Every Rose Has Its Thorn escrita por apataeavaca


Capítulo 22
Garden of Eden


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, Paula, não nos mate. Procure se concentrar nas partes em que a Suze (ou eu, vc interpreta como quiser) diz que você é lindona ;)



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“Lost in the garden of Eden, yeah, we're lost in the garden of Eden and there's no one's gonna believe this, but we're lost in the garden of Eden. This fire is burnin' and it's out of control, it's not a problem you can stop, it's rock n' roll… Suck on that!”

30 de março de 2003 – Aeroporto Internacional de Guarulhos
Suzannah P.O.V

- Mas eles...
- Não, não, não e não. Eu deixo eles ficarem lá em casa uma noite porque eu sou uma ótima pessoa, mas depois esse bando de babões metidos a roqueiros vão se escafeder das minhas vistas – respondeu a mulher que, na minha opinião, era enorme. Só não batia o J.C, você sabe, aquela vareta de cutucar estrela. Sério, ela era magrinha e altona, usava salto e tudo, mas era bem bonita – Agora me ajudem a colocar tooooda essa tralha na caminhonete. Eu vou levar tudo lá pra casa, mas vocês que se virem, não cabe mais ninguém aqui.
- Tudo culpa das malas da Suzannah – sussurrou Matheus. Dei um tapa na cabeç... no braço... dele.
- As malas da Suzannah o cacete, o Paulo tem mais malas que eu!
- Tá, que seja – respondeu a tal da tia da Marielle, puxando ela pra dentro de uma caminhonete enooooormee super reluzente onde o Paulo e o J.C estavam enchendo de malas. – O endereço é esse aqui, té mais.
E, dito isso, a megera deu a partida na caminhonete e sumiu, deixando-nos a ver navios; um amontoadinho de “turistas” sem teto.
- Ótimo – comentou Matheus – E o melhor de tudo é que está escurecendo.
- Vamos atrás de um táxi – disse Maely, puxando o Will para sabe-se-la-onde. Esses dois estavam muito grudados ultimamente, eu precisava ter uma conversa séria com aquela coisinha do mal.
E, nisso, apareceu uma mulher. Parecia ser oriental e foi direto no Gabriel, que estava olhando para o nada com cara de bolacha. Ele estava beeeem avoado nesses últimos dois dias.
- Please, can you take a Picture? – perguntou ela, estendendo uma camerazinha que era minúscula até pra mim.
- Ah, não, moça, eu não tenho dinheiro pra comprar e... – respondeu Gabriel, mas Matheus arrancou a câmera das mãos dele antes que ele fizesse alguma besteira.
- Me dá isso aqui, sua ameba gorda – disse Matheus, virando-se para a mulher (que observava tudo com a maior cara de pinguim estático, provavelmente sem entender bulhufas) e tirando a foto.
- Thanks.
- Não entendi nada – comentou Gabriel depois que a mulher saiu de perto da gente rapidinho.
- Era só pra tirar uma foto dela, sua mula – respondeu Matheus dando um tapa na cabeça do Gabriel.
- Você fala Chinês, sério?
- O que?
- Tá na cara que essa mula quadrada precisa de umas aulas de inglês – comentou Gabrielle.
- Alguém falou em aulas de inglês?
Olhei para o projeto de vendedor ambulante típico do Brasil que apareceu do nada e... espera. Ele tava falando português, então... Dá-lhe, BRASIL!
Então a Gabrielle começou a negociar com ele um curso rápido de inglês para idiotas com cérebro de macaco pelo precinho camarada – como disse ele – de apenas trinta dólares. Não que Gabrielle concordasse. No final, ela levou o treco por quinze reais e ainda ganhou uma balinha.
- Hey, onde estão a laranja indecente e a criatura macabra? – perguntou ela por fim, despachando o vendedor e tacando o CD (já que se fosse um livro o Gabriel provavelmente não conseguiria ler nem o título) no Paulo.
Parei pra tentar entender exatamente o que ela queria dizer e quando liguei os pontinhos, percebi que ela estava perguntando sobre o Will e a Maely. E, caramba, se ela queria saber onde eles estavam, POR QUE ela não disse “Willian” e “Maely”?
- Ah, eles foram atrás de um táxi – respondeu Matheus apontando para os dois, que estavam voltando lá da puta que pariu.
- Eles estão... estranhos – comentou J.C, inclinando a cabeça para o lado e olhando com os olhos cerrados para o casal psicose.
- É... – comentou Gabrielle, inclinando a cabeça do mesmo jeito que o J.C.
- Eles estão brilhando! – disse Paulo batendo palminhas.
- Eu diria que eles estão borboleteando – respondi olhando-os.
- O que? A Maely e o laranja borboleteando? – perguntou Matheus – Suzannah, você bebeu?
