Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 10
Aprendendo a viver (pt. 1)


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas bonitas! Há quanto tempo! Pensei que teria mais tempo livre a partir de agora, mas ao que parece, estou num relacionamento seríssimo com a monografia. Por isso, a demora nas postagens. Me desculpem, gente!^^



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Isabella Swan POV

Dias e dias se passaram desde aquela fatídica noite na casa dos Cullen. Após o jantar de noivado de Rosalie com o canalha do Edward, eu havia me trancado no quartinho e apenas havia aparecido na copa no dia seguinte para ouvir Margaret berrando em meu ouvido o que eu já previa. Dizia que eu deveria ser menos lerda, mais cuidadosa com as coisas da casa que Margaret achava serem dela, que não deveria confundir trabalho com o que estava passando no momento. Ela deveria entender que eu ainda estava abalada com a morte da minha mãe. Mas não. Nunca vi tanta indiferença em minha vida...

Enquanto ela me dava bronca (que entrava por um ouvido e saía pelo outro), eu pensava no que fazer para ir embora dessa casa. Não havia a menor condição de permanecer nessa casa e ter de conviver com o novo casal todos os dias. Era demais para mim... Sequer conseguia olhar para Rosalie quando eu a via pela casa, imagine quando ela estiver casada com Edward!

–Você entendeu tudo ou quer que eu repita novamente? – perguntou Margaret, impaciente.

–Sim, senhora... – falei, entediada.

Em um dia, depois da inspeção matinal, Margaret anunciou a todos os empregados que os Cullen receberiam um novo hóspede. Um conde de não sei onde que era muito amigo da família e que conhecia Carlisle desde pequeno. Não prestei muita atenção ao que Margaret falava sobre o tal hóspede. Só ouvi Margaret dizer que ele chegaria ao final da tarde e logo teria de começar a limpeza da casa todinha por conta disso.

Durante o dia, eu arrumei o quarto que o hóspede iria ocupar. Acabei vendo Rosalie de relance quando esta saía, falando ao celular. Com certeza, devia estar falando com o noivinho dela...

À noite, na hora do jantar, eu ajudava a servir os pratos para os barões, Rosalie (que falava muito pouco) e o convidado destes. Era um homem que aparentava ter mais de cinquenta anos, de cabelos grisalhos e ralos e era um pouco gordo. Os olhos claros que ele tinha sobre grossas sobrancelhas me encararam várias vezes durante o jantar. O que este homem queria comigo?!

Após o jantar, fui deixar uma bandeja com chá e café para o barão e o tal conde no escritório de Carlisle. Os dois conversavam animadamente quando pedi licença para entrar no cômodo. O conde continuava me encarando, enquanto eu colocava a bandeja na mesa. Foi aí que algo me chamou a atenção:

–E quem é esta garota, Carlisle? – perguntou o homem.

–Esta é a Isabella, Phillip. – respondeu – A mãe dela trabalhou para nós por alguns anos e faleceu recentemente. Nós sempre a ajudamos com os estudos.

–Ah, eu lamento muito... – disse.

–Eu agradeço. – disse, por fim.

–Sabe... Você tem os olhos de quem eu conheci há muito tempo.

Quando eu era criança, minha mãe sempre dizia que gostava muito de olhar para os meus olhos para se lembrar do meu pai.

–Com licença... – disse desconcertada.

Por que esse homem falava assim de mim? Eu hein!

Durante os dias em que aquele homem estava em Hertford, eu sempre o peguei me encarando e sempre me cumprimentava. Sempre muito gentil comigo. Isso chegava a ser estranho. Bastante estranho. Em um dia, estava arrumando a mesa do café da manhã com Sue, quando esta foi a copa deixar as bandejas. Ainda estava arrumando os talheres, quando nem percebi que Phillip havia descido para a sala de jantar.

–Bom dia! – disse ele, sentando-se à mesa.

–Bom dia... – respondi assustada.

–Eu lhe assustei, criança? – perguntou.

–Não... Eu só estava distraída...

–Ah sim...

–Desculpe por ainda estar arrumando a mesa, mas é que eu não sabia que o senhor se levantaria mais cedo hoje.

–Não há problema nenhum. Pode continuar com o seu trabalho.

Assenti e continuei arrumando a mesa.

–A propósito... Como é mesmo seu nome?

–Isabella.

–Trabalha aqui há muito tempo, Isabella?

–Há quase dois anos, logo depois que terminei os estudos.

–E você não continuou estudando, por quê? – continuou perguntando. Esse homem já quer saber demais da minha vida.

