de apagar todas! Mas como eu sou burra! Burra! Burra! Burra!

-Mãe, outra hora nós conversamos sobre isso... Eu tenho que arrumar o closet da Rosalie! – disse tentando sair do quarto, mas Renée me impediu.

-O closet da Rosalie pode esperar Isabella. Diz-me quem é EAM?

-Mãe, a senhora sabe como Rosalie é... Não posso me atrasar mais!

-Vai me dizer quem é ou não? – perguntou furiosa.

-As iniciais são de Edward Masen, mãe. – respondi, sem encará-la.

-O filho daquela amiga da baronesa! Eu já devia saber! O modo como vocês se olharam no brunch e nas outras vezes que ele veio aqui! Como não pude perceber antes? Eu devia saber! Então quer dizer que você o via escondida?

-Sim.

-Há quanto tempo?

-Faz tempo, eu não sei...

-Meu Deus! Isso não pode acontecer! Isabella, você não vê que isso é uma loucura? Você e esse homem juntos?! Não vê que há diferenças entre vocês e mesmo assim, seguiu adiante? – comentou. A aflição estampada em seu rosto.

-Eu não me importo e ele também não! Eu gosto dele e eu sei que ele também sente o mesmo. – afirmei. Ela não precisava saber a verdade... Além do mais, eu sentia que ele estava começando a nutrir o mesmo sentimento por mim. Eu o ouvi dizer que gostava, então era uma meia-verdade.

-Não acredito que você crê nas baboseiras que ele te diz? Esse homem só deve estar se divertindo às suas custas! – Renée balançou a cabeça em desaprovação - Acha mesmo que ele gosta de você como diz?

-Não é verdade! Mãe, a senhora não o conhece! Edward é diferente dos outros! – eu já sentia os olhos arderem; as lágrimas correndo pelo meu rosto...

-Não, Isabella! São todos iguais! Edward Masen não pode ter milhões em sua conta bancária como os nossos patrões, mas eu lhe digo uma coisa: uma vez rico sempre rico!

-Mãe...

-Eu vou voltar para o meu serviço. Tem vários quartos para limpar ainda. – disse indo em direção à porta.

     Naquele mesmo dia, à noite, Renée, tentou falar comigo enquanto eu me deitava na cama.

-Isabella... Desculpe-me por ter falado daquele jeito, mas era necessário. Sabe que falo isso para o teu próprio bem.

-Mãe, eu não quero saber! A senhora não conhece nada dele! Edward não é nada do que a senhora pensa! – disse já deitada na cama, com o rosto virado para a parede. Eu não tinha a menor vontade de vê-la.

-Se é assim... Não diga que não avisei. – falou indo se deitar em sua cama.

      Desde então, eu não tenho falado direito com a minha mãe. Renée se levantava bem cedo para trabalhar e quase não a via pela casa. Isso tem sido um tormento! Nunca tinha ficado desse jeito com ela! Eu só queria que ela entendesse a minha situação, não fizesse isso...

[...]

     Estava indo para a copa quando ouvi um burburinho das outras empregadas. Não entendi muito bem o que era então fui saber o que elas tanto conversavam. Ao que parecia, as outras empregadas estavam rodeando Leah, que tinha os olhos fixos em uma revista.

-Ela é uma safada! Eu sempre soube! De moça recatada, ela só tem a cara! – dizia Leah, apontando para a revista em cima da mesa – Safada! É uma sonsa, isso sim!

-De quem vocês tanto falam? – perguntei, aproximando-me delas.

-Veja e vai saber! – disse outra empregada que tirou a revista das mãos de Leah, que reclamava: “Hey, devolve a minha revista!”.

        Peguei a revista e os vi. Edward e Rosalie juntos?! Edward e Rosalie juntos, saindo de um hotel! As fotos na revista denunciavam tudo, mas eu custava a acreditar! Não queria acreditar! Edward e Rosalie juntos? Ele me enganou... Não podia ser...

         Renée entrou na copa e reclamou:

-O que tanto conversam? Por que não voltam aos seus trabalhos? Há muita coisa para fazermos hoje!

-Renée, esse escândalo é bem mais interessante! – comentou Sue, outra empregada – Com licença, Isabella – disse tirando a revista das minhas mãos.

      Minha mãe olhou para a revista e para mim. Ela viu o quanto eu estava abalada com a notícia: estava trêmula, prestes a chorar. Parecia até dizer para mim: “Se as outras perceberem vão perguntar”. Mas eu ainda não acreditava que isso estava acontecendo! Isso não pode ser verdade.

-Deveriam voltar ao trabalho ao invés de perderem tempo com essa bobagem. Além disso, a vida de lady Rosalie não é da nossa conta.

-Eu sei que não, mas só quero ver a reação dos barões quando souberem que a filha não é tão santa assim! – comentou Leah – Safada! Ainda mais com esse pé-rapado!

-Leah pense bem no que diz: esse Edward Masen está em melhores condições do que nós e você o chama de pé-rapado? – perguntou Sue.

-Comparado aos barões, ele é um pé-rapado... Esqueceu que a família dele perdeu tudo?

-Mas enquanto nós andamos que nem atum enlatado no metrô, ele tem um Volvo.

     As duas empregadas continuaram a discussão e eu nem prestava atenção no que elas falavam. O que eu ia fazer? Edward me enganou, tinha de fazer algo e rápido!

-Voltem ao trabalho! Daqui a pouco, Maggie aparece aqui, reclamando.

        Renée saiu da copa e as empregadas voltavam as suas tarefas.

-Leah! – chamei.

     Indiquei a ela que fôssemos conversar lá fora.

-Sim, Isabella?

-Pode me fazer um favor? – perguntei em um tom baixo e olhando para os lados, com medo de alguém aparecer.

-Depende...

-Não é nada demais, só preciso que você me cubra para que eu possa resolver umas coisas na cidade.

-Isabella, isso eu não posso fazer... – disse ela, angustiada – Eu não consigo mentir! O que você vai fazer?

-Não posso dizer agora, Leah, mas, por favor... Faz isso por mim? – pedi, com os olhos suplicantes.

-E se a Maggie ou a sua mãe descobrirem?

-Não vão descobrir; eu volto logo.

-Certeza?

-Confie em mim. Ninguém vai perceber.

-Assim espero!

-Obrigada mesmo, Leah! – disse abraçando-a.

-Vai logo, Isabella!

            Corri até o meu quartinho para tirar o uniforme e trocar de roupa rapidamente, colocando a parka verde-bandeira e o cachecol. Saí pelo portão dos fundos e corri para pegar o metrô na Hertford East Rain. Na banca de revistas da estação, não havia somente a revista que Leah tinha comprado, mas várias publicações. Comprei uma delas e esperei o metrô que iria rumo a Berkshire.

           Quando cheguei ao condomínio em que Edward morava, fui subindo as escadas às pressas; estava ofegando quando toquei a campainha pela primeira vez. Toquei-a pela segunda vez e Edward não aparecia. Logo fiquei impaciente e toquei a campainha várias vezes, sem parar. Eu queria resolver isso tudo de uma vez! Depois de tanto esperar, ouvi a voz de Edward, dizendo que já estava vindo e abrindo a porta. No momento em que vi Edward, pensei em mudar o que iria fazer, mas acabei me lembrando do que minha mãe disse: “Esse homem só deve estar se divertindo às suas custas! Acha mesmo que ele gosta de você como diz?”. Não resisti e dei um soco que o acertou na altura do peito. Nós dois gritamos de dor!

-Ai, minha mão! – disse, massageando-a. Não posso deixar de dizer que isso doeu mais em mim do que nele!

     Vi Edward horrorizado com a minha atitude, afastando-se para dentro do apartamento, mas isso não me impediu de continuar adiante.

-Seu desgraçado! Você me enganou! Com tanta mulher no mundo, foi me trair justo com ela! – eu berrava, dando “revistadas” nele – Eu sou muito burra mesmo! Uma idiota! Uma cega por não ter percebido antes! Aposto que vocês dois se divertiam às minhas custas, não é? Eu devia lhe meter um par de chifres para deixar de ser tão otária!

-Isabella, para com isso, por favor! O que está acontecendo?! – dizia Edward, tentando desvencilhar-se. E ainda fingia não saber de nada... Isso me dava mais vontade de socar a cara dele!

-Vai me dizer que não sabe de nada?! Talvez isso diga alguma coisa para você! – joguei a revista nele.