- Olha só pra eles, energúmeno – disse Gabrielle puxando-o pelo queixo e o obrigando a olhar para... eu disse casal psicose? Eu quis dizer casal glitter.
-... mas, não! O senhor neura não quis o ÚNICO táxi vago! – estava gritando Maely enquanto se aproximava. Sério, as pessoas ao redor dela estavam ficando assustadas. Eu também.
- Viu só?! – comentou Matheus. – Isso ai não é glitter, são raios!
- Cala a boca – mandou Gabrielle dando um tapa no braço dele.
- E eu tenho cara de trouxa? – respondeu Will com um sorrisinho de lado – Você ia acabar morta, seca e esturricada, de tanto que aquele cara ficava olhando pra você! Você deveria usar calças menos femininas. E uma blusa de gola alta pra tampar esse decote indecente...
- Mas eu estou de camiseta!
-... e um véu! – continuou ele, como se não tivesse sido interrompido.
- HEY! – gritou Gabrielle, interrompendo a discussão mais estranha que eu já presenciara entre os dois – E o táxi?
- Pergunte pra neurose ai – respondeu Maely indicando Will com a cabeça e virando-se de costas, de braços cruzados.
- Acontece que a gente foi pegar o táxi e o motorista disse boa noite pra Maely! Vê se pode! Então... – começou Will, se preparando para o que provavelmente seria a história mais emocionante do universo, mas foi interrompido por um grito nada feminino vindo diretamente do Paulo.
- FUI AFANADA! – berrou ele, apontando para um carinha que começara a correr em disparada com uma bolsinha “magenta”.
- POLÍCIA! – gritou Gabrielle – PEGA, PEGA, O CD DO GABRIEL TÁ LÁ DENTRO, ME CUSTOU UMA FORTUNA! WILLIAN, ENTRA NESSE CARRO E VAI ATRÁS DAQUELE TROMBADINHA!
- Mas isso é uma viatura! – reclamou Will, olhando desesperado para os policiais que estavam em cima de uma árvore salvando um pobre gatinho.
- NÃO INTERESSA! – berrou Gabrielle de volta, empurrando-o para dentro da viatura e se virando para nós – O que estão esperando? Pra dentro, vai, vai, o cara tá fugindo com preciosos quinze reais! E A MINHA BALINHA CHITA!
E nos empurrou pra dentro da viatura, gritando para que o Will pisasse no acelerador. Em poucos segundos, eis que J.C, Matheus e Gabriel estavam abraçados de um modo totalmente gay, gritando por suas vidas e pedindo misericórdia para Deus, enquanto Paulo estava espremido entre eles e a Gabrielle e eu estava no colo dela. Will estava correndo feito desvairado com o carro, enquanto Maely estava agarrada no banco como se a vida dela dependesse daquilo. De certo modo, dependia. E, dizendo a coisa bem clara: danou-se.
Foi enquanto eu considerava a ideia de começar a rezar por São Crispin dos Morrinhos Saltitantes que o Will meteu o pé no freio.
- Por que parou, caralho? – gritou Maely largando o banco e quase voando no pescoço do Will.
- Você não tá vendo que o sinal tá vermelho? – berrou Will de volta, segurando o volante com tanta força que os nós dos dedos dele estavam brancos feito folha de papel, claramente à beira de uma taquicardia. Não que todos nós não estivéssemos na mesma situação. Isso tudo por causa de quinze REAIS e uma balinha CHITA!!
- FODA-SE! ISSO AQUI É UMA VIATURA! – respondeu Maely socando o botão da sirene e enfiando o pé no acelerador.
CRENDEUSPAUTODOPODEROSOMIPROTEGEMININOJESUISEMNOMEDOSENHORFUDEUAMÉM!
E quando estávamos quase alcançando o trombadinha que tinha fugido de bicicleta (filho de uma mãe promíscua), uma outra viatura entrou na frente dele. Eu, Gabrielle, Matheus, Paulo, Gabriel e até o Will gritamos. Berramos, eu diria. E a Maely abraçou as pernas, tirando o pé do acelerador em tempo recorde.
- É isso ai, prenderam o cara! – berrou Gabrielle me empurrando do colo dela e me fazendo quase cair de cara na sarjeta, enquanto todo mundo se espremia pra fora da viatura como lagartixas.
- TODO MUNDO, MÃO NA CABEÇA, AGORA! – berrou o policial nos apontando uma arma enorme.
- O que foi que ele disse? – perguntou Gabriel, mas ninguém respondeu, já que a Gabrielle não deixou.
- MAS É O QUE, HEIN, COLEGA? Ele é o bandido! – berrou, apontando para o cara, que estava estatelado de encontro à parede, agarrado à bolsinha do Paulo e olhando tudo de olhos arregalados – Que tipo de policiais são vocês, afinal? Ah, dane-se, eu mesma espanco o infeliz!
E então foi preciso três policias para detê-la. Eles a algemaram e a enfiaram na viatura que roubáramos – que estava com a sirene ligada, já que a Maely quebrara o botão com o soco.

