Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 7
O amor custa caro (pt. 1)


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Desculpa pela demora, mas tive de revisar este capítulo. Bom... Neste capítulo acontecerão várias coisas. Só lendo mesmo para saber...



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  Isabella Swan POV

      O mês de setembro estava acabando e o outono já começava a dar seus primeiros sinais em Hertford. Os dias eram nublados para combinar com o meu humor naqueles dias e as folhas das árvores caíam, fazendo com que o jardim da residência adquirisse tons de laranja e amarelo. Eu gostava da maneira que a paisagem ficava; lembrava a minha infância, quando corria por esse mesmo lugar com Rosalie. No entanto, Margaret dizia que não era bom que o jardim ficasse daquele jeito e mandava sempre Leah e eu juntar constantemente as folhas caídas com um soprador. O tempo que passava ali conversando com Leah era bom, me fazia esquecer um pouco daquela rotina ruim a que eu era infligida e o que tinha acontecido na última vez que vi Edward.

       Já fazia quase duas semanas que eu não o via e sentia uma falta imensa dele. Nos primeiros dias, ele cumpriu sua promessa: mandava-me mensagens todas as noites. Renée uma vez descobriu o celular e perguntou como eu o tinha adquirido. Respondi dizendo que economizado algum dinheiro e comprado um modelo barato para que eu pudesse ligar para ela quando me atrasasse para chegar em casa. Ela acreditou e não perguntou mais nada. Mesmo com o que aconteceu naquele dia, ele me mandava mensagens todas as noites perguntando o que eu tinha feito no dia e como estava. Nada mais. Depois, as mensagens se tornaram escassas e simplesmente de deixou de manter contato comigo. Eu não liguei para ele nem o incomodei com mensagens sentimentais; sabia que homens não suportavam a ideia de ter mulheres em seu encalço, sufocando-os. Não falei com Edward e assim passei o resto dos dias: pensando nele somente, ficando por mais tempo na Biblioteca Britânica achando que Edward poderia aparecer de repente...

         Em uma noite, Alice reapareceu em Hertford para sair com Rosalie a uma festa que as duas foram convidadas. Aproveitei que Rosalie ainda estava tomando banho em seu quarto para contar a Alice sobre a minha relação com Edward.

-Por que tanto suspense? – perguntou Alice em voz alta, enquanto se sentava em uma parte do sofá – E por que Rosie não pode saber?

-Fala baixo, Alix! Ninguém, sob hipótese nenhuma, pode descobrir isso! – sussurrei, olhando para a porta da suíte de Rosalie.

-Então o que é? – perguntou em voz baixa.

-Tudo bem... Prometa-me primeiro que vai levar esse segredo para o túmulo!

-Bella, deixe de ser tão dramática e conta logo!

-Vai me prometer ou não? – arqueei as sobrancelhas para Alice, esperando uma resposta.

-Sim, eu prometo! – disse com a mão direita estendida como se estivesse em um julgamento – Mas conta logo! Estou ficando curiosa!

-Tudo bem... – disse olhando para as entradas do quarto – Estou namorando Edward Masen.

-O quê?! – Alice exclamou alto.

-Alice, pelo amor de Deus! Fala baixo! – disse aflita.

         Fui à porta da suíte que Rosalie se encontrava. A loira estava ouvindo KT Tunstall em um volume considerado alto. Ainda bem que ela não ouviu Alice gritar.

-Sorte a sua que ela está ouvindo música, senão ela teria ouvido tudo!

-Bella ainda estou chocada com essa notícia! Como assim vocês estão namorando? Desde quando? – perguntou, sussurrando.

-Já tem quase três meses e...

-Não me diga que vocês já...?

-Já!

-Oh, meu Deus! – exclamou, colocando as mãos no rosto.

-Foi muito rápido, não acha? Mas eu não tinha ideia do que fazer e não podia conversar sobre isso com ninguém. Você nunca mais veio aqui!

-Desculpe-me... A faculdade e o projeto que iniciei estão me ocupando muito.

-Eu não sabia...

- Você e Masen namorando... Isso é bom, não é?

-É, mas...

-Mas...?

-Fui impulsiva demais ao dizer que gostava dele. Eu sei que não devia ter falado nada, mas não estava pensando direito e ele não me disse nada em resposta.

