-Mas como você não sabe, Malfoy? – escutei a voz irritada de Ron ao longe.

Ainda enxergava tudo preto, não conseguia sentir meus pés direito, estava em uma espécie de torpor. Tentei fazer meus olhos se abrirem, mas não os conseguia fazer obedecer aos meus comandos. Comecei a ficar desesperada. O que acontecera? Conhecia a causa daquele torpor. Eram remédios. Eu estava dopada deles! Mas qual era o motivo?

Tentei me concentrar na conversa que se prosseguia perto de mim. Precisava de foco para acordar.

-Já fizemos vários exames nela, não acusou nada, Weasley. – Escutei Malfoy dizer com arrogância.

Ron bufou.

-Mas é claro que não acusou nada, você é um incompetente, Malfoy! – disse meu noivo irritado.

Escutei a risada reprimida de Harry.

-Incompetente? – Malfoy repetiu com a voz fria. – Oras Weasley, sou o melhor daqui, tem certeza que sou incompetente? – disse cheio de si.

Podia até enxergar Ron com as orelhas vermelhas de raiva e Malfoy o olhando com arrogância.

Harry suspirou muito perto de mim.

-Mas Malfoy, ela já estava assim há alguns dias, desmaiou duas vezes ontem, você mesmo disse que ela já havia passado mal no hospital. Não pode ser nada. – disse Harry com sua voz calma.

Malfoy bufou.

-Por mais que eu odeie dizer isso, a medicina bruxa não é tão boa em diagnósticos como a Trouxa. Nenhum tipo de feitiço que o departamento usou indicou algo que pudesse nos alertar sobre qualquer doença. Pensei em diabetes, pois no exame clínico mostrava o nível de glicose alta. Mas ao estudarmos mais a fundo, não encontramos diabetes, na verdade, não encontramos nada. – disse ele adotando uma voz profissional.

-Mas então o que faremos? – Ron perguntou preocupado. Senti-me mau por isso, estava deixando as pessoas a minha volta preocupadas demais.

Malfoy suspirou e pude imaginá-lo passando a mão pelos cabelos loiros platinados. Ele sempre fazia isso quando estava conversando com a família do paciente.

-Eu esperaria ver se ela passava mal outra vez. Já está medicada com algumas poções, talvez isso passe agora. Mas se isso não acontecer, deixaria quieto. Se acontecer, leve-a para um hospital trouxa, eles tem diagnósticos mais eficientes e um campo mais amplo de doenças que o mundo bruxo não sonha em inventar uma poção para curar. – disse calmo.

Espera, se eu estava com algo que o mundo bruxo não sabia o que era, coisa boa é que não era!  Eu costumava mandar alguns pacientes meus para os hospitais trouxas quando o que a criança tinha, ou o que o adulto tinha, quando trabalhava neste departamento também, como o Malfoy, era muito grave. E quando eu digo grave, é verdade mesmo.

Naquela hora, mesmo sob o torpor dos remédios eu sabia de uma coisa: tinha que ir á um hospital trouxa urgentemente. Se Malfoy disse aquilo, coisa boa não era. Eu devia estar realmente doente, e desta vez, pra valer.