Vermelho Cor do Amor escrita por Machene


Capítulo 5
Por um Fio da Liberdade




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Cap. 5

Por um Fio da Liberdade


Neon chegou com compras à tira colo, reclamando da falta de conforto para Mito. A mesma anunciou que estávamos lá e ela foi para a cozinha. Só encontrou Liana e Leório, a quem cumprimentou, e seguiu até o jardim. Korapaika estava, fazia um tempo, me ajudando a desenvolver novos passos de dança e os outros observavam rindo do jeito com que tropeçava em seus pés!

Aí ela viu, encarando pasma e fechando os punhos. Eu me soltei dos braços dele assim que pus os olhos na expressão de ira dela. Resolvi sair da casa sem nem cumprimentar Neon, e Kelly não entendeu nada, já que nenhuma de nós a conhecia. Mas aquele olhar era quase o mesmo dos de desprezo que sempre me lançaram por aí!...

- Katrina, qual é o problema? Por que saiu do nada?

- Aquela devia ser a namorada dele Kelly!

- Você acha? Podia ser alguma prima, ou mesmo a irmã!

- Não Gene, era a namorada. Tenho certeza!... – Liana e Mito saíram da casa e pararam no portão, onde estávamos.

- Katrina? Já quer ir embora? – Liana estranhou.

- Demos de cara com uma garota bonita lá no jardim. – comentou Gene – Quem era ela?

- Ah... Aquela é a namorada do Korapaika. – disse Mito.

- Viu? – indaguei – Muito obrigada por sua gentileza, mas nós precisamos ir embora.

- Mesmo? Já se despediram dos meninos?

- É mesmo... Nós temos que... – Liana segurou Gene.

- É melhor sairmos agora... Estão nos esperando, e dissemos que não íamos demorar. – concluiu Kelly – Vamos!

- Espera! – gritou Gon – Vocês já vão? Ficaram tão pouco tempo com a gente.

- Eu até tentei convidá-las para lanchar. – falou Mito.

- Temos mesmo que ir... – Liana olhou para Leório, saindo da casa e observando a briga de Neon e Korapaika.

- Vamos logo! – pedi. Nós saímos correndo, eu nem olhei para trás. Ainda pude escutar a voz de Korapaika gritando.

- Ei, estão sentindo cheiro de fumaça? – Kelly nos parou.

Chegamos a Tive e tudo estava pegando fogo. Não havia mais nenhum aldeão, somente as cinzas das cabanas. Gene e eu precisamos segurar Kelly para que ela não corresse na direção das chamas, tentando salvar o precioso jarro com as cinzas de seu pai! Passamos um tempo procurando algo para salvar, mas só o que nós achamos foi uma flauta, a da Kelly.

- Temos que tentar ir atrás dos outros.

- Mas como vamos saber se eles estão vivos, Kelly? Podem ter morrido no incêndio.

- Você é uma médica Liana, procure pistas.

- Realmente, não tem corpos aqui, mas onde estariam?

- Pode ser que alguém tenha levado eles para outro lugar.

- A Liana disse que não tem corpos Gene, mas por que você acha que alguém teria levado eles se só dá para entrar em Tive subindo o caminho da cachoeira? – estranhei.

- E o que são aqueles rastros daquele lado?

O que ela achou foram amostras visíveis de luta, tentativas de captura. Alguém tinha invadido nossa aldeia em busca dos moradores, o que foi uma coisa fora de cogitação para Kelly. Ela se culpou por não estar na hora! Então, o pior do pior aconteceu... Botaram panos na frente dos nossos rostos, com um cheiro tão forte que desmaiamos.

Não sabíamos quem eram até acordarmos juntas em uma jaula, parecendo animais selvagens. Os novos presos, os aldeões, estavam engaiolados da mesma maneira, sendo todos nós levados por carroças de madeira puxadas por escravos acorrentados, com um espaço entre as mãos para levarem a gente. Tivemos o infortúnio de ser pegas por mercadores!

Gene imaginou que fossem nos vender, mas Liana percebeu que iam nos prender assim que botou os olhos no forte que eles mantêm camuflado entre as folhagens. Fomos puxadas para fora da jaula com pressa e postas em uma passarela pequena com outras mulheres mais velhas e algumas garotas da nossa idade. Eu tive que acalmar todas!

