Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 39
Tão Precisa...


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais saiu... A história está acabando... Acho que devem faltar uns quatro capítulos agora, talvez menos... Bom, até acabar, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/149979/chapter/39

               Percy e os outros escolhidos seguiram pelo corredor.

               - Precisamos encontrar Harry e Nico – afirmou Thalia -, antes que Cronos e Voldemort os encontre.

               - Ou Voldemort e Cronos vão nos encontrar – observou Rony.

               - Vamos torcer pela segunda opção... – completou Annabeth – Pelo menos estamos em maior número...

               - Hermione, Rony e Gina – disse Percy – Vocês que conhecem melhor essa escola, onde é que aquela escada vai dar?

               - Como saberíamos? – perguntou Hermione – Ela estava se movendo, pode ter parado em qualquer andar. Harry e Nico podem estar em qualquer parte do colégio agora...

               - Isso é mau... Isso é muito mau... O que faremos? – indagou Annabeth.

               Ninguém tinha uma resposta para isso. Sabiam que deviam encontrar Harry e Nico e, depois, Voldemort e Cronos. Mas, como fariam isso? Hogwarts era um castelo consideravelmente grande e eles podiam estar em absolutamente qualquer lugar – apesar de acharem lógico pode dizer que eles não estariam na entrada.

               Seguiram em frente a passos largos. Caminharam sem seguir nenhum caminho em especial, perguntando-se se estavam fazendo a coisa certa. É claro que estavam, pelo menos haviam tirado Cronos e Voldemort da entrada, assim, os campistas e bruxos podiam ter alguma chance contra os monstros e os Comensais. Mesmo assim, a Guerra não estava sendo conduzida como eles esperavam. A noite continuava...

               - Esperem aí – Gina parou de andar.

               - O que foi? – perguntou Thalia. Em um segundo, todos estavam parados - Qual o problema?

               - Shh – fez ela.

               - O garota! – explodiu Thalia – Não faz "Shh" pra mim não, estamos conversadas?

               - Escutem!

               E então todos eles escutaram. Fogo.

               O barulho estava baixo, deveria estar bastante distante, mas ainda assim, era audível.

               - Fogo... Devemos estar perto da torre de Dumbledore – falou Percy.

               - Impossível – disse Hermione – a torre dele fica para o outro lado do colégio.

               - Mas então, o que é esse barulho?

               - Alguém deve ter ateado fogo em algum lugar aqui perto...

               - O que é que nós temos aqui perto? – perguntou Annabeth.

               Hermione parou para pensar.

               - Oh, céus, pelos Deuses, por favor não! – e saiu correndo.

               - Ei! Espere aí!

               E os seis se puseram a correr atrás de Hermione. Viraram alguns corredores, sempre no encalço dela. Subiram uma pequena escada e viraram a direita. Por fim, encontraram-na parada, uma lágrima descia de seu rosto.

               - A biblioteca... – disse por fim – Incendiaram minha querida biblioteca.

               Todos podiam ver, a biblioteca havia se transformado num mar de chamas. Todas as prateleiras emanavam uma quantidade terrível de fogo. Os seis eram capazes de sentir seus corpos queimarem apenas de ficar perto daquele absurdo.

               - Por quê? – perguntou Hermione – Por quê? Primeiro a biblioteca de Nova York, agora a de Hogwarts... Por que fazem isso comigo?!

               É claro que não havia nenhum motivo especial para queimarem as bibliotecas, apenas acontecia de seus inimigos sempre o alcançarem nesses lugares. Annabeth, apesar de não entender nada de magia, também estava comovida pela perda de conhecimento.

               - Não tem ninguém nesses arredores... – disse Percy – Devem ter sido Cronos, ou Voldemort...

               - Isso quer dizer que Harry e Nico estiveram por aqui – notou Thalia.

               - Ou ainda estão... – observou Rony.

               Todos gelaram diante dessa afirmação. Era bem possível que eles ainda estivessem ali.

               - Pelos Deuses – disse Annabeth – Temos que apagar esse fogo!

               Rony, Hermione e Gina ergueram suas varinhas.

               - Aqua Eructo!   