–Por que quem pagava o colégio onde eu estudava, senhor Phillip, era Carlisle. Acredito que eles acharam que não era mais necessário pagar pelos estudos da filha da empregada já que a filha deles não queria mais estudar. E a minha mãe sempre foi muito orgulhosa para pedir que eu continuasse estudando. – disse tentando encerrar o assunto. Eu e a minha boca grande.

–Eu entendo... Sua mãe trabalhou por muitos anos aqui, não foi? – perguntou, mais uma vez.

Por que esse homem quer tanto saber de minha vida? É cada uma...

–Sim, ela começou a trabalhar aqui quando eu tinha acabado de completar um ano de idade. Meu pai havia falecido na época e ela não tinha ninguém para ajudar.

–Ninguém mesmo?

–Não. Ela perdeu contato com a família dela e a família do meu pai não quis ajudá-la.

–Mas por que eles fizeram isso?

–Eu não sei. Ela não me contava muita coisa de seu passado.

–Ah, eu entendo... Desculpe perguntar essas coisas para você. Nós mal nos falamos e já venho perguntando da sua vida desse jeito.

Engraçado como eu começo a expor minha vida para pessoas que nem conheço de uma forma tão fácil...

–Está tudo bem. Ai! – gritei, quando me cortei com a faca – Acabei cortando a minha mão!

–Pegue meu lenço para estancar o sangue. – disse, tirando um lenço branco do bolso da calça.

–Ah, obrigada. Mas eu já tenho de ir. – disse largando o lenço em cima da mesa.

Saí correndo da sala de jantar. Eu havia demorado muito arrumando a mesa e conversando com aquele senhor. Não queria que Maggie ficasse buzinando no meu ouvido, dando mais bronca. Por que ela não cria um gato e cuida das sete vidas dele ao invés da minha?

Cheguei à copa, com a mão ainda sangrando, e aconteceu o que eu já esperava.

–Onde estava?!

–Sabe muito bem onde eu estava: arrumando a mesa para o café. Não sei por que ainda pergunta. – respondi aborrecida.

Procurei o meu lenço no bolso do avental e coloquei na mão que estava ferida.

–Mas você demorou demais! É inadmissível. Não vou tolerar essa situação novamente, Isabella.

–Estou trabalhando mais do que nunca e a senhora insinua que estou fazendo corpo mole? Não pode estar falando sério!

–Estou falando sério sim! Sua mãe lhe protegia demais, por isso as coisas estão como estão!

–E o que a minha mãe tem a ver com essa história?! – perguntei, já brava. Margaret me encarou com uma expressão horrível; fiquei com medo! – Será que nem mesmo a minha mãe estando morta, a senhora não a deixa em paz? O que ela te fez para ter tanta raiva assim?

–Quer saber mesmo o que ela fez?! – perguntou enquanto Leah aparecia na copa com o mordomo Billy e outros empregados – Eu vou dizer o que ela fez!

–O que acontece aqui? – perguntou Sue.

–Pelo amor de Deus, Margaret! – pediu Billy, o velho mordomo que falava pouco com o resto da criadagem. Confesso que me assustei quando ele falou alto. – Isso já aconteceu há muito tempo! Por que insiste nisso? Sabe que não foi verdade!

–Mas eu vi com os meus próprios olhos, William! – gritou Margaret – Eu vi!

–Mas o que a senhora viu? Me diz! O que viu? – perguntei, irada. O que ela iria inventar da minha mãe?

–Sua mãe assediou o barão Carlisle. – respondeu.

–Co-como é?! – perguntei incrédula – Essa é a história mais estapafúrdia que já ouvi! Minha mãe jamais seria capaz de cometer um absurdo desses! Como a senhora me diz uma coisa dessas? Bom senso não existe no seu vocabulário?

–Mas eu vi! Sua mãe estava lá no escritório do Cullen se exibindo para ele!

–Margaret, por favor, pare com isso... – dizia Billy – Sabe que nada disso foi comprovado e que só disse isso à baronesa para fazer intriga!

–O que?! Então era por causa disso que você infernizava a minha vida e a da minha mãe? Durante mais de dez anos passamos por humilhações por causa de uma história que você inventou? Eu não posso acreditar! – gritei.

–Isabella, calma... – dizia Leah, segurando o meu ombro.

A governanta continuava me encarando com um olhar de triunfo. Se Margaret desejava mesmo que eu fosse embora dessa casa, era isso que ela teria!

