Vermelho Cor do Amor escrita por Machene
Cap. 6
A Intensa Revelação
Soltamos todos os presos e os aldeões. Kelly manda todos se protegerem e saírem pelos fundos, agora, graças a Gon e os outros, desprotegido. Killua retira seu ioiô do bolso e começa a jogar.
– Como foi que nos encontraram? – fala Gene.
– Simples, nós fomos atrás de vocês na aldeia, e como não estavam lá resolvemos seguir os rastros.
– Certo espertinho, e como você e eles encontraram nossos rastros, se não havia indício de luta?
– Você deixou a sua flauta no chão. – Killua retira do bolso e joga nas mãos dela.
– Foi você que chamou a Bosom? – ele dá de ombros, nos fazendo rir baixinho. Korapaika me olha.
– Katrina, desculpe não ter falado nada sobre a...
– Não, tudo bem... – interrompo – É melhor sairmos daqui de uma vez, antes que venham atrás.
– Mas quem é que ia comprar vocês? – Leório pergunta enquanto começamos a correr. Saímos pelo portão pequeno de ferro e damos de cara com os mercadores. Os meninos conseguem derrubá-los, mas logo atrás deles vêm o estranho homem e seu grupo.
– A "Aranha"!... – escutamos Korapaika sussurrar.
– Aranha? – estranho – Que Aranha, do que está falando Korapaika? – ele não me escuta e os outros parecem começar a entrar em aflição assim que o líder do grupo sorri e vai se aproximando dele.
– Seu desgraçado! – ele levanta suas espadas em forma de "x" – Vocês vão pagar pelo que fizeram!
– O que é que está acontecendo? – Kelly também fica nervosa – Quem é esse cara?
– Não dá para explicar agora! – diz Killua, jogando o ioiô para frente. Bosom e os lobos pulam da sacada da prisão encima de alguns membros e começam a atacar junto com Excuser e Sinner, que cercam o líder.
– Korapaika, anda logo, vamos embora! – Leório alerta-o e começamos a correr. Conseguimos fugir, mas bem quando chegamos seguros na aldeia somos surpreendidos novamente. Não pelo perigo, mas por uma festa que os aldeões nos fazem com gritos de alegria – Acho que isso quer dizer que estão felizes!
Enquanto todos se unem para festejar a vitória, vendo o retorno também dos animais, eu puxo Korapaika para a queda d'água e nos sentamos em duas rochas, uma ao lado da outra.
– Conta para mim, quem eram eles?
– Eu não gosto de falar nisso... – vira o rosto.
– Korapaika, eu preciso saber! Fala para mim...
– Por que quer saber se eles não têm nada a ver com você? – engulo em seco, suspiro olhando para os lados e volto a encarar ele – Desculpe... É que eu não achei que eles fossem aparecer justo lá. Já faz tempo...
– Como assim? – ele me mostra uma corrente presa na sua mão e levanta. Ela começa a se mexer.
– Eu coloquei isto no meu coração. Se eu matar alguém que seja inocente eu morro também!... – tento, mas não consigo dizer nada – Comecei a fazer esse tipo de coisa sem perceber; quanto mais o meu ódio aumenta, mais força de vontade eu ganho para seguir adiante. – uns segundos mudos – Eles são os assassinos que destruíram a minha vida e mataram meu clã! Decidi virar caçador por causa disso...
– Eu vi como você ficou aflito. E também notei um avermelhamento nos seus olhos... – agora ele parece nervoso – Está com lentes, não é? – após certo silêncio incômodo ele as retira.
– Como foi que você soube? – abre os olhos e me revela o escuro do vermelho intenso que neles brilha.
– Por que eu sou como você...! – sorrio. Ele paralisa e continua me encarando – Não sou uma simples garota órfã que foi adotada. Contei toda a história que nos aconteceu até aquela prisão para as colegas de cela ao lado da minha, desde o que eu sabia até do que me contaram, mas nem elas souberam sobre mim.
– E quem você é de verdade? – levanto e viro de costas. Escuto ele levantar também.