               E jatos de água começaram a ser lançados das pontas de madeira. Percy usou seus poderes, como filho de Poseidon, para dominar a água e auxiliar a acabar com o incêndio. Apesar de que o fogo estava muito forte, eles levaram apenas alguns minutos para apagá-lo completamente. Puderam então avaliar os danos causados.

               As prateleiras, assim como o chão, o teto, e as paredes,  estavam terrivelmente enegrecidas. Dificilmente magia conseguiria tirar aquela sujeira resultante do fogo da parede, somente re-pintando... Os livros estavam quase todos destruídos, desfigurados e não identificáveis. A situação era triste.

               Então, viram o corpo esparramado no chão da sala. Estava próximo da entrada, de forma que o fogo não o havia consumido totalmente, mas tinha causado um estrago considerável. Todos correram para o corpo. Gina sentiu o gosto de bílis na boca, ao pensar que ele poderia ser Harry.

               Ao chegar lá, todavia, todos se surpreenderam com o que viram. O rosto – assim como o corpo – estava desfigurado, mas os bruxos o reconheceriam em qualquer situação. Aqueles olhos ofídicos, as fossas nasais, no lugar do nariz e a careca. Diante deles, Lord Voldemort. Gina levou a mão a boca.

               - Mas o quê...? – Percy olhou para o corpo do Lord das Trevas – O que houve aqui?

               - Acho que Harry e Nico devem ter ganhado a luta... – sugeriu Thalia – É o lógico a se pensar...

               Ficaram olhando o corpo dele por alguns segundos. Então, Voldemort abriu os olhos e esticou os braços, pegando nas calças de Thalia e puxando a garota para mais perto. Percy sacou Contracorrente, assim como os bruxos sacaram suas varinhas.

               - Parado aí – disse ele – Ou corto-lhe os braços!

               No final,  Voldemort ainda não tinha morrido. Estava moribundo e inegavelmente viria a morrer, nem mesmo o melhor dos bruxos poderia salvá-lo do golpe feito pela espada de Cronos e pelo beijo das chamas. Chegava a ser poético que ele tivesse morrido pelo fogo, do mesmo jeito que matara seu rival, Alvo Dumbledore.

               - Esperem... – disse ele, sua voz estava fraca, todos tiveram que fazer bastante silêncio para conseguir ouvi-la – Não foi nem Harry, nem Nico que me matou...

               Percy refletiu por um segundo.

               - Mas então... Cronos?

               Voldemort assentiu com a cabeça.

               - Por quê?

               - Ele me traiu... Chamou Harry para se juntar a ele. Eu disse que não... Eu não tinha mais qualquer utilidade para ele então... Aqui estou...

               Todos estavam no mais completo silêncio.

               - Desgraçado... – continuou Voldemort – Ele não pode ganhar, não o deixem ganhar.

               - Qual é o ponto fraco dele? – perguntou Thalia, uma espadada no coração certamente não era o seu ponto fraco, o que seria?

               O Lord das Trevas balançou negativamente a cabeça.     

               - Receio que não saiba... Mas quanto aquela Deusa que eu seqüestrei...

               Thalia apurou os ouvidos. Artemis, finalmente!

               - Seqüestramo-la para forçar você, Thalia, a matar seu próprio pai, Zeus... Era uma espécie de ameaça – Voldemort sorriu – No final não serviu para nada, serviu?

               - Onde ela está? – perguntou a filha de Zeus séria.

               - Artemis... – Voldemort continuou devaneando – Cronos me pediu um lugar seguro para escondê-la... Um lugar no qual ninguém, jamais a encontraria... Nem mesmo os Deuses são capazes de sentir sua presença de lá. Ordenei que Draco a escondesse...

               - Mas onde ela está?! – perguntou Thalia novamente, dessa vez, num tom de voz mais desesperado enquanto sacudia Voldemort pelos ombros – Diga-me!

               - Ah, Artemis... Vocês talvez vão precisar dela para ganhar essa luta. Todo Deus é necessário.

               - ONDE VOCÊ A ESCONDEU?! – ela sacudia Voldemort mais fortemente.