–Como vou me acalmar, Leah? Não depois de saber que passei por tudo isso por causa da inveja dessa porca irlandesa aí. – afirmei e os empregados que estavam ali, ficaram chocados. Ouvi Leah abafar uma risada.

–Olha como fala comigo, garota, senão eu... – ameaçou.

–Senão o que?! – cortei-a – Vai me demitir? Não precisa fazer isso! Eu que não quero ficar aqui mais nenhum minuto!

Tirei o avental de qualquer jeito e o joguei em Margaret.

fora! – falei, saindo da copa, enquanto olhavam para mim.

Fui para o meu quartinho, andando a passos rápidos e tentando não escorregar na neve. Quem aquela mulher pensava ser para inventar histórias daquele tipo da minha mãe? Renée não seria capaz de um absurdo desses! Ainda assim, se tivesse feito isso, teria me contado. Ela me contava tudo! Exceto uma coisa...

Estava jogando as poucas roupas que tinha no armário e algumas coisas da minha mãe em uma mala e em uma mochila, quando Leah apareceu na porta.

–Está tudo bem? – a morena perguntou.

–Não! Maggie não podia ter feito isso comigo! O que ela pensa que é para falar daquele jeito da minha mãe? A minha mãe! Eu não fico aqui nenhum segundo! Não tem a menor condição de continuar aqui e aguentar essa mulher infernizando a minha vida dessa maneira! Simplesmente não dá! – parei de jogar as roupas e respirei fundo – Desculpa falar desse jeito com você, Leah.

–Isabella, não tem problema... Eu entendo que esteja com raiva. O que você vai fazer quando sair daqui?

–Sinceramente eu não sei, mas quero sair daqui o mais rápido possível. – respondi, sentando-me na cama – Espero que me paguem todos os dias que trabalhei. O que tenho comigo é pouco.

–Espero que fique bem.

–Melhor do que continuar aqui, eu tenho certeza que sim.

–É, mas chamar a Maggie de porca irlandesa foi hilário! – disse, me fazendo rir.

Continuei arrumando as minhas coisas e o mordomo Billy me deu as minhas contas. Não era muito, mas tinha de servir por enquanto. Billy ainda me disse o que realmente havia acontecido na época em que ocorreu a briga que a minha mãe teve com Margaret. Minha mãe quando começou a trabalhar para os Cullen, era amiga de Margaret, segundo afirmou Billy. Maggie tinha uma filha que havia deixado com a família em Dublin. Credo! Essa insuportável ainda tinha família? Ao que parece, Maggie queria que a filha tivesse as mesmas regalias que Renée e eu tínhamos. Como se isso mudasse muita coisa... Daí, Maggie inventou a história de que a minha mãe dava em cima do patrão. Pode isso? Billy ainda me contou que os barões foram bacanas até demais em deixar Maggie permanecendo no emprego. Mais de dez anos tendo de aguentar essa mulher apenas por causa disso... É capaz de ela ter feito minha mãe encontrar os livros de Edward no meu armário somente para fazer nós duas brigarmos.

Eu estava incerta quanto ao que aconteceria comigo depois de ter tomado essa decisão, mas tinha certeza de que sair daquele inferninho que era a casa dos Cullen, era a melhor decisão a ser tomada. Quais as chances de ter uma vida melhor se eu continuasse trabalhando naquele lugar? Eu não suportaria continuar lá sabendo que, em breve, Edward Masen se tornará um membro da família Cullen. Melhor deixar as coisas como estão. O único problema é saber onde iria passar a noite de hoje. Não conhecia nenhum lugar decente em Hertford e não queria continuar nessa cidade. Resolvi recorrer à única pessoa que eu sabia que poderia me ajudar naquele momento.

–Meu Deus, Isabella! Entra logo! Você está tremendo de frio! – falou Alice, pegando a mala que eu segurava.

Acompanhei-a até a sala, onde sentamos juntas no sofá.

–Alice, eu vou ficar aqui só por essa noite! Prometo que amanhã eu procuro outro lugar!

–Isabella, fica calma! Diz-me o que aconteceu! Não, espera que eu vou buscar algo para você se cobrir!

Alice foi até o quarto e voltou com uma manta grossa para me cobrir.

–Agora me diz: o que aconteceu Isabella? Por que veio assim de mala para cá?

–Eu pedi demissão. – respondi, tentando me agasalhar mais – Alix, eu não quero mais continuar lá! Não suporto mais aquele lugar! Maggie estava acabando com a minha vida!

–Não sei como conseguiu permanecer lá...

