Cap XI - 涙

— E então, Karin-chan, como foi? – Matsumoto parecia bem diferente do que aparentava antes – Divertiu-se bastante?

— Sim!! Fazia tempo que eu não comia a comida da Yuzu! – respondeu animada

Os três – Hitsugaya, Matsumoto e Karin – estavam voltando ao seu esquadrão, andando. O capitão estava pensativo e quieto, mas até sorria de canto ao ver ambas subordinadas rindo.

— Waaah! Se for tão boa quanto à da Orihime, quero experimentar um dia!

— Claro! Da próxima vez, você será minha convidada, Rangiku-san! Toushirou, quer vir de novo para a minha casa?

— Como se eu quisesse, baka! Além disso, você não estava cansada? Por que resolveu voltar a pé? – cruzou os braços

— É mais divertido, não acha? Hoje, o clima está refrescante! E, enquanto vocês demoraram a vir me buscar, aproveitei para descansar!

Um clima tenso pairava. Matsumoto já estava ficando desconfortável por estar entre os dois, mas, depois da conversa que teve com Hitsugaya, não poderia deixá-los a sós.

— Capitão, não quer descansar um pouco? Eu levo a Karin-chan! – Matsumoto sorriu

— Matsumoto...

— Não se preocupe! Não farei nada que esteja recomendado para acima de dezoito anos! – riu – E o senhor tem um monte de coisas para pensar, não?

Hitsugaya estava um pouco inseguro... Mirou para Karin e esta parecia estar curiosa sobre o que estariam conversando.

— Certo. Conto com você, Matsumoto. – saiu do local usando seu shunpo

— Boa noite, capitão! – Matsumoto acenou e depois voltou-se para Karin – Vamos, Karin-chan?

— Ah, claro!

~ x ~

Hitsugaya percebeu que sua visão começara a ficar embaçada. E já estava amanhecendo. Continuava incomodado com o que fizera junto de Hinamori e tomou uma decisão. Foi até o quinto esquadrão, e procurou pelo quarto da tenente.

— Preciso me apressar... Meu corpo já não aguenta mais... – aproximou-se da janela do quarto de Hinamori e a viu dormindo

Entrou e a observou por um tempo. Seu coração não estava acelerado, pelo contrário, estava calmo, até demais. Afagou um pouco seus cabelos castanhos e sorriu.

— Unh... – a garota abre os olhos aos poucos e percebe a presença de alguém ao seu lado – Essa reiatsu... Hitsugaya-kun?

— Te acordei? Desculpe. – ajudou Hinamori a se sentar – Eu já vou me retirar.

— Que tipo de exemplo vai dar para seus subordinados, invadindo o alojamento dos outros desse jeito? – e riu um pouco, coçando os olhos – O que foi?

— ...

— Quer se sent—

— Hinamori. – interrompeu-a – Desculpe-me, mas poderia ficar longe do meu esquadrão por um tempo?

— Como?

— Não me sinto bem depois do que fiz. Estou lhe pedindo um tempo. – estava firme

— Espere, Hitsugaya-kun! – não conseguia raciocinar direito, estava sendo muito repenino – O que fizemos prova o quanto nos amam—

— Hinamori!! – a garota se assustou – Aquilo não prova nada... Foi um ato de desespero.

— Shiro-chan!! – seus olhos começaram a lacrimejar e segurou em seu braço – Por que não aceita meus sentimentos?! Tem algo te impedindo de fazer isso...?!

— Kurosaki Karin. – sussurrou

Hinamori arregalou os olhos. Sua voz não saía, e não conseguia mais se movimentar. Soltou paulatinamente seu braço e ficou cabisbaixa. As lágrimas rolavam pelo seu rosto. Fitou Hitsugaya e este hesitava em olhar em seu rosto.

— Shir—

— Não venha mais ao meu esquadrão. – e saiu

— SHIRO-CHAN!!!! – lágrimas transbordavam de seus olhos, não conseguiu conter-se mais e acabou chorando o máximo que podia

~ x ~

— Rangiku-san... O Toushirou está diferente... Não acha?

— Hum... – fingiu estar pensando – Ele devia estar com saudades de você, Karin-chan!! – começou a rir

— O-oe!! – Karin corou rapidamente

— Foi uma brincadeira, Karin-chan!! – não conseguia segurar o riso – Não precisava levar a sério!!

— Rangiku-san... Não faça brincadeiras desse tipo...

— Hai, hai! Mas não se preocupe, Karin-chan! O capitão só está cansado e...! – parou no mesmo instante que sentiu uma reiatsu familiar por perto

— Rangiku-san?

— Espere um pouco, Karin-chan. – franziu o cenho, concentrando-se para encontrar a tal reiatsu— “Não pode ser...!” Karin-chan, venha comigo! – começou a correr

— H-hai! – seguiu sua tenente

Matsumoto olhava para os lados à procura dessa reiatsu. A primeira sentiu uma decaída brusca em um local próximo dali, de tão baixa era irreconhecível, porém familiar. Parou repentinamente ao ver um corpo sentado no chão, com uma respiração pesada.