-Isso sempre acontece. Pessoas demoram a demonstrar sentimentos; Edward deve agir dessa maneira. Não se preocupe com isso.

       Alice falava rápido, atropelando-se nas frases, assim como eu falava quando estava nervosa. Estranho que ela nunca foi disso.

-Será...?

-Mas é claro!

         Num súbito, Rosalie abriu a porta da suíte, enrolada apenas em um roupão. Ela estava emagrecendo ainda mais. Percebi que os ossos de sua clavícula estavam mais protuberantes. Era feio de se olhar.

-O que tanto vocês fofocam? – perguntou.

-Nada demais, Rose! – Alice foi a primeira a falar – Estava falando a Isabella sobre o meu projeto, não é Bella?

-Ah... Sim, claro! O projeto da Alice... – respondi sem entender nada.

-Não sei como a Alice colocou na cabeça que quer ser estilista!

-Pode dar certo... Alice desenha muito bem e tem criatividade. Lembra-se de quando ela fazia caricaturas nossas?

-Era tão divertido fazê-los! – comentou Alice.

-Era sim... O único problema era que você me desenhava com a testa bem maior!

-E eu tenho culpa? – perguntou, rindo.

      Rosalie lançou um olhar enfezado a ela, mas depois riu conosco, como sempre fazia. Um pouco depois, as duas saíram para a festa e continuei com os meus afazeres. A conversa que tive com Alice amenizou um pouco mais as dúvidas que eu tinha. Talvez fosse isso mesmo: Edward poderia ter dificuldades de demonstrar seus sentimentos. Eu iria esperar o tempo que fosse para ele dizer que sentia o mesmo por mim.

       Dias depois, eu estava na Biblioteca Britânica muito cansada, depois de estudar os entediantes postulados de Bohr e seus átomos, resolvi voltar logo para casa. Estava arrumando minhas coisas na bolsa, quando o meu celular começou a vibrar, fazendo um barulho alto. As pessoas que liam ou estudavam, próximas a mim, olharam com cara feia.

-Droga! – praguejei baixinho.

        Retirei o celular da bolsa e vi uma mensagem de texto de Edward. Era mesmo dele? Bom, o visor do celular indicava que sim.

-“Quero muito te ver hoje...”. – era o que tinha escrito. Ai, meu Deus, ele queria mesmo me ver!

-“Me espere em frente à biblioteca”. – foi somente o que mandei a Edward. Não queria que ele pensasse que estava morrendo de saudades.

     Saí da Biblioteca arrumando minhas coisas. Logo começou a chover, abri meu guarda-chuva e fiquei esperando em frente à biblioteca como combinado. Não achei que Edward pudesse vir realmente depois de dias sem manter contato, mas continuei esperando por ele. Pouco tempo depois, eu ouvi alguém me chamar. Achei que pudesse vir a ser uma alucinação minha, mas quando levantei o olhar e o vi lindo como sempre, vestindo uma camisa azul clara com uma camiseta branca por baixo, calças jeans escuras e tênis Adidas, não resisti e tive ímpeto de beijá-lo ali, no meio da Euston Road movimentada, debaixo do meu guarda-chuva. Edward correspondeu ao meu beijo de um jeito bem diferente das outras vezes em que nos beijamos; confesso que adorei isso!

-Desculpe-me por não ter falado com você esses dias. Eu estive bastante ocupado... – disse Edward quando parou o beijo, sorrindo para mim. Ainda morro com isso.

-Tudo bem... Isso não é problema, o importante é que você veio me ver hoje! – afirmei, contente. Só faltava dar pulos de alegria.

       Edward sorriu para mim e foi me levando, de mãos dadas, até o seu carro. O estranho era que eu sentia que estava sendo vigiada por alguém, mas acho que era somente a minha imaginação me pregando mais uma. No caminho até seu apartamento, fomos conversando sobre qualquer coisa e rindo de qualquer besteira que falávamos. Eu estava tão feliz que ficava cantarolando as músicas que Edward colocava em seu som automotivo. Edward ria ao ver meu “belo” desempenho musical.  E eu me importava com isso? A única coisa que me importava era o fato de estar bem com ele.

