“E meu maior desejo é e sempre será envelhecer ao seu lado, preso em seus braços, olhando em seus olhos...”

Outro dia sem seu sorriso

Outro dia se passa

Bella não sabia mais quanto daquela dor ela podia suportar.

Por que mesmo depois de tanto tempo... ainda doía tanto.

Quantos anos mesmo desde a última briga, a última discussão? Seis... seis longos e solitários anos. Ela fora tão precipitada e temerosa... ele fora tão incompreensivo e imaturo...

E o fim... bem, o fim tinha sido inevitável.

Mas nem por isso deixava de doer tanto.

Mas agora eu sei o quanto isso significa

Para você estar bem aqui comigo

O sentimento ainda era vivo. Tão forte... nem mesmo todo aquele tempo o pudera destruir.

E era por isso que ela o trazia ali, em seu peito, marcado a fogo em seu coração. Seu lindo sorriso torto, sua voz rouca e sempre bem humorada, seus intensos olhos verdes que tantas vezes a fitaram com paixão... por mais que tudo ainda estivesse ali, vivo, forte, imaculado, ela sabia que não fazia diferença.

Ele não mais era seu.

Ela não mais era sua.

Por mais que convivesse com as conseqüências dessa ligação entre ambos, sabia que não se pertenciam. Não mais.

Então por que... por que sempre sentia como se assim fosse?

O tempo que passamos separados vai fazer nosso amor mais forte

Mas isso machuca demais, eu não posso agüentar mais

Como ela quisera acreditar que ele fosse voltar...  Que voltasse e a tomasse em seus braços, que lhe dissesse aos prantos que sentia muito, que lutaria pra que ambos superassem as diferenças, as diferenças que os fazia discutir com tanta freqüência.

Famílias diferentes, classes diferentes. Mundos diferentes.

Ele nunca se importara com o fato de ela ser pobre enquanto ele era imensamente rico. Mas os outros... ela não suportara a pressão que eles haviam exercido sobre sua cabeça. Não havia resistido às acusações de que ela era uma vadia oportunista, apenas de olho na fortuna do único herdeiro do grande Império Cullen.

Ela sucumbira. Eles discutiram. Ambos romperam.

E ele jamais voltara.

E o tempo... ah, o tempo. Este só fazia aumentar o amor que ela trazia guardado em seu peito. E junto com ele a dor da perda.

Eu quero envelhecer com você

Eu quero morrer deitado em seus braços

A voz de Edward ecoava em seus ouvidos, perdida num passado distante e feliz.

Eu quero envelhecer com você

Eu quero estar olhando em seus olhos

Como... ah, como ela queria ouvi-la mais uma vez. Apenas mais uma vez.

Eu quero estar lá por você, compartilhando tudo o que você faz

Eu quero envelhecer com você

Dezessete anos... essa era a idade de ambos quando haviam se conhecido. Era uma atração tão intensa, tão forte, tão potente que beirava a magia.

Ambos acreditaram que aquilo era o amor.

Mas imaturos como eram, as tormentas da vida os tinham vencido pelo cansaço. E então cada um foi pra seu lado. E Bella voltara pro seu mundo, pro mundo real. Um mundo onde Edward Cullen era apenas um sonho, uma fantasia.

E então, ao perceber que ele não voltaria, ela decidira partir. Sim, ela partira. Partira pra curar seu coração ferido longe das lembranças que eram tão vivas naquela cidade. Mas se enganara ao pensar que a distância seria o suficiente pra que pudesse esquecê-lo.

Por que seis anos se haviam passado e ela ainda pensava nele. Sonhava com ele.

Ela ainda o amava. E era provável que pra sempre o amaria.

Por que, por mais que ela buscasse nos braços de outro as sensações que outrora a fizeram tão feliz e completa... sabia que só nos braços dele as poderia encontrar.

Mil milhas entre nós agora

Isso faz eu me perguntar como

O nosso amor essa noite continua tão forte

Faz o nosso risco certo o tempo todo

Por mais que sua consciência lhe chamasse de louco, ele precisava tentar.

Por mais que o tempo tivesse corrido desde a primeira vez na qual a vira, pra ele era como se aqueles lindos olhos castanhos o tivessem fitado pela última vez ontem. E por outro lado aqueles longos seis anos tinham corrido como verdadeiros milênios sem a sua doce presença.