–Só a minha mãe que me prendia àquele lugar. Eu não podia continuar trabalhando naquela casa. Ainda mais com o que aconteceu...

–O noivado de Rosalie com o canalha do Edward Masen...

–Você sabia de tudo, não é, Alice? – perguntei.

–O quê?!

–Não precisa me esconder a verdade, Alice. Eu só quero que diga que você sabia ou não que Edward me traía com Rosalie...

–Não. Não sabia. – disse, olhando para o chão.

–Como vou saber se está mentindo para mim ou não, Alice? – perguntei, sentindo que estava começando a chorar. Eu já não conseguia acreditar em nada...

–Bella, eu sou sua amiga! – disse, chocada – Sua melhor amiga! Não acredito que você está dizendo isso de mim!

–Rosalie também dizia o mesmo e olha o que ela fez comigo!

–Mas eu não sou como ela, sabe bem disso! – se levantou, irada – Eu falei com a Rose uma vez sobre isso. Eu disse a ela que não investisse em Edward e me garantiu que não iria manter contato com ele.

Alice se sentou na poltrona perto de mim e continuou a falar:

–Eu devia prever que ela não iria cumprir a promessa. Mas todas as vezes que perguntava a Rosalie se estava mesmo com Edward, ela sempre negava ou mudava de assunto. No entanto, eu sempre achei que ela não dizia a verdade. Nunca acreditei. Aí um belo dia você me disse que estava namorando Edward. Como eu iria te dizer que os dois poderiam estar juntos se eu não tinha uma prova concreta de que eles estavam mesmo ficando? Entende o que eu quero dizer, Bella? Quanto mais eu tentava descobrir algo, mais a Rosalie conseguia me enganar! Não só a você e a mim. Emmett McCarthy, que ficava com Rosalie também, sequer desconfiava que levasse um belo par de chifres!

–Então quer dizer que não tinha certeza quanto a isso?

–Sim. Eu juro que queria muito ter te alertado sobre o que estava acontecendo, mas sabe que não iria fazer isso sem nenhuma prova. Eu nunca soube onde os dois se viam até ver naquela revista. Desculpe-me, Bella. Eu juro que queria te ajudar...

–Tudo bem... Já é tarde demais. Eu só... – abracei Alice, chorando ainda mais - Eu só queria que nada disso tivesse acontecido... Eu queria a minha mãe aqui comigo...

–Vai ficar tudo bem... – disse, colocando-me em seu colo – Renée estará com você. Sempre.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, no colo de Alice, chorando. Só sei dizer que estava me sentindo um pouco melhor quando era tarde da noite.

–Prometo que amanhã de manhã cedinho eu vou embora. – falei, enquanto Alice arrumava o quarto de hóspedes para mim.

–Isabella, não precisa disso! Você pode ficar aqui o tempo que precisar! Não vai me incomodar. Ao contrário, desde que deixei a faculdade minha mãe não vem me visitar e preciso de companhia.

–Você abandonou Cambridge?! – perguntei, sentando-me na cama.

–Sim. Não conseguia conciliar a faculdade com o projeto que estou iniciando... Preferi me dedicar a alguma coisa que tenho mais afinidade.

–Imagino...

–Afinal, como conseguiu me encontrar em Notting Hill?

–Eu liguei para a sua casa. Se eu não tivesse feito isto, estaria morrendo de frio pensando que você estava lá. Obrigada por me deixar ficar aqui, Alix.

–Já disse que não é nada, Bella. – disse, dando-me um abraço – Eu vou para o meu quarto, que é do lado. Qualquer coisa é só me chamar. Tem toalhas no banheiro e comida na geladeira.

–Tudo bem...

–Fica bem, viu?

Assenti com a cabeça e Alice saiu do quarto, fechando a porta logo em seguida. Tirei os All Star’s e deslizei na cama, enrolando-me nas cobertas. Voltei a chorar novamente. Chorava por ainda me sentir tão vulnerável... Eu só queria demonstrar um pouco menos de fraqueza ao passar por situações como essa. Eu ainda me sentia tão criança...

[...]

Eu não consegui dormir; tive pesadelos à noite toda. Em alguns deles, via os meus pais. Em outros, via Edward... Abandonando-me... Fiquei por horas olhando a neve cair pela janela e quando vi que já havia amanhecido, levantei e fui para a cozinha para fazer o café. Não estava aguentando ficar parada.

Estava fazendo um suco de laranja quando vi Alice usando apenas um blusão adentrar pela cozinha, reclamando:

–Mas o que você está fazendo, Bella? Daqui a pouco a empregada vai chegar! E por que você acordou tão cedo?

