Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 38
A Glória dos Traidores


Notas iniciais do capítulo

As coisas estão ficando bastante sérias nessa Guerra. Grandes acontecimentos nesse capítulo... Espero que gostem!



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               Hades olhou bem para tudo que havia ao seu redor. Piscou. Piscou novamente. Ele estava achando tremendamente difícil de acreditar no que via.

               - Mas o quê... – ele disse por fim, rompendo o silêncio – O que todos esses mortos vivos fazem aqui? Francamente, eu viro as costas por cinco minutinhos, e quando volto todos os meus prisioneiros, digo, hóspedes fugiram?! O que significa isso?!

               - É inferi... – deduziu Atena.

               - Inferi – Hades se lembrou da existência dessa magia – Sinceramente, vocês não sabem como esse feitiço me deixa louco! Onde já se viu? Pegar os meus mortos e trazer de volta?! Se algum dia eu encontrar quem inventou esse feitiço... – ele parecia estar realmente irritado – E por que ainda estão aqui? Quero todos os mortos vivos já para o Mundo Inferior, vamos com isso!

               Os inferi começaram a se deslocar para seu devido lugar.

               - Pai – pediu Nico, dando um passo a frente – Não acha que seria melhor mantermos os mortos aqui, para ficarmos em maior número?

               - Nico... – Hades estava desconfortável com a situação – Os mortos não são brinquedos... Eu não odeio a magia de Inferi por que cria desordem no Mundo Inferior... Mas as almas dos mortos me foram confiadas para que eu tomasse conta delas. Por mais que eu desgoste desse trabalho, não gosto quando alguém perturba a paz dos mortos. Eles não tem nada com questões dos vivos... Deixe-os fora disso.

               Ninguém ousou dizer nada contra isso. Os Deuses concordavam, os inimigos estavam contentes de não ter que enfrentarem mortos-vivos e os bruxos e semideuses não queriam discordar de forças divinas... Assim, os mortos apenas se desfizeram, retornando ao Mundo Inferior.

               Zeus acenou com a cabeça, claramente aprovando a atitude de Hades.  Virou-se para Voldemort.

               - Você ainda pode se render... – afirmou Zeus – Nesse caso, apenas o destruiremos...

               - E se eu não me render? – perguntou o Lord, petulante.

               - Nesse caso, perderá a luta. E iremos lhe dar um destino muito pior do que a morte, lhe garanto...

               Todos estremeceram, mas Voldemort não se deixou abalar.

               - E o que lhe dá toda essa certeza de que eu irei perder?

               - Somos 11 Deuses, muitos semideuses e bruxos. E vocês...

               Voldemort sorriu.

               - Vocês se esquecem de algo... Cronos está conosco. Não apenas um titã, mas o mais poderoso dos titãs! Dumbledore está morto e, em breve, os Escolhidos também estarão. Nós já ganhamos essa luta.

               - Isso ainda não muda o fato de que você terá que enfrentar 11 Deuses – notou Deméter – Por falar nisso, onde está Artemis? Entregue-a logo.

               - Tem razão, ainda teremos que enfrentar todos vocês – concordou Voldemort – Mas vocês se esquecem que nós sabemos de seu ponto fraco... – Zeus gelou. Ele não poderia saber. É impossível, ele tinha guardado o segredo, muito bem guardado... Seus filhos não poderiam... – Avada Kedavra é uma magia poderosa, sabia? Até mesmo Artemis caiu de joelhos perante essa força...

               Zeus respirou aliviado. Então ele não sabia o verdadeiro ponto fraco, apenas uma outra coisa sem sentido... Voldemort sorriu.

               - Avada Kedavra! – ele mirou em Zeus.

               O Deus apenas desviou o raio de luz verde com um olhar.

               - Sim, essa sua magiazinha pode fazer um dano e tanto. Mas não pense que é simplesmente usá-la e pronto, a luta está vencida... Artemis se deixou ser capturada para salvar suas Caçadoras, mas nós não seremos assim, eu te prometo.

               E ao dizer isso, lançou um raio contra Voldemort. Este aparatou, fazendo com que o raio atingisse o nada. A luta tinha sido iniciada.

               - Luke? – Annabeth não acreditava no que via.

               - Annabeth... – respondeu ele.

               - Você não é o Luke... – disse a garota com uma voz contida, quase como se lhe doesse dizer aquilo – Você é Cronos.

               - Não, escute, eu tenho pouco tempo – disse Cronos – Eu sou Luke, eu ainda estou aqui dentro, Cronos tomou o controle do meu corpo, mas eu ainda consigo retomar esse controle por alguns segundos...