E por mais que a quisera esquecer... não pudera fazê-lo. Tentara, sim, por centenas, milhares de vezes tentara deletá-la de sua mente ao se aconchegar nos braços de outra.

Mas nenhuma outra era Isabella Swan. Nenhuma outra tinha o mesmo perfume, o mesmo calor, os mesmos ardentes olhos, o mesmo sorriso meigo. Nenhuma delas corava tão adoravelmente ao se acanhar. Nenhuma delas o fazia rir com sua desajeitada e graciosa forma de ser.

E era por isso que queria vê-la, nem que fosse uma última vez.

Nem que fosse pra uma decente despedida. Apenas tinha que vê-la.

O tempo que passamos separados vai fazer nosso amor mais forte

Mas isso machuca demais, eu não posso agüentar muito

Como ele fora imaturo e idiota! Deixara o próprio orgulho a afastar de si.

Uma discussão e ele havia dito que estava farto. Farto de todos se metendo na relação deles, farto de ela se importar com cada comentário pejorativo sobre suas intenções naquele relacionamento.

Estava farto das lágrimas dela.

Como pudera ser cruel a esse ponto?

E por mais que o tempo passasse... simplesmente não podia deixar de amá-la a cada dia mais.

Por que ao saber que ela se fora... uma parte de si mesmo fora com ela. Por que se ela se mudara após o rompimento, isso significava que ela queria distância. E distância... era uma coisa dolorosa demais.

E doía mais e mais com o passar dos anos.

Eu quero envelhecer com você

Eu quero morrer deitado em seus braços

Era o que ele lhe dissera depois de uma intensa noite de amor. E vira as lágrimas de felicidade escorrer por seu rosto mais do que perfeito.

Eu quero envelhecer com você

Eu quero estar olhando em seus olhos

Sim, olhando em seus olhos. Mais uma vez, apenas mais uma vez. Queria que ela dissesse com todas as letras que não mais o queria, que tudo o que tinha vivido fazia parte do passado.

Assim talvez pudesse tirar aquele sentimento que tanto o atormentava. Que tanto o fazia sofrer.

Eu quero estar lá por você, compartilhando tudo o que você faz

Eu quero envelhecer com você

Se pudesse voltar atrás, nunca teria deixado que ela partisse. Teria voltado na mesma hora e pedido perdão. Teria dito que compreendia seu sofrimento, sua dor, sua angústia ao ver que a família dele não aceitava.

Por que ele não a compreendera.

E por isso ela partira.

Anos pra que ele a encontrasse, mas ali estava ele. A uma porta de distância da mulher de sua vida. A única que o marcara a fogo. A única que o fizera perder o chão com apenas um beijo.

Por que então relutava em bater naquela porta e ver com seus próprios olhos que era mesmo ela? Que Emmett vira direito, que ele não se enganara? Que era mesmo aquela Bella que ele encontrara na praça de alimentação do shopping à um oceano de distância da cidade na qual se tinham conhecido?

“Era mesmo ela, Edward!”, ele lhe dissera ao voltar pra América, “Estava num shopping em Paris, eu tenho certeza! A segui até seu apartamento, a vi entrar e tudo! Não conversei com ela, mas você sabe como sou bom fisionomista. Acredite, essa é sua maior oportunidade de fazer certo desta vez.”

E ali estava ele pra fazer certo desta vez. Torcendo, rezando pra que fosse mesmo Bella e não alguém absurdamente parecida com ela.

Uma de suas mãos então subiu e, trêmula, bateu na pesada porta de madeira.

Pensamentos podem ir e vir

Eu sei mas...

Seu coração parecia que iria sair garganta afora tamanha a força com a qual batia em seu peito. Suas mãos tremiam e suavam, seu estômago parecia que estava repleto de borboletas... era a paixão, o amor que não havia morrido mesmo com todo aquele tempo.

Sentiu que um frio de nervosismo passava por seu corpo quando a porta foi finalmente aberta. Mas então, com a mesma rapidez que sua esperança tinha se pronunciado ante as suspeitas/quase certezas de Emmett, elas se esvaíram quando percebeu que quem abrira a porta era uma garotinha de pouco mais de cinco anos.