–Desculpa pelo barulho que fiz... – pedi – Eu não consegui dormir a noite e não queria ficar sem fazer nada. Quer waffles? Minha mãe me ensinou a receita!

–Tudo bem...

Puxei uma cadeira para me sentar junto a Alice e começamos a comer.

–Isso está ótimo! – disse a baixinha, depois de comer – Comi tanto que acho que vou explodir!

–Exagerada!

–É sério!

–Sei...

–Agradeço por ter feito o café hoje, Bella, mas não precisa fazer isso todos os dias. Você é a minha convidada aqui em casa.

–Mesmo assim, Alice... Sabe que não gosto de me sentir uma inútil...

–Hum...

–Além disso...

–Além disso, o que?

–Estava pensando em ir atrás de outro emprego... Logo as minhas economias acabarão e não terei mais nada.

–Não precisa. Vem trabalhar comigo. Preciso de alguém de confiança para me ajudar com os contratos.

–Alice... Eu não quero incomodar. E já estou dando trabalho demais!

–É sério! E já disse que não é incômodo nenhum! Estou apenas oferecendo uma proposta de formar sociedade comigo.

–Tudo bem...

Alice sorriu e continuei comendo os waffles que havia feito.

–Ah, eu ia me esquecendo de te dizer... – falou, colocando os pratos na pia.

–O que?

–Um amigo dos Estados Unidos vem passar uns dias aqui, mas não se preocupe. Há mais um quarto de hóspedes.

–Alice...

–Bella, eu já disse que pode ficar o tempo que for necessário! Eu não vou negar abrigo a minha melhor amiga.

–Tudo bem... Eu vou tomar banho e me arrumar para tentar algo. Já estamos no final do ano. Não acredito que ninguém me aceite como empregada temporária, pelo menos.

–Mas já sabe que pode contar comigo, não é?

–Claro, mas me deixe tentar, ok?

–Tudo bem...

Logo depois de ter tomado banho e colocado uma roupa decente, com a ajuda de Alice, fui à estação de metrô rumo ao centro de Londres atrás de emprego em qualquer lugar que estivessem oferecendo. Primeiramente, fui a uma agência de empregos e fiz um cadastro de reserva. A única experiência era o trabalho como empregada doméstica na casa dos Cullen e os outros que preenchiam o mesmo cadastro na mesma sala em que eu havia sido colocada aparentavam ter mais qualificações. Estou ferrada! Fui perambulando de shopping em shopping indo a lojas que precisavam de pessoas trabalhando temporariamente. Em algumas lojas, diziam que eu precisava de mais experiência; em outras, diziam que eu não tinha o perfil adequado. Fala sério! Era apenas para vender roupas a um bando de madames cheias de frescura, não um desfile de moda! Queriam que eu tivesse uma boa aparência, pele limpa, saber falar bem... Eu já não tinha tudo isso? Ao que pareceu, não.

No segundo dia de procura, fui mais animada à outra agência de empregos com currículos mais elaborados. Eu havia feito vários cursos rápidos de informática nos tempos do colégio. Tinha de servir para algo! Assim como da primeira vez, disseram que me chamariam caso alguma empresa precisasse de pessoas para treinamento em empregos de meio período. A atendente da agência de empregos estava me falando de várias opções, mas que exigiam experiência.

–Não acredito que não tenha nenhum emprego que não exija qualificação. – reclamei à mulher.

–Sinto muito, senhorita Isabella. As vagas de temporários já foram preenchidas desde o mês de setembro, que é o começo das contratações para o período de festas. Infelizmente é só o que tenho aqui.

–Minha nossa! Eu perdi quase dois anos da minha vida trabalhando como empregada doméstica e quando tive oportunidade de estudar, eu não tive acesso a nenhum curso para me qualificar. Os meus antigos patrões acabaram com a minha vida profissional! – disse segurando a ponta do nariz.

–Eu lamento muito... Se eu pudesse ajudá-la...

–Tudo bem... Obrigada mesmo assim.

Saí do prédio da agência, arrasada. Os Cullen não me ajudaram em nada, afinal. Só queriam que eu fizesse companhia a Rosalie no colégio. Eu não pude aproveitar e agora estou aqui penando para conseguir um trabalho decente!

Essa rotina acabou se repetindo por vários dias e estava ficando impaciente. Não podia ficar dependendo de Alice para sempre. Algum dia eu teria de sair da casa dela e tomar conta da minha própria vida. Estávamos no quarto de Alice, ouvindo música e conversando sobre o fato de eu não ter conseguido nenhum trabalho ainda.

