Every Rose Has Its Thorn escrita por apataeavaca


Capítulo 21
Move to the City (Parte dois)


Notas iniciais do capítulo

Heeeey, eae, galera do mal?! É, eu sei, demoramos um seculórioamém pra postar, mas belê.
Já vou avisando que se alguém tiver estômago fraco, melhor não ler. Sabe como são as dentaduras...
Ah, sim, mais uma coisinha: Paula, se você estiver lendo isso (e eu sei que você está), lembre-se que temos muita coisa pra viver ainda e, se você nos matar, você nunca vai saber o fim da fanfic ;)



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“You pack your bags and you move to the city. There's somethin' missin' here at home, you fix your hair and you're lookin' real pretty. It's time to get it out on your own”

29 de março de 2003 – Aeroporto Internacional de Guarulhos
Willian P.O.V
Eu ainda não estava conseguindo acreditar que a Gabrielle tinha conseguido barganhar um desconto pra transportar os instrumentos. Bem, na verdade fazia sentido, já que ela passara mais de meia hora discutindo fervorosamente com o encarregado, enquanto Maely estava com uma paranóia inexplicável com uma mochila. A marmota gorda do Gabriel estava babando em uma cadeirinha com o boné na cara, ao lado de uma coluna alta em que J.C se encostara e agora estava servindo de apoio para a desconfigurada da Marielle e Matheus estava parado na frente do ventilador. Provavelmente, ele estava pensando em como seu cabelo ficava “sensacional” ao vento. Puff, convencido, o meu é maior E melhor. HÁ!
- Gente, gente, cheguei! – disse Paulo aparecendo com Suzannah e suas trezentas vinte e sete malas no encalço, os dois mais corados que camarão mal passado e arfando feito cachorro velho – Desculpem o atraso.
“Senhores passageiros com destino a Los Angeles, favor se dirigirem ao portão seis. Última chamada”
- Simbora cambada! – gritou Gabrielle começando a espancar o Gabriel para acordá-lo.
- A gente se vê lá! – disse Marielle, abraçando o Paulo e caminhando calmamente.
- Como assim “a gente se vê lá”? – perguntou Suzannah inclinando a cabeça para olhar para os dois saltitando em direção ao portão seis. Duas meninas, sinceramente.
- Eles vão de primeira classe – explicou Maely, suspirando.
- E nós? – perguntei preocupado. Matheus riu.
- Só não vamos nas turbinas porque não vendem passagens tããão baratas assim – respondeu ele, ajeitando a gola da camisa.
Deu-se que estávamos na terceira-classe-comercial-super-econômica e, depois de passarmos por toda aquela coisa de vistoria e tudo o mais – o que fez com que a Maely quase tivesse um enfarto tentando proteger a mochila dela (sei lá por que. Eu já estava até vendo alguém notar a paranóia e querer abrir a mochila dela a procura de drogas ou alguma arma satânica mortal), nos esprememos em nossos lugares dentro daquela coisa de metal que mais parecia uma lata de sardinha voadora dividida em fileiras com três lugares cada.
Suzannah estava sentada com uma mulher e uma garotinha – que era ligeiramente mais alta que a Suzannah, pra desespero dela – que imaginei ser a filha, ou sobrinha que seja. Matheus estava exercendo todo o seu estilo Matheus de ser, entre duas modelos (filho da puta sortudo do caralho). Gabrielle estava sentada atrás do Matheus com o J.C e um carinha com fones de ouvido. Maely estava sentada com um cara que parecia um padre e uma mulher com cara de quem não dormia há séculos, já ocupada em se entupir de comprimidos. O Gabriel estava sentado ao lado de dois heróis de guerra: você sabe, aqueles velhinhos que parecem múmias muito mal conservadas que ficam se gabando por ter defendido o país e não tiram a farda nem pra tomar banho (e você imagina quão agradável deva ser ficar entre dois desses velhotes. Não que fizesse muita diferença, afinal estávamos falando do Gabriel, de qualquer modo). Então você se pergunta como é que estava a minha situação. Uma coisa eu posso garantir: Gabrielle era uma garota morta quando eu conseguisse me livrar das duas velhas asquerosas que estavam sentadas ao meu redor. Não que elas fossem muito estranhas nem nada, elas só eram... velhas. E feias. E velhas, muito velhas. E caídas.
Aproveitei que o avião já tinha decolado e as coisas pareciam estar minimamente bem pra tirar uma soneca, já que não dormira nada na noite anterior por causa da garrafa de Jack Daniels escondida debaixo do meu travesseiro. Maldição.
Acordei sentindo um coisa estranha. Era como se alguém estivesse me... WAAAAAH, EU NÃO TAVA SONHANDO!
- Mas o que que você...?
A velhinha me olhou com um sorrisão cheio de dentes artificiais. Que nojo.
- Eu e a Petúnia aqui estávamos comentando sobre como esses shorts é interessante – disse a velhinha, quase escalpelando meu shorts preto de pelinhos com as mãos. Ah, meu Deus, que horror.