               - Sim, sem dúvida, precisarão dela. Vocês precisam... Todos precisam de alguma coisa, não vêem. Eu precisava... Agora vocês precisam... Ela é precisa...

               E, com um último suspiro, Lord Voldemort morreu.

               Thalia segurou-o pelos ombros por mais alguns segundos, recusando-se a acreditar que ele havia morrido sem revelar a localização de Artemis.

               - Não! Não! Não, não, não! – gritava ela – Acorde! Acorde já e me diga onde ela está...

               - Thalia... – chamou Percy.

               - NÃO! Ele vai me dizer! Se ele morrer, Artemis ficará presa, em lugar-nenhum, para sempre. Ele tem que revelar a localização. Eu preciso de minha Deusa... – lágrimas escorriam de seus olhos.

               - Thalia... – disse Rony, colocando sua mão no ombro dela – Ele já está morto...

               - Estranho – notou Hermione  -, ele estava delirando antes de morrer. Mas por que ficou falando tanto de que nós precisávamos de alguma coisa? Artemis é precisa...

               Gina foi a primeira a perceber.

               - Por que nós precisamos dela, não vêem? Voldemort disse onde escondeu Artemis.

               - Onde? – perguntou Thalia, com um brilho de esperança nos olhos.

               Hermione compreendeu também.

               - Na Sala Precisa.

               - O quê? – perguntou Percy.

               - É uma sala daqui de Hogwarts – explicou Hermione – É claro, faz sentido... Voldemort disse que Cronos queria um lugar no qual ninguém procuraria... Bom, pouquíssimas pessoas sabem da existência dessa sala e, quem pensaria em procurar uma Deusa lá dentro? Ele até disse que pediu para que Draco a escondesse... Por que não a escondeu sozinho? Por que não podia simplesmente entrar em Hogwarts sem ser visto. Ele precisou de um auxiliar daqui de dentro.

               - É perfeito! – notou Gina – Como essa sala, tecnicamente, não existe, os Deuses não são capazes de sentir Artemis...

               - É isso – terminou Hermione – É lá que Artemis está.

               - E o que estamos fazendo aqui? Onde essa sala fica?! – indagou Thalia.

               - Ainda precisamos encontrar Harry e Nico – notou Rony – Se Cronos já matou Voldemort, é provável que esteja atrás dele enquanto conversamos.

               - Certo – disse Percy – Nesse caso, Gina, Hermione, mostrem a Thalia onde fica essa tal Sala Precisa. Guiem-na até lá e recuperem Artemis, ela pode nos ser útil nessa batalha, já que os Deuses foram resolver outros problemas. Eu, Annabeth e Rony iremos encontrar Nico e Harry.

               Todos assentiram.

               - Não demorem – acrescentou Percy – Assim que resgatarem Artemis, juntem-se a nós...

               E as três garotas saíram correndo da biblioteca, em direção à Sala Precisa.

Alguns minutos antes...

               Dumbledore abriu os olhos lentamente.

               Estava tudo fora de foco. Ele tateou a mesinha ao seu lado até que, por fim, sentiu seus óculos meia-lua. Pegou-os e colocou-os a frente dos olhos. O mundo ficou mais nítido, tomando suas verdadeiras formas. Ele olhou ao seu redor. Estava na Ala Hospitalar.

               O que significava isso tudo? Lembrava-se de estar em sua sala, lutando com Voldemort e protegendo Harry. Havia fogo. Harry fugira, assim como Voldemort e... Branco total. Agora acordava aqui, nessa cama tão pouco confortável.

               - Ah, olá, Dumbledore – disse uma voz ao seu lado – É bom ver que está bem, não sabe o susto que me deu... Como está se sentindo?

               - Como se tivesse sido espancado por um taco de baseball – disse o diretor sem delongas. Olhou para o lado e encontrou ninguém menos que seu velho amigo, Quíron, o Centauro – O que houve?