De modo que lá estávamos nós. Na cela.
Gabrielle ainda estava algemada, tentando matar o meliante com os olhos, enquanto J.C tocava alguma coisa simplesmente deprimente na gaita ao lado do Paulo – que estava lixando as unhas com uma lixa cor-de-rosa. Eu estava lá, observando a cena, realmente sorrindo por ver Matheus e Gabriel serem praticamente bolinados por um cara do estilo Village People na cela ao lado.
Enquanto isso, a Maely continuava de cara virada com o Will.
- Sério que você ainda está brava comigo por causa do táxi? – perguntou ele – Mas a gente acabou vindo de um jeito bem mais original e emocionante!
Maely bufou. E Will começou a coçar a cabeça, olhando para todos os lados em busca de algo pra falar que fizesse com que o coração de gelo da Maely derretesse. Caso perdido, coitado.
- Tá, eu exagerei. Satisfeita agora? – perguntou ele. Maely nem se mexeu – Ah, qual é?! Não vai falar comigo mesmo? Ótimo.
Um segundo depois, lá estava ele, implorando.
- Ah, vai, para com isso! Eu já pedi desculpas, tá?!
- Eu só estava aqui tentando entender – explicou Maely. – QUAL É O SEU PROBLEMA? Qual é a de você xingar o coitado do taxista e sair me puxando como se eu fosse um cachorrinho? Se. Liga. Você não é nada meu pra ficar tentando me controlar.
Yeeep, a coisa meio que ficou tensa. Principalmente pelo fato de que todos os presos pararam pra ver a briga como se fosse novela mexicana.
- Para de agir como se...
Mas ela não conseguiu terminar a frase, porque o Will puxou ela de repente e a beijou numa troca de germes incrivelmente romântica para a situação. Isto é: a gente tava no meio de uma cela numa cadeia em um outro país, cercados dos mais variados tipos de meliantes e um segundo antes eles estavam praticamente se matando. É, até que foi romântico; tirando a parte em que os presos começaram a comemorar e a musiquinha triste do J.C se transformou na melodia de Aleluia, fazendo com que os dois se largassem. E mais uma vez aquele som deprimente de desentupidor de pia. Mentira, foi bem fofinho.
- Se o fato de eu não ser nada seu era o problema, então vamos resolver logo isso. – disse Will segurando-a pelas mãos.
- Como assim?
- Quer namorar comigo?
Certo, vamos parar para analisar isso tudo outra vez. A gente tava numa cela de prisão. Tudo bem que o amor é lindo e tudo mais, mas, hm, essa era a cena mais estranha que eu já vira. E olha que eu já vi o Gabriel tentando lamber o cotovelo.
E a Maely respondeu com outra daquelas fusões. O Paulo até parou de lixar as unhas pra suspirar pelo casalzinho fofo quando a megera apareceu. Assim, do nada, como se tivesse usado um portal de bolso e aparecido lá na cadeia.
- QUE COISA MAIS FOFA! – gritou ela se agarrando nas barras e praticamente subindo na grade.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou a Gabrielle, algemada lá no outro canto da cela.
- Ah, a Marielle – disse ela, apontando para a maluca, lá no banquinho do lado oposto àquele em que a “nossa cela” ficava. – me fez ficar um peso na consciência por ter deixado o que ela chamou de melhor banda do universo no frio e na chuva do lado de fora do aeroporto de Los Angeles, então cá estou eu!
- É isso ai – gritou Gabrielle – Me solta, me solta! Assim, eu posso estrangular aquele filho de uma mãe que roubou a minha bala... e o curso do Gabriel, é claro.
- Hm, ta – continuou a megera (que agora não me parecia muito mais com uma megera, já que ela estava indo para nos soltar), ignorando o ataque da Gabrielle – Vamos lá, eu vou dar um jeito de solt...