        Quando chegamos ao seu apartamento, não me contive e me apoiei na ponta dos pés para beijá-lo mais uma vez. O beijo que se iniciou calmo, logo se tornou lascivo. Edward me beijava de tal maneira que eu sentia o ar me faltar! Assustava-me por nunca ter sido beijada com tanta vontade como hoje. Podia sentir que algo havia acontecido com Edward nesses últimos dias para ter um comportamento demonstrando que está apaixonado por mim. Será isso mesmo ou será fruto da minha imaginação?

-Senti tanto a sua falta, mulher... – disse entre o beijo. Adorava quando ele me chamava desse nome com aquela voz rouca.

         Edward foi me empurrando contra a parede, ainda me beijando avidamente e retirando as minhas roupas com pressa. Essa ânsia que possuíamos de ficarmos juntos instigou-me a fazer o mesmo com ele. Edward ainda iria me deixar ensandecida com as carícias que fazia no meu pescoço e colo enquanto se movia sobre mim, vagarosamente.

[...]

      Não demorou muito para que passássemos a fazer amor em todos os lugares e objetos do apartamento de Edward, como o sofá da sala, a mesa da cozinha, a mesa do escritório dele, a cadeira giratória do mesmo cômodo, no Box do banheiro enquanto “tomávamos banho”... Meu Deus! Confesso que estava me viciando mais em Edward Masen. É... Eu estava gostando mesmo dele!

        Em um dia, estava sentada no chaise do escritório de Edward, vestindo apenas uma camisa dele e lendo Ligações Perigosas. De vez em quando, eu o via concentrado, mexendo no computador, olhando papeis e fazendo contas em uma calculadora. Até assim, Edward era lindo!

-O que tanto olha Bella? – perguntou quando me pegou encarando-o.

 -Ah... Não é nada... Só estava olhando por que gosto de te olhar mesmo. – disse, sem encará-lo. Estava com vergonha e podia sentir meu rosto ruborizar.

       Edward sorriu com o meu comentário e me fez ir até o seu colo e sentar. Ele me encarava com aqueles olhos como se estivesse memorizando meu rosto e logo me beijou, calmamente. Adorava quando sentia o toque das pontas dos dedos dele em meu corpo. O ronco do meu estômago fez com que interrompêssemos o beijo, fazendo-nos rir. Estava tão bom...

-Acho que alguém aqui está precisando mesmo se alimentar! – comentou, fazendo-me rir novamente – Vou fazer o jantar!

-Não será nenhum trabalho para você? – perguntei, saindo de cima do colo de Edward.

-Claro que não! Deixe que eu preparo algo para nós comermos.

-Será que vai ficar bom?! – perguntei, rindo.

-Espere para saber. – respondeu, estreitando os olhos.

       Enquanto Edward ia para a cozinha tentar fazer algo que preste para nós, eu ia para debaixo do chuveiro tomar um banho rápido e colocar minhas roupas. Depois de me arrumar, saí do banheiro e ouvi a campainha tocar. Quem seria?

-Bella, atende para mim, por favor? – pediu Edward, da cozinha.

-Hum... Tudo bem... – disse receosa.

         Andei devagar até a sala, enquanto tocavam insistentemente na campainha.

-Já vai! – falei, abrindo a porta.

-Edward, eu queria muito te pedir para que atendesse o celular de vez em quando! De vez em quando é bom falar comigo!

        Quem estava à porta era uma linda ruiva de olhos verdes amendoados, esguia, alta, com os cabelos ondulados indo até o meio das costas e muito bem vestida, uma versão mais chique do estilo hippie. Quem era essa mulher e por que ela tinha tanta intimidade com o dono do apartamento?

-Quem é você? – perguntei.

-Quem é Bella? – perguntou Edward, vindo da cozinha.

-Ah, então você é a Bella que o Edward tanto fala! Você é mesmo uma gracinha! – a mulher de cabelos alaranjados disse animada e me abraçava apertado – Prazer, eu me chamo Victoria, mas se quiser pode me chamar apenas de Vicky.

-Ah... Oi, Vicky! – falei. Por que essa mulher me chama pelo apelido?

-Olá, Vicky! – disse Edward, parecendo irritado.

-Edward, por que você não me falou mais da Bella? – perguntou a ruiva.

-É, Edward... Por que nunca me falou da Victoria? – interroguei, olhando furiosa para ele.

