Herdeiros escrita por Queen of Hearts


Capítulo 31
A dona do bilhete


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo!!!

E já preparei meu discurso de despedida ;)

Bem pessoal, primeiramente gostaria de agradecer a todos que acompanharam a fanfic até agora. Vocês me deram força para chegar até aqui. Além do mais, também gostaria de desculpar-me por ter demorado tanto a postar durante um período da história e espero de todo coração que tenham gostado do capítulo final.

Quanto segunda coisa, é agradecer pela recomendação e pelas muitas ideias que deram-me através dos reviews. Obrigada e até mais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150243/chapter/31

Ao passo que corria, o jovem viu uma série de coisas acontecer, como exemplo, Scorpius se levantar do lugar em que estava. O loiro havia recuperado a consciência e agora andava pelos destroços com uma expressão estranhamente perturbadora. Gregório viu seus olhos se dirigirem ao barulho dentro da casa, de onde tinha quase certeza ser Rose. Porém, ele parou no meio do caminho e passou a ajudar Mendel com a barreira que Hermione havia lançado ao redor da casa. Mendel sorriu para o loiro que o ignorou.

Amy por sua vez, corria até a sala. Seus pés sempre descalços não faziam nenhum barulho na madeira que se estendia pelo chão. Hermes via voando angustiado atrás e os dois pararam ao verem uma garota ruiva sentada no sofá, com os braços sobre os joelhos e a cabeça enterrada nos mesmos. Amy chamou-a, fazendo a ruiva levantar a cabeça. Seu rosto estava inchado, fazendo ela parecer mais perdida do que estivera até então. Amy abraçou-a, puxando seu corpo para cima, o que fez Rose ficar em pé. Depois limpou suas lágrimas e disse:

— Rose, chegou a hora. Vai ter que sair daqui.

— Não! — gritou a ruiva chorando. — Não vou deixar você, não vou deixar minha mãe!

— Ele está aqui, Rose — tentou novamente Amy, segurando os ombros de Rose.

— Não me importa! — disse a ruiva. E como se tivesse abandonado toda a fragilidade que havia apresentado, adquiriu uma expressão alterada. Seu rosto se transfigurou em um sorriso alucinado, louco. — Vou matá-lo! — bradou rouca, rindo para Amy. — Isso! Scorpius vai ficar bem se eu o fizer, não vai?

Hermes piou triste para a jovem, e Amy olhou arrasada para ela, em seguida fez algo de que se arrependeria para sempre. Lançou-lhe um Imperius. Depois olhou para Hermes e falou baixo:

— Guie-a para longe daqui. O mais afastado que você conseguir.

Hermes piou em concordância, fazendo Amy se dirigir a Rose.

— Quanto a você, irá seguir Hermes até que esteja a salvo. Após isso, sua maldição se desfará — falou novamente, apesar da expressão da garota estar partindo seu coração.

Com os olhos vidrados, Rose apenas balançou a cabeça olhando para ela. Em seguida, Hermes voou para as portas dos fundos e a ruiva correu seguindo-o. Chegando na porta, seus olhos azuis percorreram a floresta atrás da mansão, contudo, Hermes voou por cima da cerca, fazendo Rose driblar os enormes arames que circundava a mesma. Por fim, ela segurou firmemente a varinha e seguiu a fênix que voava pelo céu escuro.

Do outro lado, Scorpius havia parado de lançar feitiços contra a barreira. Gregório havia se jogado contra ele pensando no Hermione havia lhe falado. Ele precisava parar aquilo de alguma forma. Mendel porém, não se atreveu a pará-lo, pois correria o risco de acertar seu escolhido. Além disso, a figura branca havia aparecido novamente e o bruxo lambeu os lábios ao pensar nela sendo encurralada, como a presa de sua caçada. Já atrás dele, Lisa permanecia paralisada, suas mãos tremiam e ela sabia que devia ajudar Gregório, mas era só uma questão de tempo para Mendel matá-la. Contudo, antes que a situação desandasse, Mendel quebrou a barreira e a figura branca correu para dentro novamente.

