Every Rose Has Its Thorn escrita por apataeavaca


Capítulo 20
Move to the City (Parte um)


Notas iniciais do capítulo

AEAE, nem demorou muito, viu?!



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“When you, you gonna move to the city? Into the city where it all began, you gotta move, you gotta move (Ma, ma, ma, ma, ma, ma, ma, ma, ma). Time you gotta move”

29 de março de 2003 – Apartamento emprestado do tio do Paulo

Willian P.O.V

- Maely? – disse Suzannah aparecendo na porta com os braços carregados de bolinhas que pareciam ser meias coloridas enroladas. E eram muitas, muitas bolinhas – Será que você não podia arranjar um lugarzinho pras minhas meias na sua mala?
- Lugarzinho? – berrou Maely de volta, quase se descabelando. Essa coisa de mudança tava mexendo com os neurônios dela, só pode. É que ela estava mais agressiva que o normal – Eu trouxe duas malas, com todas as minhas roupas, e agora essa coisa não quer mais fechar e a culpa é toda do Will e dos shorts indecentes dele, porque a mula trouxe uma malinha minúscula cheia de bugiganga e agora as indecências dele não cabem lá. Agora vem você com esse bando de trapo, querendo que eu arranje um lugarzinho pra elas na MINHA mala? Fala sério, pra que tanta meia? Você tem dois pés, SÓ DOIS! Joga um pouco de meia fora, caramba!
E, dito isso, ela saiu do quarto batendo os pés.
- Poxa vida – comentou Suzannah, olhando tristemente para as meias – são minhas meias de estimação! E nem são tantas assim.
Então ela olhou para mim – e quando digo “pra mim”, eu quero dizer “minha mala” - e cerrou os olhos, abrindo um sorrisinho de canto.
- A culpa disso tudo é sua, como disse a Maely – disse ela, se aproximando perigosamente da minha mala (que já estava atulhada com o abajur, diga-se de passagem) – Então você fica responsável pelas minhas meias. E não ouse perder nenhuma, elas têm nomes e eu conheço cada uma delas!
Suzannah despejou as bolinhas na minha mala e saiu saltitando. Fiquei um minuto olhando para ela com cara de “Por que eu, Senhor?”, e resolvi que eu tinha que me livrar daquelas bolinhas o mais rápido possível.
Enchi a sacolinha que a Maely tinha deixado jogada em cima da cama com as bolinhas e levei-as até o corredor. Certo, onde eu jogo esse treco agora?
Olhei para uma mala – de sabe-se-lá-Deus-quem – e ela olhou de volta pra mim convidativamente. Sorri e despejei as bolinhas dentro dela. Missão cumprida!
Voltei para o quarto e fechei a mala – tendo que pular em cima dela (espero que o abajur não tenha sofrido muitos danos) -, lançando um olhar para o meu travesseiro. Aquela coisa tinha me incomodado a noite inteira por causa da garrafa de Jack Daniels que eu escondera da Maely quando... Cara, a garrafa! Nossa, com quem eu to conversando? Foda-se, eu tenho que me livrar da garrafa.
Peguei a garrafa e encarei o líquido marrom, que parecia sorrir pra mim, reluzindo sedutoramente. Tinha jeito melhor de se livrar da bebida do que justamente bebendo ela? Foi o que eu fiz, óbvio, mas bem na hora que eu consegui liquidar a última gota e estava me recuperando daquela coisa que a gente sente quando bebe, que parece que tudo fica leeeeeeve, a Maely apareceu de volta no quarto. FUDEO!
- WILLIAN! – berrou ela – O que, diabos, você está bebendo?
- Bebendo? EU? De onde você tirou essa ideia, mulher?
Ela me lançou um olhar mortífero.
- Eu só estou fazendo minha fermentação alcoólica diária – respondi, tentando esconder a garrafa atrás de mim.
- Idiota – xingou ela – me dá essa garrafa!
- O que, não!
Ela bufou e arrancou a garrafa das minhas mãos, olhando para ela e depois pra mim com desprezo.