— Capitão!! – ia até ele, mas fora ultrapassada por Karin que, ao se aproximar, aproveitou a aceleração e se jogou no chão, deslizando seus joelhos até ver seu capitão totalmente sem forças

— Toushirou!! Toushirou!! – tentava acordá-lo

— Não grite, sua idiota... – resmungou, colocando a mão em sua cabeça – Minha cabeça está latejando...

— Toushirou!! – gritou aliviada, esquecendo-se do pedido do pequeno capitão – O que está fazendo aqui?! Por que está desse jeito?!

— Eu... – não teve coragem de dizer a verdade – ... Minha reiatsu abaixou de repente e vim parar aqui.

— Capitão...! – Matsumoto se aproximou e agachou-se, repousando a mão na testa de Hitsugaya – O senhor está com muita febre! Karin-chan, ajude-me a levá-lo até o quarto esquadrão!

— Estou bem. Não há necess—

Após dizer essas palavras, seus olhos se fecharam lentamente. A última coisa que ouviu foi Karin gritando seu nome.

~ x ~

O pequeno capitão abriu os olhos, de uma só vez e se sentou na cama, assustado. Arfava e colocou a mão no peito, acalmando a respiração. Limpou o suor de sua testa e tentou identificar o local olhando em sua volta. Era o quarto esquadrão.

— Capitão...! – Matsumoto aparece abrindo a porta e pula, literalmente, em cima de seu capitão como de costume – O senhor acordou!! Ainda bem!!

— Matsumoto, solte-me...! – falava em pausas, enquanto dava tempo de respirar no meio de seus seios enormes

— Ah, desculpe-me. – limpou as lágrimas, sorrindo

— Ainda está de noite? – estranhou, olhando a enorme Lua

— Não. O senhor dormiu durante dois dias seguidos, ficamos preocupadas!!

— “Ficamos”?

— A Karin-chan se recusava a sair daqui. Olhe. – voltou um passo e o capitão pôde ver a garota deitada no sofá duro, dormindo

— ...

— Capitão Hitsugaya. – Unohana adentra no quarto – Como está?

— Unohana... Estou melhor. Nunca fui de desmaiar, não sei o que teria acontecido.

— Seus batimentos cardíacos estavam descontrolados, deve ser stress. Tem algo o incomodando, ultimamente?

— ... – hesitou um pouco, apertando seu cobertor com força – Não... Devo estar exagerando no tempo de trabalho. Só isso.

— ... Entendo. – virou-se de costas e aproximava-se da porta – Sugiro que descanse um pouco, seu corpo continua enfraquecido. Boa noite. – reverenciou, saindo do quarto

Matsumoto sorria ao ver seu capitão bem. Este, contudo, não parava de pensar no estado de Hinamori. Como ela poderia estar? Será que conseguiu aceitar todas aquelas palavras?

— Droga... – disse para si mesmo, socando a parede

— Capitão. – chamou a atenção de Hitsugaya elevando a voz – Desculpe-me, mas... Gostaria de perguntar o porquê de não ter ido até o nosso esquadrão como havia lhe pedido...

— Será que seria melhor se eu tivesse escutado suas palavras, Matsumoto...? Eu fiz... Algo que eu possa me arrepender no futuro, mas que, no momento, foi a melhor escolha. Pelo menos, por agora.

— Como assim, capitão? Aonde o senhor foi? – aproximou-se da maca

Hitsugaya estava tremendo, algo que nunca fizera antes. Os olhos claros de Matsumoto miravam seu capitão com preocupação. Segurou forte sua mão e foi respondida com um aperto leve.

— Fui até o quinto esquadrão, falar com Hinamori. – disse friamente – E... Disse coisas horríveis, as quais eu irei agradecer daqui um tempo.

— C-capitão! Não acha que está sendo rápido demais? – calou-se ao ver aqueles turquesas perderem a cor aos poucos, soltou sua mão e suspirou fundo – ... Por favor, descanse... Nem que dure uma semana! O senhor está muito tenso...

— ... – voltou a se deitar, mostrando que faria o que Matsumoto lhe pedira

— Obrigada. – retirou-se do quarto e recostou na porta, deslizando até o chão

Seu coração já amolecia com o fato de seu capitão estar no enredo do “amor”, mas fazê-lo sofrer desse jeito? Não aguentava mais. Queria poder ajudar, porém Hitsugaya sempre fora muito fechado para emoções e desabafos. Só de vez em quando que Matsumoto escutava palavras sinceras e sentimentais da boca de seu capitão, como um alívio de poder contar aquilo para alguém.

— Rangiku-san? – a ruiva olha e percebe Isane segurando vários papéis – O que está fazendo aí, no chão? Vai pegar um resfriado!

— Isane!! – a ruiva abraçou sua amiga, derrubando todos os documentos que segurava, e pôs-se a chorar intensamente

— E-ei, Rangiku-san... O que houve? – retribuiu o abraço, assustada

Unohana olhava a cena de relance, detrás de uma esquina de parede. Seu rosto estava sério e, assim como Matsumoto, estava preocupada. Afinal, sabia do sentimento que Karin escondia por seu capitão depois daquela conversa que teve. Deu meia volta e voltou com seus afazeres.