Analisando friamente a situação, cheguei a duas conclusões: 1) eu estava sendo bolinado por duas velhas e eram as velhas mais HORROROSAS que eu já vira na minha vida; 2) eu não tinha como escapar, já que estava espremido entre elas e é contra os meus princípios bater em velhinhas. Embora eu estivesse quase abrindo uma exceção na minha conduta invejável.
Eu já estava rezando todas as preces que eu conhecia – que eram vergonhosamente só duas – pra Deus e o Satã, qualquer um que me salvasse o mais rápido possível, quando um padre apareceu no corredor minúsculo. OH, SENHOR, OBRIGADO! Era o padre que estava sentado com a Maely, de modo que tive a melhor ideia da história das melhores ideias do mundo e pulei para o lado da Maely.
- Maely, me ajuda, em nome do Senhor, eu estou sendo bolinado e eu sou jovem demais pra sofrer assim! – implorei.
- Como é que é, Will, você bebeu?
- Com licença?! – pediu o padre, voltando para o lugar dele. Não acreditava que estava fazendo aquilo, mas situações desesperadas pediam soluções desesperadas: me ajoelhei no meio do corredor.
- Padre, as duas velhinhas que estão sentadas junto comigo estão me bolinando! – expliquei, exasperado e pronto para beijar seus pés se fosse preciso. O padre se benzeu - Seu padre eu sou um pecador do caralh... -anbola... Enfim, eu já fiz muita coisa errada, mas eu não mereço sofrer assim. Troooca de lugar comigoo, por favor?
O padre me olhou com pena e sorriu; é por isso que eu gosto de padres, eles são boas almas. Nota mental: quando ficar rico, fazer uma gorda doação para, hm... a igreja.
Pulei para a poltrona ao lado da Maely e peguei a mão dela.
- É isso ai – comentei, meio sem saber o que dizer. Ela sorriu. Credo, Senhor, eu acho que eu estou doente. Ou talvez eu esteja apaixonado.
Parei de prestar atenção nos meus pensamentos e conclusões confusas e deixei meus olhos pesarem outra vez, mas agora eu não tinha que me preocupar com velha feia nenhuma, já que do meu lado só tinha a Maely. Que não era velha. E muito menos feia. Com certeza não caída, não mesmo. Quer saber, acho melhor eu dormir logo.
- WAAAAAH, ISSO AQUI É UMA DENTADURA? – foi o grito que me fez quase rolar no meio do corredor. E era o Gabriel, lá na frente, desesperado sabe-se-la-porque – TEM UMA DENTADURA NO MEU COLO! GABRIELLE, SOCORRO!
Obviamente, isso fez com que todas as pessoas do avião ficassem agitadas de repente. Isso inclui a Maely, que ficou de pé num pulo, agarrada à mochila.
- Will – disse ela me cutucando. Não respondi de imediato, estava ocupado rindo do Gabriel, já que o herói de guerra ao seu lado estava cuidadosamente desgrudando a dentadura da calça dele - Willian!
- Que é? – perguntei, sem tirar os olhos da cara impagável de nojo do Gabriel.
- Você sabe que o transporte de animais é bem, hm, caro, certo?! – continuou Maely, puxando-me para que eu me sentasse de volta e prestasse atenção no que ela estava falando.
Olhei para ela sem entender nada. Ela estava me fazendo perder a cena mais hilariante do mundo para ter uma conversa diplomática sobre como o transporte de animais é car... Animais?
- Espera, então, isso que dizer que...?
- Tá vendo essa bolsa? – disse ela, me mostrando a mochila vazia – Então, é isso ai. Ela devia estar aqui.
- GABRIELLE! – gritou Matheus de repente – ACHO MELHOR VOCÊ VIR AQUI AGORA!
Gabrielle revirou os olhos, enquanto as duas modelos que estavam junto com o Matheus subiam em cima das poltronas e gritavam histericamente.
- Se vira, garoto – respondeu ela.
- Gabrielle, acho mesmo melhor você ir lá ver – sussurrou Maely. Sussurrou é modo de dizer, porque ela com certeza queria ter sussurrado, mas digamos que meus ouvidos tenham sido praticamente explodidos naquele momento. Gabrielle a olhou sem entender, se apoiando em J.C pra ficar de pé – Samantha!
- SAM! – gritou Gabrielle, finalmente entendendo tudo e correndo até onde Matheus estava.
- POR QUE VOCÊ AJUDA O MATHEUS E NÃO VEM ME AJUDAR COM ESSA COISA? – berrou Gabriel enquanto Gabrielle e Maely tentavam colocar a cobra de volta na bolsa.
- PARA DE GRITAR! – berrou Gabrielle de volta, tentando fechar a mochila, mas Samantha parecia decidida a dar um fim em Matheus e as duas modelos.
- EU NÃO TO GRITANDO! – respondeu Gabriel. Aquela era a melhor viagem de toda a minha vida! – É VOCÊ QUE NÃO TEM CONSIDERAÇÃO COM SEU PRÓPRIO IRMÃO GÊMEO! PUTA QUE PARIU, QUE TIPO DE...
- CAAALEM-SE! – gritou uma voz satânica de uma caixinha de som na frente do avião. Me arrepiei: sério, era a voz mais medonha que eu já ouvira em toda a minha vida, pensei até que tivesse sido a Maely, mas não tinha como porque ela também estava chocada. Foi quando a aeromoça sorriu ao perceber que todos se calaram e voltou a falar naquela vozinha irritante de aeromoça – Senhores passageiros, favor retornar a seus devidos lugares e colocarem seus cintos. O avião está prestes a aterrissar, permaneçam sentados até a total inércia da aeronave. Obrigada.

