Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 13
O amor negado de Isabella


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Capítulo 13 – O amor negado de Isabella

"E quando eu estiver triste, simplesmente me abrace

Quando eu estiver louco, subitamente se afaste

Quando eu estiver fogo, suavemente se encaixe

Mas quando eu estiver morto, suplico que não me mate, não

Dentro de ti, dentro de ti"

(Sutilmente, música de Skank)

Pov's Bella:

         Lucy voltou com as meninas na madrugada de domingo para segunda, como prometido. Não parecia cansada, como era de se esperar de alguém faz uma viagem dessas – e volta com três mais a mais do foi, aliás. Na verdade, estava absolutamente feliz, saltitando pela casa enquanto eu tinha que abafar sua cantoria com um travesseiro no rosto.

         Infelizmente, acordei algumas horas depois, com o despertador. Olhei desanimadamente para o relógio – ele não podia estar com aquele seis na frente, podia?

         Sentindo-me mais preguiçosa do que nunca quando cheguei à Terra, levantei. Forcei meus olhos a abrirem, do contrário, a próxima coisa que eu sentiria seria meu rosto contra a parede. Quando estava indo em direção ao banheiro, me viro para olhar a janela. Ela estava aberta, como de costume. O cheiro leve de Edward estava no ar, também como habitual.

         Mas... Oh, graças a Deus! Havia uma abundante luz do sol entrando pela minha janela. Andei até a mesma, ávida para finalmente sentir o sol em meus poros – parecia fazer décadas desde a última vez de sentir isso em minha pele.

         Alguém bateu na porta.

- Bella?! – Lucy gritou do outro lado e, naturalmente sendo ela, sem esperar por respostas, entrou – Ah, Belleen, que bom que está acordada. Já que está sol e num padrão aceitável para até os humanos não sentirem frio, pensei que você poderia usar uma das roupas que comprei para você.

         Ela falava como se eu tivesse aberto a mala cheia de roupas que ganhei as duas da matina.

- Lucy... – comecei monotonamente, enquanto passava uma mão no cabelo, jogando-o para trás. Provavelmente estava uma juba de tão bagunçado.

- Eu sei, eu sou demais! – ela tagarelava animadamente, enquanto entrava no meu closet. Foram necessários cinco minutos para explicar a ela por que diabos minha mala ainda estava fechada. Ela compreendeu, mas não gostou.

         De qualquer forma, continuou procurando a tal roupa entre a enorme mala – muito grande. Muito.

- Ahá! – ela quase berrou de tão animada que estava.

         Mostrou-me um vestido; a primeira cor que identifiquei foi um amarelo canário. A saia era meio rodada e de estampa florida, a parte de cima do vestido era amarela. O sapato – de salto, óbvio (afinal, fora escolhido por Lucy) – era da mesma cor chamativa.

- Ahn... Lucy? – chamei-a cuidadosamente, tentando tirá-la daquela bolhinha feliz e amarelo canário que ela tinha criado em volta da roupa.

         Ela obviamente já tinha descoberto o que eu ia dizer, pois logo botou em ação sua carinha de cachorro que caiu na mudança. Droga! Era uma carinha realmente convincente e fofa.

- Belleen, Bellinha, Bellota, Bella, Bells, Bell, Bella... – ela ia dizendo todos os apelidos que conseguia achar para meu nome; e eu estava ficando mais e mais emburrada a cada um.

         Não é que eu não goste de apelidos, é só que os da Lucy são particularmente péssimos.

         Seu rosto se contraiu novamente numa careta fofa: olhos inocentemente arregalados, um leve biquinho com o lábio inferior, olhos lacrimejantes...

         Bufei.

         Cinco minutos depois, aqui estava eu, em frente ao espelho olhando minha aparente roupa nova. O vestido que caíra como uma luva em mim era lindo, mas exagerado para uma cidade tão pequena. Os sapatos amarelos eram tamanho 34 – o que devia ser o número de meus sapatos, afinal, eu não sabia exatamente: no Sol, meus sapatos eram sob medida.

         Tentei deixar a coisa mais simples, prendendo minha franja comprida com uma tiara dourada ao invés de ficar o dia inteiro jogando o cabelo para trás. Mas, nãããão. Lucy me fizera colocar brincos, pulseira e colar. Ah... Tão exagerada. Eu ia à escola.