        Edward olhava para nós duas, aturdido, e dava para ver que ele engolia em seco. Por que ele estava assim? Ele me escondia algo que aconteceu entre os dois?

Edward Masen POV

        Eu não estava mentindo quanto ao fato de estar ocupado nas últimas semanas. O simulado na Eton, a realização de um orçamento para a compra do maquinário para a Masen Textiles e a ida para a sede da fábrica para verificar as instalações fizeram com que eu não tivesse tempo para nada.  Não que eu gostasse de me ocupar muito, mas essas atividades não me deixavam distraído com outras coisas. Uma delas... Naquele dia em que fiquei esperando Isabella por horas, não imaginei que fosse ficar tão bravo e preocupado com ela por conta do acontecido. Nem pude imaginar que ela pudesse reagir de uma maneira diferente da normal. O jeito que ela falava comigo, como se estivesse zombando de mim! E ainda por cima, brigou comigo (e com razão!)! Nos poucos meses que estivemos juntos, Isabella nunca foi de agir assim! Ou apenas não teve oportunidade de mostrar esta faceta. E mesmo tentando ficar ocupado com essas coisas todas, não consegui deixar de pensar no que Isabella me disse na última vez em que nos encontramos e transamos na sala.

“Eu gosto muito de você, Edward...”.

    A frase que Isabella proferiu não era a mesma coisa que aquela frase de oito letras e três palavras, mas causava o mesmo impacto em mim. Outras mulheres já haviam dito a mesma coisa, sequer dei importância ao que elas diziam. Essa situação havia sido diferente, no entanto. Por dias, essa frase ficou martelando em minha mente. Era óbvio que eu gostava de Isabella, já comentei sobre isso antes. Gostava muito dela. Eu adorava a sua companhia, seus beijos, seu corpo... Adorava tudo que havia nela, mas Isabella não podia esperar que eu retribuísse o seu sentimento por mim da mesma maneira. Pelo menos, ela acreditou no que eu havia dito e não me perturbou quanto achei que iria... Na verdade, achei que ela fosse me mandar mensagens ou me ligar várias vezes, mas não o fez. Fiquei até surpreso com isso. E ainda havia Rosalie... Confesso que já não tinha muita paciência para vê-la, mas ainda assim, eu me encontrava com ela para que não reclamasse muito. Acho que Rosalie estava começando a perceber que eu não ligava tanto para o que falava. Mas também, qual o homem aguenta uma mulher falando de si o tempo todo?

         Durante os últimos dias, passei a pesquisar os preços de todas as máquinas haviam necessidade de serem reinstaladas e empresas de serviços de consertos. Não havia nada na fábrica que pudesse ser reaproveitado ou consertado e as instalações elétricas estavam danificadas. O gasto que eu teria consertando tudo sairia bem mais caro. Como é que eu vou arrumar dinheiro suficiente para arcar com todas essas despesas? O melhor a ser feito agora é esperar para encontrar uma solução para esse problema. Enquanto isso, eu fui encontrar Isabella na cidade. Precisava me despreocupar um pouco e ela era a pessoa certa para isso.

        Enquanto ia para Londres, eu mandava uma mensagem de texto para Isabella, avisando que queria vê-la. Minutos depois, Isabella me respondia, dizendo que eu a esperasse em frente à biblioteca. Guiei o Volvo até a Euston Road e vi Isabella encostada na parede do prédio, olhando para o seu guarda-chuva transparente enquanto a chuva caía. Saí correndo do carro e fui até Isabella e a chamei. A garota de cabelos avermelhados revoltos alcançou o meu olhar e veio até a minha direção, me beijando. Eu nunca havia feito aquilo, beijar Isabella em público, mas naquele dia, não tinha dado a menor importância para isso.

-Desculpe-me por não ter falado com você esses dias. Eu estive bastante ocupado... – disse depois de ter interrompido o beijo.

-Tudo bem... Isso não é problema, o importante é que você veio me ver hoje! – Isabella falou contente.

        Levei-a pela mão até o meu carro. Senti que havia visto alguém conhecido nos observando, mas acho que era só impressão minha. Vai entender! Durante a viagem até Berkshire, eu ouvia Isabella cantar as músicas que tocavam no rádio.  Claro que ela não sabia cantar tão bem quanto a Florence Welch, mas era divertido vê-la fazendo isso. Chegamos ao meu apartamento e não resisti em beijá-la mais uma vez. Bella estava ficando mais bonita a cada dia que se passava e o seu cheiro... Bom... O seu cheiro ainda me deixava maluco.

