É normal se apaixonar todos os dias pela mesma pessoa? Por que era assim que me sentia em relação a Quinn. Eu tentei não pensar nela o tempo todo, tentei não cruzar com ela em todos os corredores, ou não encontrá-la sempre esperando na porta do meu armário por Santana ou Finn, e tentei muito mesmo não me tornar amiga dela, mas não foi isso que aconteceu nos meses que se passaram.

Queria lembrar como cheguei no colégio, como entrei na minha sala. Meu corpo parecia estar no piloto automático enquanto minha cabeça só processava coisas relacionadas a uma certa loira. Me concentrar em outras coisas parecia tarefa impossível mas eu precisava prestar atenção nas aulas se quisesse um dia largar Losertown.

Olho para o lado e vejo Santana e Finn. Tento me lembrar qual matéria eu tinha com os dois. Química. Eu era ótima em química, mas ainda assim era melhor prestar atenção. Vamos la. Química bla bla bla Química Quinnmica Quinn. Droga Rach concentração.

—Quero que vocês formem trios e monte um trabalho para a amostra. O 1° lugar ganha pontos extras – que raio de amostra é essa?

—Ei Rach, Você, Finn e eu pode ser? – Santana sempre fazia os trabalhos comigo porque eu fazia tudo sozinha.

— Claro sem problemas. –Finn era um problema, mas não naquela situação. – Podemos marcar na minha casa depois do treino das cheerios.

— Tenho umas coisas pra resolver, talvez demore um pouco pra chegar, tem problema? – eu sabia que essas coisas a resolver não envolviam Quinn afinal, ela estaria no treino.

— Não. Rach e eu vamos adiantando ate você chegar

—Okay então ate mais garotas – Finn se despediu dando um beijo no rosto de Santana e no meu. Ele era bonito apesar da altura e ate um cara legal, mas eu não entendia o que as garotas viam nele. O que Quinn via nele.

— Rach vou encontrar as meninas na lanchonete e depois do treino vou direto pra sua casa ok? – lanchonete, meninas.....Quinn.

—A eu vou com você. Comprar uma raspadinha. 

— Raspadinha? Nesse frio? – Tanta coisa que eu poderia ter falado e eu falo raspadinha? Só pode ser trauma.

— Eu disse raspadinha? Não, eu quero comprar um suco. Minha cabeça parece estar nas nuvens esses dias

—É, percebi. Enfim, vamos?

Santana e eu chegamos na lanchonete. Quinn e Britt já estavam la sentadas em um mesinha conversando. Fui ate elas com Sant, cumprimentei Britt com um beijo no rosto, só para ter um motivo de fazer o mesmo com Quinn. Santana sentou na cadeira enquanto eu fiquei em pé olhando pra Quinn sem dizer nada.

—Ei Rach, você não ia comprar alguma coisa? – Santana perguntou levantando a sobrancelha.

—Ia?A sim ia. Ate mais meninas. – Entrei na lanchonete e pedi um suco qualquer. Quando estava pagando o caixa escutei alguém me chamar:

—Rach – era Quinn – poderíamos conversar sobre um assunto meio chato?

—Claro, qualquer coisa.

— É sobre o Finn e eu – qualquer coisa menos isso

— O que tem vocês? – terminaram, me diz que vocês terminaram

— Finn acha que devíamos começar a ter algo parecido com uma vida sexual. 

— Serio? Mas vocês tão juntos a o que? 6 meses?

— Sim.

— E o que você acha?

— Acho que ainda não estou pronta - Muito bem Quinn, isso mesmo.

— Então fala isso pra ele.

— Mas ao mesmo tempo eu tenho medo de perde-lo. Medo de não estar pronta e e ele achar alguém que esteja, alguém melhor do que eu. – ele seria um idiota

— Quinn, se ele realmente te ama, ele vai saber esperar. E outra, ele pode ate tentar, mas não vai encontrar ninguém melhor que você.

Ela sorriu e me abraçou.

—Obrigada Rach. - Ela virou e voltou pra mesinha, sentou e olho de novo pra mim com um sorriso lindo. Vire indo embora. Quando já estava um pouco distante dali escutei novamente alguém me chamar, novamente Quinn, correndo na minha direção.

—Rach você esqueceu sua mochila. 

— Meu Deus, que vergonha. Serio não sei onde eu estoucom a cabeça – sei sim - esses trabalhos tão me enlouquecendo já.

— Relaxa. Com o talento que você tem eu não me preocuparia tanto com trabalhos. Vou nessa se não chego atrasada. Beijos Rach.

