Science Of Life. escrita por Thefate


Capítulo 9
Um plano de risco




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Keishi acelerava a Harley Davidson na estrada fria da cidade, por onde passava percebia um certo caos acontecendo, as pontes eram vazias, mas as ruas estavam terríveis, pessoas fugindo, mortos caminhando atrás de pessoas e alimentando-se como podiam, vira até mesmo um zumbi agarrado a um cachorro, aquilo fora horrível, mas o garoto estava pensando que acostumar-se com aquilo era o mais sensato, deveria ser frio, e ignorar qualquer sofrimento alheio.

Mary, Hina e Zakky iam pela guria, o garoto ia atrás para dar cobertura, Mary ia junto com Hina na frente para seguirem o caminho mais fácil já que conheciam bem, não havia muitos mortos por ali, não havia nada por ali alem de mato para falar a verdade, mas saindo daquela trilha, iriam para um caminho onde havia muitas pessoas, e provavelmente, muitos mortos.

Mary andava cautelosa, a garota segurava tremula um revolver com as duas mãos, Hina já era mais seria e confiante, mais corajosa, segurava uma pistola com apenas uma mão atenta para qualquer coisa suspeita, Zakky era daria cobertura, olharia todos os cantos, todos os lados, atento a qualquer coisa, e o mais rápido do grupo. Os garotos seguiam, não havia qualquer problema até o momento em que saíram da trilha, os olhos foram arregalados a medida que percebiam o caos que havia na cidade.

- Eu não acredito... – Mary levou a mão em direção a boca.

Zakky sentiu uma leve tristeza e Hina ficou assustada.

Estava tudo destruído, carros largados no meio da estrada, pequenos incêndios em casas e estabelecimentos, até mesmo alguns carros pegando fogo, havia mortos vivos um tanto longe, outros mais pertos, e havia também vivos, vivos fugindo, humanos sendo devorados vivos, os pedaços de carne sendo arrancados a cada mordida, a cada suspiro, a cada índice de vitalidade, o asfalto sujo pelo sangue e pedaços de carne que caiam dos seres que eram devorados, nada era um mero detalhe. Todos estavam assustados demais para poderem prestar atenção a sua frente, até que um barulho de lata amassando os fez acordar, a tempo, já que havia um zumbi em frente a eles, o mesmo agarrou Mary, a garota entrou em desespero, tentava empurrá-lo, mas o maldito era forte, tentava de qualquer forma morder qualquer parte do corpo dela, Zakky intrometeu-se na frente de Hina que planejava atirar, o garoto deu um chute forte contra o crânio do zumbi fazendo-o afastar, mas o mostro logo voltava para cima de Mary, que tentava se livrar, Zakky apontou o calibre 38 que estava em suas mãos em direção ao zumbi, o bicho se mexia demais, era difícil acertar um tiro nele, o garoto aproximou-se, não tinha como errar um tiro a queima-roupa, posicionou o cano na arma em frente a cabeça do monstro, encostando nele e logo puxando o gatilho, tinha medo de acertar Mary por isso não mirara de longe, teve que chegar perto ter certeza que mataria o maldito. A bala atravessou o crânio do monstro fazendo o mesmo parar de reagir de imediato, o bicho caiu por cima de Mary, para a garota fora uma cena nojenta, o maldito caiu com a boca em seu nariz, aquele maldito cheiro de morto, e o pior, hálito de morto, claro que deveria ter um odor de carniça misturado com sangue fresco, o sangue da carne acumulado na boca do maldito escorria pingando levemente no rosto de Mary, a garota empurrou o zumbi assim que teve chance e não conseguiu conter o estomago, todo o café da manhã agora estava no chão.

Hina foi até amiga ajudá-la a recuperar-se.

- Chega, vamos logo, não quero mais nenhum minuto aqui! – Disse Mary levantando-se, arrumou sua arma e foi atirando nos zumbis mais próximos, sempre na cabeça, a garota parecia realmente furiosa, Zakky e Hina se entreolharam e seguiram a amiga, dando cobertura a ela, abrindo o caminho por onde passavam.