-Ah... Você viu... – disse encarando a revista nas mãos – Eu já deveria esperar por isso.

-Sim, eu vi! Agora me diz: justo a Rosalie, Edward! - não me contive outra vez e comecei a bater nele, dando tapas – Eu sempre desconfiei de tudo, até daquela sua amiga, a Victoria, mas como pude ser tão estúpida?! Nunca percebi que você me enganava com uma mulher que sempre se passou por minha amiga!

-Isabella, para! Essa história está mal contada! Deixa-me explicar! Se conversarmos direito... – disse, segurando-me pelos pulsos.

-Não! – gritei, empurrando-o – Eu não preciso de suas explicações! Você mentiu para mim! Você disse... Aliás, você nunca disse que gostava de mim!

-Mas Isabella, eu gosto muito de você. Eu te amo!

-Não! Não me venha com uma mentira dessas que eu não vou acreditar mais! – disse dando-lhe um tapa no rosto. Edward até fez uma careta, quando passou a mão no rosto para aliviar a dor – Eu achei que você fosse diferente dos outros... Diferente de todos os outros garotos em que acreditei ter um pouco de felicidade, mas não. Rosalie veio e você fez o que os outros fizeram...  Ficou com ela por que é mais bonita, bem mais rica do que eu...

-Isabella, não é bem assim... Tente entender... Rosalie foi um erro... – Edward tentou me abraçar.

-Para! Para com isso!!! – disse, socando o braço dele repetidas vezes.

         Senti um nó se formar na garganta e me sufocar; tentei conter as lágrimas que insistiam em rolar pelo meu rosto, copiosas, totalmente em vão. Edward se arriscava a se aproximar de mim, mas eu acabei me afastando...

-Eu me entreguei de corpo e alma a você, Edward... – a voz saía estrangulada – Eu me apaixonei por você... De verdade... É o primeiro homem que amei demais... Eu acreditei em você... E em troca eu recebo isto, esta traição?

-Isabella, por favor... – pedia com calma – Me dá um momento para falar...

-Não precisa confirmar o que já sei que você fez... – enxuguei as lágrimas com as costas das mãos – Eu preciso ir embora daqui... Eu não quero mais te ver... Nunca mais.

       Eu já estava indo até a porta quando senti algo me envolvendo: era Edward me abraçando.

-Espera... Não vai...

-Não, Edward, me solta! – tentei me desvencilhar, mas ele era mais forte.

-Por favor... Não vai... – disse, girando-me para ficar de frente para ele.

-Já disse para me soltar!

       Edward colou o seu corpo no meu, causando-me um arrepio. Droga! Tudo o que eu não queria que acontecesse, estava acontecendo.

-Edward, eu tenho que ir! Me solta!

       Eu tentava me livrar das mãos dele, mas Edward foi mais rápido e me beijou com urgência. Parecia até que havia tempos que nós não ficávamos juntos.

-Eu quero você, Bella... – dizia, beijando o meu pescoço.

       Por mais que eu tentasse demonstrar que não queria aquilo, meu corpo insistia em reagir aos beijos e às mãos de Edward que me tocavam vorazmente. A todo custo, eu tentava fugir de Edward, socando-o ainda mais, mas ele segurava os meus pulsos com mais força. Antes que eu tivesse ideia do que iria acontecer, o homem de cabelos acobreados me abraçou mais, ainda me beijando, fazendo com que eu sentisse seu membro rígido roçar nas minhas coxas. Por um momento, Edward interrompeu o beijo e me olhou nos olhos, com a respiração ofegante e disse:

-Eu não deveria ter visto isso tão tarde... Não vê que é só você quem eu quero? Eu gosto demais de você, Isabella... Eu te amo...

      Edward estaria dizendo a verdade? Ou seria mais uma mentira dele para me enganar?

-Deixe-me demonstrar isso... – suplicou.

-Edward, para... Eu não quero isso...

-Nem sabe mentir... – dizia ao retirar a minha parka e jogá-la longe – Como você me diz que não quer uma coisa se o seu corpo demonstra outra? – perguntou, beijando o meu pescoço nu.

    Droga! A quem eu queria enganar quando falei aquilo?

-Vem... – disse, guiando-me ao sofá.

    Empurrei-o para o sofá e me sentei em seu colo, tirando a blusa que eu usava e o beijei com fúria, mordendo seu lábio inferior. Eu estava com raiva ainda, mas o queria tanto... É claro que eu iria me arrepender depois.

[...]

       Estávamos deitados no tapete, exaustos, olhando para o nada, quando me levantei para vestir as minhas roupas. Eu me sentia tão envergonhada, era incrível a influência de Edward sobre mim: em um instante, eu dizia que não queria vê-lo mais e no outro, estava transando com ele de um jeito que nunca tinha feito. Como eu era uma tola...

-Aonde vai? – perguntou confuso.

-Para casa. – respondi vestindo a calcinha – Eu não devia ter feito isso com você. Acha mesmo que, com isso, tudo voltará a ser como antes?

-Por favor, Bella, eu sei que errei...

-Mais uma vez você diz isso... – disse, cruzando os braços.

-Bella, por favor, eu sei que errei... Novamente... – dizia, segurando levemente os meus braços – Mas eu não quero mais isso. Eu só quero ficar com você. Eu juro. Não vê isso?

-Não! Eu não acredito mais nisso! – respondi sem olhar no rosto dele – Eu juro que vou fazer de tudo para ficarmos juntos!

-Por que diz isso? – perguntei, sem ânimo.

-Por que aquilo que fiz com você foi um erro, mas estou disposto a consertar.

-Tem certeza? Como vai fazer isso?

-Sinceramente eu não sei Bella. – respondeu, abraçando-me – Só sei que eu vou resolver nossas vidas.

-Edward, como vai fazer isso? Diz-me!

-Eu não sei ainda... Mas me dê alguns dias... Aí eu resolvo todos esses entraves e ficamos juntos.

-Você fala sério? Por que se estiver mentindo... – ameacei apontando o indicador em seu rosto.

-Não estou mentindo, Bella. Se eu digo que vou dar um jeito no nosso problema, é por que isso vai acontecer. Só me dê alguns dias. Eu aviso quando tiver tudo resolvido.

-Certeza?

-Mas é claro. Eu prometo. – afirmou convicto.

      Eu ainda não estava completamente crente que Edward me dizia a verdade, mas se ele me garantiu que iria resolver isso, por que não?

[...]

     Cheguei a Hertford mais tarde do que eu havia previsto. Bem mais tarde. Antes de ir para o quartinho, Leah apareceu na minha frente, depois de vir correndo da casa principal.

-Isabella! Sua mãe deu por sua falta e...

-Não precisa me dizer mais nada, eu já entendi Leah!

-Me desculpe Isabella...

-Não, está tudo bem. Obrigada mesmo, Leah. – disse, segurando suas mãos.

     Entrei no quartinho e vi minha mãe sentada na cama, me encarando.

-Eu posso saber onde você estava? – perguntou.

-Com Edward. – respondi. Passei um tempo pensando se responderia ou não à pergunta de minha mãe. Mas acredito que ela já sabia, só precisava confirmar.

-Foi o que pensei! O que ainda foi fazer se encontrando com este homem se já tinha visto que ele se relacionava com Rosalie além de você?

-Fui conversar com ele, resolver este problema! – me aproximei dela.

-E ainda acredita nas coisas que ele te diz, Isabella? Deixa de ser ingênua, garota! Acha mesmo que ele vai deixar Rosalie para ficar com você?

-Ele me garantiu. Edward me prometeu! Ele vai dar um jeito, mãe! – disse, ajoelhando-me na frente dela.

-Você é uma pessoa boa, Isabella. O seu único defeito é acreditar demais nas pessoas. Deveria não ter mais contato com este Edward! Não vê isso?

-Mãe, me deixa tentar! Edward me garantiu que iriamos ficar juntos! Eu quero acreditar nisso! Se isso não der certo, me deixa quebrar a cara!

      Minha mãe saiu do quarto, deixando-me só. Ela não entendia isso. Eu não acreditava completamente na promessa de Edward, mas se este me garantiu que era verdade, por que eu não poderia ver se isso aconteceria realmente?

