Recolhi o maior número de maçãs que consegui e sai correndo em direção a cachoeira.

— Justin, Justin! –Gritei por ele deixando as maças em cima dos galhos que havíamos recolhido antes.

— O que foi? –Perguntou ele vindo em minha direção com um balde cheio de peixes.

— Venha, quero te mostrar uma coisa. –Falei tirando o balde de mão dele e colocando ao lado dos galhos e das maçãs.

— O que é? –Perguntou confuso enquanto eu o puxava pela mão correndo.

Chegamos perto da macieira que estava antes e apontei para a enorme árvore a um metro de distancia.

— Eu não acredito!. –Exclamou Justin sorrindo.

— Se tiver alguém morando lá, vai ser nossa chance de sair daqui e voltar para o acampamento. –Disse.

Fomos em direção a casa da árvore, na verdade fomos correndo e em poucos segundos estávamos parados a escada da casa. Uma escada feita de madeira, mas parecia ser feita de outro material, por ser muito bem feita.

— TEM ALGUÉM AI? –Gritou Justin olhando para cima.

Ninguém respondeu. Ele gritou novamente e não ouvimos resposta. Meu sorriso se desfez ao perceber que não tinha ninguém naquela casa.

Justin começou a subir a escada da casa e eu o segui logo depois. Entramos na casa e eu fiquei boquiaberta. Dentro dela havia muitas coisas feitas de galhos secos, folhas de bananeira, palha, entre outros. Havia móveis que eu nunca imaginei que pudessem ser feitos por mão com materiais retirados da natureza sem modificação. A casa é digna de um documentário na TV sobre reciclagem ou sustentabilidade. Exceto a cama, um frigobar e um fogão a lenha que não eram feitos de itens retirados da natureza.     

— Quem você acha que morou aqui? –Perguntei andando pelo único cômodo da casa que era enorme para uma casa na árvore.

— Não sei, talvez algum pescador... Pode ser o mesmo que utilizava a lancha que pegamos.

— Mas por que será que ele construiu essa casa longe da praia e da cachoeira?

— Talvez ele achou essa árvore fosse a melhor para se construir uma casa.

— Esse cara deve ser um gênio. –Disse me sentando em uma cadeira feita de palha seca. Havia três igual a essa.

— Nossa! Olha só que legal. –Justin falou ao ver o guarda-roupa pequeno feito de trocos de árvore e folhas de bananeiras. Dentro dele havia algumas roupas.

— Acho que podemos ficar aqui. –Falei sorrindo. — Não vive ninguém aqui há muito tempo pelo que to vendo e é bem melhor do que ficar na lancha.

— Claro, só trazermos nossas coisas e algumas coisas da lancha.

Ficamos mexendo em cada canto da casa de madeira a procura de algo. Eu não achei nada no lado da cozinha. Fui ao lado do quarto para ver se o Justin havia achado alguma coisa.

— Achou algo de útil? –Perguntei e ele se assustou com a minha presença.

— N-nada além de algumas roupas. –Falou ele gaguejando no começo.

Olhei para ele desconfiada, mas dei e ombros, creio que não deve te sido nada mesmo, porque se fosse ele teria me mostrado... Né?

Depois de terminarmos de verificar a casa, voltamos para a lancha e trouxemos nossas coisas e as varas de pesca com as iscas para casa, assim ficaria mais fácil para o Justin ir pescar. Trouxemos a maioria das coisas que estava na lancha, ficou apenas os três sacos vazio de Doritos, até a garrafa de Coca-Cola cheia de gasolina trouxermos para acender a lareira que tinha na casa e o fogão a lenha.

Anoiteceu estávamos de frente um para o outro sentados nas cadeiras de palhas em frente a uma pequena mesa feita de um grande tronco de árvore polido. Tínhamos acabado de comer o peixe e agora estávamos comendo algumas das maçãs que voltei para pegar na cachoeira.