               - Eu contei toda a verdade aos semideuses, assim como você fez com os bruxos, e nós viemos ajudá-los na Guerra. Quando chegamos, vi as chamas em sua torre e subi lá para ver o que era. Quando por fim cheguei ao seu escritório, havia muita fumaça no local, mas eu encontrei você desmaiado no chão. Deve ter desmaiado por falta de oxigênio, havia muita fumaça lá. Então, peguei-o e trouxe para cá. Aquela mulher, como é mesmo seu nome, Pomdey? Pomgey? Enfim, a pom-qualquer-coisa cuidou de você... Ela ficou me mandando sair daqui, dizendo que eu só estava piorando sua recuperação, mas achei que não. Quando você acordasse iria querer alguém do seu lado para explicar o que houve. E estava certo.

               Quíron sorriu. Dumbledore retribuiu o sorriso.

               - Obrigado, Quíron, como sempre, você me é de grande valia...

               O professor fez um esforço para se levantar, quase caiu, todavia. Mesmo assim, tentou se levantar novamente. A Guerra ainda estava acontecendo, ele não tinha tempo para ficar deitado em seu leito de enfermo. Concentrou todas as suas forças em seus pés e ergueu-se.

               - Arghh... – uma forte dor de cabeça lhe veio – Devo ter batido a cabeça quando desmaiei... Bom, terei que dar um jeito nisso mais tarde, é melhor irmos...

               Mas antes que saísse, o diretor não resistiu em dar uma olhadinha pela janela e ver como a Guerra se desenrolava. A Ala Hospitalar ficava bem de frente para a entrada de Hogwarts. Chegou em tempo de ver. Os Escolhidos estavam nos portões do colégio, e falavam com Voldemort e Cronos, no meio de uma multidão de bruxos, Comensais, monstros e semideuses. Então, depois de alguns segundos, Thalia ergueu sua espada e atirou no coração de Cronos.

               O coração de Dumbledore bateu mais devagar quando ele viu isso. Ela conseguira! Matara Cronos!

               - Quíron, venha ver isso! – chamou o diretor e o centauro se aproximou da janela a tempo de ver a espada fincada no peito de seu inimigo.

               - Não... – Quíron não conseguia acreditar – Venc...

               Ele parou a frase na metade, pois Cronos sorriu. Dificilmente alguém que leva uma espadada no coração, sorri. Algo estava errado. O titã levou sua mão até a espada e arrancou-a de seu corpo, ainda com um sorriso no rosto.Puderam ver seu lábio se mexendo, mas nenhum dos dois foi capaz de dizer o que ele falava.

               Afastaram-se da janela.

               - Pelos Deuses – falou Quíron -, o que isso quer dizer?

               - Ele devia ter morrido! – exclamou Dumbledore –Bem no coração! Como ele ainda está de pé?! Os Oito estão reunidos, assim como diz a Profecia...

               Quíron sabia que havia algo lhe incomodando. Desde  o primeiro momento que pusera os olhos nessa tal Profecia, algo vinha lhe atormentando, mas ele não seria capaz de dizer do que se tratava. Apenas sabia que tinha haver com isso. Algo estava muito errado...

               - A não ser que... – uma idéia começou a tomar forma na cabeça de Quíron – Essa seria a única alternativa lógica...

               - Do que você está falando? – perguntou Dumbledore.

               - Bem, existe um pequeno detalhe em "matar Cronos"... – começou o centauro.

               E então, explicou ao diretor no que tinha pensado.

               Uma terrível tempestade se alastrava sobre o Atlântico. Algo que nenhum dos meio de previsão do tempo dos mortais conseguiria explicar. Ela simplesmente viera do nada e estava devastando tudo. Os Estados Unidos entraram em alerta máximo, temendo que essa tempestade – um possível furacão/tsunami chegasse até a costa leste, destruindo tudo, da Florida até Nova York.

               Eles não saberiam da verdade, pois a Névoa os impedia de ver. Mas, na verdade, essa tempestade tratava-se de um luta entre Deuses.

               Ares estava cercado por todos os dez Deuses do Conselho.  A situação não estava nada bonita. Sim, ele até podia ser o Deus da Guerra, mas isso não significava que ele fosse capaz de enfrentar dez Deuses sozinho. Voldemort, pensou ele, maldito, me traiu e deu com a língua nos dentes... Eles haviam planejado isso desde sempre, como ele pudera ser tão idiota a ponto de pensar que eles lhe entregariam o Olimpo? Não importa, agora tinha que arcar com as conseqüências.