       Os dias correram rapidamente e não havia visto Rosalie. Ela ainda se encontrava viajando com Alice. Melhor assim; eu não sabia como encará-la depois do que ela me fez. Edward sempre falava comigo por mensagens de texto no celular: a única maneira de nos falarmos sem que ninguém soubesse. Mas a minha mãe já sabia de tudo mesmo, eu queria ouvir a voz dele mais vezes. E eu ainda continuava sem falar direito com Renée. Não gostava disso. Eu me sentia tão só quando ela não conversava mais comigo à noite... Eu só queria que ficasse tudo bem entre nós.

      Em um dia quando eu menos esperava, Edward me mandou a seguinte mensagem:

“Venha me ver hoje no Hyde Park no mesmo horário de sempre. Quero estar contigo depois de resolver tudo.”

        Edward pirou! Só pode! Não tinha a menor condição de nos vermos hoje, logo quando estou trabalhando!

-Edward, mas que história é essa de nos encontrarmos? Sabe que não posso sair hoje! – perguntei, fechando a porta quando liguei para ele. E se alguém me pegasse no flagra? Ainda mais no escritório do meu patrão?

-Eu sei, mas temos que nos ver hoje. Por favor, Isabella, eu quero te ver... Eu prometo que hoje resolvo tudo. – o seu tom de voz era suplicante.

-Tem certeza? Eu não posso sair daqui hoje! Isso é impossível! Minha mãe e a Maggie estão me vigiando sempre!

-Ah, droga! Não será a mesma coisa, mas... Eu te ligo quando concluir isso. Podemos nos ver quando você estiver de folga.

-Tudo bem... – consenti triste.

-Eu prometo que vai ficar tudo bem entre nós. Confie em mim. Eu te amo.

-Eu também... – foi somente o que consegui dizer e desliguei o celular.

     Não! Depois do que Edward me disse, não poderia ficar sem vê-lo. Não mesmo! Liguei para ele novamente e disse:

-Me diz a hora que eu devo estar no parque. Eu invento algo para despistar todo mundo aqui.

[...]

     Havia acabado de tomar um banho quente e estava procurando roupas para o meu encontro com Edward no Hyde Park. De repente, Renée apareceu na porta do quartinho dizendo:

-Ainda bem que você está trocando de roupa. Para onde vai?

-Eu... Eu... Eu vou... – eu precisava dizer, mas não saía palavra nenhuma.

-Esme pediu para nós buscarmos alguns tecidos para ela em Londres. – minha mãe se adiantou - Vamos logo!

-Mas mãe, eu...

-Nada de mas Isabella! Você vai comigo para me ajudar a carregar as caixas. – dizia andando pelo quarto e procurando roupas para vestir – Esme acabou de chegar e quer esses tecidos para ontem!

        Droga! Isso acabou com todos os meus planos de ver Edward. E agora? Teria de dar um jeito!

-Arrume-se logo, Isabella! – gritou Renée, fazendo-me assustar – Joshua já está nos esperando! Eu não sei por que essa mulher ainda quer mais vestidos! Quem me dera poder usar dos vestidos de seda que a baronesa usa.

-Tá, mãe... Eu já estou indo!

       Nós nos arrumamos e entramos no carro junto com Joshua, o velho motorista da família. No caminho a Londres, eu olhava meu celular de instante em instante para checar se Edward havia me mandado alguma mensagem. Quando eu não fazia isso, eu pensava em métodos de como despistar a minha mãe e o motorista.

-Quando chegarmos à loja, não saia das minhas vistas, está me entendendo? – pediu Renée. Parece até que ela sabia o que eu estava pensando em fazer.

        Minutos depois, minha mãe estava na loja vendo a atendente colocar os tecidos em duas caixas grandes, enquanto eu ia para um canto ligar para Edward. Ao invés de falar com ele, só ouvi a mensagem dizendo assim: “Este número está desligado ou fora da área de serviço”. Mandei várias mensagens de voz, avisando a ele que já estava em Londres, mas não obtive nenhuma resposta. O que eu iria fazer?

          Enquanto minha mãe se distraía vendo os tecidos, saí de fininho pela porta da loja e corri. Ainda pude ouvir Joshua perguntar para onde eu ia, mas nem dei importância. Poucos minutos depois, ouvi minha mãe atrás de mim, gritando e pedindo para eu voltar. Eu iria atrás de Edward e ela não iria me impedir. No entanto, algo me fez parar. Ouvi minha mãe gritar mais uma vez, mas ela não estava me chamando; era um grito de horror. Parecia que as coisas estavam se movendo lentamente, como em um filme. Virei-me para ver o que era e vi o que não queria ver: minha mãe caída no chão, os tecidos de seda caindo sobre o seu corpo, manchando-se de sangue e um homem saindo de um carro, aflito. Meu Deus!

-Mãe! – gritava enquanto corria desesperada para perto dela – Mãe! Mãe! Mãe!

          Ajoelhei-me junto a Renée, chorando, chamando por ela. O homem que havia avançado o sinal e atropelado minha mãe, estava do meu lado, dizendo que iria ficar tudo bem e que já havia chamado a ambulância. Com certeza dizia isso para ter a pena atenuada. Uma multidão havia se juntado na rua somente para ver o acontecido.

-Mãe, me perdoa... Perdoa-me... Eu não queria que isso acontecesse... – dizia, chorando e segurando as mãos dela – Não se mexe, por favor...

          Renée olhava para mim com seus olhos verdes, tentando falar algo.  Eu continuava chorando, desesperada enquanto minha mãe era colocada na ambulância.

-Eu vou avisar aos Cullen o que aconteceu. – dizia Joshua – Não se preocupe, Isabella. Eu fico com vocês no hospital.

        Assenti com a cabeça e vi a porta da ambulância se fechando. Só depois vim perceber que havia perdido o meu celular sabe-se lá onde. Com o que estava acontecendo, isso era o de menos.

[...]

        Já se fazia três dias que minha mãe havia falecido. Depois de ficar quase dois dias em um hospital particular (Todas as despesas foram pagas. Pelo menos isso os barões fizeram questão de pagar) com Renée, pedindo a Deus que sobrevivesse, ela teve uma considerável melhora em seu estado de saúde e pude pedir perdão pelo acontecido.

-Mãe, ainda bem que a senhora acordou... – dizia, segurando as suas mãos. Eu não conseguia parar de chorar – Por favor, me perdoa. Eu juro que não queria que isso acontecesse.

-Eu sei Isabella... Está tudo bem, minha querida... Não precisa se desculpar... – disse alisando os meus cabelos e sorrindo.

-Aquilo tudo foi um erro. – não quis mencionar o nome dele - Eu devia ter ouvido à senhora. Se eu tivesse seguido seus conselhos, isso não estaria acontecendo. Nada disso estaria acontecendo.

-Isabella... Está tudo bem agora...

-Eu só queria que as coisas voltassem a ser o que eram... – afirmei, soluçando. Sentia que algo de ruim estava para acontecer, só não sabia o que era, mas sentia um aperto no coração.

-As águas de um rio não são as mesmas sempre, Isabella. Acredito que vai ficar tudo bem com você...

-Mãe, que conversa é essa? A senhora está estranha...

-Que nada. Nunca me senti tão bem antes. Venha cá, deixe-me dar um abraço em você.

        Fazia tempo que eu não ficava abraçada a minha mãe, como fazia quando era criança. Por horas, fiquei deitada na cama de hospital junto com a minha mãe, abraçada a ela. Estava tão bom que acabei adormecendo.

       Não pude precisar a hora certa, já era noite. Acordei sentindo a temperatura da minha mãe mais fria que a normal e apertei a campainha que havia no quarto para chamar o médico responsável. Não podia ser o que eu estava pensando... Eu estava impaciente e saí do quarto, correndo pelos corredores, atrás do doutor Johnson.

-Doutor! Doutor! – agarrei as mangas do jaleco dele -  A minha mãe... Eu não sei o que aconteceu... Por favor, venha olhar a minha mãe!

-Isabella, tenha calma! Vou para lá agora.

       O médico chamou a enfermeira que cuidava de Renée e entramos no quarto. O doutor Johnson continuava a examinar Renée juntamente com a enfermeira que eu havia chamado. Os dois se encararam e o médico balançou a cabeça, em negativa.

-Eu sinto muito, Isabella... – respondeu.

-Não! – gritei.

-Isabella, se puder se acalmar... – pedia a enfermeira, me segurando.

-Calma o caramba! – eu tentava me soltar.

-Isabella, por favor... – dizia o médico – Tenha calma...

-É a minha mãe, doutor... – afirmei, desabando em lágrimas – É a minha mãe... Eu só tinha a ela e ela a mim...