               Annabeth não sabia o que dizer sobre isso.

               - Você pode até recuperar o controle, Luke, mas isso não melhora todas as coisas terríveis que você fez...

               - Sim, eu sei – disse ele ressentido – Tudo o que fiz foi errado, é verdade. E mil perdões não seriam o bastante... Mesmo assim, por mim... Por favor, me ajude... Por nós, não desista de mim.

               - Luke... – a garota não sabia o que dizer.

               - Por favor... – disse ele, em seguida balançou a cabeça e pareceu mudar sua atitude, sua voz se agravou – Annabeth, a que devo o prazer?

               - O quê? – Ela entendeu, Cronos havia voltado.

               - Hm, deixe pra lá – disse o Titã – Ainda tenho uma Guerra a vencer.

               E foi embora. Annabeth ficou vendo-o partir para o campo de batalha, completamente impotente. Ela queria, ela tinha que salvar Luke. Por seu amigo, pelos velhos tempos, por tudo... Ela tinha que salvá-lo.

               A filha de Atena não viu, pois Cronos estava de costas para ela, mas o titã sorria. Era tão fácil enganar o coração de uma garota. "Eu ainda estou aqui dentro, me ajude, Annabeth...", bastava uma mentirinha dessas e pronto, a garota tinha sido conquistada. Ele sorriu triunfante. Sem Annabeth, os Escolhidos não poderiam fazer nada, visto que somente unidos – segundo a Profecia – eles obteriam vitória. E, bem, Annabeth não estava muito disposta a atacar "Luke" agora. Cronos entrou na batalha, sorrindo.

               Visto que os Deuses estavam cuidando do lado de fora, Rony, Hermione e Gina entraram no castelo, para auxiliar os alunos e campistas que lá batalhavam. Todos estavam com um grande pesar no coração. Dumbledore... Como pudera? Numa hora estava lá, e na outra, Voldemort estava anunciando sua morte. Ele iria pagar muito caro por isso. Fogo...

               - Expelliarmus! – bradou Hermione, desarmando um Comensal. Apesar de tudo, agora que o diretor estava morto, sentia-se como se a batalha já estivesse perdida. Mesmo que eles ganhassem, eles perderiam, pois suas vidas jamais seriam as mesmas.

               Snape duelava dignamente, ao lado de seus alunos, defendendo sua escola.

               - Francamente – berrava ele aos seus inimigos -, eu já lutava melhor que vocês quando tinha apenas sete anos! Vocês realmente chamam isso aí de fazer magia? Sectumsempra!

               E um Comensal caía no chão, numa poça de sangue. Ele parecia, com  a mesa facilidade, lidar com os monstros. Um jato de luz e um exército de estátuas vivas ruía. Tudo parecia ir bem, até que ele avistou eles entrarem no castelo.

               - Hm, e o que temos aqui? – disse Bellatrix entrando no castelo, com um sorriso, quase como se não houvessem Deuses lá fora querendo vê-la morta. Estava acompanhada por Fenrir Greyback e Lucio Malfoy – Olhem lá! É o Severo Snape! Snapeeee!

               - Bellatrix... – Snape suspirou – Alguém devia grampear a boca dela.

               - Encarcerous! – Rony gritou, e sua corda mágica percorreu a sala em direção a Comensal.

               - Finite Incantatem! – Lucio parou a corda na metade do caminho – Por que essa pressa toda, quer tanto assim morrer?

               - Lúcio... – cuspiu Rony – Eu esperei minha vida toda para dizer isso a você: você e sua arrogância me enojam. Detesto sua prepotência e detesto o jeito como trata todos ao seu redor, como se fosse superior...

               - Eu sou superior: sou sangue puro! Ao contrário dessa sua amigazinha de sangue-ruim...

               - Como ousa?! – Rony bradou sua varinha- Lave esse bueiro que você chama de boca para falar de Hermione! Crucius!

               O Comensal parou a magia com um simples Protego não verbal.

               - Uiiii – Bellatrix explodiu – O ruivinho ficou nervoso quando falou da garota, não é? Estão namorando? Isso quer dizer que eu não posso fazer nada contra ela? Nada como isso: Avada Kedavra!              

               Um raio de luz verde disparou da  varinha de Bellatrix, indo em direção à Hermione.

               - Nããão! – Slughorn, aparentemente vindo do nada, se interpôs entre a magia e a aluna exemplar.

               O professor caiu no chão, frio. Seus olhos estavam vazios, mortos. Sua pele era de uma palidez mortal. Slughorn estava morto.