— Por quanto tempo acha que ficaremos aqui? –Perguntei antes de dar outra mordida na minha maçã.

— Eu não sei. Talvez por pouco tempo. –Falou Justin também mordendo sua maçã em seguida.

— As vezes eu penso que nem sentiram nossa falta. –Disse cabisbaixa.

— Também penso nisso de vez em quando,

— Será que já sabem que você não é o Drew?

— Talvez. –Respondeu terminando de comer sua maçã.

Terminei de comer a minha maçã também e arrumei a cama.

Dormir por mias de uma semana em uma lancha dura não é nada legal, agora tendo um a cama bem convidativa a minha frente, com certeza será um dos meus melhores sonos desde que cheguei nessa ilha.

— Pode apagar a lareira. –Falei olhando para o Justin.

Ele jogou um balde de água e tudo ficou escuro. Senti ele se deitar ao meu lado na cama.

— Boa noite. –Disse ele.

— Boa noite. –Respondi sorrindo.

Me virei para o outro lado e dormir rapidamente.

Tudo está indo bem, bom seria melhor se fossemos encontrados. Estávamos nadando na cachoeira ao crepúsculo do dia, depois de termos levado todas as coisas que pegamos para a casa. Há três dias essa está sendo nossa rotina.

— Estou começando a achar que vamos ficar aqui para sempre. –Falei olhando o balanço da água.

— Ei. –Falou Justin segurando meu queixo, me fazendo olhá-lo, depois colocou uma mexa do meu cabelo molhado atrás da minha orelha. — Temos que ser confiantes. Tudo vai dar certo, você vai ver.

— Talvez tinha razão. –Disse sorrindo e olhando para seus olhos cor de mel. Eu senti algo na barriga diferente de tudo que já senti, não era dor, era uma quentura gotosa. —Borboletas no estômago. —Era isso que minha mãe sempre me dizia quando era pequena e contava sobre os meus amores da escola e como me sentia perto deles. Não! Eu não estou gostando dele como algo a mais que amigo... Será?

— Acho melhor voltarmos, já está ficando escuro. –Falou Justin me tirando dos meus devaneios.

Saímos da água e eu torci minha roupa molhada, ainda não consigo ficar de biquíni na frente dele. Voltamos para a casa e o Justin foi preparar o peixe enqaunto eu o observava.

— Você devia me ensinar a preparar peixe. –Disse ficando ao seu lado.

— É fácil, você coloca ele na água do mar por não termos sal, depois coloca na frigideira, mas tem que segura-la para não ficar muito perto do fogo porque não tem óleo, mas agora nesse fogão a lenha você não precisa se preocupar com isso.

— Você diz isso como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Mas é. –Falou rindo.

— Não é não, você disse isso sobre pescar e até hoje eu não sei.

— Você pescou uma Tilápia.

— Aquele peixe grande?

— É, foi maior do que os que peguei.

— Aquilo foi sorte de principiante.

— Aham. –Falou ele tirando a frigideira do fogo e colocando sobre a mesa. — O que você sabe cozinhar?

— Bom eu... –Olhei para os lados a procura de algumas resposta, na verdade a procura de algo, vi os pêssegos que colhi, num canto. Peguei um deles e o amassei em minha mão. — Eu sei... Bom, eu sei fazer isso. –Disse passando minha mão melecada de pêssego no rosto dele.

— Ai, você me melecou. –Falou rindo enquanto passava a mão no rosto tentando limpa-lo. Ele sorriu sapeca para mim e pegou um dos pêssegos amassando-o na mão e depois passou no meu rosto. — Minhas mãos ainda estão melecadas.

— Ah, você não vai fazer isso de novo né? –Perguntei rindo e me afastando dele.

— Ainda duvida?

— Não. –Corri pela casa fugindo dele e acabei tropeçando e caindo no chão. Me virei para cima e quando ia me levantar, Justin caiu em cima de mim. Ambos ficamos rindo. Ele tentava me melecar e eu tentava segurar sua mão.