-Eu realmente lamento a sua perda, Isabella... – disse doutor Johnson – Nós fizemos de tudo.

    Eu não consegui falar mais nada. Voltei para a maca onde Renée estava e chorei mais uma vez sobre o corpo de minha mãe. Ela não podia fazer isso comigo, não podia me deixar...

[...]

     Após a morte da minha mãe, passei a ter pesadelos com ela e com meu pai, que só o reconheci por conta de uma foto antiga. Na maioria das vezes, eu via e conversava com meus pais e eles simplesmente desapareciam, me deixando sozinha. Eu acordava chorando, com o coração batendo acelerado. Eu olhava para a cama de Renée ao lado da minha e sentia um vazio tão profundo, que me deixava sem forças para fazer nada, sequer voltar ao trabalho. Leah, a única amiga que me restou aqui em Hertford, aparecia quase todas as horas em meu quarto perguntando se eu estava bem ou se tinha fome. Mas eu não tinha ânimo para nada... Eu só queria a minha mãe de volta... A minha melhor amiga, o meu porto seguro... Com tudo o que estava acontecendo comigo em tão pouco tempo, eu me sentia em um deserto, sem rumo algum, sem ter ideia do que fazer... Mas eu tinha a certeza de uma coisa: não iria continuar nessa casa mais nenhum dia.

-Bom dia. – disse a todos os outros empregados quando cheguei à copa.

      Todos me cumprimentaram de forma gentil e Leah me chamou para fora da copa para conversar com ela em particular.

-Está tudo bem com você? – perguntou.

-Estou indo, Leah... Obrigada por se preocupar.

-Tem certeza de que quer voltar mesmo a trabalhar?

       Os barões, após o enterro de Renée que também foi pago por eles, me permitiram tirar alguns dias de folga até que eu me sentisse bem.

-Mas é claro... Estar sem a minha mãe por perto é ruim, mas ficar depressiva só torna as coisas piores.

-Se você acha que é melhor assim...

       Leah e eu voltamos à copa e a senhora Margaret começou a sua inspeção matinal. Por mais que Maggie tenha sido cortês comigo no dia do funeral de minha mãe, ela continuava intragável. Nem me importaria se ela dissesse que os meus sapatos estão sujos ou o meu uniforme desalinhado.

-Como todos já devem saber, hoje teremos uma comemoração nesta casa. Quero que todos preparem tudo para o jantar de noivado de lady Rosalie com Edward Masen.

     Mas o quê?! Edward iria mesmo se casar com Rosalie? Era isso que ele iria me dizer naquele dia? Dizer que havia escolhido Rosalie? Cachorro, miserável, desgraçado! Eu passei por tudo aquilo achando que ele iria ficar comigo! Bem que a minha mãe estava certa! Sempre esteve! Mas quão ingênua eu sou... Aquele traidor me paga!

-Vamos logo ao trabalho que temos muito a fazer hoje! – continuou Margaret, fazendo-me despertar do choque.

-Você está bem, Isabella? – perguntou Leah.

-Não é nada, Leah. Estou bem.

     Eu ainda estava abalada com a notícia. Como fui tola em acreditar que Edward ficaria comigo... É melhor voltar ao trabalho e não encher a mente de besteiras como essa.

      Passei a tarde toda arrumando os cômodos da residência dos Cullen com os outros empregados. Ao que parece, Rosalie saiu com a mãe a uma clínica de estética se preparar para o jantar. Eu não queria encará-la depois de tudo o que aconteceu, eu daria um jeito de ficar na copa, quieta durante o jantar.

       Mas os meus planos de ficar somente na cozinha enquanto acontecia o jantar foram por água abaixo; Margaret me ordenou servir os canapés aos convidados. Tentei dizer a ela que não me sentia muito bem e que preferia arrumar as bandejas a andar demais pela casa servindo. Porém, ela sequer deu importância para o que eu disse me mandou servir os convidados.

       Fui andando lentamente com a bandeja nas minhas duas mãos trêmulas até o salão de visitas da residência onde estavam todos os convidados. Quando entrei no cômodo, vi alguns convidados desconhecidos para mim e outros que acabei reconhecendo como a família McCarthy, Alice que me viu entrando e me encarava com pesar e sua família, a mãe e as irmãs de Edward Masen, o barão Cullen ao lado da esposa Esme, que segurava uma taça de champanhe, sorridente e os protagonistas da festa: Edward e Rosalie, ainda belíssima com um vestido azul e sapatos vermelhos. Edward Masen colocava no dedo anelar direito de Rosalie, um anel de noivado prateado com uma grande pedra de diamante incrustada e dizia que a amava intensamente e outras bobagens mais; parecia que já estavam se casando. E eu, olhando a ceninha ridícula, feito uma idiota... Não queria mais ficar ali olhando todas aquelas pessoas aplaudindo a felicidade do casal: iria dar um jeito de sair do salão de fininho e não voltar mais. Maggie que me entendesse!

       Mas parece que tudo estava conspirando contra mim: Edward me viu e não consegui sair do canto. Aliás, eu continuava parada no mesmo no lugar feito uma estátua, com a bandeja pesada nas mãos. Edward me olhava e parecia me dizer algo, no entanto, lancei um olhar de desprezo a ele e preparei para sair do salão. Ninguém estava percebendo mesmo! Rosalie entretinha os barões, a família de Masen e os outros convidados com o bonito anel de noivado que, com certeza, estaria largo no seu dedo. Eu já estava saindo do salão quando um barulho de alguma coisa quebrando despertou a minha atenção: cacos de cristal caíam no chão perto de onde Emmett McCarthy estava e os outros convidados se viraram para ver o que havia acontecido.

-Mas o que foi isso? – perguntou a baronesa Elizabeth.

        Vi Emmett andar por entre os outros convidados com os punhos cerrados indo para a direção de Edward, que procurava saber o que acontecia.

-Isso não vale a pena, McCarthy... – falei para mim mesma.

       Para que ninguém percebesse o que ele iria fazer, derrubei propositadamente a bandeja com os canapés no chão. Todos olharam para mim, horrorizados, até mesmo Rosalie, que só dava atenção para o seu anel de noivado.

-Isabella, está tudo bem? O que houve? – perguntou Esme.

-Desculpe-me, senhora baronesa... – respondi, saindo do salão.

        Corri pelos corredores da residência dos Cullen até a copa. Lá acabei me esbarrando em Maggie, que me encarava furiosa.

-O que aconteceu que você não está servindo os canapés? – inquiriu.

-Eu disse que era melhor ter ficado aqui na cozinha, arrumando as bandejas! – respondi a ela do mesmo jeito que me perguntou – Mas não. A senhora insistiu em me mandar servir. Eu falei várias vezes que não daria certo! Sabe que eu ainda não tenho cabeça para enfrentar esse tipo de coisa!

      Afastei-me dela enquanto as outras empregadas olhavam tudo, chocadas. Estava saindo da copa quando Maggie perguntou:

-Onde pensa que vai? Eu não a liberei para sair!

    Continuei andando e não dei a mínima para o que Maggie falava. Parece que ela sabia o que iria acontecer e mandou para o olho do furacão só para me dar broncas!

       Estava frio, mas eu não me importava. Fui andando até encontrar um lugar sossegado para ficar sozinha. Estava apoiada em uma das colunas gregas da varanda da casa, quando ouvi alguém se aproximar.

-Se continuar aqui, vai morrer de frio. – disse o homem.

       Eu estava vestindo apenas o uniforme, com o avental e os sapatos baixos que usava com a meia-calça negra. Era verdade que eu já estava começando a tremer de frio.

-Isso não tem importância... Mas o que? Senhor Emmett? – perguntei, quando o vi – O que faz aqui?

-Eu não quero mais continuar naquela reunião idiota. Queria saber por que você derrubou aquela bandeja na frente dos seus patrões? – o homem de cabelos raspados perguntou.

-Eu não suportei o peso da bandeja e a derrubei. Por que se interessa em perguntar isso?

-Por que eu vi que você derrubou de propósito, Isabella.

       Achei que ele estivesse distraído com o que estava prestes a fazer. Ele me viu fazendo isso mesmo?

-Responda Isabella. – pediu com calma. – Eu não vou falar para ninguém.

-Eu vi o que você iria fazer, senhor Emmett, e entendi o motivo disso. Iria bater no noivo de lady Rosalie e só pioraria tudo.

-Está tão na cara assim? – perguntou enfezado.

-Só não vê quem não quer.