Ele seguiu-a, andando para dentro do saguão de entrada e vendo a mulher virar à direita. Sua forma era um tanto estranha, mas o bruxo ignorou-a, jogando-lhe feitiços nas costas. Nenhum acertou-a, fazendo a mulher gargalhar em deboche. Mendel se irritou e ao chegar à sala de estar, observou sua forma indo em direção as escadas. Ela era rápida e seu rosto estava escondido pelos cabelos. O bruxo correu atrás dela, chegando até a lhe lançar maldições imperdoáveis. Quando percebeu que nada a acertava, chegou ao auge de sua raiva e esticou o braço para segurar-lhe. A figura riu novamente e chegando no topo da escada, onde parou. Mendel segurou-a, sua expressão tomada pela revolta, mas ao virá-la de frente, teve uma surpresa.

Embaixo dos enormes cabelos avermelhados, não existia uma expressão ou mesmo um rosto. Apenas uma forma vazia, branca como gelo e quando ele a soltou, ela desapareceu em fumaça. O bruxo berrou alto, lançando feitiços nas enormes paredes da mansão enquanto tentava controlar sua raiva. E abaixo dele, lhe observando com um sorriso nos lábios vermelhos, Amy apontava a varinha para o topo da escada. Ao vê-lo, ela sussurrou baixinho:

— Você não pode me ver, Mendel. Incarcerous!

E sem aviso prévio, cordas foram lançadas sobre Mendel, porém o bruxo também era capaz de surpreendê-la. Ele havia se protegido antes que ela pudesse fazer algo, afinal, um bruxo desprotegido é um bruxo morto. Por conta disso, a localização de Amy foi descoberta. Sorrindo perversamente, Mendel laçou um feitiço no andar de baixo e boa parte do chão foi destruída, impedindo Amy de se mover. Em seguida, ele desceu as escadas, saindo para o corredor — a garota deveria estar ali em algum lugar e ele deveria encontrá-la antes de seus inimigos. —Todavia, não deixou de responder a Amy:

— Belo truque, mas não foi o suficiente.

E saiu, deixando para trás a mulher que ele não podia ver, mas que não deixaria de revidar-lhe mesmo assim. Amy grunhiu baixo, ela não estava machucada e nem poderia, mas o feitiço do bruxo a impedia de se mover. Só lhe restava agora torcer para que Rose estivesse caminhando para o mais longe possível dali.

Na frente da mansão, Scorpius e Gregório discutiam, e Lisa parecia ter recuperado os movimentos andando em sua direção. Entretanto, parou ao ver a importância da discussão que se estendia. Os garotos haviam chegado ao ponto alto de seu controle.

— Vá embora, Finnigan! — bradou Scorpius, em pé olhando para o jovem a sua frente. — Isso não tem nada a ver com você!

— Como pode dizer isto? — respondeu o outro, fechando os punhos. — Sua mãe não foi a única que morreu, Scorpius! — gritou.

— E acha que não sei disso? Por que pensa que estou obedecendo à profecia? — se irritou o loiro, abrindo os braços em protesto.

— Então vai para o lado de Mendel?! — perguntou o outro, sua expressão era revoltada. A mesma que tinha quando “conversou” com Mendel.

— É o certo a se fazer — respondeu o loiro convicto, embora sua voz tremesse.

Mas Gregório não se deu por vencido e o encarando, fez-lhe uma pergunta com todo o ceticismo que conseguiu colocar.

— O certo? — falou, e Scorpius entrou em choque ao ver sua voz tão baixa.

Ele conhecia aquele tom de voz, pois era igual ao dele próprio quando viu sua mãe morta pela primeira vez. Segurando a varinha com força, o loiro forçou a si mesmo a apontar para o rosto de Gregório, porém o jovem com cabelos cor de palha já havia lhe apontado a varinha primeiro. Eles se olharam e Lisa gritou atrás deles, correndo em direção aos garotos, se postando na frente de Gregório.