               - Não! – Gina agachou-se, para ficar na altura do professor deitado – Professor! Professor Slughorn! Você não pode morrer!

               - Ops... – fez Bellatrix – Acho que errei... Não tem problema: Avada Kedavra!

               Snape foi que se interpôs dessa vez, mas bloqueando a maldição com uma magia não verbalizada.

               - Saiam daqui – disse Snape sem olhar para os alunos.

               - O quê? Não sairemos – disse Hermione ultrajada.

               - Saíram.

               - Você irá enfrentar esses três Comensais sozinho?

               - Minha vida é irrelevante, comparada a de vocês – falou Snape – São os Escolhidos, se morrerem, todos morremos. Vocês tem que viver, não importa o que aconteça. Por isso Slughorn se sacrificou por você, Hermione, não deixe que sua morte seja em vão.      

               - Mas não queremos que você...

               Snape revirou os olhos e nunca deixou que a garota terminasse a frase.

               - Depulso! – sua magia empurrou os três alunos através de uma pequena porta. Quando eles a atravessaram, voando, ele a fechou e a trancou com magia, para que não voltassem. Olhou para seus inimigos – Agora somos só nós...

               - Ou você é muito corajoso – disse Lúcio -, ou muito burro. Avada Kedavra!          

               - Protego!

               Lobo Greyback saltou sobre Snape, mostrando suas mandíbulas e com vontade de tirar um pedaço bem carnudo do professor.

               - Depulso! – lançou Snape, fazendo com que Fenrir voasse para trás, batendo contra a parede – Expelliarmus!

               - Crucius!

               Raios começaram a ser disparados em todas as direções. Snape os defendia valentemente.

               - Desista, Severo – afirmou Lúcio – Por melhor bruxo que seja, jamais irá ganhar de nós três.

               Snape sorriu.

               - Meu objetivo não é ganhar de vocês... – todos ficaram com pontos de interrogação nas faces – É apenas dar tempo para que Hermione, Gina e Rony vão para bem longe de vocês.

               - Miserável! Avada Kedavra!

               - Protego!

               - Bellatrix, Fenrir – afirmou Lúcio – Vão atrás dos pirralhos e não os deixem vivos. Eu cuido de Severo.

               - Gostaria de vê-lo tentar...

               Quando Bellatrix e Fenrir se aproximaram da porta, todavia, Snape os repeliu.

               - Sinto muito, já disse que ninguém passa.

               - Imperio!

               Snape redirecionou o feitiço, com sua varinha, de forma que ele acertasse a parede.

               - Realmente quer morrer por eles, Snape? – perguntou Fenrir curioso.

               - Eu morreria pelo Mundo Bruxo, se é o que quer saber. Mas não tenho a intenção de morrer hoje. Pelo menos não nessa batalha.

               - Então acha que ganhará de nós? – indagou Bellatrix.

               - Não.

               - Então no que você está pensando?! – a Comensal não suportava esses joguinhos.

               - Sabem, acho que já deu tempo o bastante deles fugirem. Mas me digam, sabiam que Dumbledore desativou o sistema anti-aparatação de Hogwarts? Em tempos de guerra, isso pode nos ser útil...

               E não ficou para ver a cara de surpresa dos Comensais, aparatou para fora da sala.

               A batalha na entrada de Hogwarts parecia já estar vencida. Os Deuses não estavam tendo muita dificuldade em subjugar alguns bruxos e monstros. E Cronos, tão falado por Voldemort, ainda nem mostrara as caras.

               Thalia girou sobre si mesma, dançando com sua espada e acertando vários de seus inimigos consecutivamente.

               - Vamos lá! – gritava ela – Agora que estão em menor número não estão mais tão corajosos, estão?!

               E cortou uma dracaenae, partindo para cima de um Comensal.

               Nico seguia o mesmo exemplo da Caçadora, dançando com a espada – apesar de não demonstrar todo o estilo que Thalia mostrava, diga-se de passagem.

               Ninguém sequer notou quando Harry e Percy voltaram da Casa dos Gritos, de tão focados que estavam na luta. Os dois não se incomodaram em enfrentar nenhum Comensal ou monstro, os Deuses estavam se saindo muito bem nisso. Apenas atravessaram o campo a passos largos até que alcançassem Zeus.

               - Senhor – Harry chamou a atenção, tentando parecer educado. Afinal de contas, era com um Deus que ele falava.

               - Se tem tempo para falar, bruxo – e a palavra foi usada num tom pejorativo -, lute!

               - Mas temos uma informação importante...