–Se você pudesse, pelo menos, trabalhar comigo, Bella. Já seria ótimo! Nem havia me lembrado da tua idade!

–Mas nem dá... Ainda tenho 17 anos. Sou menor de idade.

–Mas para algumas coisas não. – comentou, rindo. Maldosa!

Fiz cara feia para Alice, que fazia rabiscos de uma modelo em um caderno de desenho.

–O que tanto desenha?

–Estou fazendo o meu trabalho.

–Está trabalhando na criação de uma grife... É isso?

–Sim! Deixe-me mostrar a coleção primavera-verão da Serenity!

Alice foi andando até o escritório e eu a acompanhei.

–Serenity?! É isso mesmo?

–Lógico! Tem tudo a ver com o quero passar com as minhas criações. – respondeu, pegando uma pasta cheia de croquis.

–Minha nossa! Como são lindos os seus desenhos!

Havia cada coisa bonita! Tanta coisa delicada... Cada blusa, shorts e bermudas femininas, saia, bolero, cardigã, vestido... Um mais lindo que o outro! Os desenhos sugeriam que a maioria das peças fosse fabricada com renda, seda, entre outros materiais.

–Esse casaco já é uma sugestão para o inverno. – disse Alice, mostrando-me um croqui.

–Okay. E quantas chinchilas serão necessárias para fazer um único casaco?

–Não precisa de nada disso. Deixe as chinchilas no canto delas. Esse negócio de matar animal para fazer casaco de pele é com as irmãs Olsen. Eu já faço a linha mais ecologicamente correta. Todos os casacos serão feitos de pele sintética.

–Espero que tenha êxito nesta empreitada!

–Assim espero também! Mas temos de dormir cedo. Amanhã, o meu amigo Jake vem passar uns dias aqui e ele chega de manhã.

–Mas quem é esse Jake? – perguntei.

–Jake é um amigo meu de Washington. Conheci-o em uma viagem que fiz com os meus pais.

–Ah sim...

–Ele é uma ótima pessoa! Acho que você vai gostar dele.

–Hum... Sei...

No dia seguinte, acordamos cedo para buscarmos o tal do Jake em Heathrow. Enquanto esperávamos pelo voo de Jake chegar no saguão do aeroporto, percebi que, alguns homens passavam, olhavam para mim e Alice. Como se eu fosse uma garota de chamar a atenção de todo mundo... É mais provável estarem olhando para Alice. Incrível como uma pessoa transforma um look casual em algo tão chique.

–Jake já chegou! – disse Alice, olhando no painel eletrônico – Vamos!

–Calma, Alice! Ele vai esperar por você!

–Eu sei! – disse, me arrastando ao portão de desembarque – Mas é que faz tempo que não o vejo. Estou curiosa para saber como ele está!

Alice parecia mesmo empolgada em rever o melhor amigo. Pelo que ela me contou, fizeram diversas coisas juntos enquanto Alice esteve Washington, mas não me contou se os tiveram algo.

–Bella, é ele ali! Nossa como ele está lindo!

–Cadê, Alix? Não estou vendo!

–Menina, é aquele moreno alto! – disse Alice, correndo para abraçá-lo – Jake!

–Allie! – disse abraçando e rodopiando a baixinha – Como você cresceu!

–Muito engraçadinho! – disse, dando um tapa no braço dele – Cadê o seu amigo que vinha com você? Como é mesmo o nome dele?

–Jasper Whitlock. O Jazz ficou na Espanha. Apaixonou-se por uma espanhola chamada Maria e por lá ficou.

–Ah...

Eu olhava para os dois, rindo. Era engraçado ver os dois brincando. Jake era mesmo um homem bonito. Moreno, alto, de cabelos pretos e curtos, olhos da mesma cor, lábios carnudos e um corpo esbelto...

–Isabella, eu quero te apresentar meu amigo, Jacob Black. – disse Alice – Jake esta é a minha melhor amiga, Isabella.

–Prazer em conhecê-la, Isabella. – disse ele mostrando os dentes perfeitos em um sorriso lindo.

–Prazer em conhecê-lo também, Jacob. – disse, cumprimentando-o. Olhando mais de perto, pude ver que ele possuía uma tatuagem maori no antebraço.

–Pode me chamar de Jake que eu não faço nenhuma objeção.

–Tudo bem, Jake.