-Droga! E eu achando que ninguém sabia, fazia de tudo para ninguém saber e essa garota me diz que percebeu tudo! – falava consigo, gesticulando. Até que era engraçado, mas...

-Ai, meu Deus! Esse sangue todo na sua mão... – exclamei, levando as mãos ao rosto.

-Isso não é nada. – disse olhando para a mão ensanguentada que já tingia a bonita camisa que usava de vermelho – Está tudo bem.

-Como não? O ferimento não é grande, mas está sangrando muito! Se um caquinho do cristal... – falei, tirando um lenço do meu avental e colocando na mão de Emmett para estancar o sangue.

-Já disse que não é nada, garota! – queixou-se, puxando a mão. – Desculpe-me... Não precisa fazer isso.

-Por favor, senhor Emmett. Deixe-me ajudar. Venha comigo ao meu quarto. Eu tenho um kit de primeiros socorros lá.

-Não há problema nenhum?

-Claro que não! O quarto é tão longe daqui que ninguém vai saber...

-Tudo bem...

[...]

-Você dorme aqui sozinha? – perguntou Emmett assim que entramos no quartinho.

-É... – respondi procurando o kit de primeiros socorros no criado-mudo.

-E a sua mãe? – perguntou se sentando na minha cama – Onde ela está?

-Ela não está mais aqui comigo. – respondi sem encará-lo.

-Oh, eu lamento muito...

       Eu não falei mais nada, arrastei um banquinho para perto de Emmett e passei a limpar o ferimento que tinha em sua mão. Tinha prática em fazer curativos; eu já levei tantos tombos antes...

-Mas que atitude ridícula! Eu estava quase fazendo besteira na frente de todos... – dizia ele.

-Estava com raiva. No seu lugar, eu teria feito o mesmo. – afirmei, enrolando a gaze na mão – Mas não resolveria nada.

-Tem razão. Eu seria preso e processado por agressão e o Cullen não iria querer mais nada com a minha família. Agradeço por ter feito aquilo. Só espero que os barões não fiquem bravos com você.

-Não foi nada. Quanto ao que aconteceu na reunião, não se preocupe: não vai acontecer nada comigo.

-Tem certeza disso?

-Lógico! – afirmei incerta. A verdade é que eu não tinha ideia do que iria acontecer comigo depois do que fiz.

-Assim fico mais despreocupado. – disse complacente.

-Já acabei.

-Está ótimo! – olhou para mão com o curativo – Agradeço mais uma vez, Isabella.

-Já disse que não foi nada.

-Mesmo assim. Fico te devendo uma. Se precisar de mim, este é o endereço do meu escritório em Londres. – disse dando-me um cartão que estava na carteira.

-Obrigada... – disse olhando para o cartão.

-Eu já tenho de ir. – e se levantou, indo até a porta do quarto. – Vai ficar bem?

    Assenti, balançando a cabeça. Emmett saiu do meu quartinho e foi andando pelos jardins até que eu não o visse mais. Fechei a porta e caí na cama, permitindo-me, chorar.

  Edward Masen POV

-Então quer dizer que foi isso mesmo? – perguntei à Vicky pelo celular – O fotógrafo do caderno de cultura do Daily Mail foi quem me seguiu quando estava com Rosalie naquele dia?

-Ao que parece sim. – respondeu – Eu nunca iria adivinhar que o fotógrafo que estava cobrindo a minha exposição na New Gallery naquele dia fosse se interessar por fofoca, Edward. Eu sinto muito pelo aconteceu.

-Fotógrafo freela precisa ganhar dinheiro, não é? E não se preocupe comigo quanto a isso...

-Por quê? – perguntou surpresa – O que vai fazer?

-Não posso te dizer agora, mas eu vou resolver esse problema.

-Ah Edward, me conta!

-Vicky, deixa de ser curiosa pelo menos uma vez na vida! Quando for a hora, eu te conto.

-Hum... Tudo bem.

-Eu vou ter de desligar agora. Vou sair da Eton agora. Até mais!

-Até! – disse quando entrei no Volvo e saí do estacionamento reservado aos professores do colégio.

       Quando Isabella apareceu em meu apartamento naquele dia me dizendo todas aquelas coisas ruins comigo, não pude deixar de sentir vergonha por tudo que havia dito e feito. Ela parecia estar disposta a me deixar de vez, e eu me afligia só de pensar nessa possibilidade. Aquilo parecia tão errado! Não era certo que nós ficássemos separados... A ideia de não poder ver Isabella nunca mais me desesperou e eu não queria isso. Eu gostava da companhia dela, de passar horas conversando, beijá-la e transar com ela sempre que podíamos. Ficar com Rosalie, naquele momento, estava se tornando tão insuportável!

        Alguns dias depois, minha mãe me ligou dizendo que queria conversar comigo em um restaurante depois que eu saísse do trabalho. Até já sabia o que ela queria conversar comigo...

-Olá, Elizabeth! – disse, sentando-me junto a ela – Há quanto tempo, hein?

-Olá, Edward, meu querido! Como está?

-Eu não sei por que a senhora ainda pergunta se nem se importa com isso. – respondi – Mas estou bem, muito obrigado.

-Não tenho ideia do motivo de você sempre falar assim comigo, Edward. Sabe que eu sou sua mãe e me preocupo com o seu bem-estar.

-Acredito nisso, mãe... – falei irônico – Mas posso saber o motivo da senhora me chamar para almoçar?

-Carlisle Cullen falou comigo ontem.

-E por qual motivo ele falaria com a senhora? Não vai me dizer que o Cullen quer que eu me case com a filha dele, é isto?

-Exato. – respondeu naturalmente.

        Neste mesmo momento, o garçom do restaurante veio entregar os cardápios e eu encarei Elizabeth, amedrontado. 

-O quê?! – perguntei, quase gritando – Como é que a senhora me diz uma coisa dessas? Não é como se eu tivesse desonrado Rosalie ou coisa parecida! Isso é um absurdo!

-Sabe como Carlisle é: protetor da família e muito apegado às tradições...

-Sério mesmo? Nem percebi... – comentei irônico.

-Não brinque com uma coisa dessas, Edward...

-Mãe, ninguém mais se importa com isso... É tão ultrapassado e eu não concordo com a ideia de me casar com Rosalie. Esse tipo de coisa deve ser consultado às partes interessadas antes de haver uma decisão. Não nego que tive um relacionamento com ela, mas quero terminar o que tivemos.

-Por que quer isso?!

-Por que simplesmente não dá mais. – Teria que inventar algo. Não podia falar de Isabella. Pelo menos, não agora. – E acho que não temos mais afinidade.

-E quem se importa com afinidade uma hora dessas, Edward, quando podemos resolver todos os nossos problemas financeiros com essa união? – perguntou ao meu ouvido.

-Eu posso resolver nossos problemas sozinho!

        Nem se eu estivesse maluco que eu me casaria com Rosalie! Não suportava mais falar com ela! Continuava me telefonando e me mandando mensagens de textos; a maioria dizia que estava com saudades e que queria me ver... Quem disse que eu dava atenção para isso?

-E como vai resolver isso, Edward? Há dois anos que estamos nessa situação...

-Paciência é uma qualidade que a senhora não possui, mãe. Vivemos confortavelmente nesses últimos dois anos, podemos aguentar um pouco mais! Deixe-me tentar resolver esse problema... Prometo que logo, logo, nós vamos sair dessa. Eu tenho um plano.

-Eu não acredito nisso, Edward. Não mesmo.

-Tudo bem... Se a senhora acha isso, não me importo. – disse, levantando-me da mesa – Eu já vou indo, tenho muito que fazer ainda, portanto... Até mais, mãe.

        Saí do restaurante, sem falar mais nada com Elizabeth naquele dia. Não esperava que ela me incentivasse nessa empreitada arriscada, mas eu queria que ela tivesse um pouco mais de paciência. Eu possuía algum dinheiro na minha conta bancária; não era muito, mas deveria servir e já havia conversado com o gerente do banco sobre a solicitação de um empréstimo para arcar com a compra do maquinário para a fábrica e o conserto das instalações do prédio.

        Estava indo para a casa de minha mãe, tentar conversar com ela mais uma vez sobre o assunto, já levando a proposta que havia feito ao banco no dia anterior. Antes de falar com Elizabeth em seu quarto, eu mandei uma mensagem de texto para Bella para que fosse me ver no Hyde Park no mesmo horário em que sempre nos encontrávamos.  Poucos minutos depois, Isabella me ligou:

-Edward, mas que história é essa de nos encontrarmos? Sabe que não posso sair hoje!