               - Depois da guerra! – disse ele lançando outro raio.

               - Zeus – Percy chamou a atenção para si –, desculpe-me, mas temos uma informação importante e precisamos que você nos escute. Agora.

               O Deus parou de lutar.

               - É bom que essa "informação" seja mesmo importante, do contrário, eletrocutarei ambos!

               Harry e Percy explicaram a Zeus tudo o que haviam descoberto na Casa dos Gritos, começando a narrativa desde o encontro de Harry com Cronos, passando pela passagem secreta, até a descoberta da moto. Falaram também sobre o sonho de Percy, e o traidor que havia estado na casa, revelando os planos do Conselho.

               Zeus ouvia a tudo aquilo com os olhos cada vez mais arregalados. Ele sabia o que aquilo significava, apenas não entendia o porquê. Recusava-se a acreditar...

               - E o que vocês estão tentando me dizer é...? – ele nem queria terminar a frase.

               - Ele é o traidor – falou Percy.

               Zeus suspirou.

               - Sabem que essa é uma acusação muito séria, não sabem?  Ele não vai gostar nada de ser acusado de traidor, caso seja inocente...

               - Mas ele é, de fato, um traidor. A moto! Tudo se encaixa perfeitamente!

               Ouviram uma risada vinda do lado deles. Voldemort caminhava lentamente em direção aos três, descalço.

               - Perdoem-me – disse ele –, mas não pude deixar de ouvir a conversa de vocês...

               Zeus atacou-o, mas o bruxo aparatou e desaparatou ao lado deles.

               - Acalme-se! Se me matar agora, nunca saberá da verdade.

               - Que verdade?

               - Sim, ele é um traidor – admitiu Voldemort – Eu confirmo isso. Ele esteve nos auxiliando esse tempo todo...

               - Por quê? – indagou Zeus.

               - Isso não compete a mim, ele estava disposto a ajudar, eu estava disposto a aceitar ajuda, o que posso dizer?

               Bem, é claro, na verdade, fora Voldemort quem andara em direção à Casa dos Gritos, no começo de tudo. Fora Voldemort quem  criara e propusera todo o plano. Naquela noite, estavam ele, o traidor e Cronos.

               - Isso quer dizer que... – Zeus estava quase explodindo por dentro – AREEEES! – e terminou explodindo por fora também.

               Seu grito ecoou por toda Hogwarts, se estendendo até mesmo a vilarejos próximos. Ares, o Traidor. Percy descobriu tudo quando viu a moto do Deus estacionada em frente a Casa dos Gritos. O único Deus que utilizaria uma moto. O único que seria suficientemente estúpido a ponto de deixar para trás uma evidência tão óbvia. Provavelmente, o único que trairia todo o Olimpo: Ares.

               Todos pararam a luta. Silêncio total.

               - Sim? – perguntou o Deus da Guerra.

               Os olhos de Zeus pareciam estar em chamas vivas. O Deus dos Céus ergueu seu enorme braço e atirou um raio contra o Deus da Guerra. Ares desviou, deixando que o raio acertasse – e destruísse – uma grande torre do castelo.

               - Mas o quê é isso? – perguntou Hefesto.

               - Ele – apontou Zeus – Traiu a nós. Ele se juntou a Cronos e Voldemort. Ele traiu o Olimpo.

               - Ares? – Afrodite parecia cética – Tudo bem, eu sei que ele é meio mal-humorado com a vida... Mas, traidor? Duvido muito...

               - Eu sempre soube – se intrometeu Hera – Alguém que destrói famílias, roubando Afrodite de Hefesto... Só pode ser um traidor também. Afrodite apenas não vê isso porque também é traidora, em outro sentido, claro...

               - Como se atreve? – Afrodite perguntou – Eu devia...

               - Calem-se! – ordenou Ares, o Deus olhou muito sério para Zeus – E com base no que você me acusa disso?

               - Sua moto. – afirmou Zeus – Você deixou-a na Casa dos Gritos...

               - Só isso? Qualquer um pode ter deixado uma moto lá para me incriminar.

               - Também tenho testemunhas...

               Ares levantou a sobrancelha.

               - Dificilmente...

               Voldemort deu um passo a frente.

               - Desculpe – falou o Lorde das Trevas – Mas creio que nossa aliança termina aqui...

               Ares franziu o cenho, confuso com a repentina reviravolta que isso estava tomando. Então ele compreendeu tudo. Fora estúpido... Dera as informações secretas que o Olimpo compartilhava com ele e tivera utilidade para Voldemort. Tivera. Agora não era mais útil.