-Senti tanto a sua falta, mulher... – disse enquanto nos beijávamos.

        Senti Isabella se arrepiar quando lhe falei isso. Percebi que ela devia adorar quando eu lhe chamava dessa maneira. A cada vez que a beijava e tinha seu corpo mais próximo ao meu, mais eu tinha uma vontade louca de transar com Isabella e assim fizemos no tapete da sala. E tão logo, passamos a “inaugurar” todos os objetos e lugares do meu apartamento. É, estava me viciando em Isabella e isso não era bom.

       Dias depois, Isabella e eu estávamos em meu escritório. Eu estava refazendo os gastos na planilha que havia organizado no computador e Isabella lia meu exemplar envelhecido de Ligações Perigosas no chaise. Por um longo tempo, percebi um par de olhos cor de chocolate me encarando.

-O que tanto olha? – perguntei, ainda olhando para a calculadora financeira em minhas mãos.

-Ah... Não é nada... – disse, olhando para as mãos e corando - Só estava olhando por que gosto de te olhar mesmo.

       Soltei uma risada com o seu comentário e indiquei que viesse até onde eu estava. Isabella sentou-se em meu colo e a beijei, alisando o seu corpo por debaixo da camisa de mangas que ela estava usando. Ouvi um ronco vir do estômago de Isabella e interrompemos o beijo, rindo.

-Acho que alguém aqui está precisando mesmo se alimentar! – comentei, fazendo-a rir – Vou fazer o jantar!

-Não será nenhum trabalho para você? – perguntou, se levantando.

-Claro que não! Deixe que eu preparo algo para nós comermos.

-Será que vai ficar bom?! – perguntou rindo e olhava para mim de forma duvidosa.

-Espere para saber. – disse indo para a cozinha.

       Ouvi Isabella entrar no banheiro e ligar o chuveiro, enquanto eu começava a preparar um risoto. Gostava de fazer alguma coisa de vez em quando. Era bom para passar o tempo. Coloquei a água para ferver no fogão e peguei todos os ingredientes na geladeira e no armário para fazer o molho e ia cortando os legumes. Ouvi a campainha tocar e pedi para Isabella atender para mim. Logo depois, ouvi Vicky falando com Isabella. O que ela estaria fazendo aqui? Coloquei os legumes de qualquer jeito na panela e fui para a sala.

-Quem é Bella? – perguntei me fazendo de desentendido.

-Ah, então você é a Bella que o Edward tanto fala! Você é mesmo uma gracinha! Prazer, eu me chamo Victoria, mas se quiser pode me chamar apenas de Vicky. – disse abraçando Isabella, como se a conhecesse há anos.

-Ah... Oi, Vicky! – Bella falou, sem entender nada.

-Oi, Vicky! – falei já irritado. O que você quer atrapalhando o meu dia?

- Edward, por que você não me falou mais da Bella? – perguntou Victoria, divertida.

- É, Edward... Por que nunca me falou da Victoria? – perguntou Isabella.

     Dava para ver que ela estava furiosa. E com ciúmes também. Como daquela vez que fomos à confeitaria. Mas ao invés de se calar e não falar nada sobre o assunto, Isabella estava raivosa, tendo uma atitude bem diferente. Mas por que ela teria ciúmes da Vicky? Logo a Vicky!

-E então, Edward? – perguntou Vicky, olhando para mim – Por que não falou de mim para a Isabella? Nossa! Não sabia que você era tão lindinha! Parece uma boneca!

-Bondade sua... – comentou Isabella. Ela ainda olhava para mim como se dissesse: “Vai me dizer quem ela é ou vou ter de fazer isso pelo modo mais difícil?”.

-Ah... Bella... Victoria é uma amiga que conheci na faculdade. Eu só não te falei dela antes por que não tive oportunidades. E também você nunca perguntou dos meus amigos.

-Sim, é verdade... – falou Bella. Acho que ela queria me dizer mesmo: “Mais tarde você me explica isso direitinho!”.