-Eu sei, mas temos que nos ver hoje. Por favor, Isabella, eu quero te ver... Eu prometo que hoje resolvo tudo. – pedi.

-Tem certeza? Eu não posso sair daqui hoje! Isso é impossível! Minha mãe e a Maggie estão me vigiando sempre!

-Ah, droga! Não será a mesma coisa, mas... Eu te ligo quando concluir isso. Podemos nos ver quando você estiver de folga.

-Tudo bem...

-Eu prometo que vai ficar tudo bem entre nós. Confie em mim. Eu te amo. – eu só queria que tudo desse certo.

-Eu também... – disse antes de desligar.

     Nós teríamos tempo suficiente para conversarmos depois de eu resolver toda essa confusão. Minutos depois, Isabella ligou novamente:

-Me diz a hora que eu devo estar no parque. Eu invento algo para despistar todo mundo aqui.

-Me encontra daqui a uma hora no Hyde Park.

-Tudo bem. Eu já vou me arrumar.

     Nós nos despedimos e desliguei o celular para não me distrair com nada durante a conversa séria que teria com a minha mãe.

-Edward, querido! – falou Elizabeth deitada no chaise – Há tanto tempo que não te vejo!

-Olá, mãe! – disse, puxando uma cadeira e sentando-me ao lado dela - Nem precisa perguntar o motivo da minha visita. Imagino que a senhora já saiba. Então eu vou direto ao ponto: falei com o gerente do meu banco e ele me apresentou ótimas propostas de empréstimos.

-Como é?! – levantou-se, surpresa – O que significa isso?

-Eu disse que arrumaria uma solução alternativa para o nosso problema. Aqui está. – disse, mostrando-lhe a pasta com os detalhes do contrato, como a taxa de juros anuais e as prestações.

         Elizabeth olhou a pasta com o contrato e perguntou:

-Teremos como pagar?

-Bom... Com os contatos certos, eu recomeço a produção e a venda dos tecidos.

-Mas isso demorará muito! Sabe que as meninas e eu já não suportamos mais continuar nessa situação! – reclamou.

-Mas mãe é só ter um pouco mais de paciência! Eu prometo que nos tiro disso!

-Edward, admiro o que você esteja fazendo, mas simplesmente não dá, querido! Deveria aceitar a proposta de Carlisle para se casar com Rosalie: une o útil ao agradável.  Rosalie é inteligente, bonita e...

-Bonita?! De onde? Rosalie está parecendo mais o Esqueleto do He-Man! Não tem a menor condição de isso acontecer!

-Edward, estamos em tempos difíceis! Essa união nos ajudaria muito.

-Tempos difíceis? Estamos em melhores condições do que muitas pessoas da classe média deste país, mãe! A senhora vive numa mansão no Chelsea, tem uma BMW que está em melhor estado do que o meu carro, as meninas estudam com bolsas parciais em um bom colégio... O que mais a senhora quer? Exibir-se para suas amigas para dizer que ainda está bem de vida?

-Eu só quero ter a minha vida tranquila de volta. É pedir muito?

-Não é não. Mas eu só queria que me deixasse resolver nossos problemas do meu jeito.

-Mas tente entender que, com a ajuda de Carlisle, tudo vai se acelerando.

-Se a senhora quer que eu arrume contatos para me ajudar com a empresa, não precisa. Eu posso fazer isso sozinho! E vou fazer isso sozinho! Não preciso da sua opinião para isso! – disse me levantando da cadeira – Até outro dia, mãe!

        Saí do quarto sem dar atenção ao que Elizabeth dizia e corri até o carro. Eu sabia que as coisas não seriam fáceis e que demoraria a dar uma vida melhor para a minha mãe e as minhas irmãs, mas eu sentia que estava escolhendo o caminho certo.

        Cheguei a Hyde Park em meia hora. Sentei-me em um banco e passei a esperar por Isabella. Hoje, deixaria toda a merda que fiz com ela a troco de nada de lado e ficaria tudo bem entre nós dois.

        Ansiosamente eu continuava esperando por Isabella no parque; nem me importava com o frio que fazia na cidade, logo ela apareceria e a levaria para outro lugar para comemorar. Bom... Ela estava um pouco atrasada, mas dava para entender: Hertfordshire é longe e o metrô pode sair mais atrasado do que o horário previsto às vezes. Estava apostando nisso...

20 minutos depois...

     O casaco e o cachecol que havia colocado não estavam servindo para amenizar o frio que estava sentindo e eu continuava a esperar Isabella, que não dava sinais de que iria aparecer. Por que ela não vem logo?

40 minutos depois...

      Eu já estava ficando impaciente e todas as vezes que telefonava para Isabella, a ligação caía na caixa postal. Não sei se eu ficava com mais raiva pelo fato dela me deixar aqui plantado ou por causa da gravação de voz que aparecia toda vez que eu ligava.

Mais 30 minutos depois...

      Resolvi dar umas voltas pelo parque para tentar encontrá-la; talvez Isabella estivesse com o celular descarregado em outro lugar do lugar do parque e esteja tentando me encontrar também. Minha paciência era limitada, mas estava tentando ser otimista quanto a isso.

10 minutos depois...

      Certo, eu já não aguentava mais esperar! O que havia acontecido a Isabella para ela não vir logo? Por que ela não retornava minhas ligações nem as minhas mensagens de texto? Estava ficando preocupado...

        Decidi ir a Hertford saber o que estava acontecendo. Demorei quase um século para chegar à propriedade dos Cullen e ficar de tocaia do lado de fora, perto do portão principal para ver se Isabella saía da casa. Talvez ela ainda estivesse pensando em uma maneira de sair da casa sem ser vista; ela me disse que a mãe estava vigiando-a.

        Mas aí esperei por Isabella por muito mais tempo do que havia esperado em Londres e ela sequer apareceu no portão principal da residência. O que havia acontecido? E por que ela não avisou que não poderia me ver? Poderia ter me poupado desse desperdício de tempo e poderíamos nos ver quando ela estivesse de folga! Droga! Ela vai se ver comigo por ter feito esta desfeita! Ah, se vai!

        Estava voltando para Berkshire quando decidi telefonar para Elizabeth:

-Mãe, eu mudei de ideia. Não me pergunte o motivo. Não quero falar sobre isso.

-Como assim? Edward, o que aconteceu para mudar de ideia?

-Eu já disse que não vou falar sobre isso, mãe. Liguei apenas para lhe informar sobre isso e dizer também que vou falar com o Cullen amanhã.

-Você vai mesmo?

-Vou. – respondi, secamente – Eu tenho de desligar, ainda estou no carro.

         Por que isso havia acontecido? Por que Isabella não apareceu? Havia desacreditado na minha promessa? É... Se fosse eu no lugar dela, também não acreditaria muito... Mas por que ela não me falou? Custava ela me ligar dizendo que não dava mais que tinha mudado de ideia? Eu só queria que ela me dissesse isso...

          No dia seguinte, eu havia marcado de jantar com Rosalie e os pais dela em um restaurante em Londres. Carlisle parecia falar para mim algo sobre família, valores e afins... Mas quem disse que eu o ouvia? Elizabeth conversava com Esme, empolgada. É claro que estava empolgada... Nenhuma das “amigas” continuaria chamando-a de pobre. Eles conversavam, felizes e eu continuava alheio ao que eles falavam. Não deveria ter feito isso... Não deveria. Mas quando dei por mim, Rosalie já havia sugerido uma data para um jantar para anunciar o nosso noivado. Daqui a dez dias, o espetáculo começaria...

-Deem-me mais uns dias para ajustar o anel de noivado que meu pai deu à minha mãe. – falei, tentando mostrar entusiasmo – Quero que tudo esteja nos conformes.

-Ah, isso será lindo! – comentou Rosalie, animada – Mal posso esperar, amorzinho...

        Continua me chamando de novo desse apelido ridículo e eu acabo contigo, Miss Haiti!

-Será uma linda comemoração. – disse Elizabeth.

        Menos, mãe... Menos... Não exagera.

         O jantar continuou; minha mãe, Rosalie e os pais dela continuavam a conversar e eu já não via a hora de sair de perto deles.

[...]

-Edward, acha mesmo que este vestido me deixa bonita? – perguntou Claire, olhando para o grande espelho que ficava na sala em cima do apanhador – Quero estar ótima para este jantar!