               - Miserável... – sussurrou ele, lançando um olhar mortal para Voldemort – Não há heróis entre traidores, não é? Acusa-me de traição e me apunhala pelas costas!

               - São apenas negócios... – falou Voldemort sorrindo – Francamente, Ares, realmente achou que eu e Cronos dividiríamos nosso novo mundo com você? Ele apenas terá espaço para Comensais e titãs, e você é um Deus. Sim, sim, eu sei que disse que com a morte de Zeus, você poderia ser o novo Deus mestre do Olimpo, mas... Eu menti.

               Ares estava se contorcendo de tanta raiva. Enganado. E humilhado na frente de todos os Deuses, bruxos, semideuses e monstros.

               - Você não vai sair dessa com vida... – disse ele, de forma quase inaudível. E então, saltou para atacar Voldemort. Seu salto foi tão potente que uma cratera se abriu no lugar onde estivera. E voou numa velocidade divina até o Lorde das Trevas, antes mesmo que este tivesse tempo de aparatar.

               Ele podia até ter matado Voldemort, mas Zeus bloqueou seu golpe, se interpondo entre os dois.

               - Quando Zeus estiver morto? – repetiu o Deus do Céus, também irado – Você queria me ver morto, Ares? Eu sentencio-o a uma eternidade no Tártaro! Algum outro Deus tem algo a dizer sobre isso?!

               Nem mesmo Afrodite, que vivia tendo casos com Ares, ousou falar nada. A ira na voz de Zeus era quase palpável.

               - Ao Tártaro? – perguntou Ares – E como acha que vai me enviar para lá? Sabe, existe um motivo para que eu seja o Deus da Guerra, sou imbatível em um combate...

               - Existe um motivo para que eu seja o Deus dos Deuses, eu que mando aqui!

               E os dois começaram a travar uma luta divina. Faíscas luminosas, saíram de seus punhos, todos os mortais começaram a correr.

               - Zeus... – disse Atena – Não acho que seja uma boa idéia lutar aqui, vai matar a todos...

               Zeus pegou Ares pelas costas e arremessou-o para longe, com toda a sua força. O Deus foi lançado tão longe, que desapareceu no horizonte.

               - Que seja então – cuspiu o Deus dos Raios – Vamos eliminá-lo longe daqui, encontrem-me sob o Atlântico, foi para lá que o joguei...

               E Zeus assumiu sua forma verdadeira e desapareceu, seguido por todos os outros Deuses. Eles iriam ter que punir Ares agora.

               Voldemort sorriu. Como previra, Zeus fora levado por sua ira a destruir Ares, quando soube da traição, no lugar de finalizar a Guerra. Nem mesmo pensara em manter alguns Deuses aqui, enviara todos para longe... Por tempo suficiente para que os monstros e Comensais destruíssem os Escolhidos...

               O Lord das Trevas sorriu. Estava tudo indo de acordo com o planejado.

               - Mas o que diabos aconteceu aqui? – indagou Rony incrédulo, olhando para o lado de fora de Hogwarts – Quando entramos no castelo, os Deuses estavam ganhando a luta e agora...

               - Eles se xingam e saem voando... – completou Gina.

               - Imprevisíveis... – declarou Hermione.

               Os três saíram do castelo e retornaram para a luta do lado de fora, que já estava recomeçando.

               Thalia e Nico assistiram a toda a cena incrédulos. Seus queixos caíram na verdade.

               - Não estão mais tão confiantes agora, estão? – perguntou Yaxley com um sorriso que ia de orelha a orelha – Sem inferi e sem Deuses... Avada Kedavra!

               Nico repeliu a magia com sua lâmina de Bronze Celestial. Ele podia se defender, era verdade, mas por quanto tempo? Estavam, novamente, em um número muito menor e perdendo a batalha. Foi então que Thalia viu...

               Luke – ou Cronos – estava no centro da batalha, destruindo a todos os bruxos e semideuses que se colocavam em seu caminho.  O titã usava uma longa espada curva, e desferia golpes sem parar para pensar, como se a lâmina fosse apenas uma extensão de seu próprio braço. No calor da batalha, soltava gargalhadas como se estivesse achando tudo aquilo muito divertido.

               Ele repelia as magias bruxas com sua mão esquerda, e com a direita, que carregava a espada, aparava os golpes de semideuses, contra-atacando logo em seguida. Até agora, ninguém havia se aproximado o suficiente para sequer arranhá-lo.