Um homem bem vestido e de aparência garbosa entrou minutos depois, seguido de outras pessoas. O vendedor do mercado negro o cumprimentou com um sorriso de ponta a ponta das orelhas e, assim que viu Kelly, o estranho ignorou as outras. Tocou o rosto dela e moveu de leve para os lados.

- Essa aí foi pega agora a pouco, deu muito trabalho! – respondeu o careca – Ela veio da aldeia Tive, mas eu acho que não vai ser de grande utilidade para o senhor, sendo tão nova assim. – o comprador sorriu satisfatoriamente quando Kelly tentou morder sua mão, sem ligar para os choques das coleiras presas aos nossos pescoços – Fique quieta!

- Não, não se preocupe. O valor dela aumenta se continuar brava assim... – aí ele botou os olhos em mim. Senti tudo parar quando focalizei aquele olhar cheio de escuridão, senti um enorme arrepio na espinha e paralisei – Esta está com você há quanto tempo?

- Também foi capturada essa manhã. Chegou junto com a remessa de Tive; está interessado? – ele esticou a mão, fazendo sinal de que ia me tocar, mas eu me afastei em reação. Comecei a sentir medo, como nunca tinha sentido de novo desde a morte da minha tribo! Ele apenas virou.

- Quanto quer por ela? – os companheiros o olharam e o vendedor estranhou o interesse em mim, mas devia ter notado que era importante para ele.

- Olhe, eu não sei... Ela deve ter um preço alto demais!

- É. Ela tem sim, mas eu estou disposto a pagar o que for!

Nesse momento foram chegando mais compradores, que bastaram botar os olhos em mim que até mesmo da Kelly esqueceram. Comecei a me assustar pensando que tinham descoberto a verdade sobre a minha identidade, mas então o mercador interrompeu o leilão quando o forte foi invadido pelos lobos e Bosom. Todos começaram a correr.

Assim que eles chegaram perto daquele homem estranho e do seu grupo foi que pararam e ficaram só rosnando. Quando eles iam fazer alguma coisa contra os lobos é que escutamos rosnados de lince do lado de fora dos portões. Senti que era Excuser, mas não pude nem gritar, porque nos seguraram e trancaram nestas celas imundas, expulsando eles e Bosom.

- Então vocês estão na mesma situação que a gente.

- Acho que sim... Kelly e as outras foram levadas para celas mais distantes, junto com outras aldeãs, e eu precisei ficar confinada aqui enquanto eles estão discutindo o maior preço pelo qual eu serei vendida!

- Mas não desanime Katrina, vocês vão sair.

- Ah meninas, obrigada pelo conforto. Só que eu não sei mais como isso pode acontecer.

Acabo me recolhendo em um canto, ouvindo os risos e gritos dos mercadores para os valores de cada batida do martelo. Seguro as pernas com força e ao mesmo tempo totalmente fraca.

Estou esperando a mais de duas horas os negociantes resolverem, mas se for para terminar assim que pelo menos o estranho dos olhos sombrios não ganhe!... Escuto o guarda abrir uma cela.

As meninas são jogadas dentro da minha cela com a maior indelicadeza, e enquanto o homem vai rindo dentre o medo das outras nos encara.

- Parabéns, vocês estão prestes a serem compradas. – sai. Abraço a assustada Gene e Kelly se recolhe em outro canto. Liana apenas suspira, mas escutamos em seguida uma batida e um grito.

- Meu Deus, o que aconteceu agora? – diz Liana. Pelos corredores de muros caindo aos pedaços vemos quatro sombras. Nós nos juntamos quietas em um canto, alheias a curiosidade das presidiárias. Alguns múrmuros de surpresa me fazem erguer os olhos.

- Korapaika? – Leório, Killua e Gon se apóiam nas grades também, todos rindo.

- Ei, o que estão fazendo aí? – Gon sorri.

- Descansando... O que acham? Tirem a gente daqui! – reclama Kelly – Antes que seja tarde.

Continua...


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