Os Campos de Hera escrita por Matheus MB


Capítulo 10
Xerifes erram, e mães também.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Está revelado um pouco da história de Tiago e a história de Rafael, antes de descobrirem o genes olimpiano.



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Acordei numa cama de madeira com um colchão tão fino que dava até para sentir as tábuas. Olhei meu relógio: 2:30 da manhã. Virei para o local aonde eu estava. Tyson roncava, Tiago babava em seu travesseiro e Wendi dormia silenciosamente ao meu lado. Meu braço estava coberto de gaze, um pouco avermelhado e minha boca tinha um gosto de lasanha da minha mãe, o que me fez saber que haviam me dado Ambrósia. Minha cabeça doía. Tyson sobrevivera a explosão pois era um ciclope, nós tínhamos que salvar uma deusa, sobrinha de Poseidon, tínhamos que chegar a ponte de Éolo para chegar aos Campos De Hera, onde a deusa estaria. Um pequeno detalhe acrescentado por Heros um “amigo” nosso era que ninguém, a não ser um filho de Éolo, chegou um dia à ponte de Éolo. Isso não era encorajador. Meu braço ardeu um pouco, e eu soltei um ruído, bastante alto para Wendi ouvir e acordar.

- Rafa! Você devia estar descansando – ela falou, o mais alto sussurro que já ouvi na minha vida.

- Eu estava descansando. Mas acordei, e se quer saber, estou bem xerife – sussurrei, dando um sorriso.

- Não pense que vai se safar assim tão fácil, cowboy. Oh, tenho que trocar o curativo do seu braço, não devia ter adormecido. – ela sussurrou em volta, preocupada.

- Ei, xerifes também erram, não é mesmo?

Ela tirou a gaze do meu braço e colocou outra, mas antes de colocá-la, vi o ferimento. O buraco no meu braço era realmente longo. Não tão fundo, mas fundo o suficiente para fazer uma grande cicatriz. Vamos especificar a parte do “braço”. O corte ficava um pouco em cima do cotovelo até o início da mão direita. Em alguns pontos ainda sangrava um pouco, por isso a gaze estava avermelhada quando vi. Ela olhou para mim, e eu para ela. Aquele era o momento. Eu olhei para ela, e ela para mim. E a beijei, simples assim. Sorri, ainda a beijando e falei.

- Tá bom xerife, volte a dormir. Vou localizar-me. – falei.

- Certo. Quando sair, vire a direita e siga reto, dará para fora do hotel. – ela me respondeu.

Sai do quarto, e segui as instruções de Wendi, para sair do hotel. Era um hotel literalmente à beira do mar. As ondas batiam fortemente nas rochas perto da praia. Fiquei sentado na areia por muito tempo, tentando absorver tudo o que havia acontecido em apenas um dia. Pensei que minha mãe nunca teria uma aventura como esta. Acho que não contei isto. Minha mãe trabalhava em corridas, de moto, de carro, de qualquer automóvel que você imagine. Uma vez, quando eu tinha 4, ou 5 anos, ela fez uma corrida até de avião. Não me pergunte como ela sabia pilotar avião, e nem como dirigia tão bem tratores e caminhões, ela apenas conseguia. Deve ter sido por isso que Hermes se interessou por ela, seu espírito aventureiro, que foi desaparecendo conforme seu filho crescia. Por que Hermes apareceu na vida da minha mãe e me fez, estragando a felicidade dela? Ela seria bem mais feliz se eu não existisse. Provavelmente por isso ela me deixou sozinho. Hermes não podia ter feito aquilo com ela. Mandei meu pensamento para outro lugar. Eu não tinha o que reclamar, comparando-me a Tiago. O pai dele havia morrido, quando ele tinha 6 anos. Eu pelo menos tinha lembranças da minha mãe. Segundo Tiago, ele só lembrava-se do pai dar boa noite, antes que ladrões o matassem. É, isso era realmente triste. Wendi se safou dessas duas opções. Ela simplesmente fugiu de casa, sua mãe era extremamente rica, mas ela fugiu. O por quê Wendi nunca falara pra nós. Definitivamente, tinha que mandar esses pensamentos para os ares. O que nós íamos fazer agora? Estávamos perdidos, do hotel, só dava para ver 3 ou 4 cidades, e alguns bares. Tínhamos que sair dali, mas não sabíamos nem onde estávamos. A única coisa que nós sabíamos o que era: o mar. Sentia que chegara a hora de um dos versos da profecia se realizasse: Monstros aquáticos, aéreos e terrestres. Já enfrentamos monstros aéreos, e se o ciclope e a menina de gelo/diamante contarem, também enfrentamos terrestres.  Deveria ser o mar que atravessaríamos agora. O sol havia aparecido. Mas como o tempo havia passado tão rápido? Olhei o relógio: 7:00. Como? Sim, talvez tenha sido meu cérebro. Ele às vezes queima algumas cenas da minha vida, por causa de déficit de atenção. Voltei para o quarto que meus amigos alugaram. O chuveiro estava ligado e Wendi e Tyson estavam sentados, Tyson limpando e afiando a lança e Wendi atirando pedrinhas na imagem da parede, uma maçã, eu acho.