-Claire, nós vamos apenas ao jantar de noivado do nosso irmão, não a uma boate de Amsterdã. – comentou Kate, pondo-se na frente do espelho para retocar o batom.

-Não se cansa de implicar comigo? – perguntou a mais nova, brava – Olha o que a Kate fala de mim, Edward!

-Vocês duas podem começar a brigar, se estapearem, puxarem os cabelos e rasgarem seus vestidos que nem vou me importar! – falei, enfadado.

-Credo! Edward parece que vai à própria execução ao invés do noivado! – comentou Kate.

-Olha a empolgação dele! Parece a de um morto-vivo! – Claire concordou.

-Também acho... Um zumbi tem mais vida do que ele.

-Agora vão implicar comigo? – perguntei, aborrecido – Voltem ao que estavam fazendo!

       Não deixava de ser verdade o que minhas irmãs diziam. Nos últimos dias, eu mal dormia e fumava um maço de cigarros a cada dia, para contribuir mais com a minha aparência. Estava mais estressado com todos, até mesmo com a diretoria da Eton que só esperava mais um deslize meu para me demitirem. Que me demitissem então!

-Vamos logo senão chegaremos atrasados! – dizia Elizabeth entrando na sala. Mesmo argumentando estar em tempos difíceis, minha mãe continuava gastando?

-Mãe, ainda está cedo... – comentei – Nós vamos para ajudar a arrumar o jantar?

-Lógico que não, mas você sabe o quanto Hertford é longe daqui... – ela iria listar uma série de argumentos para me deixar impaciente.

-Tudo bem, vamos logo então. – disse, levantando-me da cadeira – Mas vou logo avisando que não quero ninguém me aborrecendo hoje, ouviram?

-Existe TPM masculina? – Claire cochichou à Kate.

       Saímos de casa rumo à Hertford; no caminho, minhas irmãs conversavam com Elizabeth para amenizar o clima pesado que se instaurava durante a viagem. Em menos de uma hora, chegamos à casa dos Cullen, que já havia vários carros na garagem destinada aos convidados. Eu já deveria prever que haveriam muitos convidados. Pelo menos, eu me prepararia para dar um sorriso plástico a todas as pessoas que viessem me cumprimentar. Ao chegarmos ao hall de entrada, fomos guiados pela governanta ao salão de festas. Até agora, nenhum sinal de Isabella. O que aconteceria se eu a visse? Os barões e Rosalie já estavam no salão conversando com algumas pessoas e pediram licença para falar conosco.

-Boa noite, Carlisle e Esme! – Elizabeth se antecipou a falar.

        Enquanto ela falava com os barões, eu tentava dar um sorriso forçado a Rosalie. Sabia que teria de fazer isso, já que fazia dias que não falava direito com ela. Eu inventava cada desculpa para não ouvir a voz dela...

        Mais convidados chegavam e eu tinha de aturar aquele teatrinho ridículo quando eu mais queria sair dali. Estava tentando participar de um bate-papo maçante com Carlisle e alguns amigos dele sobre política e a atual economia do país, quando vi Emmett McCarthy entrar no salão junto com os pais. Tentei não olhar para ele, mas Emmett parecia me fuzilar com os olhos. O que eu poderia fazer? Se ele soubesse o tanto quanto eu queria acabar com essa palhaçada toda... Quase que eu não percebia quando Rosalie veio falar comigo, me arrastando para falar com os amigos dela. Entre eles, estava Alice Brandon, que olhava para mim e para Rosalie como se não gostasse em nada do que estava acontecendo.

-Bem que você poderia fazer uma cara melhor, não é, Edward? – comentou enquanto conversávamos a sós no salão.

-É a única cara que tenho. – afirmei – Deveria entender que trabalhei muito nessa semana, Rose.

-Eu sei, Edward, mas parece que você nem está animado com isso... – reclamou, com uma voz infantil. Ela lia mentes?

-Não é nada demais... É só o cansaço mesmo. – respondi, tentando convencê-la.

-Bem que você poderia tentar alguma demonstração de alegria já que hoje é o nosso noivado.

-Tudo bem, Rose... Por você.  – disse, dando um sorriso a ela.

         De repente, vi Rosalie com uma expressão de medo no rosto. Logo entendi o motivo: Emmett nos encarava, colérico. Então eles estiveram juntos mesmo.

-Muitas felicidades a você, Lady Rosalie. – disse ele quando veio falar conosco. Por fora, Emmett se mostrava um homem educado, mas por dentro, devia estar se roendo de raiva.

-Muito obrigada, Emmett. – disse Rosalie gentil.

-Meus parabéns, Masen. – disse ele estendendo a mão para que eu o cumprimentasse.

      Inicialmente tive um pouco de receio, mas aí estaria sendo descortês. Quando Emmett se afastou de nós, Rosalie comentou:

-Às vezes não suporto ter de conversar com ele.

      O quê? Vocês ficaram juntos por tanto tempo e ainda tem coragem de dizer isso?

       Carlisle chamou a atenção de todos os convidados no recinto e começou a falar:

-Senhoras e senhores! Uma ótima noite a todos vocês! Agradeço de coração a todos que vieram prestigiar a união da minha querida filha, Rosalie, com Edward Anthony Masen.

     Precisava de toda essa pompa só para anunciar um noivado? Exagerado!

      Vi todos olharem para mim e para Rose, levantando as taças de champanhe que, seguravam nas mãos, em cumprimento.

-Acredito que o meu futuro genro, Edward, tenha algo a nos falar. – completou.

-Bom... Eu não tenho um discurso ensaiado para esta ocasião por que acredito que deveria me declarar a mulher que amo da forma mais espontânea possível. – esperava que todos caíssem nessa; até mesmo Rosalie – Há uma época na vida do homem em que ele decide não mais viver sozinho e encontrar a pessoa certa para estar com ele nos bons e nos maus momentos... – retirei a caixa de veludo com o anel de noivado que prometi dar a ela -  ... e dividir com ela todas as suas alegrias e tristezas até o dia que a morte os separe. – peguei a mão de Rosalie, colocando o anel em seu dedo direito – E você, Rosalie, é a pessoa que escolhi para viver os bons e os maus momentos.

-Oh, meu Deus! É lindo, Edward! – disse Rosalie, emocionada. Como se fosse para ela que eu estava dizendo tudo aquilo...

       Todos na sala aplaudiram e vi Isabella, de olhos inchados e marejados e com uma bandeja de canapés nas mãos. Por que ela não havia aparecido justo quando eu diria que havia escolhido a ela, não a Rosalie?  Eu olhava para ela e tentava dizer que não queria estar ali, que tudo o que eu mais queria no momento era estar ao lado dela. Ninguém iria perceber mesmo; Rosalie entretinha a todos com o anel que havia dado a ela. Foi aí que aconteceu algo inesperado: ouvi alguém jogando algo como se fosse vidro no chão. Olhei para os lados, tentando entender a situação e vi Emmett vindo para cima de mim, como se quisesse me bater. Era só o que me faltava. Ouvi a minha mãe perguntar o que estava acontecendo, chocada. Mas aí aconteceu outra coisa, mais inesperada ainda. Quando me dei conta, Isabella tinha deixado cair a bandeja de canapés no chão e todos, até mesmo Emmett e Rosalie, pararam para olhar o acontecido.  

-Isabella, está tudo bem? O que houve? – perguntou Esme.

-Desculpe-me, senhora baronesa... – respondi, parecendo temer algo.

       E saiu correndo do salão, enquanto todos perguntavam o motivo de aquilo ter acontecido.

-Coitada, a mãe dela faleceu há poucos dias... – explicava Esme às amigas – Uma mulher muito boa que trabalhou para nós...

        A mãe de Isabella morta? Então seria esse o motivo de Isabella não ter ido me ver naquele dia? E eu achando que ela não tinha ido me ver por não acreditar mais em mim...

        Quando ia saindo do salão para tentar falar com Isabella, Carlisle me abordou:

-Perdoe-me por não falar com você direito, Edward. Sinceramente, eu espero que seja muito feliz com a minha filha.

-Obrigado, senhor Carlisle. – afirmei, cumprimentando-o – É o que mais quero nessa vida.

-Sabe Edward... Já que seremos da mesma família muito em breve, acredito que devo sempre ajudar a minha família a ter um futuro melhor. Como está indo o processo da retomada da fábrica de seu pai?