— Não faça isso, Scorpius! — bradou, abrindo os braços.

— Saia da frente, Lisa! — disse Scorpius.

— Não. — respondeu e o loiro lhe encarou.

Entretanto, ao retribuir seu olhar, a garota lhe lançou uma azaração fazendo Scorpius cair no chão com uma terrível dor nos ossos corpo. Gregório se assustou, mas antes que pudesse chegar até ele, Lisa apontou para sua testa e sussurrou:

— Durma.

O feitiço o atingiu e Gregório tombou no chão, inconsciente, mas antes de cair Lisa podia jurar que viu seus olhos marejarem. Hermione era a resposta. Com as mãos tremendo, a garota correu em direção à mansão, todavia ao invés de entrar, andou na lateral com a intenção de chegar ao final da casa. Seus olhos diziam que tinha alguém ali e ela pensou ter visto um vulto indo para a floresta. Se apressou, tinha chegado a hora de redimir-se por seus pecados.

Mendel andava um pouco mais a frente e ao longe, Lisa pôde ver uma ave voando rápido pelos céus. Por ironia ou não, o céu havia clareado, dando espaço a uma enorme lua que daqui a algumas horas desaparecia e daria lugar ao sol. Lisa correu atrás do bruxo, mas ele se movimentou rapidamente e após alguns minutos, tinham chegado a uma clareira.

A garota estancou.

À frente, Rose Weasley estava de costas para eles, olhando para os lados. Ela havia conseguido se livrar do Imperius ao colocar toda sua concentração, sendo incluída na lista de feiticeiros com grande força de vontade, mas não notou a presença dos dois. Hermes, acima de sua cabeça, havia e atacou Mendel, fazendo Rose olhar para trás, adquirindo uma expressão de desespero. O bruxo berrou de dor quando suas mãos e braços foram rasgados pelas garras da ave. Contudo, Mendel alcançou a varinha, lançando-lhe um feitiço. Um brilho verde passou pelos olhos das duas jovens. Rose gritou:

— Não!

E o corpo da fênix caiu no chão sem vida. Mendel voltou a sorrir, observando a ruiva correr para longe. O bruxo seguiu-a enquanto Lisa ficou para trás, tremendo — ela odiava aquilo, odiava aquela maldita luz verde — e em breve estaria fazendo o mesmo. Alguém veio em seu auxílio e o rosto de sua mãe apareceu em sua mente, mas não era sorridente como se lembrava, era a expressão do próprio rosto que Lisa viu nela. Segurou a varinha com força, então era assim que sua mãe se sentira durante todos esses anos? Gritou, sentia nojo de si própria. Mas ao se recuperar, correu atrás de Mendel vendo-o encurralar Rose próxima a uma árvore.

O bruxo se movia rápido, e a ruiva abaixou-se quando um feitiço foi jogado em sua direção. Contudo, não foi rápida o suficiente e tropeçou em uma pedra, deixando o sapato cor de cereja para trás. Mendel gargalhou, fazendo Rose se encolher. Depois se aproximou devagar, falando-lhe com todo o rancor que sentia.

— Não adianta correr, Weasley — disse ele, girando a varinha entre os dedos. — Seu tempo acabou.

Rose não respondeu e tentou alcançar a varinha que deixou cair aos pés do bruxo. Mendel, no entanto, continuou a falar:

— Sabe, uma vez me perguntaram por que eu havia ido para um internato trouxa ao invés de um bruxo. E eu lhes disse o seguinte: porque eles não lembraram de mim. E era verdade, McGonagall ou qualquer outro não lembrou do garoto que apesar da família rica, foi dispensado e jogado para sofrer durante dez anos. Quanto a você, minha doce garota — continuou, agachando-se ao seu lado. — Teve tudo, não foi? Inclusive o herdeiro que demorei toda minha vida a levá-lo para nosso lado.