- Ótimo, é aqui. – A garota tirou uma chave do bolso e abriu o portão imediatamente. Dentro de sua casa parecia estar tudo normal, o que era estranho, não tinha ninguém, absolutamente ninguém.

- Merda, essas coisas não param de vir! – Zakky fechou o portão e escorou-se nele como se estivesse segurando. – Já estou ficando sem munição... – Zakky suspirou.

As batidas nos portões ecoavam pela cidade, o que era um problema, pois mais mortos vivos atraiam-se para o barulho que aqueles estavam fazendo.

- Temos que arranjar isso logo. – Disse Hina entrando na casa seguindo Mary.

Mary abria a porta e entrou junto com Hina.

- Ok, podem pegar tudo o que tem de alimento que será útil e água, eu vou pegar algumas malas para arrumarmos, também vou levar malas extras pra caso precisarmos de mais armas. – Mary foi em direção a um dos quartos.

Hina fez o que a garota mandou, chamou Zakky para ajudá-la, mas o garoto não podia ir, havia problemas maiores para cuidar, que era do portão, os monstros podiam derrubá-lo.

O garoto ficou “segurando” o portão, Mary trazia as malas e junto com Hina as enchia com os alimentos. Estava ficando pesada demais, mas não tinham outra escolha, conseguiram bastante alimento e água, o suficiente para sobreviverem um mês sem a mínima dificuldade, se juntasse ao que Keishi tiveram, um mês e umas duas semanas, se conseguissem sobreviver até lá em meio o apocalipse, não precisam se preocupar com comida.

Na casa de Keishi, o clima tenso entre Lunancie e Yuri só aumentava, as garotas evitavam olhar-se e comunicarem-se de qualquer forma, o problema é que a única comunicação que podiam ter com os outros grupos era através de celulares, e bem, a única a ter um era Yuri.

Ayume e Keishi estavam em frente a um posto de gasolina, os garotos estavam cercados, havia mortos para todos os lados, provavelmente foram atraídos quando acidentalmente derrubaram uma partilheira de metal com garrafas de vidro que fizeram o maior estrondo ao chocarem-se contra o chão.

- Temos que dar um jeito de sair daqui! – Ayume estava ficando sem munição, e preocupada.

- Droga, não vamos conseguir chegar na moto desse jeito. – Eles estavam presos dentro da loja de conveniências, os zumbis estavam ao lado de fora, nenhum havia passado da porta, pois os garotos cuidavam de matá-los antes disso.

- Não sei se vamos conseguir sair dessa Ayume... – Keishi olhou para a garota sorrindo.

- Não me venha com essa, estão esperando a gente! – A garota olhou Keishi como se fosse matá-lo com o olhar.

Keishi sorriu. – Eu to apenas brincando, eu não vou perder pra esses idiotas. Eu tenho um plano. – Keishi sorriu para a garota que estava disposta a ouvi-lo.

- Eles estão demorando... Droga. – Lunancie andava de um lado para o outro, preocupada com Keishi, seu melhor amigo.

- Também acho... Será que estão bem. – Yuri suspirou.

- Espero que sim... – A garota sentou-se no sofá exausta de caminhar pela casa. – Ergh, esse tédio me mata.

- Se o mundo não se acertar não vai ser o tédio que irá te matar. – Yuri sorriu irônica.

- Não pedi a sua opinião. – Lunancie levantou a mão mostrando seu dedo para a garota.

- Eu não preciso que me peçam opinião para expressa-la. E esse seu dedo aí... Enfia ele no seu... - A garota fora interrompida quando o celular tocou. Imediatamente parou de falar e pegou do bolso, era Keishi.

- Alô? – Disse ela ansiosa.

- Yuri, hehe, nós estamos com um sério problema aqui... Estamos cercados, ficando sem munição, e presos dentro da loja de conveniências, provavelmente não vamos chegar aí tão cedo, mas não se preocupem, a gente vai dar um jeito de voltar pra casa. – O garoto falava entusiasmado.