– Meu passado também foi muito manchado de sangue... – começo com uma voz trêmula; todas as imagens passam pela minha cabeça. Volto a olhá-lo – Eu vivia feliz em uma tribo, a tribo Karita. Sempre fomos pacifistas, e nunca matamos a não ser para nos alimentar!... Mas então, um dia, um grupo de caçadores invadiu a nossa tribo e incendiou todas as cabanas, como em Tive... Mas foi muito pior!...
– O que aconteceu?... – deixo um silêncio.
– Mataram todos!... – faço uma pausa, segurando o choro – Fizeram uma chacina e ainda arrancaram seus olhos e bocas valiosos para vender no mercado negro.
Sem conseguir me conter deixo meu soluço ecoar. Tapo o rosto com as mãos e aí escuto Korapaika se aproximar com algum receio, mas me afasto com olhos um pouco marejados antes e ele pára. Abro um sorriso triste e o noto estranhando.
– Não se incomode comigo. Estava preocupada com você, só isso... Mas não me entenda mal, só acho que será melhor você voltar para a sua namorada e sua vida de antes, para que não corra o risco de cometer uma besteira com os mesmos sentimentos de vingança que uma vez eu tive pelos assassinos da minha família e amigos!... – limpo o rosto e passo por ele, que se vira e fica me olhando se afastar.
– Katrina, eu disse que ia te ajudar e...
– Não, você não tem que fazer nada! – viro – Por favor, Korapaika, vai embora. Eu já sofri demais...!
– Mas não tem que ser assim. Você vive com a Kelly e os outros aldeões agora, até tem a Excuser!
– Sim... Hoje eles são o que eu tenho de mais importante. E é por isto que eu estou te dizendo: não fique correndo atrás do seu passado, se não você vai se destruir na própria cova que criou com a vingança que alimentou!... E me deixe em paz.
– Como posso dar as costas para alguém que precisa da minha ajuda?
– Mas eu não preciso da sua ajuda, nem de ninguém!... Convivi muito tempo sozinha.
– Aí é que está... – ele me interrompe – Eu também achei que meu destino era seguir cultivando esse ódio pelo Genei Ryodan e viver sozinho, mas eu não estou sozinho, e nem você!... Temos amigos que se importam conosco, e ainda podemos... – pausa.
– Podemos o quê? – estranho.
– Podemos... Ajudar um ao outro. – estou surpresa, mas ao mesmo tempo confusa.
– E no que nós iríamos nos ajudar?
– Eu não quero continuar com este sentimento de ódio dentro de mim, não quero continuar alimentando isto... – abaixa a cabeça. Suspiro.
– Eu sinto muito... – ele me olha – Se eu te estender a mão vou trair a mim mesma! – afasto-me – Você precisa esquecer que me conheceu, e peça o mesmo aos outros. Por favor, eu não posso vê-lo de novo!
– Katrina... Você não está entendendo.
– Você não entende, eu já disse que se continuar perto de mim seu destino será igual ao dos outros!
– Mas... De que outros é que você está falando?
– Os que eu amei... – quase sussurro – Adeus!
Na manhã seguinte, bem cedo, Gene me derruba da cama gritando super animada alguma coisa que eu demoro a assimilar. Quando lavo o rosto com a água da bacia que ela me trás sento na cama e escuto.
– A Liana disse que o senhor Ferdinando, aquele do mercado do outro lado da nossa floresta reservada, viu o Korapaika levar a Neon para um restaurante.
– Sim, e o que eu tenho a ver com isso?
– Tem que todo mundo do mercado por perto viu e ouviu o escândalo que ela fez quando ele terminou o namoro deles! – sou pega de surpresa. Gene conta em alta velocidade – Alguns dizem que ele apanhou...
– Mas por que ele faria isso?
– Não sei, mas achei melhor te avisar. Ah, e a Kelly pediu para te lembrar do nosso ritual de passagem.
– Não se preocupe, eu não esqueci. Estarei pronta.
Continua...
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