- Rafinha! – Tyson gritou, e depois de outro abraço de urso,  voltou à afiação.

- Ah, Tyson, eu já sei para onde vamos hoje. Não precisava o Tiago tomar banho. – falei – Tyson, vou precisar da sua ajuda. Podemos ir pelo mar, até onde der, já que não sabemos nem onde estamos.

- Certo Rafinha, vou ajudar sim. – falou ele.

Depois de alguns minutos, o chuveiro desligou-se, e Tyson falou novamente:

- Sabe Rafinha, eu tive uma idéia. Posso pedir pro papai fazer um túnel permanente que ligue o mar com o Great Salt Lake que é um lago de águas salgadas próximo ao Colorado. Agora só tem um problema. Lá é comum ter grandes tempestades, por isso é lugar de grandes competições de vela. Mas é a única saída para chegarmos mais rápido.

- Uau, Tyson. Pensou em tudo, só nesse tempo? – Wendi perguntou, impressionada, assim como eu.

- É, eu conheço os lugares que tem que ser conhecidos. Uma vez meu pai reclamou que não havia um caminho de transporte de lá para o mar, por isso, acho que ele vai aceitar fazer o túnel. Quanto ao transporte, ARCO-ÍRIS! – ele sorriu, se possível, deu o maior sorriso que eu já vi.

Tiago saiu do banheiro, com a toalha no pescoço e vestiu a camisa. Contamos para ele tudo o que pretendíamos fazer. Ele aceitou na hora, de alguma forma Tiago tinha uma conexão com o mar, ele surfava e a maior parte do tempo ele ficava na praia, que era perto da nossa ex-escola. Enfim, Pegamos nossas mochilas e apresentei outro plano que eu havia criado.

- Pessoal, vou colocar um alarme no relógio. Para nos apressarmos, O.K.? Vamos sair daqui de... 7:25 mais ou menos. Já que são 7:20. Chegamos lá de...? – perguntei para Tyson.

- 9:00, por aí. – ele respondeu.

- Certo, de 9:00 pedimos um táxi, até onde ele conseguir ir. Tenho bastante dinheiro mortal que... Bem, que eu roubei de Connor Stoll, eu sou filho de Hermes, calma! – tentei me explicar. – Bom, chegamos lá de 9:00 e vamos de táxi até onde der. Depois, subimos o Peak Pikes, atravessamos a ponte, e vamos para os Campos De Hera.

- Certo Rafa, mas, nós ainda precisamos conhecer os Campos, não sabemos como é, nem onde encontrar a deusa perdida. – Wendi comentou.

- Ah, pessoal! Eu sei qual é a deusa perdida, e sei como chegar. Me esqueci de contar à vocês. Tive um sonho, onde me encontrava nos próprios Campos De Hera... – falei, e expliquei para eles todo o meu sonho.

- Então a deusa perdida seria Ártemis? – Tiago perguntou.

- Sim, e, de alguma forma, ela está enfraquecida. -  respondi, animado com o mistério parcialmente solucionado.

- Então, pessoal. Vamos pro mar! – Tyson gritou, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mandem reviews!