               - Então, Ares – disse Zeus – Isso pode ser do jeito fácil, ou do difícil.

               - Nada comigo é fácil  - afirmou o Deus com uma certa presunção.

               - Não irá se entregar então?

               - Hmpf, o que você acha?

               E saltou para cima de Zeus, criando a partir do ar uma enorme maça de guerra. Brandiu-a no ar pronto para cravar a bola de metal na cabeça do Deus dos Céus. Poseidon, contudo, foi mais rápido. Fez com que uma enorme torrente de água subisse do oceano e aprisionou Ares nela.

               - Acha mesmo que pode ganhar de mim aqui? Logo acima do oceano?

               Ares girou e saltou para fora da água na qual fora aprisionado. Ele saltou em direção a Atena.

               - Eu sei que posso – Ele havia criado uma lança e brandia-a na direção da Deusa da Sabedoria. Mas, dessa vez, fora Apolo quem a protegera, usando um grande escudo feito de chamas. Ele era o Deus do Sol, afinal de contas.

               - Ares... – suspirou ele – Isso nem sequer dá graça, apenas desista...

               O deus girou sobre si mesmo, transformando sua lança numa espada de dois gumes. O giro tinha a intenção de acertar Apolo pelas costas, mas Hermes protegeu o Deus do Sol, colocando-se na frente desse, também com um escudo.

               - Argh! – disse Ares – Eu exijo um combate singular!

               - Um combate singular?! – Explodiu Zeus – Quando você se virou contra o Olimpo, você não se virou contra comente um de nós, você se virou contra todos. 

               Ares cuspiu no oceano.

               - Então essa é a honra dos Deuses, eu imagino.

               - Você não merece honra, é um traidor. Mas eu vou lhe mostrar que estou acima do seu nível, vou lhe dar o seu combate singular.

               Ares  sorriu. Sabia que, numa luta mano-a-mano, ele era imbatível. Ele era o Deus da Guerra por um bom motivo, afinal de contas. Zeus encarava-o friamente.

               - Então é isso, eu suponho? – perguntou ele.

               - Isso o quê? – indagou Ares petulante.

               - Sabe, eu nunca gostei de você. Ainda assim, esperava que você tivesse algum valor como Deus... Como pode fazer uma coisa dessas? O que Cronos lhe prometeu em troca?

               - Nada. Ele não precisou me prometer nada, eu fiz tudo isso apenas pelo gostinho de ter uma luta. E sabe, acho que me superei: uma luta entre dois Mundos... – ele sorriu.

               - Está mentindo – interrompeu Atena – Eu vejo em seus olhos.

               Ares encarou-a.

               - Como se atreve a me acusar de mentiroso?!

               - Eu estou apenas comentando o que vejo.

               - Certo, vocês querem saber porque abandonei o Olimpo? Por que estou farto de todos vocês! Zeus, seu velho arrogante, você sempre acha que está com a razão e pode sair fazendo o que quiser, sem problemas. Atena, você é a definição de petulância. Você é a Deusa da Sabedoria, e daí? Pare de ficar se achando a poderosa! Estou cansado de todos vocês. Cronos me ofereceu um mundo novo... Um mundo sem vocês. Ele me faria Senhor do Olimpo e então eu governaria como bem quisesse.

               - Ares, como pode ver, te traiu – notou Poseidon.

               - Nem tinha notado – disse Ares sarcasticamente – O que eu não esperava é que Cronos e Voldemort tivessem outros planos para o Olimpo...

               - O que quer dizer? – perguntou Atena.

               - Oras, você não é a Deusa da Sabedoria? Responda-me você! Por que você acha que seus inimigos me entregaram?

               Todos os Deuses se calaram.

               - Não acham engraçado que todos vocês estejam aqui, enquanto os Escolhidos estão sozinhos no castelo, lutando contra um titã e um bruxo das trevas?

               Nenhum barulho, além do agitar das ondas abaixo deles, fazia-se ouvir. A chuva molhava o rosto de todos os Deuses, deixando-os ensopados.

               - Vão – disse Zeus friamente.