-Gente, eu já vou entrando... – disse Vicky – Fiz muitas coisas hoje e estou cansada! – disse se acomodando no sofá. Oh mulher espaçosa!

-E fez o quê? Posso saber? – perguntei, me sentando no sofá. Isabella fechou a porta e veio se sentar no braço do sofá, ainda irritada.

-Estive arrumando os últimos preparativos da minha nova exposição na New Gallery. Sei que ainda não é grande coisa, mas já é um avanço e tanto! – respondeu, sorrindo.

-E do que se trata a sua exposição? – perguntou Isabella.

-Victoria é uma pintora, vai expor as telas dela, Isabella. – expliquei.

-Ah sim...

-E Edward nunca fez questão de ver o trabalho da sua melhor amiga! Espero que dessa vez você vá, Edward! E que leve Isabella! – disse retirando um grande convite amarelo com o nome da exposição “Estações” da sua bolsa de couro.

-Está me convidando para ver a sua exposição? – perguntou Isabella surpresa.

-Lógico! Vim aqui somente para arrastar vocês! E não aceito não como resposta, ouviu Senhor Masen? – disse Vicky apontando o dedo no meu rosto. Ela sabia que eu odiava isso, mas ainda assim, fazia para me deixar com mais raiva.

-Tudo bem, Vicky... Eu vou pensar no seu caso. – falei.

-Acho bom mesmo...

-Vou ver como anda o jantar... – disse, indo para a cozinha.

-Nossa! Nunca vi o Edward fazer nada por ninguém! Isso é uma senhora mudança! – comentou.

-Sério? – ouvi Isabella perguntar, surpresa.

-Mas é claro! Você teve muita sorte em encontrar um homem como Edward: bonito, charmoso, fiel...

       O que Victoria queria falando essas coisas de mim? Jogar ainda mais na minha cara que eu não era o modelo ideal de namorado?

       Depois do jantar, Isabella e eu ainda ficamos conversando um pouco com Victoria antes de ela ir embora para casa. Tinha ido deixar Victoria até a porta do condomínio e, ao voltar, vi Isabella ainda sentada no braço do sofá.

-Agora você vai me explicar quem é a Victoria? – perguntou Isabella. Seu tom de voz era sério.

-Ah Bella... Eu já lhe falei: Vicky é uma amiga. Somente. – respondi, aproximando-me dela, colocando as mãos em cada lado do corpo.

-Sei... Assim como a Camilla Parker-Bowles era do Príncipe de Gales! – disse, me fazendo rir.

-Não Isabella! Não vou mentir que já fiquei com Victoria, mas...

-Você ficou com ela?!

-Sim, mas isso aconteceu há muito tempo e não me interesso mais por ela. Só por você.

-Mas e ela? Não viu como falava com você?

-Vicky fala assim com todo mundo. Além disso, eu não faço o tipo dela. Victoria dá mais preferência a garotas como você.

-Como assim?!

-Victoria é bissexual se você não percebeu. Apesar da sua preferência, para ela tanto faz ficar com homens ou com mulheres. Ela até poderia ficar comigo ou com você. Ou até mesmo com nós dois ao mesmo tempo.

-Ai, meu Deus! – Isabella exclamou, horrorizada.

          Não me controlei a vontade de soltar uma gargalhada ao ver Isabella assim.

-Ainda ri de mim? – perguntou, afrontada.

-Desculpe, Bella! Não pude me segurar!

-Idiota... – disse sem me encarar.

-Ah, Bella... Não foi a minha intenção. Eu só estava brincando...

-Aham... – disse virando o rosto.

-Poxa, Bella... Não vai me desculpar? – perguntei dando beijos em seu rosto delicado e em seu pescoço exposto pela babylook que usava.

-Assim não é justo... – disse Isabella mordiscando a minha orelha – Fazendo isso, é lógico que eu vou mudar de ideia.

         Eu ri com o comentário e beijei os lábios de Isabella calmamente.

-Tenho que ir. – disse Isabella, interrompendo o beijo.

-Mas já...? – perguntei abraçando-a para que não saísse de perto.

-Já é muito tarde, Edward... Não quero preocupar a minha mãe.

-Fica só mais um pouco... – disse enquanto distribuía beijos molhados pelo seu colo.

-Não, Edward... – Isabella pediu, tentando se desvencilhar do meu abraço.

