Era uma vez uma garota e um garoto que se amavam, então uma vagabunda veio e arruinou tudo.

Final.

Joguei-me completamente cansada no sofá, havíamos acabado de chegar da aula e Miranda tentava tirar a maquiagem das lideres de torcida do rosto. Lembrando-me como eu havia acabado com a vida de Annabeth, por uma parte claro, por que por outra ela ficara ainda mais popular. Miranda ficara no lugar dela como capitã, mas ela continuava a ser líder de torcida. Era estranho olhar para o rosto de Annabeth e não lembrar que eu havia feito Luke, Percy e várias outras pessoas que eu julgava serem especiais para ela desapareceram de sua vida.

Mas eu era apenas uma peça, Thalia que havia feito o jogo. E estava pronta para dar o cheque mate.

Suspirei tentando esquecer daquilo e me levantei para fazer um chá, entrei na cozinha, mas fui impedida de continuar por alguém entrando como louco dentro de casa, me fazendo quase cair de surpresa.

-Katie! Não acredito que você fez isso com o Will!

Virei-me para a porta da cozinha para ver um Connor exasperado.

-Espera, o que? - A claro, que maravilhosa idéia eu tive em confiar na Miranda – Miranda!

Ela correu até a cozinha, Connor ainda balbuciava alguma coisa, se metendo na minha vida, tive vontade de jogar uma pedra na cabeça dele, mas tinha medo que começasse a sangrar.

-Você contou a ele?

-Ah! Então você confessa!

Gritou Connor, revirei os olhos e me voltei novamente para Miranda, vendo as bochechas dela corarem.

-Desculpa Kat, você não tem idéia das propostas que ele pode fazer para te fazer contar.

-Como?

Ops, era melhor eu não ter perguntado.

-Ele disse que ia comprar uma fantasia de...

-Esquece Miranda.

Suspirei, como eu faria Connor se calar? Escutei a porta se abrir novamente e lá estava ele, entrando na cozinha e nos olhando confuso com as mãos no bolso do casaco. Deus, Travis vai me matar.

-O que está acontecendo?

Ele perguntou confuso, Connor se virou para ele surpreso.

-Cara Travis, se você foi capaz de trair o seu melhor amigo, nem quero imaginar o que você faria comigo.

Travis levantou uma sobrancelha, então olhou para mim.

-O que você contou para ele Katie?

Corei ao extremo e desviei o olhar.

-Connor está enlouquecendo.

-Enlouquecendo? Você se agarra com meu irmão umas dez vezes e eu estou enlouquecendo?

Balancei a cabeça. Estou começando a considerar se não seria melhor mesmo matar Connor.

-Foram quatro vezes. Não dez.

Travis me olhou com uma sobrancelha levantada, eu devia estar da cor de um morango agora.

-Você contou?

-Miranda me obrigou, certo?

Ele revirou os olhos e eu suspirei.

-Eu preciso de um banho.

Disse para fugir daquela conversa, logo passando por eles e subindo as escadas até meu quarto, estava tão atordoada que apenas fechei a porta do banheiro e tirei a blusa quando Travis abriu a porta com força falando alguma coisa, mas parou olhando para mim.

-Katie.

-A culpa não foi minha Travis. Miranda perguntou por que eu estava assim, depois quantas vezes, eu disse que não, ela perguntou novamente, me deixou confusa e eu terminei...

-Eu te desculpo Katie.

-Jura? - perguntei incrédula – Se?

-Que bom que você sabe que existe um “se”.

-Sempre existe, então, o que é?

Ele sorriu malicioso e deu dois passos para frente, me fazendo dar dois passos para trás.

-Não vá para trás Katie.

Ele disse me segurando, mas era instantâneo. Travis me segurou pela cintura, me forçando a encará-lo.

-Você não precisa ficar vermelha, Katie.

Expliquem-me uma coisa… COMO EU NÃO VOU FICAR VERMELHA COM ELE SUSSURANDO EM MEU OUVIDO E PASSANDO A MÃO NA MINHA PERNA?

Ele foi rápido e impetuoso, me puxando agilmente, antes que eu pudesse sequer pensar em fugir. Senti seus lábios finalmente pressionados contra os meus, e eu fui tão fraca que simplesmente passei meus braços em volta do pescoço dele, enquanto Travis me colava a ele, apertando minhas costas desnudas.
Nosso beijo estava realmente profundo e mais profundo do que qualquer outro beijo, ardente, quase agressivo. Eu não conseguia pensar em nada com o jeito como a língua do Stoll explorava minha boca de maneira ousada e como seus lábios sugavam os meus. Arranhei minhas unhas na nuca dele e Travis gemeu contra minha boca, enquanto me beijava. Ele arranhou as unhas pelas minhas costas desnudas, minha pele ardeu e quem gemeu contra ele fui eu. Alto.
Ainda nos movíamos de um jeito intenso, o que me fazia tremer; nossos corpos e bocas se encaixavam tão perfeitamente bem que parecia estranho. Simplesmente fluía. Acho que entendi o que a Silena queria dizer sobre haver química entre algumas pessoas.

Foi quando senti algo quente, literalmente. Foi então que percebi que havíamos entrado no Box e eu havia esbarrado e ligado a água do chuveiro, que agora caia por nossos corpos, nos deixando completamente molhados, imaginei a minha situação ali apenas de sutiã.