Rose continuou calada, porém tinha desistido de pegar a varinha, encostando a testa nas folhas secas. Ela estava chorando e seus cabelos impediam o bruxo de ver seu rosto. No entanto, Mendel não se comoveu, chegando cada vez mais próximo da jovem até que sua boca estivesse na altura do ouvido de Rose. Ao conseguir, lhe disse essas palavras:

— Você nunca deveria ter nascido, garota da profecia.

A ruiva parou de chorar, apertando as folhas nas mãos e sentindo a terra gelada. Ela estava com medo, mas seu maior choque eram as três últimas palavras. Como ele sabia? Quem havia lhe contado? E como se o bruxo tivesse lido seus pensamentos, respondeu-a:

— Ora, achou que eu não descobriria? Astória fez questão de deixar que eu soubesse antes de morrer quando com um descuido, me deixou entrar em sua mente. Também descobri outras coisas como por exemplo, a mulher que me atacou há pouco minutos. Amy, certo? Interessante, uma pena que não pude vê-la. Contudo, Astória podia e me “contou” esse segredinho.

Rose paralisou, sentindo todo o ar escapar de seu corpo. Astória... Então era ela? Porém, ao invés de permanecer parada, levantou a cabeça para encarar o bruxo. Mendel apontou-lhe a varinha, sorrindo perversamente para a garota — ele havia lhe enganado e agora a mataria —, mas outra pessoa não deixaria.

Ao observá-la, Mendel passou a pronunciar a maldição, mas antes que terminasse, Rose ouviu um barulho e uma luz a cegou. Uma luz verde, verde como um mar antes azul tornando-se poluído. Em seguida, o baque e ficou difícil de levantar. Quando conseguiu, gritou ao ver a forma estática de Mendel olhando-lhe. Ele estava horrível, seu rosto muito magro ficava cada vez mais branco, seus braços e mãos estavam esticados ao lado do corpo e os olhos negros de deboches haviam se perdido para sempre. Rose engoliu em seco e adquirindo coragem do próprio desespero, jogou o corpo para o lado, se arrastando e tremendo para perto da pessoa que havia lançado o feitiço. Uma figura feminina apareceu em sua visão: Lisa.

Rose correu até ela, porém a garota desabou no chão com as mãos no rosto e o tronco sacudindo convulsivamente. A ruiva se agachou ao seu lado, segurando seus braços e pedindo para Lisa lhe olhar. A morena aceitou, observando Rose como um gatinho indefeso que não era. A garota então abraçou-a, segurando o corpo trêmulo da adversária e atrás delas, sons de passos foram ouvidos, surgindo Scorpius e Gregório. A ruiva sorriu para eles, vendo-os olharem-na espantada, mas Rose simplesmente trocou de lugar com Gregório e caminho até Scorpius.

— Ei — chamou pelo o loiro a sua frente.

Scorpius não se moveu, nem mesmo a olhou e Rose observou em choque seus olhos na cor mais escura que já vira na vida. A ruiva então suspirou, abraçando-lhe enquanto sentia o corpo do loiro retesar-se e permanecer parado. Sua luta ainda não havia acabado.

— Não vou deixar você ir para o lado das trevas, Scorpius — disse ela. — Entenda isto.

— Não há nada que você possa fazer — respondeu ele finalmente.

— É mesmo? E quanto a essa parte da profecia: a luz terá como destino destruir as trevas e o poder de cura estará consigo — pronunciou ela, deixando Scorpius sem fala. — Sabe, esse poder de cura não se refere apenas a cura literal, também posso curá-lo com outra coisa.

— Como o quê? — perguntou ele, encarando-a.

— Amor — disse a ruiva sorrindo.

E o loiro ficou observando-a por um momento. Todavia, esse momento não durou muito e logo Scorpius a largou, indo para longe.

— Scorpius! — chamou Rose novamente correndo atrás dele.

O loiro não respondeu, passando a percorrer o caminho de volta para a mansão com as mãos no bolso. Rose postou-se em sua frente.