- Viu, Bella? – ela dizia enquanto eu suspirava – Você está linda! É uma princesa moderna!

         Mesmo não querendo dar mais motivação a ela, concordei com a cabeça: - Sim, Lucy, está tudo lindo – ela sorriu um sorriso "eu-tenho-32-dentes-brilhantes" e saltitou alegremente para fora do quarto, indo vestir sua própria roupa.

         Eu odiava saltos. Não que eu fosse desastrada em cima deles, na verdade, depois de alguns anos podendo usar isso, você se acostuma. Mas uma das conseqüências da Terra era usar coisas que adolescentes normais usam. Tipo, tênis, sapatilha – "Adolescentes normais usam salto", Lucy dissera.

         Enquanto decidia se já ia tomar café ou não – acordara tão cedo que ainda tinha uma hora para chegar à escola – sentei no meu divã branco. Inalei o ar com força, querendo mais do que tudo sentir o cheiro de Edward.

         Havia canela, mel... Era um cheiro tão doce e inebriante, sentia-me tonta – mas não era a mesma coisa que dois dias atrás, quando eu estava em seus braços, sentindo seus lábios macios e frios contra os meus. O cheiro também tinha um leve toque de especiarias. Sorri para mim mesma.

         Esses cheiros não deveriam combinar, de modo algum. Mas em Edward... Eram como se fosse o melhor perfume do mundo, todos os melhores aromas do mundo num frasquinho que Edward borrifou em si.

- Bella – Ben anunciou sua presença, batendo de leve na porta aberta do quarto.

- Ben, pode entrar – eu sorri para meu amigo.

         Ele entrou sorridente e parou perto de mim, olhando-me por breves segundos, até finalmente sentar-se no divã do meu lado.

- Está muito bonita hoje – ele descaradamente prendia a risada. – Não que não estivesse nos outros dias...

- Vai, ria – eu fiz um biquinho infantil enquanto deixava o meu corpo cair na curva do divã, preguiçosa e emburradamente.

- Lucy também vestia Ang – ele deu de ombros, ainda sorrindo para mim – consegui fugir de lá agora.

         Olhei para sua calça jeans e sua camiseta preta lisa. Músculos definidos eram bem vistos sob as mangas curtas. Ben vestia-se bem sem Lucy, não precisava da loirinha maluca. E, como estava sol hoje, ele podia exibir seus músculos como os lobos de La Push (só que com uma camisa e bem, sem se exibir, senão Ang o mataria).

- Olhe isso! – eu apontei criticamente para o sapato de salto em meus pés – É amarelo canário e deve ter uns dez centímetros.

- Você está exagerando, não chega a tudo isso – ele discordou, os cantos dos seus lábios indo para cima.

- Tá, tudo bem, talvez tenha oito ou nove centímetros – eu sorri.

- Você nem fica mais alta que a Lucy, que é mais baixa que eu e Ang.

- É porque eu sou muito baixa. Sou mais baixa que a Alice, Ben.

- Talvez você fique da altura dela com esse salto – ele sugeria risonho. Deu um beijo em minha testa e saiu, avisando que o café logo estaria na mesa. Assenti e disse que logo iria.

         Olhei uma última vez no espelho, bom, saltos realmente me faziam alta. E Edward realmente me fazia feliz. No entanto, por que parecia estar faltando algo muito importante?

         Saindo do porshe amarelo berrante de Lucy – argh, o pior era saber que minha roupa combinava – olhei em volta. A maioria das pessoas olhava para nós. Mesmo estando aqui há mais de um mês, ainda éramos fofoca da cidade – assim como os Cullen -, o que era realmente irritante. Não podia se espirrar sem ouvir um: "Annabella Summer está gripada, uh, uh".

         Urgh!

- Calma Bella, relaxa – Ang sussurrou, vendo meu estresse sem sentido.

         Tentei me lembrar que nenhum dos meus amigos – isso inclui os Lobos e os Cullen – sabia de tudo que eu pensava, achava ou fazia. Tipo... Beijar um Vampiro, mesmo ele sendo bonzinho... Meus sonhos diários com Isabella Cullen... Minha desconfiança do que minha mãe escondia... Cada vez pior...

- Ah. Certo.

         Enquanto caminhava para o Volvo prata onde todos os irmãos e irmãs Cullen estavam, analisei a mim e Lucy – Ben tinha razão, mesmo com o salto eu era mais baixa que Lucy.

