Restante: 87 dias – quinta feira

-Camille, eu não sei, Ron não gosta dessas coisas e você sabe que eu nem o vi hoje.

Escutei Camille bufar do outro lado da linha. Camille era minha amiga desde meus anos no colégio trouxa, minha melhor amiga para falar a verdade. Nós conseguimos nos manter em contato durante as minhas férias de hogwarts e apesar da distancia nos dávamos muito bem. Ela nunca soube que eu era bruxa, mas nunca precisou, pois o mundo dela completava o meu.

Na escola trouxa onde eu estudei com ela, nós nos metíamos em encrencas quase sempre. Geralmente era porque costumávamos invadir as festas dos mais velhos e participar dela, mas sempre fomos ao mesmo tempo, alunas exemplares. Conforme o tempo passou, ela ganhou um ar mais feminino, começou a se interessar demais com a aparência e se tornou minha amiga patricinha.  E ela acabara de voltar da França, do seu curso de moda e queria que eu e Ron fossemos comemorar com ela sua graduação e seu noivado.

-Hermione Fofa Granger, eu quero que você fale com o papa se for preciso, mas você estará na festa hoje, querendo, sendo arrastada, ou não. – ela disse altiva como sempre.

Suspirei.

-Camille, Ron deve estar cansado do seu trabalho, eu preciso descansar e...

-Descanse quando morrer, Mione! – ela disse com sua voz delicada se tornando um tom mais fino. Isso só significava uma coisa: ela estava irritada com minha atitude.

Eu dei uma risada cheia de humor negro e me aconcheguei no sofá. Sem saber ela tinha razão, eu descansaria muito daqui há 87 dias.

Pois é, eu estava contando, afinal eu tinha muito que fazer...

A porta se abriu e vi Ron entrar e se jogar no sofá muito cansado.

-Quem é que está no telefone? – perguntou deitando no meu colo e suspirando.

-Camille, amor! - respondi enquanto mexia em seu cabelo ruivo.

Ele sorriu e fechou os olhos. Ron costumava se divertir muito com minha amiga, afinal, ela era uma comédia.

-Ron chegou, certo? Então avise ele que vocês vão... – disse com convicção.

-Camille...

-Hermione, você quer ser aquela mulher que vai, eu seu leito de morte, se arrepender do que não fez, ou contar pros netos o que você fez? – ela me perguntou, cortando meu futuro argumento.

Aquilo fez um choque de verdade passar pelo meu corpo inteiro. Eu tinha planejado fazer o que nunca fiz nesses meus últimos dias e o que eu fiz? Até agora, apenas me entupi de remédios e tirei férias, mais nada. Não, eu tinha que aproveitar e Camille tinha razão.

Tampei o telefone em meu ombro e olhei para Ron.

-Amor, Camille nos chamou para uma balada hoje, tudo bem?

Ron abriu os olhos e me fitou surpreso.

-Balada trouxa?

Afirmei com a cabeça.

-Música trouxa?

-Obviamente. – ás vezes eu me pergunto o que ele tem na cabeça no lugar do cérebro. Uma balada trouxa com musica o que? Gospel?

Ele riu.

-Nem pensar!

Sorri em resposta e voltei a falar com minha amiga.

-Ele aceitou, nós vamos sim.

Camille deu um dos seus gritinhos agudos e desligou.

Ron me fitou incrédulo.

-Escolha uma roupa descente, amor.

*_*

Ron estava sentado emburrado na mesa da balada, enquanto as luzes psicodélicas tingiam seu cabelo ruivo de novos tons. Camille e seu noivo francês, que por sinal era muito bonito, estavam dançando sensualmente na pista e eu tentava convencer Ron a dançar comigo.

-Música trouxa e dança trouxa? – ele gritou em meu ouvido para eu conseguir distinguir sua voz dos outros ruídos. – Eu não sei, amor, não vou dançar.

Bufei e olhei ao meu redor. Além da pistas de dança, tinha uma parte onde existia um palco, separado por vidros antirruído, para se divertir com os casais que cantavam.