— Olhe para mim! — disse ela e Scorpius parou.

Depois passou as mãos inquietas pelos cabelos e desandou a falar.

— Você não entende! — reclamou, olhando para os olhos azuis da ruiva. — Eles não vão parar, Rose. Não importa se foi Mendel que morreu ou mesmo eu, mas se for para fazer algo enquanto estou vivo então tentarei proteger aqueles que são próximos a mim.

— E todo o sofrimento que lhe fizeram passar? E quanto a Astória? Eles mataram sua mãe, Hyperion! — respondeu Rose, tentando convencer o loiro a sua frente.

— E o que posso fazer? — perguntou, encarando a ruiva diante de seus olhos. Sua vontade de abraçá-la aumentando precariamente.

— Venha para o meu lado — disse e Scorpius observou-lhe atônito.

— O que...?

— Se quer tanto fazer algo, uma vez que sabe que sempre haverá um herdeiro depois de você, então faça isso do meu lado — respondeu ela novamente, olhando para o loiro.

Scorpius não respondeu, e Rose continuou.

— Não irá conseguir nada se ficar afundando no próprio desespero sozinho. Só irá ficar igual a Mendel. É isso que você quer? Sei que está aliviado até os ossos com sua morte.

O loiro a olhou, analisando-lhe o rosto e Rose sorriu fraco para ele.

— Impressionado por ser Lisa a tê-lo matado e não você? — perguntou ela.

— Não. — foi sincero o jovem. — Eu não conseguiria matá-lo, eu percebi isso enquanto estava inconsciente. Apenas me tornaria igual a ele e não era isso que eu queria.

— Então Lisa tornou-se igual a ele? — perguntou Rose mais uma vez, séria com aquilo.

Ela estava testando-o. Queria saber se aquele era o mesmo Scorpius que tinha conhecido ou se havia amadurecido. Se ainda fosse o mesmo, teria problemas.

— Não — respondeu ele. — Ela não queria vingança, só queria se ver livre.

A ruiva balançou a cabeça em concordância. Ora, parece que não vou ter problemas, pensou, mas Amy apareceu em sua frente. Ela vinha dos destroços da mansão, já que boa parte tinha sido atingida e sua forma semi-corpórea andava fraca como um fantasma. Rose correu até ela, sendo seguida por Scorpius.

Ao chegarem próximos a ela, o loiro não pôde acreditar no que viu. A mulher de seus sonhos, a mulher que lhe angustiava a mente desde que era uma criança estava ali. E a surpresa, ela estava prestes a desaparecer novamente. Scorpius se afastou, vendo Rose ajudá-la, mas suas mãos quase não podiam tocá-la. Amy sorriu para eles e olhando para o loiro, disse:

— Olá Scorpius, há quanto tempo.

Scorpius não falou nada, mas seu coração começou a bater fortemente e ele viu no sorriso da mulher, o sorriso da própria mãe. Seus olhos marejaram. Contudo, ela se virou para Rose e Scorpius passou a observar apenas uma parte de seu rosto.

— Rose, quero que abandone a pedra. — falou, olhando nos olhos da ruiva.

— O que? — perguntou Rose em choque. — Não!

— Rose, os aurores irão chegar aqui em breve por conta da magia espalhada em um local trouxa e eu não posso estar aqui. Essa pedra não pode.

— Não! — respondeu a ruiva novamente, ela não queria aceitar ter que abandonar Amy.

— Por favor... — pediu cansada.

E Rose soluçou. Nenhuma lágrima saiu, mas seus olhos estavam começando a ficar vermelhos. Abaixando a cabeça, a ruiva retirou o colar e colocou em frente ao rosto, segurando-o firmemente.

— Você também, Scorpius — falou Amy, se virando para o loiro que olhou assustado para ela.

— Como? — perguntou ele, tocando por impulso o pescoço.

— O colar no seu pescoço. Destrua-o.