Ele colocou a mão sob meus cabelos, lambendo meus lábios que agora
estavam completamente molhados por causa da água do chuveiro.

Precisei descolar minha boca do Stoll rápido, ou ficaria totalmente sem ar.
Nós dois ofegávamos quando nos soltamos e instantaneamente me movi para desligar o chuveiro.

Meu rosto provavelmente estava muito, muito vermelho mesmo quando o encarei nos olhos.
Travis estava serio, me olhando. Com aquela droga de olhos azuis penetrantes e cheios de intensidade. Seus lábios estavam vermelhos, então imaginei que os meus deveriam estar piores.
Eu não consegui dizer nada, apenas o encarei, sem fazer a menor idéia do que estava sentindo.
Tentei recuar quando Travis aproximou o rosto do meu novamente, mas não consegui. Apenas deixei que ele tocasse minha boca mais duas vezes, com pequenos beijos rápidos.

-Isso é tudo por hoje, Katie.

Suspirei quando ele se virou de costas para sair do banheiro.

-Mais uma vez, você está só brincando comigo.

Travis parou, então olhou para mim e um pequeno sorriso se formou em seus lábios, como se ele soubesse algo que eu não sei.

-Você sabe que não é só isso Katie.

Coloquei meu rosto entre minhas mãos, escutando Travis descer as escadas e por força de reflexão fui atrás dele – não antes de vestir a blusa seca que estava no chão - correndo e molhando o piso da casa. Droga, eu teria que limpar tudo aquilo depois.

Descemos quase que na mesma hora para a sala, deixando um Connor e uma Miranda com os olhos arregalados.

-Vocês acabaram de se agarrar no chuveiro?

Connor perguntou levantando as duas sobrancelhas, me envergonhando tanto que eu poderia sair correndo.

-Ai Connor, por que nós nunca fizemos isso?

Miranda choramingou segurando Connor pelo braço, mas ele não deu atenção e continuou a olhar para nós.

-Isso é até legal, se você começar a namorar com a Katie vamos todos nós formar uma grande família feliz.

Foi minha vez de rir, segurei minha barriga, por que a palavra feliz não se sustentava muito bem na minha relação – se é que se podia chamar aquilo de relação – com Travis.

-Eu? E Travis? – Ri mais um pouco – Vocês estão enlouquecendo.

-Alias, vocês não se odiavam?

Miranda perguntou ainda pendurada no braço de Connor.

-Nos odiamos, muito, muito mesmo.

Eu disse com convicção, tentando dar mais força no “muito”. Travis não ia falar nada? Ia continuar olhando para o nada com cara de que “eu não me importo com nada além de mim mesmo e do meu ego gigantesco”?

-Então por que estavam aos beijos?

-Sabe Connor, Katie tem muito fogo, e ela está realmente insatisfeita com Will.

Arregalei os olhos e bati nele, o que não resultou em quase nada.

-Cara, e eu que pensava que você não era meu irmão – Connor disse balançando a cabeça – Sem ofender, Miranda.

Ela revirou os olhos, claramente lembrando-se do fato de que Connor antigamente saia com muitas garotas e raramente despejava uma garota, totalmente ao contrario de Travis.

-Você é idiota Connor.

Travis disse por final, colocando as mãos no bolso da calça e saindo da casa. Suspirei fundo e me virei para o casal a minha frente.

-Acho que vou terminar meu banho.

E logo eu estava subindo como uma louca as escadas. Vamos lá Katie, feche seus olhos e pense que isso é apenas um sonho ruim. É assim que você sempre fez. E eu tenho que acabar com esse terrível abito de falar em terceira pessoa.

Tomei um rápido banho e vesti uma roupa de dormir, mesmo que ainda estivesse cedo, logo me jogando na cama a procura do meu celular. Tentei não olhar muitas vezes para o banheiro e não recordar nada, afinal, não havia nada para recordar não é?

Disquei o número de minha mãe, havia tempo que eu não ligava para ela, coitada, mamãe foi sempre tão preocupada comigo e com meus sonhos.

-Mamãe?

Escutei um chiado, como se ela tivesse deixar o telefone cair no chão, sem mim ela era tão atrapalhada.

-Querida! Eu estava tão preocupada, se não fosse sua tia para me dar informações...

-Não se preocupe mamãe, eu apenas ando ocupada.

Eu sabia que ela estava sorrindo agora.

-Entendo, mas sua voz não me parece muito animada. Aconteceu alguma coisa?

-Não – disse rapidamente, mas logo me lembrando que aquela era minha mãe, e eu sempre contava tudo para ela – Apenas alguns problemas com garotos.

-Soube que você estava namorando, é alguma coisa com ele?

Quem dera.

-Também, papai não quer me matar pelo meu namoro?

-Você tem sorte de ter pais liberais – eu ri – eu estava com saudades querida.

-Mãe, eu também estou com saudades – eu disse piscando meus olhos para não chorar – Você é uma em um milhão.

Ela riu satisfeita.

-Eu vou ter que desligar querida, seu pai acabou de chegar com mais um de seus projetos. E você sabe como ele fica quando está ao lado daquelas invenções da botânica.

-Sei mamãe, nos falamos depois.

Ela logo desligou e eu continuei deitada ali, tentado raciocinar e pensar como eu mudaria de direção, por que neste exato momento eu estava descendo ladeira abaixo. E não sei como voltar...

“E eu não posso acreditar como eu tenho desperdiçado meu tempo.”

Jem - 24