Vermelho Cor do Amor escrita por Machene


Capítulo 4
As Diferenças Que Unem




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Cap. 4

As Diferenças Que Unem


Com o consentimento de Kelly nós começamos a trabalhar juntos. Todas as manhãs os meninos começaram a vir nos ver em Tive, e os aldeões além de não temer mais ainda ajudavam nos nossos objetivos. Leório ensinava e aprendia coisas novas com Liana, Gon fazia explorações ao lado de Gene e Korapaika e eu...

Pode-se dizer que tudo o que eu e ele sabemos sobre caçadores amostramos um para o outro. Killua e Kelly não quiseram conversa um com o outro e tentaram se ignorar esses dias, mas sempre que ele pegava um ioiô que vive carregando no bolso e começava a jogar atraía não só a atenção dos lobos e de Excuser e Sinner, como também dela!

– Por que não pergunta para ele como se joga?

– E por que você não vai verificar a temperatura da água junto com Leório? – esnobava.

Ela não ouvia ninguém, por mais que tentássemos fazer com que ambos se interessassem por alguma coisa para que ao menos não ficassem se estranhando quando passassem perto um do outro! Então, um dia, Killua perdeu o ioiô que estava lançando para o alto no meio do mato.

O brinquedo saiu rolando morro abaixo, e como ele não viu o barranco acabou tropeçando e também saiu rolando. Ficou cheio de folhas espalhados pelo corpo, grudadas com lama, e ainda atraiu muitos insetos por um tempo enquanto andou! Começou a escurecer.

Finalmente, agachado fazia alguns minutos, viu Kelly jogando o ioiô enquanto se escorava em um galho da árvore em que estava sentada. Ao ouvi-lo se aproximando ela abriu os olhos e olhou para baixo. Estranhou por não ver ninguém, e levou um susto quando virou e o encontrou atrás de si.

– Oi... Será que dava para devolver meu ioiô? – ela nem teve tempo de gritar por isso ou pela queda que teve ao perder o equilíbrio. Por sorte, Killua conseguiu saltar e a pegou nos braços – Você está bem? – Kelly começou a corar.

– Estou... – ela se afastou dele assim que foi posta no chão – Mas a culpa foi sua; por que me assustou?

– Eu não queria te assustar, apenas vim pegar meu ioiô! – colocou no bolso. Ela o olhou de cima a baixo e riu.

– Não tinha como não assustar alguém... O que houve?

– Se quer saber... Eu rolei barranco abaixo atrás dele.

– Tinha que ser... Você é muito lezado! – ele ficou com um bico enorme na cara, bufou irritado, mas não respondeu – Não pense que eu peguei essa porcaria de propósito...

– Eu não pensei nada... – naquele momento a lua cheia ficou bem visível no céu e se ouviram vários uivos. Quando ele virou novamente ela já estava encima de outra árvore. Bosom e outros lobos apareceram ao redor dele e ela desceu com um salto – Por que não manda pararem de me encarar?

– Não posso... Eles não confiam em você, assim como eu!

– Não estou nem aí, mas não quero ficar sendo observado o tempo todo... Já não bastava a minha família. – começou a sair de perto, com as mãos nos bolsos. Kelly ficou quieta uns segundos, acompanhando ele com os olhos.

– Tem um lago aqui perto, você não quer se refrescar?

– Por quê? Você botou alguma coisa no caminho?

– Acho que você também não tem muita confiança em mim... – ele se virou e ergueu uma sobrancelha, sorrindo.

– Como vou confiar em você, se você não confia em mim?

– Tem razão...! – ela fez uma pausa e se virou – Vou te deixar aí. – ele se desesperou.

– Não, espera!... – ela riu e foi até ele – Você não ia fazer isso, ia?... – Kelly segurou sua mão e o puxou.

– Vamos, antes que os animais selvagens comecem a aparecer. – os dois caminharam mais um pouco por entre os arbustos, cortando caminho por aonde os lobos iam, até que pararam perto do lago – Tire as roupas.

– Como é? – assim que ele olhou para o lado percebeu que ela já estava tirando a blusa de cima – O que você está...?

– Se está pretendendo esperar que as roupas sequem depois que entrar na água, fique à vontade. Mas eu te deixo aí!... – logo que ela tirou as roupas de cima pulou na água só com o vestido que usa por baixo. Bosom deitou na pedra de onde ela pulou e ficou vigiando, igualmente os outros lobos. Ele suspirou e ficou de calção, pulando também – Como está?