Eu olhava para homem e ele me passava uma felicidade tão grande. Eu me senti bem ao lado dele. Ouvi Alice rir baixinho. Em que ela via graça?

–É... Melhor irmos, não é Alice? – perguntou Jake, parecendo estar embaraçado – Você me prometeu mostrar a cidade.

–Claro! Mas nós vamos fazer isto depois! – disse, levando pelo braço - Agora você deve estar cansado. Planejei algo muito especial para a noite de hoje!

–Ah, se for do mesmo jeito que aconteceu em Washington em que voltamos muito loucos para casa e na manhã seguinte, ainda tive de ficar acordado por causa do casamento da minha irmã...

–Nem me lembre disso... Bella, esse maluco me obrigou a tomar tequila! Eu nunca tinha tomado isso! – reclamou Alice – Fora que, se descobrissem que éramos menores de idade, seríamos presos.

Enquanto saíamos do aeroporto, Jake contava a história de como havia conhecido Alice e como haviam se tornado amigos. Alice olhava para mim de uma maneira estranha. Por que será?

–O que achou do Jake, Bella? – perguntou Alice, me maquiando.

Alice havia chamado Jake e eu para irmos a um restaurante e depois, a uma boate, dançarmos.

–Parece ser uma ótima pessoa! – respondi – Mas você tem certeza de que é apenas amiga dele?

–Claro, Bella! Jake, para mim, é como um irmão.

–Conta a verdade!

–Mas é a verdade! Ele ficou olhando para você que eu percebi...

–Lá vem Alice com a história de sempre... – comentei, olhando para o espelho do estojo de maquiagem.

–Eu não estou mentindo! Foi o que eu vi! Jacob Black estava te secando. – Alice gritava.

–Alice, mulher! Cala essa boca! Vai que o Jake ouve?

–E o que tem? É verdade mesmo! Sabe eu percebo as coisas logo...

–É...

Acabei me lembrando do dia da festa de aniversário de Rosalie em que Alice disse a mesma coisa quando fomos apresentadas a Edward.

–O que você tem?

–Nada demais... – respondi, me levantando – Vamos ver o que você fez comigo dessa vez!

Fiquei de frente para o grande espelho que havia no quarto de Alice: sequer me reconhecia na imagem refletida. Alice havia me emprestado um vestido cinza-chumbo que ia até o meio das coxas.

–Minha nossa, Alice! O que você fez comigo? Na última vez que você me maquiou, eu ainda me reconhecia no espelho!

–Gostou? – Alice perguntou, rindo.

–Sim! As botas com a meia-calça e a maquiagem marcada nos olhos... Adorei!

–Vamos?

Assenti com a cabeça e saímos do quarto. Alice também estava lindíssima como sempre: usava uma blusa verde-clara de alças finas, com uma saia preta de cintura alta com sandália de salto fino. Quando Jake nos viu, ele ficou espantado:

–Minha nossa! Se eu andar com essas duas beldades, os homens terão inveja de mim! Estão lindas!

–Obrigada, Jake. – disse.

–Vamos logo, gente. Marquei a reserva no restaurante para as oito horas.

–Okay, vamos.

Alice, Jake e eu fomos a um conhecido restaurante, o The Wolseley, na Picadilly. Ainda bem que não tive problemas para comer com todos os talheres; lembrei-me de todas as aulas de etiqueta no colégio e os jantares que eu vi na casa dos Cullen. Até que havia um lado bom em servir.

Enquanto Alice contava histórias dos tempos de colégio, eu percebia que Jake me observava sempre. Será que era verdade o que Alice havia me contado mais cedo? Mas ele mal me conhecia... Jake era um homem muito bonito. Não se podia negar... Era impossível que nenhuma mulher pudesse sentir atraída por ele, mas... Eu ainda me pegava pensando em Edward.

Edward Masen POV

Fazia apenas duas semanas que havia iniciado o meu noivado e Elizabeth, Esme e Rosalie já estavam às voltas com os preparativos do casamento. Não havia a necessidade dessa pressa. Assim, a imprensa iria confirmar as suas suspeitas, achando que eu “havia comido o bolo antes da festa” e engravidado a Princesa do Cullen. Como se a aparência de Rosalie também não ajudasse a diminuir isso... A garota estava quase sempre doente quando eu ia visitá-la e sabia muito bem o motivo de ela estar doente. Não vou dizer nada quanto a ela não querer comer direito. Se ela não quis dar ouvidos ao que a família deve ter falado sobre isso, não será eu quem mudará algo.

