Every Rose Has Its Thorn escrita por apataeavaca


Capítulo 3
Welcome to the Jungle (parte dois)


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a banda se completa com a chegada de Will e J.C.Aproveitem, as coisas estão começando a ficar boas ;)



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“And when you're high you never ever want to come down. So down, so down, so down. Yeah, down”

02 de fevereiro de 2003 – Brasília

Willian P.O.V

- Onde ta aquele treco? Eu a vi mexendo aqui! Só pode estar por… Achei.

Era uma caixinha, cheia de canhotos de ingressos de shows e fotos, a maioria retratava uma mulher cheia de sardas em cima do nariz: minha mãe. Em muitas delas, minha tia Anne estava ao seu lado.

Uma das fotos, porém, me chamou mais atenção. Eu estava acostumado a ver fotos da minha mãe e, em todas, ela estava na cadeira de rodas, que era como eu me lembrava dela. Mas nessa foto, ela não estava na cadeira de rodas e uma parte da fotografia havia sido rasgada, deixando visível apenas o pedaço de um rosto masculino ao seu lado.

- AHÁ, ACHEI VOCÊ! – foi o grito que me fez pular e jogar a caixa embaixo da cama. Era tia Anne – Espera, o que é isso que você está escondendo ai?

- Eu, err…

- Você sabe que eu não gosto que mexa nas coisas da sua mãe, isso significa muito para mim! Quantas vezes eu vou ter que dizer pra você não mexer nisso, Willian?

- Mas eu…

- Mas nada! Eu não quero que você mexa nessas coisas antigas!

- EU SÓ MEXO PORQUE VOCÊ NÃO ME CONTA NADA! – gritei – Eu nem sei como foi a vida da minha própria mãe! E, adivinha, a irmã dela se nega a me contar!

Em um segundo, ela estava me olhando com raiva e, no outro, sua expressão mudou completamente. Com os olhos de repente marejados, ela se deixou cair na cama.

- Venha até aqui, Will.

Me aproximei e sentei-me ao seu lado, ainda com a foto rasgada nas mãos.

- O que você quer saber? – perguntou ela, pegando a caixa que eu jogara debaixo da cama e colocando-a no colo.

- Por que minha mãe está de pé nessa foto? – perguntei, mostrando-lhe a foto que estava em minhas mãos. Seu rosto se anuviou – Eu sempre pensei que ela fosse paralitica! E por que a foto está rasgada? Quem é essa pessoa que foi rasgada da foto?

- Eu não quero falar sobre isso…

- Ta vendo! É por isso que eu mexo nas coisas! Você não me conta nada!

Tia Anne suspirou, massageou as têmporas e me olhou, finalmente resolvendo falar a respeito.

- Sua mãe nem sempre foi paralítica – disse ela – Ela ficou assim depois de um acidente de carro, quando ainda estava grávida de você. É uma sorte você ainda estar aqui.

- E quem é essa outra pessoa? – perguntei, ainda tentando digerir o que ela havia acabado de me dizer.

- Bem, essa é a pessoa que causou o acidente.

- E o que foi que aconteceu?

- Já chega! Está tarde, eu já falei de mais.

- Mas…

- Eu não gosto de falar desse assunto e além do mais, amanhã você tem aula.

- Eu tenho? – perguntei assustado.

- É, eu não te contei? Eu decidi te matricular em um colégio aqui nesse país; Como a gente sempre viaja muito, decidi que seria melhor colocar você em um colégio que fosse de tempo integral. Você que vivia reclamando de não ficar tempo o bastante em lugar algum, agora vai poder fazer amigos e terminar o último ano em uma única escola.

- E você, onde vai ficar? – perguntei.

- Vou voltar para Nova York para cuidar dos nossos negócios, para quando você voltar. Então, vá arrumar suas malas. – respondeu ela, abrindo a porta e me colocando para fora – Tenha uma boa noite e até amanhã.

Ótimo; minha tia, que sempre diz que gosta tanto de me ter por perto, decide de uma hora para outra me trancafiar em um colégio interno no Brasil durante um ano inteiro!

Entrei no quarto e bati a porta. Peguei a primeira mala que encontrei pela frente e comecei a tacar objetos lá dentro, sem me importar muito com o que estava jogando. Quando a mala parecia não querer mais fechar, joguei-a para o lado e deitei na cama, por cima da colcha.

Em cima do meu criado-mudo tinha um porta-retrato com uma foto minha, no colo da minha mãe. Coloquei a foto que contrabandeara da caixa de minha tia junto a ela e guardei no bolso externo da mala.