Scorpius não obedeceu de imediato, mas retirou o colar em formato de lua. Seus olhos observaram o formato arqueado dela. Amy então puxou os dois colares das mãos dos jovens e a pedra começou a brilhar. Ela devolveu em seguida para Rose, juntamente com outra pedra maior e mais forte. Disse para ruiva:

— Destrua-os.

Rose balançou a cabeça em negação, e Amy arrastou-a até um toco de madeira no jardim, fazendo-a colocar os colares em cima enquanto segurava a pedra maior na mão. Rose cravou as unhas na pedra e com uma última olhada para Amy — que lhe deu um sorriso fraco — bateu sobre os colares. Eles brilharam rápido, transformando-se em pequenos pedaços e Amy começou a desaparecer. Todavia, falou-lhe uma última coisa:

— Seja feliz, Rose e sobre a pedra, eu menti para você. A pessoa que me trouxe de volta não escondeu sua presença, eu a escondi de vocês. Foi melhor assim e Rose, saiba sempre que aquele que trouxer um morto de volta a vida não poderá escapar-lhe jamais. Por isso Scorpius — e se virou para o loiro. — posso dizer que sua mãe o ama de todo coração, ela pede desculpas por não ter contado sobre a profecia. Ela queria lhe proteger.

Scorpius sorriu-lhe, agradecendo. Rose por sua vez, se aproximava da forma de Amy, mas ao estender a mão, a mulher desapareceu. A garota rangeu os dentes, fechando os dedos sobre algo que não estava mais ali. Scorpius tocou seu ombro, observando-a e Rose o abraçou novamente. Ele tinha tomado sua decisão, ficaria ao lado da ruiva, tentaria viver com ela, mesmo que fosse egoísta de sua parte. A questão é que ele a amava e ao observar os restos do colar, teve ainda mais certeza disso.

A pedra original perdida em algum lugar também parecia apoiá-los e brilhava em algum lugar como se Amy estivesse sorrindo para eles de longe. Como um presente da morte, ela havia se perdido novamente e assim como o herdeiro, sempre teria alguém com egoísmo ou desespero o suficiente para girá-la três vezes.

~~XX~~

O cemitério estava cheio naquela manhã, o qual podia dar graças ao céu claro que parecia melhorar o clima mórbido do local. Na frente de uma enorme lápide negra, estavam três pessoas, dois loiros e uma ruiva. Os outros estavam ao seu redor, observando-lhes e entregando seus pêsames silenciosamente. Um dos loiros estava de mãos dadas com a ruiva e parecia ter crescido bastante desde que chegou ao sétimo ano de Hogwarts. A ruiva sorriu-lhe fraco, apertando sua mão. Ele a retribuiu.

O outro, abaixado na frente deles, alisava a enorme lápide, mais precisamente sobre um nome: Astória. Scorpius lhe olhava silencioso, como se temesse perturbar o pai em um momento tão importante. Seria naquele dia o aniversário de Astória se Mendel não tivesse separado-a deles e agora, aquela data havia se tornado especial, onde todo ano eles iam visitá-la.

Jonh, juntamente com os pais, os observava um pouco afastados e parecia quieto como o amigo. Contudo, seus pais não eram os únicos ao lado dele, uma loira também estava lá, encostada ao moreno e segurando sua mão e no outro estava uma garota baixinha, com cabelo curto e olhos cor de folha. Jonh a olhou por cima do ombro, tocando sua cabeça. Ela assustou-se, mas ergueu a cabeça para lhe olhar. Seus olhos antes vazios, agora brilhantes. O garoto sorriu para ela.

Meg. Essa garota era o motivo de suas saídas tantas vezes do dormitório, já que desde criança, Jonh costumava ler e estudar sobre poções de cura, feitiços e tudo que envolvesse a medicina bruxa. No entanto, ele não conseguiu agradar a todos e acabou sendo rebaixado por seu pai que queria ele como um auror. Scorpius havia presenciado essa situação ao jantar em sua casa uma vez. Além disso, Blásio também o proibiu de se envolver com qualquer coisa desse nível em Hogwarts, mas ele não obedeceu e logo no começo do segundo ano, Madame Pomfrey o apresentou a essa garota.

