Melanie’s POV

Pensei que estivesse sonhando, mas não estava. Aquele velho era real.

Levantei da cama em um pulo e peguei a primeira coisa que vi para me defender do velho.

— Quem é você? — Perguntei assustada e percebi que estava erguendo um travesseiro na direção dele.

Ele riu. Não parecia ser maldoso ou ofensivo.

— Sou o dono dessa casa da árvore. — Disse depois de rir.

Joguei a almofada na cama e Justin acordou, pois o atingi no rosto enquanto dormia.

— Por que fez isso? — Perguntou sonolento.

— Justin estamos salvos! — Falei sorrindo para o velho.

— Eu sei. Vou dormir pra sonhar com isso também. — Ele fechou os olhos novamente.

— Não dorme. – Disse o balançando pelo braço fazendo-o acordar. — É sério. Um homem nos achou.

— O QUE? — Perguntou se levantando rapidamente como eu assim que vi o velho de roupa engraçada.

— Vocês são os dois adolescentes perdidos. — Afirmou. — Todos acharam que vocês tinham morrido.

— Morrido? — Perguntou eu e o Justin ao mesmo tempo surpresos e assustados.

— Julia disse que vocês morreram em um acidente no mar.

— Estamos vivos. — Falei. — Só precisamos voltar. Isso é tudo que queremos.

— Claro, eu levo vocês de volta.

O velho sorriu e eu e o Justin nos abraçamos como se tivéssemos ganhado um premio em um concurso, ou melhor o Oscar.

Quando me separei do Justin percebi que o velho fitava cada canto da casa com uma expressão triste. Será que ele não gostou de termos ficado ali?

— Há algo de errado? — Perguntei.

— É que eu vinha aqui quando era mais novo, com a minha namorada. — Falou

 Eu e o Justin nos olhamos, sabendo agora o porquê do pacote de camisinhas. Corei ao me lembrar daquela noite.

— Vamos? Não podemos perder tempo. Se formos agora chegaremos lá amanhã cedo. — O velho passou na nossa frente indo em direção a saída da casa da árvore.

Justin pegou sua bolsa e eu peguei a minha, guardando algumas maçãs nela. Seguimos o velho em direção a praia. Eu nunca tinha visto um idoso com short florido e uma blusa maior do que ele, parecia um surfista velho com cabelos grisalhos.

— Esqueci de falar. — Disse ele parando em frente a uma lancha perto do mar. — Me chamo David.

— Melanie e Justin. — falei.

— Eu sei. — Ele sorriu e entrou na lancha.

Eu e Justin fizemos o mesmo e depois o velho chamado David ligou a lancha fazendo a praia ficar cada vez mais distante. Eu podia ver a lancha com o 8 perto das árvores e as montanhas. Tudo naquele lugar era familiar para mim agora.

Senti os braços do Justin me envolver pela cintura, avistando a paisagem da praia ficar cada vez mais distante.

— Voltaremos para casa. — Sussurrou em meu ouvido. — Não está feliz?

Sim, eu estava e muito. Só que eu não sabia o que ia acontecer depois, pois eu e o Justin moramos em estados diferentes, ele é famoso e eu não e não me esqueci que ele ainda tem namorada aos olhos de todos. Será que continuaremos juntos quando chegarmos lá?

— Estou, muito. — Respondi sorrindo e ele me beijou.

Eu hesitei no começo, pois David estava ali e ele deveria saber sobre o Justin, mas depois eu me entreguei ao seu beijo como se fosse o ultimo, porque eu sabia que quando chegássemos não poderíamos nos beijar assim por um bom tempo.

— Eu te amo. — Disse ele quando partimos o beijo.

— Eu te amo.  — Repeti sorrindo e lhe dei um selinho.

Ele me abraçou novamente e eu apoiei minha cabeça em seu ombro. Eu sentia que ele também estava inseguro, talvez soubesse que poderíamos nunca mais nos ver novamente.

Ficamos sentados na lancha, abraçados, até o pôr-do-sol. Eu dormir no ombro do Justin e só acordei agora.

David pilotava a lancha com confiança e bem melhor do que eu e o Justin. Talvez porque ele viesse muito nessa ilha.

Não quis perguntar muito para ele, mas eu sabia que aquele lugar significava muito para ele, pois o jeito que ele olhou para a casa e falou da sua namorada.

Quando anoiteceu David deu uma pausa para cochilar.

— David? — O chamei e ele me olhou.

Justin dormia com a cabeça em meu colo.

— Sim? — Disse antes de se deitar.

— Quero agradecer você, pois se não fosse aquela casa da árvore, eu e o Justin não teríamos um conforto naquela ilha.

— De nada... E não esqueça da lancha, aquelas coisas são minhas.

— Então você pescava com aquela lancha? — Perguntei surpresa.

— Sim, eu ia com a Starla, minha namorada quando era mais novo.

— Vocês estão casados agora?

— Não. Ela morreu quando meu filho nasceu.

— Sinto muito. — Disse cabisbaixa me arrependendo de ter tocado nesse assunto.

— Tudo bem. Eu já me conformei, um pouco, mas já é um começo. Zac, um dos instrutores do acampamento, é o meu filho, ele é realmente o melhor filho que um pai pode ter.

— Você é o pai do Zac gosto... Er... Daquele instrutor dos olhos azuis? — Disse me interrompendo no meio da frase quando ia dizer a palavra ‘gostoso’.

— É, soube que foi durante uma das provas aplicada por ele que vocês se perderam.

— É. Eu e o Justin fomos muito descuidados e rebeldes quanto às regras. — Ri ao me lembrar desse dia. Parecia anos, pois passar mais de um mês na ilha foi como um ano para mim, só que agora eu sinto que esses dias passaram rápidos demais ao saber que quando chegar a Baltimore tudo pode mudar.

— Adolescentes. — David revirou os olhos e eu sorri.

— Boa noite. — Falei vendo-o se deitar.

— Boa noite minha jovem. — Antes de fechar os olhos ele disse: — Sabia que não precisa ter medo, sei que vocês dois continuaram juntos;

— Tomara. — Falei mais para mim mesma do que para ele.

Depois de alguns minutos David estava roncando e Justin estava sorrindo enquanto dormia. Me apoiei na parede da lancha e tentei dormir. Amanhã cedo eu estarei de volta ao acampamento, de volta a minha vida monótona e chata, de volta a realidade.