- Oi, gente! – Lucy cumprimentou-os alegremente, dando um abraço apertado em Alice, que também abraçou a mim e Ang.

- Gente – Ben simplesmente acenou com a cabeça, sendo retribuído.

         Angela imitou o marido, pois ainda estava abraçada a ele. Abracei as duas meninas, Jasper e Emmett. Tentei não corar e agir normalmente quando abracei Edward – e tentei com todas as minhas forças ignorar o olhar malicioso de Alice (ela com certeza tinha visto o futuro quando foi ao Canadá e viu a mim e Edward na clareira.

         Glup. Aquela baixinha – não que eu não seja, né – é um perigo.

- O sinal vai tocar daqui um minuto – anunciou Alice, naquele tom já conhecido de quem já sabia que ia mesmo acontecer.

         Emmett e Rose deram-se as mãos, dizendo um breve "tchau" e indo para seja lá qual fosse a aula que eles tivessem. Alice olhou matreira para Lucy, antes de sair com a mesma para suas respectivas aulas também – eu tinha medo do que elas tramavam. Jasper – depois de lançar um olhar tão intenso de amor, que foi impossível não desviar os olhos, para Alice – foi para a sua (ele não tinha nenhuma aula com a esposa, já que era do terceiro grau). Ben foi sozinho para o prédio seis, então presumi que teria Governo como primeira aula.

         Edward discretamente me olhou e sorriu, e seguiu seu caminho para sua aula. Eu fui para Cálculo com Ang, a primeira aula do dia. O resto da manhã foi relativamente calmo. Sentei-me ao lado de Lucy em História geral e tentei não morrer com seus olhares maliciosos – Jesus, eu era uma criança inocente e pura perto desse povo!

         Espanhol teria sido uma matéria feliz, se não fosse Jéssica-Fofoqueira-Stanley sendo minha parceira. Todo dia eu sentava ao seu lado, todo dia eu tinha que mentir, pois ela sempre perguntava sobre minha antiga vida como se fosse algo para ser público.

         Até aí, minha manhã estava ótima. Minha próxima aula seria com Edward – claro, depois de um almoço com meus amigos. De tarde iríamos visitar os Lobos, já que Lucy e Jake aparentemente não podem ficar muito tempo separados.

         Todavia, algo tinha que dar errado.

         Quando o sinal para o almoço tocou, eu juntei meus livros e os guardei na minha bolsa. Decidi-me por comer somente uma maçã, sentia-me tão enjoada que poderia colocar tudo pra fora. Não sei, algo em meu estomago se retorcia enjoativamente, dando-me um aviso, uma mensagem que eu deveria entender. Mas... O quê?

- Bella? – Rose falou preocupada assim que sentei ao seu lado no refeitório.

         Rose, Emm, Ben e Ang já estavam ali. Lucy, Alice, Jasper e Edward provavelmente estariam saindo de suas salas de aula – nem dois minutos depois Alice e Jasper entraram de mãos dadas e foram pegar seus "acessórios comestíveis".

- Sim, Rose? – eu disse, dando uma mordida na maçã, pequena. Eu ainda sentia meu estômago embrulhar só de olhar para a comida na bandeja dos outros.

- Você está bem? Está tão pálida... – ela disse.

         Assenti o mais enérgica que consegui: - Eu estou muito bem, Rose. Talvez seja impressão sua. Nunca entendi, mas, para um ser do Sol, sou realmente muito branca.

         Era óbvio que não tinha acreditado na minha mentira, mas, felizmente, deu-me a privacidade de contar o que estava acontecendo comigo somente se eu quisesse.

         Lucy sentou-se ao lado de Alice poucos segundos depois que a mesma entrou. Estavam fofocando tanto o dia inteiro que eu estava mesmo apavorada com a possibilidade de estarem fazendo algo... Ainda mais levando em conta que o único lugar que sobrara na mesa era ao meu lado e, indubitavelmente, Edward sentaria ali.

         Elas tinham planejado aquilo. Impressionante o que podem fazer. Nem sei se chamo de "Lucy 1 e Lucy 2" ou "Alice 1 e Alice 2".

- Bella? – Alice chamou, quando vi que eu estava quieta demais, imersa em pensamentos, enquanto todos conversavam.

         Levantei os olhos da mesa cinzenta: - Hm?