- É isso ai, cambada, chegamo, vamo dominar essa bagaça! – gritou Gabrielle quando descemos do avião e conseguimos carregar as centenas de malas do Paulo e da Suzannah.
- E pra onde a gente vai agora? – perguntou Matheus ajeitando o topete.
- Ah, eu só preciso encontrar a minha...
- SOBRINHA! – gritou uma mulher em inglês, interrompendo o que a Marielle estava tentando dizer.
- TIIIIIIIIIIIIA! – gritou ela de volta.
Parei pra observar as duas, seriamente assustado com todo o escândalo. A mulher era bem parecida com a Marielle, só que parecia ter mais ou menos uns trinta anos – não sei dizer direito, afinal eu lá entendo dessas coisas?! – e era digamos que um tantinho mais, hm, agitada que a sobrinha. Pra dizer a coisa claramente, a mulher era o escândalo em pessoa. Mas até que ela era bonitinha, hm.
- Nossa, eu não esperava tanta... gente – comentou a mulher, soltando a Marielle e finalmente olhando para nós oito.
- Ah, é. Pessoal, essa é a minha tia, Paula.
Acenamos e sorrimos, você sabe, daquele jeito tímido. Quero dizer, a gente nem conhecia a mulher e além do mais, ela parecia ser do tipo problema: extremamente bipolar.
- Tia – começou Marielle outra vez, olhando para Paula com um olhar de cachorrinho pidão – Esses são Maely, Suzannah, Will, os gêmeos Gabriel e Gabrielle, J.C, Matheus e o Paulo. Sabe, eles são uma banda e são muito bons, então eu pensei que...
- Não – disse Paula, interrompendo a Marielle outra vez. – Eu não faço mais essas loucuras. Pode ir tirando o pônei da chuva antes que ele pegue um resfriado!
- Mas, tia, tia linda que eu amo, a tia mais querida que eu tenho, por favorzinho, nós viemos lá daquele país poeirento só pra senhora...
- Não. Não quero saber, eu deixo eles ficarem lá em casa essa noite, mas SÓ essa noite. Amanhã eu quero todo mundo fora!
Fodeu.


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Notas finais do capítulo

É isso ai.



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