- Ei, senhorita – disse um policial, aparecendo de Deus-sabe-onde - o horário de visitas acab... Espera, Paula?
- Fred! – gritou ela de volta, se aproximando do policial. Algo me dizia que ela estava tramando alguma coisa – Há quanto tempo! – e abraçou o cara. Na verdade, ela começou a enforca-lo, mas não vem ao caso – Que saudade!
Digamos que eu já estava ficando farta de ceninhas românticas. Mas tudo bem, porque a louca tava era tentando pegar as chaves da cela que estavam presas no cinto do tal Fred.
- Pois é – disse ele, se desvencilhando dela e se afastando um passo, parecendo triste – desde aquele dia em que você foi embora e me deixou de coração partido. Nunca mais me ligou e nunca ma... ESPERA, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?
- Eu sei, eu sei – respondeu Paula, abraçando o cara mais uma vez e impedindo que ele corresse atrás da gente, que estávamos escapando da cela que a Paula tinha aberto como se fossemos, você sabe, um bando de fugitivos da polícia. – Mas vamos fazer assim, meu bem. Eu nunca estive aqui e esses garotos nunca roubaram uma viatura, sim?!
O cara olhou pra ela, totalmente embasbacado – como que hipnotizado -, observando o decote gigante que a Paula fez questão de evidenciar de repente.
- Aham – respondeu ele, balançando a cabeça sem cortar o contato visual, parecendo ainda mais idiota que o J.C quando olhava pra Marielle, enquanto a Paula gesticulava freneticamente pra gente cair fora da delegacia.
Fizemos o que ela mandara logo de uma vez e ficamos esperando a Paula voltar de lá ao redor da caminhonete dela, que estava estacionada por ali.
Um segundo depois ela estava lá fora, pisando duro e praguejando, com a gola da blusa – que antes estivera lá no umbigo – praticamente na testa.
- Eu realmente esperto que vocês saiam dos dois discos – disse ela, apontando para nós como se fossemos um bando de perrapados. O que, tecnicamente, a gente era mesmo. – Por culpa do tour que vocês fizeram por Los Angeles com a viatura roubada, EU vou ter que sair com aquele paspalho do Fred.
- Ué, mas qual o problema dele? – perguntou Paulo, parecendo indignado. É, até que o cara era bem bonitinho.
- Chiclete. – respondeu ela, subindo na cabine da caminhonete. Eu, Paulo e Marielle corremos atrás dela. Enquanto isso, o resto do povão ia ter que se virar lá atrás. Se bem que eles pareciam bem felizes, rindo de alguma basbaquice que o J.C falou ou sei lá o que. – E, no dia que eu larguei dele, ele disse que me amava. – gritou virando a chave na ignição.
- E isso é um problema porque...? – perguntei começando a achar que aquela mulher era uma grande doida.
- Porque o Fred não é ELE.
- Ele quem? – perguntou o Paulo, todo animado.
- ELE – disse Marielle, revirando os olhos – O magnífico, o grande senhor lindo, incrível todo poderoso.
- Quem? – perguntei. Sério, essa coisa de ser doido só podia ser de família.
- Não tenho a mínima ideia.
E, dito isso, a Paula meteu o pé no acelerador. E as risadas, lá atrás, de repente se transformaram em gritos de desespero. Por um momento, dei razão a eles por gritarem, já que a Paula realmente parecia alguma cria do satã. Mas então percebi que eles estavam gritando mesmo porque o Gabriel tinha ficado pra trás.
Eita nóis, já tava vendo que essa nossa estadia em Los Angeles ia ser inesquecível!


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Notas finais do capítulo

É isso ai.
Espera, eu já perdi as contas de quantas vezes eu terminei um capítulo com "é isso ai" ¬¬'