- Tem certeza que você está bem, quero dizer... – ela se enrolou, não querendo falar em minha cara que eu tinha uma palidez doentia hoje. E eu nem mesmo tinha acordado assim.

         Suspirei.

- Vou pegar uma limonada e mais uma maçã – na realidade, só queria tirar a atenção de cima de mim, minha metade da maçã jazia na mesa.

         Levantei e caminhei para a fila do almoço que, já na metade do mesmo, não era tão grande. No entanto, tive o desprazer de encontrar Mike Newton falando comigo.

         Desde o primeiro dia, quando Mike falara comigo "sedutoramente" em Educação Física – também tínhamos Biologia junto, mas lá ele nunca falava comigo – ele vem tentando me conquistar. É por isso que Jéssica me odeia. É por isso que eu não gosto de ambos. Humanos são tão fúteis por questões tão frívolas. Simplesmente irritante – como se eu quisesse ficar com Mike, como se eu ligasse se Jéssica era minha amiga (aquela falsidade toda dela).

- Bella! – eu disse que queria tirar a atenção de mim? Talvez devesse ter ficado na mesa!

         Por sobre o ombro de Mike, vi Edward surgir na porta do refeitório. Seu rosto era de desagrado, percebi, mas nenhum humano perceberia tal coisa. Ele aparentemente lera os pensamentos do ser na minha frente. Por uma fração de segundo me deixei ficar animada, ele poderia estar com ciúmes.

         Minha animação se esvaiu quando tive que voltar a atenção para Mike.

         Milésimos antes dele falar olhei suas feições. Não estavam como geralmente: de bebê e morto de medo de falar comigo por Edward estar ao meu lado na mesa, como parceiro. Agora era arrogância. Coisa boa que não ia ser.

- Então, Bella, está sabendo desse baile que tá vindo, né? – ele começou, com convencimento pingando em sua voz. Ele falava alto o suficiente para todo refeitório nos ouvir, o que provavelmente era seu objetivo, já que se considerava altamente popular.

         Argh. Com certeza: fúteis.

- Claro, Mike – tentei fazer com que minha voz soasse inocente e, no mínimo, educada. Joe, meu treinador, sempre dizia: "Trate seus inimigos com polidez e educação. Se virem suas emoções, verão seus golpes".

- Pois é. Soube que você está super afim de mim e decidi te dar uma chance.

         Ergui minimamente as sobrancelhas em descrença. Silêncio no refeitório, mal se ouvia o tilintar dos talheres contra os pratos. Os sussurros fofoqueiros nem mesmo existiam.

- Como é? – verbalizei minha incredulidade.

- Estou te dando uma chance. Soube que você está apaixonada por mim.

- Olhe, Mike, sinto muito em te dizer, mas gosto de você como colega. E reveja seus informantes, pois eles obviamente não são muito bons – disse como quem comenta o tempo. Escondi todo o deboche que queria colocar naquelas frases.

- Bella, não negue, sei que gosta de mim – ele falou.

         Suspirei. Esse jogo estava ficando chato.

- Mike, querido... – comecei meigamente e vi Lucy sorrir, sabendo que algo viria – Não sinto dizer, mas não gosto de você desse jeito, não gosto de você como amigo, mal gosto de você em qualquer quesito. Tente pensar novamente nessas coisas antes falar está bem?... Ou melhor, nem pense, ok? Vai acabar forçando muito e provavelmente seu cérebro dará pane, tamanho o esforço.

         Era como se um grilo imaginário cantasse, fazendo o irritante "cri, cri, cri, cri" ali. Até finalmente o refeitório explodir em risadas. Vi que meus amigos estavam particularmente divertidos – Emmett parecia um urso tremendo enquanto ria.

- Você só pode ser lésbica para não gostar de mim! – ele quase gritou quando as risadas diminuíram.

- Uma mulher não precisa ser lésbica para não gostar de você, Mike Newton – praticamente soletrei seu nome, lentamente.

- Você é tão esquisita quanto os seus amigos ou os Cullen, garota!

         Crispei meus lábios numa linha fina. O ambiente pareceu ficar mais pesado. Tanta tensão que parecia ser possível tocá-la.

         O slap que minha mão fez contra a bochecha de Mike pareceu ecoar por alguns instantes. Nem mesmo me importei se tinha colocado um pouco de força sobrenatural nisso, estava muito irritada. Sinto muito, Joe, mas, nesse momento, meu inimigo vai, sim, ver meus sentimentos.