               Nico viu quando Gina, Rony e Hermione saíram do castelo. Puxou a manga de Thalia e apontou para os amigos. A garota compreendeu de imediato. Eles podiam ser fortes separadamente, mas já era hora de se unirem. Correram até os portões do castelo, cortando alguns Comensais e dracaenaes que se punham em seu caminho.

               Quando alcançaram a tríade de bruxos, Rony apontou para Luke.

               - Imagino que aquele ali deva ser o tal do Cronos – disse ele.

               Thalia confirmou com um aceno de cabeça.

               - Ele é mais baixo do que imaginei... – disse Gina.             

               - Ele não está em sua forma verdadeira – explicou Nico – Cronos roubou o corpo de um campista para renascer... Aquele lá que vocês estão vendo é Luke, um ex-namorado, ou qualquer coisa assim, de Annabeth.

               - E o que fazemos?

               Annabeth chegou até eles.

               - Temos que salvar Luke – afirmou a filha de Atena.

               - Mas o quê? – Thalia estava incrédula – Primeiro de tudo, não temos nem idéia de como tirar Cronos do corpo de Luke, segundo, por que faríamos algo do gênero? Ele traiu a todo o Acampamento quando deu seu corpo à Cronos. Ele não é muito melhor que Ares...

               - Não... – chiou Annabeth – Ele se arrepende do que fez, eu sei que sim...

               - Você sabe? E como sabe?

                A garota nunca respondeu, Percy e Harry chegaram até eles. Os Oito Escolhidos, finalmente, reunidos – como a Profecia previra.

               - Acho que esse é o momento em que chutamos a bunda de alguns inimigos... – sugeriu Percy.

               Todos assentiram. Dos portões de Hogwarts olharam para frente. A batalha se desenrolava sangrenta. Muitos campistas e alunos estavam caídos no chão de pedra do colégio. Caídos para que nunca mais se reerguessem. Outros semideuses e bruxos ainda lutavam bravamente, defendendo tudo aquilo no que acreditavam. Slughorn... pensou Hermione, Dumbledore... Todos mortos... Tantos mortos...

               - Acho melhor tirarmos Cronos e Voldemort daqui – sugeriu Harry – Eles estão causando muito dano e, além do mais, só nós podemos detê-los. É melhor atraí-los para dentro do castelo, tem bem menos gente lá.

               Todos concordaram.

               - Ou talvez, possamos acabar com isso aqui e agora... – disse Thalia, ressentida pelo seqüestro de Artemis, virou-se para Cronos – Ei, Cronos, não é a nós que você quer?!

               O titã ergueu a cabeça e viu os Oito.

               - Veja só, Voldemort, estão reunidos, apenas facilitam nosso trabalho...

               Uma veia brotou  na testa de Thalia. Ela ergueu sua grande espada, mirou e atirou. Ouviu-se o silvo agudo que ela fez ao entrar em atrito com o ar. Foi um tiro digno, seguiu perfeitamente reto e veio a cravar-se no peito de Cronos. Lá ficou enterrada, bem no coração.

               Todos olharam estupefatos para a espada cravada no titã.

               Cronos sorriu.

               - Não sou humano. Não tenho coração... – disse ele enquanto levava sua mão direita até a espada e a arrancava do peito – Não podem me matar...              

               Thalia deu um passo para trás. Impossível. Os oito estavam reunidos, com certeza e ela dera um tiro certeiro no coração de Cronos, como ele ainda podia estar de pé?

               - Vamos... – falou Percy – Cronos! Voldemort! Se vocês nos querem, venham nos pegar!

               E os Oito seguiram correndo para dentro do castelo.

               Cronos e Voldemort viram-nos correr, e os seguiram, caminhando. Não tinham para onde fugir, não havia motivo para correria. Logo, tudo estaria acabado.

               A luta do lado de fora continuou, mas as coisas se esquentaram do lado de dentro...

               Os Oito começaram a subir as escadas. Estavam tentando levar a luta para um local no qual não tivesse ninguém. Sem feridos. Era esse o plano. Harry e Nico deram um passo a frente, entrando em uma outra escadaria, os outros escolhidos estavam prestes a segui-los quando, por ironia do destino, as escadas mudaram.

               Sim, elas andaram, fazendo com que Harry e Nico, que já estavam em cima delas se afastassem de todos os outros Escolhidos que ficaram estáticos, vendo a escada se afastar deles.

               - Malditas escadas que andam! – falou Rony – Estão sempre mudando na hora errada!

               Ouviam atrás deles os sons dos passos de Voldemort e Cronos.

               - Corram! – berrou Harry – Vão para outro lado! Nos encontraremos mais tarde!