Peguei Ron pela mão, e o puxei, chamando Camille e Pierre para nos seguirem até lá. Subi no palco vazio e sorri para os casais que sentavam em mesas redondas. Camille entendeu minha intenção e subiu junto comigo.

-Show de talentos, 1989. Tínhamos nove anos e eu te obriguei a cantar comigo. – Camille comentou baixinho, enquanto pegava um microfone. – Agora você veio por conta própria, estou emocionada. – disse fingindo secar lágrimas invisíveis.

Eu ri.

-Cala a boca, Camille. – gritei, me virando para a banda e pedindo para tocar uma música que eu gostava muito de cantar.

Camille sorriu ao reconhecer o ritmo. Olhei para o Ron e ele me encarava como se eu fosse uma louca, mas quem se importava? Eu ia me divertir naquela festa!

Right right, turn off the lights

We're gonna lose our minds tonight

What's the deal yo?

I love when it's all too much

5am turn the radio up

Where's the rock and roll?

Party Crasher

Panty Snatcher

Call me up if you a gangsta

Don't be fancy, just get dancy

Why so serious?

Eu e Camille apontamos para Ron, que ganhava aos poucos uma coloração roxa, e voltamos a cantar. Desta vez todos os casais já estavam de pé, se balançando conforme o ritmo da música e com os copos prontos para erguer no ar.

So raise your glass if you are wrong

In all the right ways

All my underdogs

We will never be never be anything but loud

And nitty gritty dirty little freaks

Won't you come on and come on and raise your glass

Just come on and come on and raise your glass

Slam slam, oh hot damn

What part of party don't you understand

Wish you'd just freak out (freak out already)

Can't stop, coming in hot

I should be locked up right on the spot

It's so on right now (so fuckin on right now)

Party Crasher

Panty Snatcher

Call me up if you a gangsta

Don't be fancy, just get dancy

Why so serious?

Eu e Camille já chorávamos de rir, dançando loucamente pelo palco. Pierre estendeu dois coquetéis para nós e fizemos o mesmo gesto dos casais.

So raise your glass if you are wrong

In all the right ways

All my underdogs

We will never be never be anything but loud

And nitty gritty dirty little freaks

Won't you come on and come on and raise your glass

Just come on and come on and raise your glass

Slam slam, oh hot damn

What part of party don't you understand

Wish you'd just freak out (freak out already)

Can't stop, coming in hot

I should be locked up right on the spot

It's so on right now (so fuckin on right now)

Party Crasher

Panty Snatcher

Call me up if you a gangsta

Don't be fancy, just get dancy

Why so serious?

Nesta hora já estávamos puxando Ron e Pierre para o palco, fazendo ambos cantarem com a gente. Ron, que já tinha aprendido o refrão, cantava feito um pimentão a música, tentando se esconder atrás de mim de vergonha.

So raise your glass if you are wrong

In all the right ways

All my underdogs

We will never be never be anything but loud

And nitty gritty dirty little freaks

Won't you come on and come on and raise your glass

Just come on and come on and raise your glass

Won't you come on and come on and raise your glass

Just come on and come on and raise your glass

(Oh shit my glass is empty, that sucks)

So if you're too school for cool

And you're treated like a fool

You can choose to let it go

We can always, we can always

Party on our own

(So raise your) So raise your glass if you are wrong

In all the right ways

All my underdogs

We will never be never be anything but loud

And nitty gritty, dirty little freaks

So raise your glass if you are wrong

In all the right ways

All my underdogs

We will never be never be anything but loud

And nitty gritty, dirty little freaks

Won't you come on and come on and raise your glass

Just come on and come on and raise your glass

Won't you come on and come on and raise your glass,(for me)

Just come on and come on and raise your glass (for me)

Terminamos a música já descontraídos e naquele momento eu esqueci do meu humor negro, da quantidade de dias que eu tinha ou qualquer outra coisa. Era apenas eu, Camille, Pierre e Ron cantando e se divertindo em cima de um palco, com uma banda divertida e com casais animados.

Se fosse para morrer assim, morreria de uma forma feliz.