- Pode... – eu grunhi irritadíssima. Tinha tantos impropérios para dizer àquele garoto que algo parecia entalar em minha garganta. – Pode falar mal de mim, mas... Falar mal dos meus amigos... Você está pedindo para apanhar, Newton!

- Eu? Apanhar? De você? – ele arqueou uma sobrancelha, sem dúvida estava contente de ter me deixado brava. Como se, depois de minha recusa, tudo que ele quisesse fosse meu mal. Humanos vingativos.

         Ele gargalhou: - Eu não apanharia de você nem de um de seus amiguinhos.      

         O jeito que ele falou as últimas palavras parecia nojo. Meus ouvidos estavam apitando muito irritados. Tentei me controlar para simplesmente não incendiá-lo ali mesmo. Não era o Sol, não podia queimar quem me desrespeitasse, sou do lado da paz... Fiquei repetindo essas palavras em minha mente.

- Tetraplegia é pouco o que vai acontecer quando eu terminar com você – ameacei com olhos sombrios, dando um passo para frente. Ele recuou um.

         Simplesmente ignorei a bandeja com a limonada e a maçã que tinha ali e caminhei a passos rápidos e largos para a porta. Queria sair dali e ignorar todos os olhares. Eu não sei se agüentaria mais três semanas naquele inferno. Por que a Terra de repente parecia tão chata? Minhas férias tinham acabado.

         Minhas pernas se moveram inconscientemente até pararem na floresta. Sabia que não tinha adentrado ela o suficiente para me perder – não que isso fosse possível – mas tinha ido longe o bastante para ninguém me ver. Vantagens da floresta ser logo ao lado da escola, imagino eu.

         Eu estava de mãos vazias, sentindo novamente aquela irritante tontura de semanas atrás. Esperava que Ang ou Lucy pegassem minha mochila – que na verdade nem parecia muito importante.

         Sentei—me num tronco caído, o único que parecia não ter musgo ali. O sol penetrava fracamente entre as árvores, sem conseguir muito, a floresta era muito densa. Deitei o mais confortável que consegui e fechei os olhos. Tudo estava deliciosamente silencioso comparado há minutos atrás, o que era bom.

         Esperava que ninguém viesse me procurar, pois realmente queria ficar sozinha. Mexi-me, a posição em que estava não era a melhor, ainda mais com um mini vestido e salto alto, que, aliás, arranquei-os de meu pé.

         A inconsciência me levou alguns segundos depois.

         O lugar era obviamente uma floresta. O chão era alaranjado, coberto por folhas de carvalho que imaginei serem de outono. O céu estava azul e parecia inicio de tarde.

         Um vento balançou as poucas folhas das árvores, mas nem mesmo mexeu em meus cabelos – eu era somente uma intrusa num sonho.

         Um vulto passou correndo e parou a poucos metros de mim, de costas. Depois de tanto a ver, logo reconheci: Bella. Dei um sorrisinho.

- Bella, oi... – eu ia falar quando Edward também entrou pela clareira e percebi que não era um "sonho real", era uma memória, como a própria diria. Mas era a memória dela nos meus sonhos? Eu não entendia.

         Percebi que seus cabelos eram um pouco mais escuros que os meus, que eram praticamente loiros de tão caramelos.

- Edward, eu... – caminhei em direção a Bella, parando bem perto dela. Suas unhas estavam cravada com força na sua calça jeans.

         Estava nervosa?  

- Bê? – Edward chamou a irmã com visível confusão nos olhos. Ele a olhava de costas, então provavelmente não via seu rosto ansioso.

         Ela fechou os olhos com força. Então finalmente virou para o irmão, olhando nos olhos. Parecia discutir consigo mesma.

- Edward, eu te amo – eu congelei. Am... ar? Com todas as quatros letras? Ela amava Edward, o mesmo Edward que eu amava?

- Eu também te amo, Bella, você é minha irmã – foi sua resposta confusa.

         Algo estava começando a ficar errado...

- Não, Edward, você não entendeu, eu... – sua voz irritada parou de repente.

         Quase não acompanhei o movimento de Bella, que em um milésimo de segundo estava na frente do irmão – velocidade vampírica. Sua cabeça ficava para cima enquanto ela olhava em seus olhos.