               E todos os que não tiveram a chance de subir nas escadas, entraram por um corredor, sumindo da vista de Nico e Harry. Esses dois, quando a escada parou de andar, também sumiram em um corredor de Hogwarts.

               Os dois pararam de correr e começaram a andar rápido. Não tinham certeza de para onde estavam indo. Precisavam encontrar os outros Escolhidos, isto era certeza. Separados nunca venceriam a luta, mas onde eles poderiam ter ido parar?

               Passaram por alguns porta retratos vazios – a maioria de seus personagens haviam fugido para outro lugar, onde fosse mais seguro de ficar. Caminharam por cerca de quinze minutos, até que chegaram a biblioteca de Hogwarts.

               Livros e mais livros estavam empilhados nas prateleiras. Parecia que a Guerra ainda não havia chegado ali. O lugar estava vazio, é verdade, mas ainda parecia estar intacto. Os dois ouviram os passos de Voldemort e Cronos se aproximando. Os inimigos chegaram depois que Percy os outros já haviam entrado num corredor, mas chegaram em tempo de ver Harry e Nico entrando naquele corredor. Seguiram-nos e agora estavam chegando na biblioteca também.

               O bruxo e o semideus, ao ouvirem o barulho dos passos, esconderam-se atrás de uma estante. Cronos foi o primeiro a entrar.

               - Ora, ora,ora... O que é que temos aqui? Uma biblioteca! Sabe, Voldemort, gosto muito de bibliotecas, gosto da forma como dão uma boa fogueira...

               - Ainda não queime esta... Existem muitas informações interessantes sobre magias aqui...

               - Sim, sim. – concordou o titã – Mas vamos ao que interessa. Potter, nós o vimos entrar aqui, sabemos que está escondido, apareça.

               Harry ergueu-se de trás da estante. Já o haviam visto de qualquer maneira, sabiam que ali estava e não tinha motivos para se esconder. Esperou que Nico continuasse escondido no seu lugar, mas quando o amigo se revelou, ele se mostrou junto.

               - Harry... – disse Cronos sorrindo – Você não tem que fugir de nós...

               - Expelliarmus! – ele tentou acertar Voldemort.

               - Protego! Expelliarmus! – Voldemort se defendeu rapidamente e contra-atacou. Sua magia acertou Harry, fazendo com que sua varinha voasse longe.

               - Parem vocês dois – ordenou Cronos – Harry, não queremos brigar.

               - Duvido muito – afirmou Nico.

               - Pode duvidar, sua opinião não me importa – disse Cronos secamente – Estamos aqui, Harry, para ajudá-lo. Deixe-me ajudá-lo...

               O bruxo teve a sensação de Déjà Vu. Aquela frase... Aquela voz... Ele se lembrou.

               - Você... – disse Harry – Você estava falando comigo, enquanto eu não sabia da existência do Mundo Grego. Enquanto estava em Hogwarts você era a voz que disse que queria me ajudar, não é?

               Cronos assentiu.

               - Sim, era eu. E meus fins são nobres, garanto-lhe. Apenas quero lhe ajudar...      

               Voldemort virou-se para Cronos, também não estava entendendo o que se passava.

               - Me ajudar? Como? Do que está falando? – Harry tentava soar inquiridor, mas sem a sua varinha, sentia-se despido.

               Cronos abriu um pequeno sorriso.

               - Você, quando foi ao Mundo Inferior, encontrou seus pais, não é verdade?

               O bruxo não parou para pensar em como o titã sabia disso, mas como sabia, apenas concordou com a cabeça.

               - Sim, encontrei, e daí?

               - Bem, não é triste... Hades e Zeus não permitem que eles renasçam... Mas eu nunca faria uma coisa dessas.

               - O que você quer dizer?

               - Ajude-nos, Potter – terminou Cronos – Ajude-nos a ajudá-lo. Desista de toda essa palhaçada de "Escolhidos" e junte-se a nossa causa. Juntos, destruiremos o Olimpo e então, renasceremos seus pais. Vocês poderão viver como uma família... Não é isso que sempre quis? Deixe-me ajudá-lo...

               Voldemort virou-se incrédulo para Cronos.

               - Deixar que Potter se junte a nós?! Isso não fazia parte do acordo! Você devia me deixar matá-lo!

               - Sinto muito, Voldemort – afirmou Cronos – Eu nunca tive essa intenção. Além disso, seja razoável, o garoto é mais útil vivo. Basta que um Escolhido passe para nosso lado e pronto, a Profecia será inútil. Separados nunca ganharão.

               - Minha família... – por um segundo Harry se sentiu tentado.