“Sim?”, ela perguntou em uma adorável voz infantil ao abrir e parar seu pequeno corpo no vão aberto, seus olhos fixos no rosto do estranho, esperando uma resposta.

Edward abriu a boca pra dar uma resposta educada, pedir desculpas por seu engano... quando reconheceu os olhos que o encaravam.

Meu Deus...

 O ar lhe faltou por um momento, seus músculos se retesando ao reconhecer também aquele torto sorriso educado.

Por que ele era seu. E estava no rosto daquela adorável criança.

“Meu amor, quem está...?” e nesse momento o mundo todo parou.

Amor eu acredito

O apartamento não existia, a cozinha não existia, seu emprego no shopping não existia, sua vida solitária não existia. Ao fechar seus olhos, Bella permitia deletar toda sua realidade atual, voltando no passado em uma época na qual fora realmente feliz.

Nos braços de Edward Cullen. Seu primeiro e mais intenso amor.

Mas a realidade voltava a existir assim que ela abria seus olhos. E nessa realidade havia um ser que dependia dela. Apenas dela. E era por esse ser que ela se obrigava a prosseguir.

Vanessa. Sua pequena e delicada Nessie. Sua garotinha. O fruto do amor precoce entre ela e Edward. A razão de ela ter fugido.

Medo. Ela tivera medo de ele querer tomar sua menina. Ambos sabiam que um romance entre os dois não daria certo, mas um filho... ela estava certa de que a família faria tudo pra tirar sua preciosa filha de seus braços.

E pra fugir das lembranças, pra fugir de seus medos, ela partira. Partira com seu bebê em seu ventre. E nada mais do que isso.

Alguma coisa está queimando forte entre nós

Deixa isso claro pra mim

Ouviu quando bateram na porta da frente assim como ouviu também os pezinhos calçando apenas meias correndo pelo apartamento em direção a porta. Bella permitiu-se sorrir. Era uma mulher feliz. Apesar das constantes sensações de nostalgia quanto a Edward, considerava-se uma pessoa feliz.

Por que Nessie a fazia feliz.

“Sim?”, ouviu a voz infantil atender a porta quando voltava a se ocupar do café da manhã de ambas. Mas os segundos se passaram e nenhuma voz respondeu.

Bella preocupou-se. O bairro não era violento, mas nunca se sabia.

“Meu amor, quem está...?” e sentiu como se o chão tivesse fugido de seus pés quando seus olhos se encontraram com os intensos olhos verdes.

Aqueles olhos verdes.

Eu quero envelhecer com você

Eu quero morrer deitado em seus braços

Não, não, não, não! Ele viera levar Nessie! Ele descobrira sobre sua filha e agora viera tirá-la dela!

Mas... por que não tinha medo então nesse momento? Por que só conseguia ouvir a voz daquele rapaz dizendo em seu ouvido com a voz rouca depois do sexo que a queria pra sempre?

Ele se tornara um homem... mas ainda era seu  Edward. Seu grande amor, Edward Cullen.

Seu corpo se enrijeceu com aquele olhar intenso sobre si. Ela viu naquele olhar tantas coisas que não pôde definir nem metade delas.

Mas uma delas ela já sabia mesmo antes de ele atravessar o espaço que os separava e tomá-la em seus braços enquanto seus lábios a tomavam em um beijo sôfrego.

Agora sim Isabella Swan se sentia em casa. Por que Edward era sua casa. Seu lar.

Eu quero envelhecer com você

Eu quero estar olhando em seus olhos

- Me perdoa, amor. – ele sussurrava em um choro baixinho enquanto dava inúmeros beijos em seus lábios macios. E nem mesmo suas melhores lembranças faziam jus a sua beleza, a sua doçura... por que o tempo a tornara ainda mais linda. – Me perdoa, por favor, me perdoa.

- Ah, Edward! – ela gemeu se agarrando aos seus cabelos acobreados e puxando sua cabeça pra trás pra que os olhos castanhos pudessem se fixar nos olhos verdes. – Por que só agora?