               - Hã? – perguntou Hefesto – Para onde?

               - Voltem para Hogwarts. Eu ficarei aqui e acabarei com esse traidor, já é hora de darmos um fim a essa Guerra...

               Os Deuses não precisaram de uma segunda ordem, dispersaram em direção a Inglaterra. Zeus olhou bem fundo nos olhos de Ares.

               - Esse caminho que você escolheu, não tem volta, sabia disso?

               - Desde que aceitei trabalhar com Cronos.

               - Eu não vou lhe dar misericórdia.

               - Nunca esperei por isso.

               Zeus suspirou.

               - Assim sendo... – ele agitou seus braços, uma forte luz tomou conta da noite. Zeus havia conjurado um de seus raios. Ele estendeu seus braços para trás e com um movimento simples, mas não desprovido de força, atirou a fonte luminosa em direção ao Deus da Guerra – Eu lhe condeno ao Tártaro.

               O inimigo não fez questão de se mover. Sabia que brigar era inútil. Sim, talvez fosse capaz de vencer Zeus num combate singular, mas e depois? Certamente não venceria todos os outros Deuses. Podia encontrar Cronos e Voldemort, mas eles já lhe havia traído, não o ajudariam nisso. Assim sendo, não tinha para onde correr. Não tinha motivo algum para fugir do raio.

               A luz acertou-o no peito. Depois de toda aquela Guerra, era quase reconfortante. Ele respirou aliviado e se foi. Traídor, traído, e sozinho.

               Cronos voltou para a entrada de Hogwarts. Teve uma idéia melhor do que ficar seguindo aquele bando de adolescentes. Iria apenas continuar destruindo o castelo. Se quisessem impedi-lo, os Escolhidos que viessem procurá-lo.

               Quando atravessou os portões do colégio, sorriu abertamente.

               Estavam ganhando.

               Toda a escola já estava em ruínas, tanto os bruxos como os semideuses já estavam cansados de lutar. Os monstros por outro lado, pareciam dispostos a mais algumas batalhas. Raios de luz, gritos, espadadas, ferroadas. Tudo tomava o local.

               - É triste anunciar... – disse Cronos numa voz extremamente grave, chamando toda a atenção para si. Todos pararam de lutar para ouvir o que o titã tinha a dizer. Apenas ouvia-se o barulho da chuva caindo e molhando o cabelo de todos – É triste anunciar: Lord Voldemort está morto.

               Ouviu-se algumas onomatopéias oriundas dos Comensais.  Os campistas e estudantes, por outro lado, esboçaram algo que se parecia com um sorriso – nas atuais circunstancias, um sorriso seria bastante difícil.

               - Os Escolhidos – continuou o titã – mataram-no. Eu tentei protegê-lo, mas cheguei muito tarde. Reconfortem-se sabendo que ele lutou bravamente.

               - Vou me reconfortar com o sangue dos Escolhidos em minhas mãos! – berrou Bellatrix, sedenta por vingança.

               Cronos sorriu ainda mais. Era essa a reação que ele esperava dos Comensais.

               - Se não conseguiram deixar seu mestre sem vingança – disse ele – então direcionem todo esse ódio para seus inimigos, que o mataram! Ataquem agora! Vamos dar um fim a isso de uma vez por todas, destruiremos o castelo agora! Pelo amanhecer, teremos tomado todo o Mundo Bruxo! NINGUÉM PODE NOS IMPEDIR!

               Não somente os Comensais, mas também os monstros, urraram de felicidade. Agora estavam revigorados. Vingariam Voldemort com toda certeza, nada os impediria disso...

               Gina e Hermione corriam a frente de Thalia.

               Elas voavam pelos corredores, virando e virando novamente, de forma que a semideusa era incapaz de formular um mapa em sua cabeça. Nessa parte do castelo, que ficava mais para o fundo, quase não houvera luta. Assim, o local ainda mantinha boa parte de sua forma original – isso é, com as paredes perpendiculares ao chão, portas e tochas. O local estava vazio, visto que quase todos estavam na entrada de Hogwarts.

               Por fim, pararam em frente a uma parede vazia.