Não estava nem um pouco preocupado em estudar, minha cabeça estava cheia com pensamentos distintos e eu tinha certeza de que ia descobrir quem era aquela pessoa que fora cortada da fotografia.

No outro dia, acordei sendo chacoalhado por alguém. Era minha tia, já gritando:

- Você dormiu de roupa outra vez?

- Não tem como dormir sem roupa… - comecei, tentando desgrudar os olhos.

- Não me venha com gracinhas. Essa coisa ali no canto é a sua mala? Você está levando o que aí dentro? Vamos logo, levanta dessa cama, você está atrasado! Vai no banheiro, joga uma água nesse rosto que está todo amassado e vamos embora logo que o táxi está esperando lá fora!

Levantei, arrastei a mala até o corredor e bocejei.

- VOCÊ AINDA ESTÁ AI? Vai logo! – gritou minha tia, vindo atrás de mim e me empurrando para a saída.

- Mas eu não vou nem tomar café da…?

- Que café da manhã o que!? Vai logo!

- Nossa, tia, quem vê pensa que você está tentando se livrar de…

Mas não deu tempo de terminar de falar, porque já havia sido empurrado para dentro do táxi. Tia Anne fechou a porta, entregou um papel para o taxista, acenou e cobriu o rosto, voltando para dentro de casa.

Enquanto as ruas e casas iam passando pela janela do táxi, eu ainda estava tentando acordar direito. Não demorou nada e o táxi parou.

Porque minha tia tinha pedido um táxi para me levar por três quarteirões, que parou em frente a um prédio enorme com uma placa na entrada onde se lia “Colégio Interno Save Our Souls – S.O.S”. Legal, minha tia não tinha mesmo senso de humor.

Além daquela, haviam muitas outras plaquinhas, muitas delas diziam “Não pode isso”, “Não pode aquilo”, nem me dei o trabalho de ler. Foi quando algo tapou a luz do sol que vinha diretamente da minha direita.

- Garoto, onde está a Suzannah? Não minta, eu sei que você sabe onde ela está! – disse a “coisa” que tapara minha visão. Era uma mulher realmente GRANDE e, cara, ela tinha bigode!

- Hm, oi, eu sou novo aqui. Quem é Suzannah?

- Você é novo? Certo, não importa, eu tenho que achar a Suzannah, com licença.

Continuei meu caminho até ser interrompido por uma outra voz. Virei o rosto e vi uma forma arredondada e levemente amassada na parte superior. Demorei um segundo para perceber que era uma mulher, com o que imaginei ser um sorriso no rosto.

- Você é o Willian… Balley? – perguntou a voz.

- Sim – respondi, ainda admirado com a imagem daquela mulher.

- Certo, seu colega de quarto vai mostrar-lhe a escola. Eu sou a professora Margareth – disse a “mulher”, entregando-me o horário das aulas – Espere um minuto, vou chamá-lo.

Fiz o que ela me mandara, enquanto a professora se afastava e desaparecia por entre uma multidão de alunos de uniforme. Algum tempo depois, ela estava de volta com um cara magrelo e grandalhão.

- Willian, esse é o seu colega de quarto. – disse ela – Júlio Cezar, mostre a escola ao novato.

Dito isso, a mulher de cara amassada se afastou andando rápido. O cara parado ao meu lado seguiu ela com o olhar até ela desaparecer outra vez, depois me olhou com o que imaginei ser desânimo.

- Pois é – disse ele com um suspiro – não tenho culpa se meus pais são fãs da história de Roma. Me chame só de J.C, por favor.

- Certo.

- Qual seu nome mesmo?

- Willian – respondi, sentindo-me uma formiguinha perto daquele cara. Sério, ele devia ter uns 3 metros.

- Beleza, venha comigo, vamos fazer um tour pela escola antes que as aulas comecem.

Fomos andando em direção aos dormitórios, que ficavam do outro lado do campus e, enquanto isso, J.C ia falando sobre os grupos de alunos.

- Aquele grupo ali é muito feliz, em parte porque eles sempre estão na brisa; já aquele cara lá, eu tenho muito medo dele, eu acho que ele já matou alguém… Ah, aquele bando de loiras ali no canto provavelmente estão escondendo o Matheus, isso é, “matando” ele.

- Por que? Quem é o Matheus? – perguntei, assustado.

- Ah, é que ele é o cara mais bonito do mundo – respondeu ele, fazendo uma voz feminina e imitando os gritinhos histéricos das garotas ao redor de quem quer que fosse.

- Aquilo lá que elas estão encostadas é a parede do ginásio. Lugar bacana, sempre vou pra lá quando quero matar aula…

De repente, algo parecia ter apertado um botão de mudo. Me virei e percebi que as garotas que estavam “matando” o tal de Matheus haviam parado de gritar e estavam nos encarando.

