Apocalypse escrita por DianaCK


Capítulo 5
Capítulo 2 - Parte I




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- Quíron, está na hora – disse um campista, na porta da enfermaria.
- Ok. Já estou indo – respondeu.
- Hora de quê? – perguntei, sem tirar os olhos do semideus que Ortro machucou na Colina, agora deitado em uma das camas.
Molhei o pano na água gelada e passei em sua testa.
- Vamos queimar a mortalha de Emily – Spencer disse. Ele mastigava uma latinha de Coca-Cola com aflição e tinha um braço envolto em uma tipóia de panos. Sentia-se muito culpado pela morte de Emily e pelo menino estar com um corte feio no peito.
Quíron colocou a mão no meu ombro.
- Cuide de Dan, logo estarei de volta – ele disse.
Assenti.
Eu tinha me oferecido para cuidar de Dan na enfermaria. Em parte porque me senti meio culpada por não ter protegido ele daquele cachorro tosco e porque eu não precisava de muito treino. Treinei todos os dias de todos os anos de minha vida. Alguns sem treino não iam fazer falta.
- Vamos, Spencer.
- Sim, senhor – disse o sátiro.
Eles saíram da enfermaria, o sátiro com duas latinhas de refrigerante e o centauro com sua cadeira de rodas “mágica”.
Olhei para fora da janela, já era noite e tinha pequenas estrelas enfeitando o céu noturno. Alguns monstros urravam na floresta e pude ver vários campistas indo em direção ao Anfiteatro, onde certamente seria queimada a mortalha de Emily.
Desviei os olhos da noite para o criado-mudo ao lado da cama de Dan, onde estava o punhal que a semideusa, em tentativa vã, pensou conseguir matar o cão de duas cabeças, uma mochila marrom, um prato com água, outro menor e uma jarra.
Fui interrompida dos pensamentos pelos resmungos do semideus.
Continuei olhando pra fora e quase ignorei.
Teria ignorado completamente se ele não resmungasse alto.
Ele começou a suar e se mexer. Fiquei de pé e tirei sua jaqueta desbotada e suja. A regata branca que ele usava por baixo estava ensopada de suor e rasgada por causa das garras do cachorro maldito que deveria ter continuado sendo uma constelação idiota.
Molhei mais o pano no meio dos cubos de gelo e deixei-o na testa do Dan.
Suspirei. O ferimento agora parecia melhor, bem melhor. Deveria ter algo a ver com os remédios que Quíron colocou.
- Gê...meas... – ele resmungou e começou a ofegar.
- Dan – murmurei, sem saber o porque.
Era estranho ver alguém falando enquanto dormia, ainda mais quando era você que cuidava desse alguém.
A ponta das barras da calça do garoto estava toda rasgada, desfiada e dali para cima, até pouco abaixo do joelho, embarrada.
A parte do joelho esquerdo era rasgada e a da outra estava apenas suja, como vários outros pontos da calça jeans.
Fiquei curiosa, por quantas coisas aquele garoto teria passado para estar com as roupas naquele estado?
Sim, a maioria dos meio-sangues passavam por coisas muito difíceis ao tentar chegar aqui, mas não vinham tão... demolidos.
- Asas... não – ele continuava a falar coisas sem sentido e se mexia muito. Eu estava começando a ficar preocupada.
- Devo chamar Quíron? – perguntei a mim mesma e olhei através da janela, para o Anfiteatro, onde a fumaça subia elegantemente aos céus.
Resolvi esperar mais um pouco. Se o garoto continuasse resmungando alto e murmurando coisas sem sentido eu iria chamá-lo. Mas tinha outra coisa: eu não podia deixar ele sozinho.
Apertei os punhos com força.
Vou ter que me virar sozinha, pensei.
Peguei um pequeno prato perto da jarra de água, o qual continha ambrosia e resolvi dar-lhe para comer.


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Notas finais do capítulo

quero review s *-* espero que tenham gostado!