-Está indo bem, senhor barão...  – respondi, sem ânimo – Falta-me somente o dinheiro para a compra de máquinas novas e o conserto das instalações. Do jeito que o complexo se encontra, não tem a menor condição de colocar trabalhadores lá.

-Eu compreendo... Imagino que o seu esforço para continuar com a fábrica de seu pai seja grande, mas realmente é muito difícil continuar assim do zero.

-Concordo plenamente... – acho que já sabia onde ele queria chegar.

-Eu gostaria de ajudá-lo nesta empreitada. Passe em meu escritório em Londres na próxima semana para conversarmos mais sobre isso. Por enquanto, vamos aproveitar esta comemoração.

-Claro, senhor Carlisle... – assenti.

       O Cullen foi para perto da esposa e eu fiquei remoendo o que tinha acabado de acontecer; eu havia a maior merda da minha vida.

       Rosalie veio para perto de mim, mas eu nem importei com a presença dela ao meu lado.

-Feliz amorzinho? – perguntou Rosalie.

-Sim... – menti, sem encará-la.

-Está gostando da festa?

-Sim... – respondi, depois de respirar bem fundo. Minhas irmãs estavam gostando mais da festa do que eu, por haver pessoas da idade delas para conversar.

-Bem que depois nós poderíamos ir ao meu quarto para ficarmos mais à vontade...

-Não, Rosalie... Tenho que ir com a família para casa... Nós podemos deixar isso para outro dia?

-Ah, claro... – respondeu, resignada.

        Logo veio a hora de ir embora. Despedi-me de todos e prometi que telefonaria para Rosalie no dia seguinte. Voltei para o Chelsea e minha mãe e irmãs foram logo para os quartos, exaustas. Eu fiquei na sala, olhando para a janela, refletindo. Que droga! Minha vida era uma merda mesmo! Resolvi fazer algo. Peguei o celular no bolso da calça e telefonei para o Ben.

-Ben, ocupado? – perguntei quando ele atendeu.

-Não, Edward... Por quê?

-Vamos sair hoje? Hoje estou a fim de beber até cair!

-Que milagre é esse?! Edward chamando os outros para beber? Já estou lá!

-Então ótimo! Eu vou avisar a Vicky e daqui a pouco eu passo aí para irmos juntos, tudo bem assim?

-certo! Até mais!

       Encerrei a ligação e liguei para Vicky, chamando-a para sairmos juntos. Não estávamos nos falando muito desde que resolvi ficar com Rosalie, mas ela aceitou o convite pelo fato de não ter mais saído com os amigos.

-Querem me matar de frio é? – perguntou Ben fora do prédio onde morava quando estacionamos o carro.

-Bem que podia ter esperado na portaria do prédio. – comentou Vicky, enquanto Ben entrava no carro – Assim não ficava reclamando!

-Quando você disse que já estava perto, Vicky, eu achei que era perto mesmo! Não achei que você ainda estivesse se arrumando! Essas mulheres...

         Vicky lançou um olhar mortal a Ben e continuou a retocar o gloss labial com o espelho do carro.

-Certo gente! – pedi – Parem com essa DR e vamos ao que interessa! Para onde nós vamos? Já vou logo dizendo que não quero ir a pub nenhum.

-Então vamos para onde? – perguntou Ben.

-Ah, vamos para a Maddox! – Vicky intimou – Faz tempo que não vou lá e quero me acabar na pista de dança!

-Pois então vamos para lá mesmo!

          Meia hora depois, quando entramos na tal Maddox, a boate já estava tão lotada que mal dava para andar sem esbarrar nas pessoas. Ben e Vicky já aproveitavam o ritmo da música eletrônica para dançar.

-Esperem aqui que eu vou comprar algo para nós! – falei.

          Fui até o bar da boate e pedi três cervejas long neck. Logo vi os meus amigos e juntei-me a eles para dançar e beber mais do que devia. Meus amigos me diziam para parar de beber, mas quem disse que eu os ouvia? Nesse dia, queria me esquecer de tudo. Depois disso, não lembro mais do que aconteceu nessa festa.

[...]

       O despertador começou a tocar, fazendo-me acordar com uma dor de cabeça lancinante. As pálpebras estavam tão pesadas que mal conseguia abri-las. E o despertador continuava a tocar um toque insuportável.

-Desliga logo essa porra! – ouvi a voz de Ben.

      Tateando ainda de olhos fechados o criado-mudo para encontrar o despertador e desligá-lo, resolvi jogar logo essa porcaria para parar de tocar.

-Bem melhor assim... – foi quando ouvi a voz de Vicky perto de mim.

        Espera aí! O que estava acontecendo? Ou melhor, o que havia acontecido enquanto eu estava embriagado?

        Abri os olhos, com muito esforço, e olhei para a minha cama. Ben e Vicky dormiam comigo. Olhei para mim mesmo e percebi que estava apenas com a calça que havia vestido no dia anterior. Mas o que havia acontecido? Ai, meu Deus! Não podia ser... Dei um grito desesperado, fazendo os dois acordarem! Ben e Vicky acordaram assustados e gritaram também!

-Pelo amor de Deus! Por que mesmo nós estamos gritando? – perguntou Vicky.

-Eu só quero saber o que aconteceu aqui! – falei.

-Depende, Edward... Você quer que eu conte com detalhes toda a situação? – pergunta Ben, rindo – Tem algumas coisas que acho melhor você não saber.

       Lancei um olhar mortal a Ben e inquiri:

-Victoria, me diz. O que aconteceu aqui?

-Quer que eu diga tudo mesmo?

-Lógico! Eu preciso saber o que aconteceu!

-Tudo bem... Vejamos... Depois que você bebeu aquelas cervejas e aqueles drinks como se fossem água, você passou a perturbar o coitado do barman, falando de sua desastrosa vida amorosa.

-Eu fiz isso?!

-Lógico que fez! – afirmou Ben – O homem teve de ouvir o seu monólogo a noite inteira!

-Que merda! E o que mais?

-Você nos deu trabalho para ser colocado no carro, estava tonto de bêbado e ainda queria ficar cantando música do tempo que a minha avó flertava! – Vicky listava nos dedos.

-E como viemos dormir os três aqui?

-Você não queria que nós ficássemos longe. – respondeu – Além de ser a motorista da rodada, tive de aturar as tuas lamúrias...

-Droga! Bela maneira de terminar a noite! Desculpa por tudo isso... – disse saindo da cama e indo para a poltrona.

-Que nada, Edward! – comentou Ben – Por um lado, até que foi divertido. Só nos avise que estará na fossa quando nos chamar de novo para sairmos.

-Eu devia ter feito isso mesmo... – disse sem encarar os dois – Mas que droga! Bella simplesmente deixou de acreditar em mim, minha mãe me empurrou para esse noivado... Minha vida uma merda! Uma grande merda!

-Sua vida só está assim por conta de tudo que fez Edward. – afirmou Ben ainda deitado na cama – Não vá achar que a sua parcela de culpa é pequena por que não é.

-Ben, não fala assim... Não vê que ele está mal? – perguntou Vicky – Tenha um pouco mais de tato.

-E desde quando eu preciso ter tato para com o Edward?! Vicky eu avisei a ele quanto a isso não foi só uma vez! Foram várias vezes! E ainda peguei leve quando alertei sobre o que poderia acontecer! Nem sou a mãe dele para passar a mão na cabeça e dizer: “Não fica assim, isso não é culpa sua”. Mas é óbvio que é culpa dele!

-É, Victoria... Pela primeira vez eu concordo com o Ben. – ainda pude ouvi-lo dizer: “Eu não falei?” - Ele tem razão. Nada disso estaria acontecendo se eu não tivesse feito tudo aquilo...  Mas eu mereço isso mesmo. Eu mereço...

[...]

         Na semana seguinte, eu estava na Canton Street, mais precisamente no escritório de Carlisle Cullen, acertando os últimos detalhes do empréstimo que ele me ofereceu.  Emmett McCarthy, o consultor jurídico que me encarava furioso, explicava as cláusulas do contrato que eu deveria assinar. Eu começaria a pagar o empréstimo de 90 mil libras daqui a quatro meses.

-Tenho a plena certeza de que iniciaremos um ótimo negócio, Edward. – dizia Carlisle enquanto eu rubricava as folhas do contrato.

-Assim espero, Carlisle... – confirmei, após assinar a última folha.

         Eu era um homem vendido.

FIM DO CAPÍTULO 9


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!