- Como não preocupar? Explica o que ta acontecendo! – Yuri estava eufórica, preocupada, Keishi devia estar mais calmo que ela.

- Relaxa guria, vai ficar tudo bem, beijão, qualquer coisa manda sms. – Keishi desligou o celular sem falar mais nada.

- Droga. – Yuri bateu contra a mesa a seu lado.

- O que aconteceu? – Lunancie levantou alterada.

- Eles estão cercados... – A garota sentou-se ao chão e levou as mãos à cabeça.

- Como? Quem? – Perguntou Lunancie em frente da garota.

- O Keishi e a amiga dele lá.

- Esse seu plano é arriscado demais! – Ayume não aceitou o plano de Keishi.

- Não esquenta, vai dar tudo certo, confia em mim oras. – O garoto parecia super confiante com o plano que tivera.

- Confiar como? Você vai se matar se fizer isso! E eu nunca pilotei uma moto na vida. Acho melhor trocarmos os papeis. – Ayume dizia tais palavras enquanto recarregava sua munição.

- Claro que não, é só você ligar a chave no contato, e rodar, aí ela vai ligar, depois disso é só você apertar o acelerador e ir meu, não é nada difícil, é como andar em uma bicicleta, só não vá arranhá-la! – Keishi tirou do coldre sua shotgun, prateada com detalhes pretos nos canos, o garoto deu passos a frente indo em direção a porta, lá havia alguns mortos, o garoto com um sorriso estendido nos lábios atirou sem hesitar, o barulho da arma ecoou por aquele posto, provavelmente o barulho atrairia mais daquelas coisas, mas era o jeito mais sensato de matar todos sem gastar munições pequenas. Uma shotgun possui dois canos, por esse motivo, o tiro causa um dano maior, e em maior proporção, podendo atingir até dois inimigos ao mesmo instante, e pela potencia, podendo afastar os outros. Keishi sabia disso e era esse seu plano.

- Anda logo, a gente não tem muita munição, e até os outros virem, não temos muito tempo. – O garoto puxou uma barra de ferro ao lado da porta da loja, rodando-a na mão esquerda, enquanto segurava a shotgun com a direita.

O plano é simples, eu vou para fora batendo nos mais lerdos e matando os que podem me atacar com mais precisão. Eu só não posso ser atingido, enquanto eu abro caminho, a Ayume avança e pega a moto, ela me enche de gasolina enquanto eu distraio os malditos e então tchanan, ela me busca e vamos embora... Só espero que ela não acabe batendo a minha Harley... Bem, agora só falta dar certo.

Keishi dera um sorriso um tanto confiante, mas ainda assim um tanto hesitado, o garoto rodava a barra de ferro com a mão esquerda, por sorte o garoto tinha uma ótima coordenação com ambas as mãos, respirando fundo, o garoto avançou em direção aqueles zumbis, um ataque com a barra de ferro em frente a duas criaturas próximas a eles, levando as ao chão, havia quatro ao redor do garoto, uma a direita mais próximo, e três a esquerda, um movimento errado e esse seria o fim para Keishi.

Ayume seguia Keishi, vendo que o plano do garoto estava indo certo, todas as criaturas iam em direção a eles, as que o garoto derrubara já haviam se levantado para atacá-lo, Ayume fez o que o amigo disse, foi em direção a moto para colocar combustível.

- Já podemos voltar? – Perguntou Zakky. – Vai ser difícil continuar segurando isso... – O garoto estava cansado de agüentar as batidas naquele portão.

- Agüente só mais um pouco. – Mary carregou as malas junto de Hina para o carro, fecharam o porta malas, estavam prontos para sair.

- Já podemos ir. – Disse Hina.

- É... Acontece que se eu sair desse portão eles vão quebrá-lo. – Zakky empurrava o portão com força.

- Entre no carro, assim que eu abrir a garagem vários dos malditos viram para cá, então é melhor a gente correr. – Mary entrou no carro. – Eu nunca dirigi na minha vida. – A garota sorriu.