               - Não! – explodiu Voldemort – Você não terá nada, Harry Potter. Você só terá a morte! Avada Kedavra!            

               Cronos se interpôs entre o feitiço e o bruxo, bloqueando a magia. Com um acenar de cabeça, fez com que a varinha de Harry voltasse a suas mãos. O titã suspirou.

               - Sabe, Voldemort – começou ele – esperava que você entendesse. Você me deu muitas informações sobre o Mundo Bruxo e a isso lhe sou grato. Mas, receio que agora você tenha se tornado inútil, assim como Ares...

               - O que você quer dizer com isso...? – Voldemort estava cauteloso quanto o que fazer.

               - Quero dizer que, talvez, você já tenha vivido mais do que devesse...

               - Você não está me traindo, está?

               - Receio que sim, Voldemort. Você não saíra dessa biblioteca com vida.

               - Você é quem não saíra daqui vivo, seu imundo! – explodiu Voldemort- Avada Kedavra!

               Novamente Cronos parou a magia.

               - Você não pode me matar! – disse Voldemort, um pouco enlouquecido com idéia da traição – Eu não lhe ensinei tudo, ah, não... Existe um feitiço chamado Horcrux... Ele permite guardar pedaços de sua alma dentro de objetos. Sim, isso mesmo, minha alma está conservada em objetos. Eu sou imortal!

               Cronos balançou negativamente a cabeça.

               - Pode ser o que você pensa ser... Mas eu discordo. Eu sou Cronos, o titã dos titãs, o titã do Tempo! Eu posso envelhecê-lo caso eu queira...

               - Eu não envelheço – afirmou Voldemort também sorrindo – Não enquanto eu tiver minhas Horcruxes intactas.

               - Algum dia, alguém irá destruí-las – declarou Cronos – E, quando a destruírem, seu corpo se tornará vulnerável...

               - O quê? – Voldemort estava surpreso com essa informação. Avançar o tempo até uma era na qual todas as suas Horcruxes tivessem sido destruídas? Poderia Cronos ser tão poderoso assim? – Você não pode fazer isso.

               - Já fiz enquanto conversávamos... – afirmou ele – Seu corpo e está totalmente vulnerável.

               E, ao terminar de dizer isso, caminhou para frente, em direção a Voldemort. O bruxo, pela primeira vez, estava com tanto medo que não conseguia se mover. Cronos esticou sua espada, perfurando o Lord das Trevas e tirando-lhe a vida. O beijo do aço foi frio.

               Voldemort não fez nenhum barulho ao morrer. Ouviu-se apenas o barulho  que a espada fez, quando Cronos a tirou das entranhas do bruxo. Ele caiu, sem forças e sem vida, deitado no chão.

               - Uma pena – disse Cronos – Podíamos ter feito grandes coisas juntos...

               Ao terminar com isso virou-se para Harry.

               - E então? O que me diz? – perguntou o titã – Quer ver sua família novamente?

               O garoto ainda pensava no assunto. Era uma oferta tentadora demais... Lembrou-se do campo, abaixou do salgueiro, no qual vira Lilian e Tiago, conversaram, se abraçaram, foram uma família...

               - Não – disse ele secamente, por mais que dizer essas palavras o machucasse – Não aceitarei nada que venha de você! Depulso!

               O titã foi pego desprevenido e o corpo de Luke voou e chocou-se violentamente contra uma estante da biblioteca, fazendo com ela caísse. Nico e Harry se aproveitaram desse momento para sair correndo, deixando o titã sozinho.

               Cronos ergueu-se, irritado. Isso não ficaria assim, ah, não ficaria...

               Olhou para o corpo de Voldemort esparramado no chão. Podiam ter feito grandes coisas juntos...

               - Não queime a biblioteca, tem grandes feitiços guardados aqui... – repetiu ele – Pff. Acredite, lhe farei um favor queimando esse seu corpo imundo...

               E, ao dizer isso, com um simples olhar, criou uma pequena fogueira na pilha de livros que caíram da prateleira na qual ele colidira. O fogo pegou e, em questão de segundos, toda a biblioteca estava sendo devorada pelas chamas. Cronos andou para fora do cômodo.

               Iria encontrar os Escolhidos. Iria encontrá-los e depois matá-los.


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Notas finais do capítulo

Estamos chegando ao fim da série, tam tam tam... O que será que vai acontecer à seguir? Ainda tem algumas revelações a serem feitas... SUAHSUAHSUHAU. Deixe um comentário/recomendação/declaração/sugestão/medo/ansiedade/opinião/tudoquelhepassarpelamente!