Acordei com uma música irritante, mas não era o sinal idiota do acampamento, era o celular de uma das patricinhas. Estava tocando uma música enjoada que gruda na cabeça, com certeza daquele biba. Peguei meu celular na minha bolsa que estava ao lado da cama e vi as horas... Viadas! Me acordaram antes das 8 hs.

— Dá pra desligar essa porcaria? –Falei irritada tampando meus ouvidos.

— Não. –Ouvi uma delas responder. –Acordamos sempre antes do sinal, assim temos tempo suficiente para nos arrumar.

 — Mas é necessário você se arrumarem ouvindo esse lixo? –Perguntei nervosa tentando de todas as maneiras tentar dormir.

— Se isso te irrita, é sim. –Quando ela disse isso a música aumentou e as  outras começaram a cantarolar junto com a música.

Quem elas pensam que são?

Levantei da cama e com certeza minha cara não era a das melhores. As patricinhas estavam se maquiando enquanto cantavam em frente ao espelho.

Fui em direção ao celular e apertei stop naquela merda e sorri vitoriosa. Quando perceberam que a música havia parado elas olharam para mim e depois para o celular que estava em minhas mãos.

— Devolva o meu celular. –Disse a loira se aproximando.

— Deixa eu pensar... –Falei fazendo uma careta engraçada. –Er... Não! –Sorri e corri com o celular rosa pelo chalé, enquanto as patricinhas me seguiam que nem baratas tontas.

Sai para fora do chalé ainda de pijama (uma blusa e um short curto) e comecei a correr pelo acampamento balançando o celular para as patricinhas que gritavam e corriam ao mesmo tempo. Alguns campistas acordaram com os gritos delas e eu não parava de rir enquanto corria delas dando voltas pelos chalés. Parei na frente de um e entrei vendo que a porta estava apenas encostada. Fechei a porta e comecei a rir quando escutei as patricinhas gritando de raiva por terem me deixado escapar.

Acendram a luz do chalé e só agora tinha percebido que entrei no chalé que fica do lado direito do palco.

— O que faz aqui? –Perguntou um garoto loiro com seu cabelo liso meio bagunçado, o deixando muito atraente. E estava sem camisa deixando a mostra seu abdômen bem definido. Olhei para ele e seus olhos azuis me fitavam com certa curiosidade.

— Eu... Er...

— Era você gritando? –Perguntou outro garoto se levantando de sua cama. Ele tinha o cabelo castanho escuro e seus olhos também eram azuis.

— Não era as patri...

— Ora, vejo só Drew... Ela não é a sua parceira?  -Falou o garoto loiro e na outra cama vi o menino nerd da minha dupla se levantar. Ele coçou os olhos e colocou seus óculos rapidamente e me fitou da cabeça aos pés e eu corei, pois estava usando um short de dormir muito curto.

— É ela sim... O que faz aqui? Não sabe que esse é o chalé dos meninos? –Falou ele se levantando.

— Desculpa. –Disse meio envergonhada. –É que eu estava correndo das minhas companheiras de chalé.

— Se for assim, pode vir aqui quando quiser gata. –Falou o loiro bonito se aproximando de mim.

O outro jogou uma almofada nele, quase me acertando.

— Fica na sua Sterling. Deixa a garota em paz. –Quando ele levantou da sua cama percebi também que estava sem blusa e que seu abdômen era perfeito assim como o do garoto loiro chamado Sterling.

— Eu acho que vou indo. –Falei sorrindo de lado enquanto girava a maçaneta da porta.

— O QUE ACONTECEU AQUI? –Ouvi um grito alto feminino ecoar pelo lado de fora do chalé.

— Acho melhor você não sair agora. –Falou Sterling segurando minha mão impedindo-me de abrir a porta.

— Se a Julia te pegar aqui você está ferrada. –O garoto moreno dos olhos azuis sorriu para mim.

— Precisamos escondê-la Logan.

— Mas aonde?

— Sei lá... –Disse Sterling analisando o chalé inteiro com os olhos. — Já sei! Vocês dois deitam novamente em suas camas e finjam que estão dormindo.

Drew e Logan o obedeceram e eu fitei Sterling confusa e ele apagou a luz do chalé. Senti sua mão se entrelaçar com a minha e ele foi me puxando para um lado do chalé que eu não conhecia direito.

— Deite ai e cubra a sua cabeça. –Falou ele me ajudando, pois eu não conseguia ver a cama direito. Quando me deitei ele se deitou ao meu lado. — Fique quieta. –Sussurrou ele. No escuro apenas consegui ver seus olhos azuis. Ele cobriu meu rosto  e me abraçou bem forte, como se eu fosse um imenso travesseiro fofo. Estávamos de costas para a porta.

Todos ficamos em silencio apenas escutando um barulho de passos vindo em direção ao chalé. Depois a luz foi acesa.

— Dona Julia, o que foi? –Ouvi Logan tentando fazer uma voz meio sonolenta.

— Três garotas me disseram que sua companheira de quarto se escondeu em um dos chalés dos meninos... Ela apareceu por aqui?

— Não. –Respondeu Logan rapidamente. Percebi um pouco de nervosismo em sua voz.

Se importa se eu der uma olhada?

— Não, mas só não acorda o Sterling... Você sabe que as vezes ele tem insônia e isso não faz bem para ele.

Ouvi mais passos e depois de uns dez minutos ela voltou a andar e estava cada vez mais perto.

— Drew acorda. –Ouvi Julia falar e depois de uns dez minutos em silencio ela voltou a andar. Agora ela vinha em direção a cama do Sterling. Quando ele percebeu me abraçou mais forte e meu coração estava a mil, mas eu não sei se é por causa da Julia que esta me procurando ou se é porque Sterling está agarrado a mim como se não quisesse soltar. Demorou uns cinco minutos até conseguir escutar um movimento de Julia.

— Bom, ela não está aqui. –Ouvi seus passos se distanciarem até a porta. — Desculpem ter acordado vocês antes da hora meninos, mas acho melhor se arrumarem agora. –Depois disso ouvi a porta ser fechada.

— Ei Sterling, já pode soltar ela. –Ouvi Drew dizer.

Sterling riu e me abraçou mais ainda, quase me sufocando. Mas eu estava gostando, pois ele tinha um cheiro muito bom.

Rapidamente não senti mais o Sterling me abraçar e quando olhei, vi Logan e Drew o segurando enquanto riam.

— Acho melhor você voltar ao seu chalé logo. –Disse Drew e depois completou. — Pule a janela, ai depois vai para o seu chalé andando sempre pela beirada da floresta.

Assenti sorrindo como agradecimento e pulei a janela do quarto. Quando comecei a andar pude ouvir Sterling xingar os meninos e eu ri baixinho. Andei rapidamente em direção ao meu chalé, ou melhor, corri que nem doida até o meu chalé.