—Ate mais – e la se foi ela correndo – meu amor.

Entrei no meu carro e peguei o caminho para casa. Meu quarto precisava de uma arrumação. E então penso algo um tanto quanto coerente. Se Quinn já estava cogitando dormi com Finn, eu precisava urgentemente aprender algumas coisas sobre esse assunto, caso ela viesse me pedir mais conselhos de porque não transar com ele.

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Já eram quase 16 horas quando a campainha da minha casa tocou. Desliguei o som e corri ate a porta onde Santana me esperava com cara de poucos amigos

— Mais que droga Rach, tem mais de 10 minutos que estou aqui batendo na porta e te gritando feito uma louca. Ate o mala do teu vizinho já veio me xingar, e você não escuta. Estava no banheiro é?

— Calma Sant desculpa. Estava no meu quarto ouvindo música e não te ouvi por causa dos fones, foi isso.

— Ah tanto faz. – Santana disse entrando enquanto eu fechava a porta.

— Mas acho que sou quem deveria estar gritando com você, afinal é você que esta atrasada. Que eu me lembre o treino das cheerios termina às 14 horas.

—Sim, mas eu tive um contratempo. Um delicioso contratempo se é que você me entende. – Sim Sant eu entendia

— Por favor, não entre em detalhes. Mas bom já que você esta aqui vamos começar logo essa droga de trabalho.

— O Finn ainda não chegou?

— Não

— Vai ver ele teve um contratempo maior que o meu – Santana ria, mas eu não conseguia achar graça daquilo

— Haha vamos?

— Só vou tomar alguma coisa, estou meio cansada do treino, se é que você me...

—Sim Santana, eu te entendo. – subi para o meu quarto e deixei Sant na cozinha. Ela praticamente cresceu na minha casa então sabia onde ficavam as coisas. Não precisava fazer sala pra ela.

Entrei e me sentei na cama. Pouco tempo depois Santana chegou segurando uma latinha de refrigerante, sentou na cadeira próxima a mesa onde ficava meu notebook, e começou a mexer no Instagram. Peguei um ursinho que estava na minha cama, o único que eu gostava, e comecei a brincar com ele  tomando coragem pra fazer uma pergunta simples pra Santana. Se o que dizem é verdade de que  o primeiro amor é um pouco de loucura e muita curiosidade, naquele momento minha curiosidade resolveu fazer uma loucura:

— Sant, como é um beijo? – Santana continuava muito concentrada no computador pra levar a serio minha pergunta.

— A Rach um beijo é um beijo. Bocas, línguas, muita saliva você sabe !

— Não Sant, eu não sei. – Disse quase sussurrando, mas foi o suficiente para Santana ouvir e cuspir o refrigerante no chão. Melhor do que no meu notebook.

— O MEU DEUS RACH...esta me dizendo que você nunca deu um beijo?

— Não Sant.

— E porque não, eu sei que você é toda caseira e se auto-exclui da sociedade, mas não faltaram oportunidades, certo?

— Não Sant, eu tive oportunidades – e tive mesmo – só não parecia ser a pessoa certa ou a hora certa.

— Rach estamos falando de um beijo, não de ter filhos.

— Eu sei. Mas sei la.

— Olha Rach essa historia de esperar a pessoa certa é ate bonitinha, combina com você e com as historias da Disney mas você tem que encarar o fato de que é uma boca virgem de 17 anos. Se você for esperava por isso vai passar a vida inteira sozinha.

Não disse nada, apenas abaixei a cabeça. Eu sabia que tinha esse problema de acreditar em contos de fadas e príncipes encantandos (princesa no caso) e desde pequena Santana era responsável por acabar com essas fantasias e eu devia ser grata por isso, afinal a realidade é outra muito diferente da dos livros. Mas mesmo já acostumada com aquilo eu me senti mal e Santana percebeu. Então ela levantou e sentou do meu lado na cama.

— Desculpa Rach. Eu sei que isso é importante pra você, não devia ter dito essas coisas. Me desculpa?

— Tudo bem. - Santana tinha essa um temperamento muito difícil mas era uma ótima pessoa.

— E bom respondendo sua pergunta. Um beijo – ela olhou pra frente e então voltou os olhos pra mim – o primeiro beijo é sempre mais emocionante que os outros. Tem todo aquele momento que antecede, aquela troca de olhares, a respiração abafada. – Santana e eu trocávamos olhares e não sei ela mas eu mal conseguia respirar. - E ai você vai se aproximando e os olhos vão se fechando – Santana foi se aproximando, eu também e sem o menor esforço meus olhos foram se fechando. – E então, acontece. - E então, aconteceu!