Estava na casa dos Cullen, entediado, cansado, faminto e com uma vontade grande de ir embora daquele lugar. Parecia que eu estava alheio a tudo que falavam, mas sabia qual era o assunto que tanto falavam: o casamento. Por que não enrolavam mais para marcar a data deste casamento? Precisaria disso para o mais breve possível? O que eu mais queria agora era poder ver Isabella e tentar explicar a ela tudo que estava se passando. Mas é claro que ela não vai te ouvir, seu lazarento! Era mais que óbvio que ela nem iria olhar na minha cara, mas eu queria tentar! Eu queria me arriscar! Precisava disso. Precisava vê-la mais uma vez. Eu sentia tanto a falta dela... Será que se, eu sair de fininho, ninguém nota a minha ausência? Do jeito que estão, é capaz de esquecerem que estive aqui...

Saí da sala de visitas e andei pelos cômodos da casa, procurando Isabella em qualquer lugar, mas não a vi em canto algum. De repente, senti alguém tocar de leve o meu ombro. Não era quem eu queria que fosse.

–Amorzinho, aonde você ia? – perguntou Rosalie.

–Fui atender o celular. – respondi. Acredita nessa...

–Ah sim... Mas por que foi tão longe? Nossa, pensei que não iria mais te encontrar!

–Ah... Perdi-me?

Rosalie riu, abraçando-me, dando um beijo casto logo em seguida. Fiquei abraçado a ela por alguns minutos. E eu achava que os cabelos dela poderiam ter o mesmo cheiro de morangos que certa pessoa tinha... Mas não. Havia dias que eu ocupava todos os pensamentos em Isabella e nas coisas erradas que fiz.

Em um dia, estava em um barzinho perto da casa onde Elizabeth morava, esperando Ben e Vicky aparecerem. Passei tanto tempo esperando-o, que comecei a me distrair, pensando novamente em Isabella. Sentia-me sufocado quando isso acontecia... O que poderia ser?

–Demorei muito? – perguntou Ben, sentando-se a mesa – Nunca mais quero andar de ônibus!

Ben continuava falando, mas eu não prestava atenção ao que ele dizia; olhava para o nada e remexia no porta-guardanapo de metal que havia na mesa.

–Edward? – perguntava, passando a mão no meu rosto – Edward? Está tudo bem? – perguntou mais uma vez quando eu percebi que ele estava lá.

–Acho que não...

–Logo vi. Cheguei atrasado e você nem reclamou. O que aconteceu?

Fiquei encarando-o e pensando em como responder àquela pergunta.

–Nossa, as coisas estão feias mesmo! – Ben comentou – Nem fala nada!

–Sabe aqueles momentos da nossa vida em que percebemos que não é aquela vida que queremos? – perguntei.

–Como assim, cara? Que história é essa?

–Sabe quando finalmente percebemos que fizemos escolhas erradas e que a nossa vida uma merda?

–Sei... Tem algumas coisas que me arrependo de ter feito mesmo. Aliás, isso acontece com todo mundo. Mas por que pergunta isso?

–Por que é só agora que me arrependo de tudo o que fiz com a Bella e esse noivado maldito? Ben, eu não quero mais isso! Eu praticamente me vendi ao pai da Rosalie! Por tão pouco! E tudo isso para quê? Só para que a minha mãe tenha a vida de madame de antes! Eu não quero mais isso!

–É, cara... Mas voltar atrás a essa altura do campeonato não dá... Você já está de casamento marcado com a Rosalie e Isabella, com certeza, vai te dar um chute nas bolas quando tentar falar com ela.

–Eu sinto tanta falta dela... Chega a doer... – disse, meneando a cabeça – Eu penso nela sempre. Até mesmo quando estou com Rosalie...

–O que?! Não vai me dizer que... Garçom me traz duas cervejas que o meu amigo está precisando muito. – disse quando o homem veio nos atender – Eu não acredito nisso, cara!

–O que?

–Apaixonou-se por Isabella?

Olhei para Ben e acabei me convencendo de que, poderia ser isso mesmo: eu estava apaixonado por Bella.

–Talvez... Mas isso importa agora? É como você disse... Isabella não vai querer falar comigo. Melhor deixar as coisas como estão. E tentar esquecê-la...

–Se você acha que é melhor assim...

–Tem outra solução?

–Cancelar o noivado seria outra ideia...

–Se desse... Eu vou lá fora fumar um cigarro. – disse, me levantando.

–Mas está fazendo um frio do caralho!

–Nem ligo! Avisa quando a Vicky chegar.

FIM DO CAPÍTULO 10



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