-Por favor... Só mais um pouco... – supliquei.

       Roçava o dedo polegar em seus lábios em formato de coração; sua respirava era falha e Isabella tentava dizer algo.

-Só mais um pouco... – ela falou.

      Sorri, dando aquele meu sorriso torto que ela tanto gostava e a beijei, levando-a para o quarto.

[...]

-Esteve calado desde cedo... – comentou Rosalie, enquanto engatinhava na cama vestindo apenas uma calcinha e um sutiã de rendas preto.

      Só agora Rosalie percebeu que não abro a boca para falar, a não ser para outra coisa, quando estou com ela?

-Não é nada demais... – disse, olhando para seus olhos azuis enquanto ela se deitava ao meu lado na cama.

     Rosalie resmungou algo que não entendi e ficamos calados, enquanto eu olhava para o teto do quarto de hotel em que alugamos. Que tédio!

-Uma amiga me deu dois convites para a exposição dela. – resolvi quebrar o gelo – Você quer ir comigo? Ela sempre me cobra, dizendo que não vejo nada do trabalho dela, mas eu não queria ir sozinho.

-Onde será? – perguntou.

-Na New Gallery. Bom... Minha amiga Victoria gosta de espaços mais alternativos.

-Ah, eu entendo... E quando começa?

-Na próxima semana.

- Hum... Alice me convidou para uma viagem.

- Então não vou. Vicky me cobrou demais, mas não queria ir sozinho. Deixa para outro dia.

- Não tem problema, Edward; eu posso adiar a viagem. Alice irá entender.– disse, sorrindo.

         Sorri para Rosalie e a trouxe para perto de mim. Passeei os meus dedos por suas costas nuas e percebi o quanto que ela estava magra. Ela não tinha espelho em casa para ver como estava seu corpo? Eu é que não vou me preocupar com isso...

[...]

       Poucos dias depois, eu estava esperando Ben e Vicky aparecerem em um restaurante que nós combinamos de nos encontrar. Engraçado que eles me cobravam para aparecer cedo e estavam mais atrasados do que nunca.

-Posso me sentar aqui com você? – perguntou Vicky ao se aproximar da mesa onde eu estava.

-Está atrasada. – respondi, fingindo irritação.

-Eu sei que demorei. – comentou, se sentando e arrumando a bolsa em cima da mesa – Mas tente entender, ninguém está querendo trabalhar direito. Aqueles preguiçosos! Algum sinal do Ben?

-Nada... Deve estar com problemas no jornal.

-Talvez esteja mesmo... Ah, eu queria muito te falar uma coisa!

-O quê?

-Nem pude falar que você e Isabella formam um bonito casal! – afirmou entusiasmada.

-Hum...

-Ah, dá para ver o quanto vocês se gostam!

-É claro que eu gosto da Bella! Ela é uma ótima companhia para mim e...

-Não digo nesse sentido. Digo no sentido de gostar mesmo. No sentido literal da palavra.

-Ah, fala sério, Vicky! Sabe que isso não é verdade...

-Se não é verdade, então por que ainda está com ela?

-Já disse: ela é uma boa companhia para mim. E há outras coisas, mas eu não quero ficar te falando. Mas é só isso.

-Então... Quem você vai levar para a exposição?

-Eu não sei se vou...

-Sinceramente, eu queria muito que você chamasse Isabella para ir com você. Se gostasse mesmo de Isabella, não faria o que está fazendo com ela: enganá-la ficando com uma mulher que vive sobre o mesmo teto que ela. Pelo que vi, a garota é uma boa pessoa, boazinha até demais. Não continua com isso.

-Vicky, não dá palpite sobre a minha vida. Pelo menos por hoje! – falei mais irritado do que antes – Quer saber? O dia hoje foi um saco! Vou para casa e pode dizer ao Ben que não pude vir.

     Levantei-me rapidamente da cadeira e Vicky ainda tentou me impedir de embora:

-Mas Edward...

-Presta atenção, eu não quero saber dos seus conselhos sobre isso, tudo bem? Até mais!

         Saí do restaurante e fui até o estacionamento buscar o Volvo. Vicky só podia não estar pensando direito! De onde que eu levaria Isabella à exposição dela?

FIM DO CAPÍTULO 7


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Notas finais do capítulo

Inté mais!^^