               - Por que pararam? – perguntou Thalia desesperada – Temos que ser rápidas...

               - Chegamos – anunciou Gina.

               - Do que estão falando? Aqui não tem nada!

               - A Sala Precisa – explicou Hermione – é uma sala mágica, ela só se abre para aqueles que precisam de alguma coisa...

               - E como fazemos para pegar Artemis então? – perguntou ela curiosa.

               - Bem, teríamos que saber exatamente o que foi que Draco pediu quando escondeu a Deusa. Ele pode ter pedido simplesmente "um lugar para guardar coisas", nesse caso a Sala se abriria de uma forma para ele. Assim como ele pode ter pedido "um lugar no qual ninguém nunca procure", nesse caso, a Sala se abriria de outra maneira, entende?

               - E como iremos descobrir em qual dessas "salas" Artemis está? – perguntou Thalia impaciente.

               - Esse é o problema. Não tem como.

               - Podemos tentar... Precisamos de um lugar para esconder um Deus – sugeriu Gina.

               Uma porta em relevo começou a surgir onde antes havia pedra sólida. Quando ela completou sua aparição e elas abriram-na, entristeceram-se. Não tinha nada lá. Era apenas um cubículo vazio. Certo, podiam esconder um Deus ali, ninguém ia vê-lo. Não podiam culpar a Sala Precisa, mas não fora isso que Draco pedira.

               Fecharam a porta e esperaram que ela desaparecesse. Todas ficaram em silêncio, esperando que uma delas tivesse uma boa idéia. O rosto de Thalia era de desespero. Artemis sacrificara-se por ela. Era tudo culpa dela. Era missão dela salvar Artemis, ela sabia disso. Mas como? Como?

               - Eu preciso... – disse a garota, quase que murmurando, com um enorme peso no coração – Eu preciso encontrar minha Deusa. Preciso de Artemis...

               E então, novamente, uma porta em relevo surgiu na pedra. Um calor tomou conta de Thalia, ela sentia que dessa vez havia feito algo certo. Sim, ela tinha acertado. Apenas uma porta a separava da Deusa da Caça agora. Era apenas uma questão de segundos e ela estaria mais uma vez livre.

               Ela abriu a porta e, naquela sala, viu Artemis.

               Harry e Nico ainda corriam, sem olhar para trás.

               - Acha que ele ainda está atrás de nós? – perguntou o filho do Mundo Inferior.

               - Não sei – respondeu o bruxo da cicatriz – Mas precisamos encontrar os outros. Sem eles não poderemos derrotá-lo. Além disso, precisamos contar a eles sobre Voldemort. O que foi aquilo tudo?

               - Cronos quer você no time dele – explicou Nico – Voldemort não queria. Os interesses dos dois se separou nessa hora, então, imagino que o Lord das Trevas tenha se tornado pouco útil para o titã do Tempo...

               - E então Cronos o traiu?

               - Não devia ficar surpreso. Na mitologia grega, traições são bastante comuns.

               Aquilo por algum motivo, embrulhou o estômago de Harry. Continuaram a correr em silêncio, até que numa curva, eles quase bateram em três pessoas que também vinham correndo.

               - Harry?! – gritou Percy – Graças aos céus o encontramos!

               - Não vão acreditar no que aconteceu – começou ele sem delongas.

               - Já sabemos de Voldemort – explicou Rony – Vimos a biblioteca...

               - Onde estão Thalia, Gina e Hermione? – indagou Nico.

               - Foram resgatar Artemis – disse Annabeth – Temos que sair daqui.

               - Resgatar Art... – tentou Harry, mas todos já tinham se disposto a correr.

               - Explicamos depois – esclareceu Percy – Se Cronos não está atrás de vocês, como pensávamos, ele só pode estar em um lugar...

               E então, quase que cronometradamente, chegaram aos portões de Hogwarts. Ao chegarem lá, não puderam deixar de se surpreender com o que viram. Viram sangue. Viram morte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ah, sem criatividade, para escrever um notas finais agora. Se tiverem algo a comentar, comentem aí. Se não tiverem, bem, pelo menos me mandem um "oi", só pra eu saber que vocês leram...