- Ei, J.C?! – chamei-o, fazendo-o se virar para o mesmo lado que eu – Por que elas pararam de gritar e estão olhando pra você desse jeito?

- Pra mim? – perguntou ele, olhando-me de cima a baixo por um momento. – Olha só isso.

Então J.C se afastou, mas os olhares não o seguiram.

- Elas estão olhando pra você! – disse ele, com tom de riso.

- Err, o que eu faço agora? – perguntei, quando o grupinho de loiras começou a se aproximar e deixando à vista a pessoa que elas estavam rodeando antes. Se aquele era o tal de Matheus, algo me dizia que ele não simpatizava muito comigo.

- Fique por perto, eu acho que elas têm medo de mim.

Viramo-nos para continuar nosso pequeno tour pela escola quando uma gargalhada alta nos interrompeu; ao lado de Matheus, uma garota pequenina e dos cabelos vermelhos rolava no chão, rindo de se acabar e apontando para o menino.

- Que coisa bonitinha! – disse ela, tentando parar de rir e indo apertar as bochechas do garoto. – Você ficou tristinho só porque suas fãs te abandonaram pra seguir o garoto novo! Que bonitinho!

- Aquela ali é a Suzannah – explicou J.C. Aquele nome me era vagamente familiar – Você logo vai notar que é bem comum vê-la gritando e sendo arrastada para a detenção por uma mulher que curiosamente parece um hipopótamo.

Foi aí que me lembrei da mulher que tinha bigodes e de onde conhecia o nome Suzannah.

- Bem, se a Suzannah está ali – continuou J.C – logo, logo… Ahá, lá estão eles. Aqueles dois ali são os gêmeos Gabrielle e Gabriel e aquela ali com cara de mal é a Maely. Eles são tipo uma gangue, logo vai aprender que, se não esta a favor deles, é melhor não se meter. Não que eles possam te matar – acrescentou ele, provavelmente vendo minha cara de espanto – Mas é como se a escola fosse dividida entre os amigos deles, os inimigos e o resto. Ou seja, eu.

Continuamos andando por mais alguns minutos até chegarmos em um prédio com um enorme letreiro dizendo “dormitório feminino” e outro na porta ao lado, dizendo “dormitório masculino”. Entramos neste segundo e J.C me mostrou o nosso quarto.

Joguei minha mala, que estava pessoalmente pesada, em cima de uma das camas e me sentei, pensando que ficaria ali pelo próximo um ano.

- Então, qual sua história? – perguntou J.C.

- Minha história?

- É, você sabe, o que te fez vir parar aqui.

- Bem, eu praticamente vivi toda a minha vida com a minha tia, mudando de cidade em cidade, até ela resolver que seria interessante se eu terminasse o ensino médio aqui no Brasil e aqui estou eu.

- No Brasil? Por que, de onde você vem?

- Nova York.

- E o que você está fazendo no Brasil? – perguntou ele, um pouco admirado – Quero dizer, com o mundo todo como opção, porque justo o Brasil? O que sua tia tem na cabeça?

Dei de ombros.

- E você? Como veio parar aqui? – perguntei, chutando a mala para o chão e me deitando na cama.

- Meus pais se separaram e minha mãe casou de novo. Meu padrasto era um mala e a mulher do meu pai não me queria por perto, então me colocaram aqui, quando eu tinha 12 anos. – respondeu ele, dando de ombros como se já estivesse conformado. – Eu poderia te apresentar alguns amigos, mas digamos que eu não seja a pessoa mais popular do colégio. Então vamos voltar lá pra fora antes que fiquemos atrasados para a primeira aula.

Suspirei. A última coisa que eu queria agora era estudar.

- Ah, não. – exclamou J.C, olhando no horário pregado na parede com fita adesiva em seu lado do quarto – A primeira aula é geografia e eu tinha que ter feito uma redação de três páginas sobre os recursos não-renováveis. O professor vai ficar me enchendo para o resto da vida e... e eu não vou na aula hoje. Quer que eu te acompanhe até a sala de aula?

- Não, não, eu gostei daqui. Caminha boa…

- Não, a gente não pode ficar aqui se não for assistir aula!

- POR QUE?

- Por que a hipopótamo vem vasculhar os quartos. Vamos lá para o ginásio, é um lugar muito tranqüilo.


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Notas finais do capítulo

Próximo episódio de ERHiT: "It's so easy"Continuem acompanhando. P.s: Nós adoramos reviews, seja com elogios ou críticas construtivas, obrigada.



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