Santana junto nossos lábios e colocando a mão no meu rosto. Eu não fazia ideia do que fazer então deixei Santana comandar o beijo o que, mesmo eu não tendo o que comparar, ela fazia muito bem. Ela abriu a boca e puxou meu lábio mordendo de leve. Mesmo não sendo Quinn, aquilo era infinitamente melhor do que no sonho. Acho que as milhares de bocas que Santana já havia beijado deram a ela certa experiência. Coloquei uma das minhas mãos na sua coxa que estava exposta por causa da saia das cheerios, e sendo sincera, era incrivelmente tentadora. Não apertei nem fiz nenhum movimento, apenas deixei minha mão ali sentindo o calor da coxa de Santana, mas foi o suficiente pra aumentar o meu desejo e o dela também.

Santana abriu suavemente a boca e pude sentir sua língua escorregar pra dentro da minha. A principio fiquei com receio de continuar afinal, ate ali era só um selinho entre amigas, mas no momento que nossas línguas se tocassem aquilo seria um beijo serio, meu primeiro beijo serio. Eu queria aquele beijo. Santana também parecia querer. Então conclui que o melhor era não pensar em mais nada.

Permiti aquela investida e continuei assim, esperando o próximo movimento de Sant pra fazer igual. Na verdade era  essa a grande ideia. Se eventualmente um dia eu tivesse a oportunidade de beijar Quinn, eu precisava aprender a beijar antes e Santana estava me saindo uma ótima professora. Tão boa que nem percebi quando já estávamos deitadas na cama,  ela por cima de mim entre minhas pernas. Deixei uma dobrada e a outra esticada o que me parecia ser uma posição melhor pra beija-la e suas mãos estavam apoiadas na lateral do meu corpo.

Me atrevi a novamente tocar sua coxa, mas dessa vez não segurei a necessidade e apertei com um pouco de força talvez.

—Uooool Rach calma ai.- Santana disse afastando um pouco de mim – Pra quem a dois minutos nunca tinha dado um beijo você esta muito saidinha hein?

— Desculpa, acho que foi desejo demais reprimido, são 17 anos esperando por isso – Nos duas começamos a rir e então parece que a ficha caiu do que estávamos fazendo. Santana ficou me olhando e eu tentava entender o que aquele olhar queria dizer.

— Melhor pararmos agora, certo?

— É, é melhor mesmo – já tinha aprendido bastante com aquela aula.

Santana levantou e me deu a mão pra me levantar também, depois foi ate a mesa e pegou a latinha de refri tomando um gole demorado da bebida.

— Caramba Rach você é fogo hein?

— Isso é um elogio? - se Santana que já beijou a escola inteira, agora literalmente, me aprovasse eu teria uma confiança absurda. - Quer dar uma nota pro meu primeiro beijo?

— Se empolga não, mas eu te daria um 8 ... já tive melhores. - 8 de Santana Lopez. Acho que consigo arrancar um 10 de Quinn Fabray!

— Uau que honra. Vindo de você um 8 é muita coisa. - rimos –Sei que você não vai sair por ai gritando o que aconteceu aqui, mas será que podemos manter em segredo?

— Claro Rach, vou guardar nosso pequeno segredinho sujo.- a campainha tocou

—Deve ser o Finn. - Descemos e eu abri a porta enquanto Sant esperava na escada. 

—Desculpa a demora meninas. Tive alguns contratempos...

—Se é que você me entende. - eu e Sant falamos juntas revirando os olhos.

Subimos pro quarto e quando Finn entrou reparou a cama meio desarruma, refrigerante no chão e nenhum trabalho de Química.

— O que vocês fizeram esse tempo todo? – Olhei rápido pra Santana

— Estávamos fazendo alguns exercícios de física que a Rach estava meio atrasada sabe. – Santana me olhou rindo.

—Muito atrasada. – Completei a frase entrando na brincadeira de Sant

— Mas a Rach não faz Física com a gente? – Finn estava nitidamente confuso.

—Sim mas Rach é muito boa em Física.

— Na verdade eu tenho uma ótima professora.

— Okaaaay. Vamos fazer o trabalho agora? – Finn não entendeu nada então preferiu mudar de assunto.

— Vamos .

Santana ainda sorria pela brincadeira que só nos entendiamos, o que me fez ver que tinha feito uma boa escolha para o meu primeiro beijo. Afinal, eu queria alguém que me conhecesse o suficiente para saber o quanto aquilo era importante pra mim e quem melhor pra saber isso do que minha melhor amiga?