– Fria! – começou a tremer. Ela riu e nadou ao redor dele – Como é que você agüenta? Está frio demais!

– Mas eu me acostumei. Desde que era criança ficava nadando nestas horas da noite porque não podia sair de manhã sem supervisão de alguém...

– Como assim? Disseram que você sempre fez o que quer.

– Mais ou menos... – deitou no leito de estiagem do rio – Eu fui adotada pelo chefe depois que fui achada na mesma época em que a filha dele tinha morrido. Eu estava fugindo...!

– Fugindo? – ele deitou ao seu lado – Fugindo de quem?

– Da minha família!... – pegou ele de surpresa – Não sou órfã, por isso não se pode dizer exatamente que fui adotada, apenas criada um tempo por outras pessoas.

– E os outros sabem disso? Sobre a sua família...?

– Só a Katrina... Nós somos amigas faz tempo, mas a minha amiga mais antiga é a Gene. A diferença é que sei mais coisas da Katrina que dela, assim como ela sabe de mim.

– E a família da Katrina? Eles também estão vivos?

– Ela não gosta de falar nisso. – saiu da água. Ele a seguiu – A família dela morreu, todos assassinados!

– Sério? Por quem? Foram caçadores?

– É...! Mas é melhor você não saber... – deu a volta e subiu na pedra onde estava Bosom, pegando as roupas e jogando as dele. Eles começaram a se vestir.

– Ainda não confia em mim? – ela riu.

– Não é bem isso. É uma história muito triste... Quando ela me contou – entristeceu-se e diminuiu a voz, encarando ele -, chorei de tristeza pela primeira vez!

– E você já chorou de felicidade? – ela desceu e sorriu.

– Ela não sabe, e você não vai saber! – fez uma careta.

Os dois chegaram a Tive rindo e conversando. Como ficaram com os cabelos um pouco molhados nós suspeitamos, e eu fui a primeira a olhar para ela com uma cara suficientemente constrangedora para que ela passasse sem dar satisfação para Liana, que estava preocupada, e se fechasse na sua cabana. Killua também não quis comentar!

Na manhã seguinte, quando o sol já estava alto no céu e Gene e eu estávamos voltando das compras para o café, eles apareceram sem material nenhum nas mãos. Gon costumava pescar com Gene, mas não tinha sua vara; Leório carregava sua maleta com aparelhos e remédios; Korapaika veio sem seu caderno de anotações e Killua não havia levado nem o ioiô!

– O que aconteceu? Vocês não vão querer mais as aulas? – Liana foi a primeira a falar.

– Pensamos em fazer diferente dessa vez. Vocês podiam ir nos visitar? – Gon respondeu. Logo que escutou aquilo Kelly pegou Killua pelo pulso e empurrou para dentro da cabana. Logo em seguida Gon e mandou todo mundo entrar.

– Estão ficando loucos? O sol nem está tão forte assim!

– Mas Kelly, vocês poderiam aprender muito conosco!

– Leório, o acordo não foi este! – respondi – Os limites de Tive existem por um motivo, para os aldeões e nós!...

– Vocês vão se distanciar por pouco tempo. Eles podem se cuidar sozinhos nessas horas. – Kelly encarou Killua de uma forma que fez com que se calasse de imediato.

– Meu pai não pôde fazer nada quando estava estático na cama... Ele morreu no seu aniversário sem poder ter a felicidade de ver os aldeões seguros. Apesar de termos realmente conseguido progresso, aumentando nosso território de caçada com o passar dos dias, ainda somos alvos fáceis se algum caçador nos encontrar!

– Mas vocês mesmas disseram que nenhum apareceu por aqui, fora nós, faz tempo!

– Não tem diferença Gon... – interrompeu Gene – E além do quê, não podemos ser amigos com as diferenças que temos.

– E os opostos não se atraem? – ficamos sem reação diante do argumento de Korapaika.

Com muita insistência concordamos em deixar Tive em um momento curtíssimo. Fomos bem recebidos por Mito; Neon havia saído e Korapaika preferiu manter ela em segredo de todas. Gon pegou seu laptop e atraiu nossa atenção por um bom tempo, o que nos custou muito depois!

Continua...


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