         Cheguei mais perto deles. A altura da Bella Cullen não era tão baixa assim comparada a minha claro que era menor afinal, ela era criança, mas... Meus pensamentos foram completamente interrompidos quando voltei a atenção aos dois.

- Edward, eu estou apaixonada por você.

         Silêncio. De mim e de Edward. Ele aparentemente não sabia o que dizer. Eu não sabia o que sentir, era somente uma intrusa num momento particular deles – um momento que partia meu coração em mil estilhaços.

         Eu tentei sentir raiva de Bella, que fora tão gentil comigo esses meses. Tentei ficar brava por ela amar o cara que amo, mas... A raiva não veio. Era pena por ela ter morrido, então? Tinha certeza que não era isso. O que era?

- Eu não consigo mais esconder isso. Eu não amo você como meu irmão, e sim de outra forma. Não suporto mais ficar guardando isso em mim, eu... Eu te amo, por favor... – sua voz suplicante e com um mínimo de esperança quase implorou.

         No entanto, Edward inclinou um pouco o corpo na direção contrário, saindo da direção de Bella.

- Bella, eu... Sinto muito – o corpo da vampira paralisou – Mas você é minha irmãzinha, eu não consigo imaginá-la de outra forma, eu...

         Bella não o deixou terminar. Simplesmente ficou na ponta dos pés o máximo que conseguia e depositou um beijo em seus lábios. Eu toquei meus próprios lábios nesse curto espaço de tempo. Quase sentia o beijo de Edward.

         Ela sorriu para ele. Ele não sorriu para ela.

- Bella! – Edward a repreendeu. Vi os olhos de Bella ficarem marejados. Se havia uma coisa que eu havia aprendido sobre ela nesses meses, era que Isabella era a primeira vampira a conseguir produzir lágrimas. – Eu sou seu irmão. Não. Posso. Amá-la. Dessa. Forma.

         A forma que ele tinha soletrado isso doeu em mim. Um sentimento de perda se apossou de meu corpo – e uma inexplicável raiva do vampiro na minha frente. Por que parecia que ele estava partindo o meu coração e não o de Bella?

         Ela apertou suas mãos irritadíssima. Seu olhar sombrio fez Edward dar um passo para trás enquanto gaguejava "B-Bella".

         Sua aparência mudou. Nada muito significativo. Somente seus olhos, mas eu me vi apavorada somente por isso. Eram olhos azuis. Claros, límpidos, lindos, familiares. Eram da cor do céu. Da cor do mar. Eram meus olhos.

         Bella começou a perseguir Edward pela floresta.

         E alguém me sacudia para acordar. Mas eu não queria acordar, eu tinha lágrimas escorrendo de meu rosto. Eu não quero acordar.

         Quero me afundar num buraco cada vez mais.

         Eu estava numa sala. Era fresca. Vi todos os Cullen no sofá, com olhos arregalados e as bocas entreabertas. Todos chocados, incrédulos com algo.

         Então olhei na mesma direção que eles e vi Bella sentada em cima de Edward, cada perna de um lado do corpo. Seu olhar ainda era bravo.

         Ela levantou e o olhou desafiadoramente.

- Espero que goste disso, Edward. Meu coração está partido, acho que era isso que você queria, não é? Pois ouça: eu não dou a mínima se você se explodir agora. Vá fazer algo mais interessante do que pisar nos sentimentos dos outros.

         As palavras eram gélidas e fez os pelos da minha nuca se arrepiar.

         Ela começou a caminhar em direção a porta de entrada, mas, de costas, Bella ouviu Edward falar: - Aonde vai? Sou se irmão, prometi protegê-la.

         Provavelmente não foram as palavras mais inteligentes para dizer à ela nesse momento de irritação. Eu mesma senti que me desagradou.

- Me proteger? Se você realmente quer fazer isso com os poucos sentimentos que lhe restam, então aí vai: fique longe de mim. Você vai me proteger dessa forma.

- Não posso proteger-lhe dos outros se você estiver longe, Bella! – ele gritou para Bella.

- Mas pode me proteger de você – foi fria, seca.

Ela continuou a caminhar em direção a porta. E simplesmente saiu. Deixando os Cullen para trás, Bella correu. De tudo e todos. E eu me vi confusa naquela sala, enquanto tudo se dissolvia a minha volta e acordava.


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