- Eu sei dirigir. – Disse Zakky.

- Hina, vamos segurar o portão para que o Zakky entre no carro. – Disse Mary saindo do carro e indo em direção ao portão empurrando junto a Zakky.

- Segurem com firmeza. – O garoto se soltou o portão aos poucos e correu para o carro, a chave estava no contato, então bastava ligá-lo, passar as marchas e sair dali. O garoto o fez, ligou o carro, era automático, muito mais simples de dirigir, era um Vectra 2009 Expression Vinho metálico, o carro era pratico e confortável, podia-se passar um dia naquele carro e não havia qualquer problema de dores, bem, Zakky o ligou sem problemas e logo deixou o carro no ponto de partida, o garoto trancou as janelas e destravou a porta abrindo-as para agilizar para as garotas, o garoto buzinou o carro para avisar para as garotas que já podiam entrar, e no mesmo momento apertou o botão do controle remoto dentro do carro para abrir a garagem. Ao ouvirem a buzina, Hina e Mary soltaram o portão ao mesmo tempo e correram para o carro, Hina entrou na parte da frente, enquanto Mary na parte de trás e ambas fecharam a porta já as travando.

- Com certeza eles vão se jogar contra o carro assim que a garagem abrir, ponham o cinto de segurança, vamos atropelar essas coisas. – Zakky estendera um sorriso de ponta a ponta nos lábios e então se preparou para acelerá-lo.

Hina e Mary colocaram o cinto de segurança e seguraram-se nos bancos, o portão da garagem abriu, vários daqueles malditos entraram na garagem correndo para cima do carro, o grupo estava pronto para ir embora.

Keishi ainda estava cercado, o garoto conseguira derrubar um dos zumbis com a barra de ferro, ele não podia soltar sua shotgun, pois iria precisar atirar, e a barra de ferro era tão útil quanto um revolver, o problema é que se ele não guardasse sua Shotgun, acabaria tornando o plano ainda mais arriscado, esse foi o motivo de Keishi voltar a arma para o coldre, logo segurando a barra de ferro com as duas mãos, o garoto bateu com força em um dos zumbis na cabeça, com tanta força que se pôde ver o crânio do mesmo abrir em cima, uma fratura daquelas mataria qualquer um, inclusive um morto vivo. O garoto estava ficando cansado de usar aquela barra, mas não podia gastar mais munições, o problema é que os mortos estavam se agrupando, ficaria difícil sair dali, o garoto batia nos que estavam mais perto e corria para lugares mais vazios, ele tentou ir para o meio da rua, mas cada vez mais mortos vivos chegavam.

- AYUME! – Gritou o garoto. – EU VOU CORRENDO NA FRENTE FAZENDO ESSES MALDITOS ME SEGUIREM, VENHA EM LINHA RETA PELA ESQUERDA QUE VAI ME ENCONTRAR, NÃO FAÇA BARULHO. – Keishi chamou toda a atenção dos mortos para ele, e o garoto saiu correndo arrastando a barra de ferro pelo chão, fazendo ainda mais barulho, fazendo os mortos o seguirem, Ayume entendera seu plano, e então encheu o combustível e dois galões extras, tanto para o carro, quanto para a moto.

Acelerando o carro em direção aos mortos ali na frente, Zakky fez o que podia se chamar de strike no boliche, todos os mortos na frente dele bateram contra o capô do carro e foram caindo para trás, era sensacional a sensação de atropelar tantas “pessoas” ao mesmo tempo, o garoto estava com um sorriso estendido nos lábios, era irônico estar tão feliz por algo assim, mas era realmente excitante uma coisa como aquelas.

Yuri e Lunancie estavam preocupadas, os amigos estavam demorando demais, teria acontecido alguma coisa? Afinal já estava escurecendo. Um barulho de carro estacionando chamou a atenção das garotas que correram para a sacada para ver o que era, parte do grupo havia chegado, trancaram a garagem. As garotas desceram para comunicar o aviso de Keishi, e foi aí que a tensão predominou, a ligação havia sido a 4 horas.


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