~ x ~

Hitsugaya não conseguia pregar no sono. Estava preocupado demais para, ao menos, fechar o olho por um minuto.

— Droga... – resmungou

Ouviu um barulho e mirou para sua subordinada que dormia no sofá, ela resmungava enquanto dormia. Pudera, um sofá duro como aquele, uma bela dor nas costas apareceria a qualquer hora.

Levantou-se e foi até Karin, arrumando seu cobertor. Será que era por ela que estava apaixonado...? Ou apenas se sentiu atraído por possui uma forte reiatsu?

— Controle-se, Hitsugaya. – voltou para sua maca, ao sentir uma tontura leve – Você só... Está passando por uma fase chata e ridícula da vida.

— Ugh... T-Toushirou...? – Karin coçou os olhos, ainda sonolenta, e levantou-se vagarosamente – Acordou?

Quando finalmente acordara de verdade, a garota vai até seu capitão, com um enorme sorriso.

— Wah! Que bom!! Pensei que estivesse sonhando!! É você mesmo, né? – cutucou no braço de Hitsugaya

— Sim. – hesitava um pouco em suas palavras – E não precisava dormir aqui. Eu estou bem!

— Eu estava preocupada com você!! Não responda desse jeito!!

— ... Pode voltar para o esquadrão. – tentou não fitar Karin, tentando mostrar firmeza em suas palavras – Segundo a Unohana, estou estressado. Só mais uma noite de sono e estarei de volta. Até lá, volte e durma em um lugar mais confortável.

— Ei...

— A Matsumoto ou qualquer outro oficial pode te mostrar seu quarto. Vá. – disse incerto de suas palavras

Com certeza, aquilo feria o coração de Karin. Mas não tinha outra escolha, teria que acabar com aquele sentimento pela subordinada, seja lá qual for ele.

— Por quê...? – ouviu a voz fraca de Karin

Virou seu rosto e viu aqueles olhos segurarem as lágrimas de tão brilhosos que estavam. Por mais que não quisesse, não conseguia parar de mirar Karin.

— Desde que eu cheguei, você tem sido tão frio comigo... Tão diferente... – estava trêmula

— Não mudei em nada. Estou o mes—

— Não está!! – interrompeu-o – Não está... Não sei o que pode ter acontecido nesses últimos dias e nem preciso saber, mas... Para mudar o jeito que fala comigo, tem a ver com a Hinamori, não tem?

— Não coloque a Hinamori no meio. Sou eu, tá legal?! Estou um pouco confuso...

— Confuso com o que?! E por que estou incluída?! Toushirou, conte a verdade!! – segurou em seus ombros

— Não preciso dar explicações a ninguém. Ainda não. – virou o rosto – Não pense que a Hinamori está presente em tudo. Pelo menos, não enquanto eu estiver com você.

Sentiu os braços de Karin entrelaçarem seu corpo. Um abraço?

— Oe...

— Por favor, deixe assim um pouco... Só um pouco... – lágrimas escorriam de seus olhos

O capitão não sabia exatamente o que fazer. Involuntariamente, apoiou sua cabeça no ombro inquieto de Karin. A sensação de estar perto desta era tão boa quanto o ósculo que dera em Hinamori. Fechou os olhos, apenas sentindo o momento. Não pensava em nada, sua mente estava vazia. Quem diria que um simples abraço poderia ser tão confortável?

“ — Karin-chan, o que foi? – perguntou Yuzu inclinando um pouco a cabeça para o lado – Está tão quieta...

Ambas estavam no quarto, conversando sobre todos os assuntos. Como Yuzu não conseguia ver os “fantasmas”, Karin lhe contava tudo.

— Ah, não é nada. Desculpa!

— Tem alguma coisa te incomodando? Sou sua irmã, pode contar! – abriu um sorriso

— Yuzu... Você não acha que somos crianças demais?

— Hum? Claro que não! Tem gente da nossa idade que já é modelo, tem namorado...! Por que pergunta isso?

— Bem...

— É o Hitsugaya-kun? – ao ouvir o nome, Karin cora instantaneamente – Ah, acertei! Você gosta dele, Karin-chan?

— Não! Claro que não!! Ele é meu capitão e nós somos companheiros, não posso sentir algo do tipo!

— E por que isso te impede de sentir algo? Que boba!

— Além disso, ele tem uma amiga de infância que parece me odiar e gostar dele. – abraçou seus joelhos, sentindo lágrimas em seu rosto

— E isso importa, Karin-chan? – aproximou-se de sua irmã e mexeu em seus cabelos – Se você gosta dele, fale. Quem sabe a premiada não seja você? – e sorriu. Abraçou Karin, que continuava na mesma posição.

— “Toushirou... O que eu sinto por você, não pode ser tão forte assim... Tem algo de errado comigo. E, não falarei até ter certeza de tudo... “