- Fui um tolo, um grande tolo. Quando percebi isso... – ele suspirou encostando sua testa na dela. – Você havia partido. Mas jamais me esqueci de você, meu amor. Por isso te peço que me perdoe.

- Você veio... por mim? – ela perguntou timidamente.

Ele mais uma vez afastou seu rosto pra olhar a beleza estonteante que tanto lhe fizera falta. E viu nos olhos dela o quanto ela temia. Por que...

- Foi por isso que você fugiu. – ele constatou. Ela apenas abaixou a cabeça e apertou os lábios. Era o que ele precisava pra confirmar suas suspeitas.

Sentiu seu peito se apertar ao virar-se ainda com Bella nos braços e encarar a figurinha que jazia parada a porta, sua boquinha aberta enquanto observava aquela cena tão absurda a seus olhos infantis sem, no entanto, nada entender.

Edward sentiu naquele momento que não poderia haver naquele planeta homem mais feliz do que ele.

Por que sua filha era perfeita. Tão perfeita quanto sua mãe.

Eu quero estar lá por você, compartilhando tudo o que você faz

- Como é o nome dela? – ele perguntou com a voz embargada.

- Vanessa. – Bella sussurrou engolindo em seco. Via o olhar fixo de Edward na menina que também o olhava fixamente.

- Vanessa. – ele disse como se saboreasse o nome, um sorriso torto idêntico ao que a menina lhe dispensara momentos antes se desenhando em seu rosto marcado pelas lágrimas. – Você sabe quem eu sou, Vanessa? – ele perguntou a menina que balançou negativamente a cabeça, a boca ainda aberta.

- Ele é seu papai, filha. – Bella respondeu por Edward fazendo-o se voltar pra olhar em seu rosto mais uma vez. – E o grande amor da vida da mamãe. – ela completou num sussurro, engolindo o choro que se apertava em sua garganta.

- Meu papai? – a garota perguntou ainda mais espantada e surpresa. Como assim seu papai? A mamãe não lhe havia dito que ele estava longe, muito longe? E que ele não podia ficar com as duas? Então... o que ele fazia ali? – O que ele tah fazendo aqui, mamãe?

- Eu vim buscar vocês, Vanessa. – Edward disse ao se abaixar, um joelho se dobrando enquanto o outro se apoiava no chão. Bella cruzou os braços em frente ao peito e apenas observou quando ele estendeu os braços chamando a garota que se aproximou cautelosamente. E então as mãos a envolveram, apertando-a em um abraço saudoso. – Buscar você e a mamãe pra sermos uma família muito feliz.

- Ele veio buscar a gente, mãe! – a garota disse com um sorriso imenso quando Edward voltou a se levantar com ela nos braços, os bracinhos da menina abraçando seu pescoço. Era como se ela esperasse por aquele momento desde sempre... e só ela mesmo sabia como ela esperara. O quanto ela pedira por isso. Por que ela sabia que era por seu papai que sua mamãe às vezes chorava... e se ele estava ali, ela não mais choraria. Nunca mais.  – Ele pode ficar com a gente!

- É claro que posso, minha filha. – ele mais uma vez saboreou as palavras na ponta da língua ao puxar Bella pra junto dos dois, um braço a cercando, a prendendo naquele abraço triplo. Edward jamais se cansaria de abraçá-la, de beijá-la, de sentir seu calor, seu perfume... ele jamais teria o suficiente daquela mulher. E por isso ela seria sua. Assim como ele sempre fora seu. – Bella, meu amor, me dê uma chance! Vamos superar nossos medos, nossas tristezas, nossos pesares...

- Edward... – Bella soluçou ao agarra-se a ele e esconder seu rosto na curva de seu pescoço. Não queria que Vanessa a visse chorar.

- Vamos construir uma vida só nossa onde o que importa é apenas o nosso amor. – ele prosseguiu apertando-a junto a si, sentindo as lágrimas quentes dela molharem sua camisa. E o seu perfume continuava o mesmo...  ele não poderia estar mais feliz do que agora. Com as duas mulheres de sua vida... por elas, ele enfrentaria o mundo. Só não as deixaria partir nunca mais. Nunca. – Por que você bem sabe que meu desejo maior sempre foi e sempre será um só, minha Bella.

Eu quero envelhecer com você!

Fim