Meg era do primeiro ano, e Jonh logo notou a doença que ela tinha. Era semelhante ao vitiligo trouxa, uma doença que causa a despigmentação da pele graças à redução de melanócitos. Contudo, no mundo trouxa, o vitiligo era considerado um distúrbio crônico enquanto que no bruxo havia a forma mais rasa da doença, aquela que ainda tinha chances. Vale lembrar ainda que não se trata da mesma nos dois mundos. Sendo assim, Meg serviu como cobaia de Jonh. Claro, ele não a dava poções aleatórias para beber ou lhe lançava feitiços despreocupadamente. Ele procurava em livros alguma coisa para ajudá-la — com Madame Pomfrey sempre no seu pé.

A garota, no entanto, o fez prometer não contar a ninguém, pois não queria que seus amigos soubessem a doença que tinha. Nem que ia se tornar ainda mais branca do que o normal. Entretanto, Jonh não passava de um aluno do segundo ano — um adolescente — e tinha medo de machucá-la. Afinal, se retirarmos uma conclusão dessa história, ele estava apenas brincando de médico com uma paciente de verdade. Porém a brincadeira pareceu funcionar e após um ano, Madame e Jonh chegaram a uma conclusão, a cura da garota.

Sua pele voltou ao normal, acarretando na regressão das células que sofreu um aumento e jogando para o lado a extrema redução que causava a doença. Foi seu aviso para voltar a sorrir. Do outro lado, Jonh ficou feliz, percebendo animado que foi seu primeiro caso de verdade e a partir daquele dia, decidiu-se a continuar no caminho como curandeiro. Agora no sétimo ano, ele iria fazer os N.I.E.Ms e tinha confiança de que ia passar, embora Blásio parecesse ter melhorado seu tratamento com ele.

Lara ao seu lado também o apoiava e pelo sorriso, ela parecia ter encontrado o namorado perfeito desde que começaram o relacionamento no começo do sexto ano, ano passado. Alvo e Evelyn atrás deles sorriram uma para o outro, eles entendiam esse tipo de coisa, uma vez que foram o primeiro casal de todo o grupo. Contudo, não podemos esquecer também dos inimigos — ou diria ex — que tinha como convidada uma garota especial. Lisa estava ao lado de Gregório, mas eles não estavam de mãos dadas, tampouco parecia ter a intimidade dos presentes ali. Mas Scorpius quis convidá-la e isso a aliviou da situação que estava passando.

Após a batalha causada pela profecia, os encapuzados haviam sido pegos pelos aurores naquela noite, em Hogsmeade. Entre esses, estava o pai de Lisa, Agnus — sua mãe estava pagando em galeões, pois Lisa havia implorado ao ministério — que tinha sido preso. Junto com ele, as irmãs do mal, Amélia e Erin foram parar em Azkaban, onde Erin corria o risco de receber o beijo do dementador ao ser acusada do assassinato de três trouxas. Lisa arrepiou-se ao pensar sobre isso, ela mesmo já teria as mãos manchadas de sangue para a vida toda.

Ao lado de Gregório, estava Parvati sorrindo para os dois e do lado da mulher, estavam o trio de ouro junto de Gina Weasley. Hermione também sorria para eles, levantando a cabeça para olhar o casal no centro. Rose e Scorpius observavam Draco, mas além disso, eles se auto consolavam. Astória foi determinantemente uma mulher importante nesta geração, tanto quanto Lílian foi na outra.

E ali, naquele lugar mórbido, essa história começar a terminar. Contudo, não é o fim, é apenas o começo da nova vida dos bruxos que antes imaturos, aprenderam a amadurecer o suficiente para saber que do meio da escuridão pode surgir a luz que mudaria seu modo de pensar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herdeiros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.