- Idiota – repetiu Maely, tacando a garrafa longe, que se espatifou e espirrou vidro pra todos os lados, ainda olhando para o que sobrou da garrafa como se ela fosse um verme enorme e nojento. Mas o olhar dela foi ficando sereno, sereno, até ela não conseguir conter um soluço e começar a chorar copiosamente.
Eu fiquei sem saber o que fazer, exatamente, e me xingando por ter bebido. É, porque se eu não tivesse bebido, ia estar raciocinando mais rápido, pelo menos, já que não estava entendendo absolutamente nada.
- Por que você continua me perseguindo? – perguntou ela, limpando as lágrimas furiosamente – Por que você não me deixa em paz, já não basta tudo o que já aconteceu? Como se eu já não tivesse sido castigada o bastante!
- Que foi que eu fiz? – perguntei ficando de pé num salto.
- Não é você! – respondeu Maely, olhando para os cacos de vidro espalhados pelo quarto – Quero dizer, é, é você, por que você é um imbecil, mas não é com você que eu estou falando.
- Será que você podia pelo menos me explicar alguma coisa? – perguntei quase arrancando meus cabelos. Eu não estava entendendo nada.
- Você quer mesmo saber? – disse ela me olhando ainda furiosa. E não sei se é exatamente a melhor hora pra comentar, mas ela ficava uma gracinha quando estava brava. – Então senta ai que agora você vai me escutar.
Obedeci.
- Você quer mesmo saber por que eu fico tão brava quando eu vejo alguém bebendo sem controle? Então beleza. Tudo começou quando eu tinha mais ou menos seis anos e meu pai descobriu que gostava muito de beber. No começo era até divertido, ele chegava fazendo palhaçadas em casa e eu sempre ria quando a minha mãe implicava com ele. Mas depois a coisa foi ficando diferente, ele começou a faltar do trabalho pra ficar no bar e voltava pra casa muito tarde e extremamente bêbado, irreconhecível. Naquele dia, ele xingou a minha mãe e foi quando eu percebi que tinha alguma coisa errada; no dia seguinte, foi um tapa e, quando dei por mim, eu estava escondida no armário da cozinha enquanto minha mãe estava sendo espancada bem na minha frente, sem poder fazer nada, sem poder ajudar. Depois disso, ele saiu de casa e nunca mais voltou. Um visinho nosso foi quem nos ajudou, já que a minha mãe estava toda arrebentada; eu tive de arrombar a porta do armário e correr até a casa dele pedindo ajuda. Minha mãe ficou em coma durante um mês e ele ficou do nosso lado durante todo esse tempo. – ela então suspirou e abriu um sorrisinho – Quando minha mãe saiu do hospital, ele continuou com a gente, nos ajudou a colocar meu pai na cadeia e então pediu minha mãe em casamento. Hoje o nosso ex-visinho, Renato, é meu padrasto; meu pai.
Fiquei olhando pra ela com cara de batatinha (ah, meu Deus, isso foi tão o Gabriel), ainda sem saber exatamente o que dizer. Mas eu sabia que eu queria abraçá-la e foi isso que eu fiz.
Então ela se debulhou mais ainda em lágrimas, mas deixei que ela encharcasse minha camiseta e fiquei lá, só a abraçando e sentindo sua respiração bater no meu pescoço, brincando com o cabelo dela.
- Obrigada – murmurou Maely, me soltando. Beijei sua testa.
- Me desculpe – pedi, sentindo que era só isso que ela queria ouvir – Eu prometo que, bem, você me conhece. Eu não vou parar de beber. Mas eu não quero te ver chorar nunca mais, prometo que não vou exagerar.
- Claro – comentou ela, irônica, me dando um soquinho no ombro. – Acho que posso fingir que acredito, por enquanto. Agora levanta daí e me ajuda a arrumar essa bagunça.
Olhei para ela incrédulo. Como? Essa menina era bipolar!
- AGORA!


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Notas finais do capítulo

E então, e então? Revieeeeeews?



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