Apocalypse escrita por DianaCK


Capítulo 2
Capítulo1 - Parte I




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/149616/chapter/2

Acampamento meio-sangue.

O único local seguro para futuros heróis.

Nossos heróis?

Adolescentes com os hormônios a flor da pele.

Estou aqui desde que nasci, acho eu.

E até agora muitos heróizinhos passaram por mim e eu aqui, sempre aqui.

Uma simples filha de Hermes.

Sim, o deus dos ladrões, dos mensageiros, dos viajantes, dos comerciantes... essa coisa toda aí. Ele vem seguido ao Acampamento, mas raramente fala comigo.

Creio eu que Hermes nunca teve um filho vencedor.

Um filho vencedor como Poseidon teve, como Zeus teve.

Um exemplo de filho perfeito, um filho herói, que salvou o Olimpo como... Percy Jackson.

Acho que todo o meio-sangue na história já ouviu falar dele, o filho do deus dos mares que salvou o Olimpo de Cronos e blábláblá.

Agora ele tem 66 anos de idade.

E todos ainda o tratam como um deus, apesar de ele não ser imortal, de ter recusado a proposta dos deuses para... Para amar aquela loira – ok, ela era loira, agora tem os cabelos meio cinzas -, Annabeth.

Eu jamais faria algo por amor.

O amor não existe.

Ouvi um trovão ao longe.

Afrodite que me perdoe, mas eu não acredito nisso.

Ele existiria se minha mãe não tivesse morrido, se Hermes cuidasse de mim, de meus irmãos, da minha mãe.

Não tenho raiva de meu pai, sei que ele não tem tempo, afinal, é um deus.

E nem tenho certeza se minha mãe morreu.

O único “herói” que Hermes teve foi Luke. Luke Castellan que ainda por cima foi um traidor.

Saí do sol e adentrei o chalé de Hermes.

Ele não era comprido como os outros, era largo. Tinha beliches contra as paredes e camas normais embaixo de janelas, as paredes eram de um marrom claro e o chão era de madeira. Ainda não tinham reformado o chalé 11 desde 50 anos atrás, mas ele era bonitinho.

Caminhei até minha cama, parte debaixo de um beliche e procurei minha mochila em cima dela.

- Charlie, sua idiota, não está aí – murmurei e me agachei para pegar uma espada embaixo da cama.

Sabe, aqui nesse chalé temos que esconder nossas coisas para os outros não pegarem.

Toquei algo frio e puxei para perto de mim.

Minha espada, uma espada qualquer feita nas forjas do Acampamento mesmo.

Nicholas fez para mim, certamente ele é um filho de Hefesto, alto, musculoso, cabelos meio ruivos, olhos escuros... é, comum.

Fiquei de pé e fui em direção a porta.

- Puta merda, Carlos! Quer me matar? – exclamei, com a mão no peito, me recuperando do susto.

- Ahn, desculpe, Charlotte!

Ele me olhou de cima a baixo e seus olhos pararam na minha espada.

- Onde pensa que vai? – ele sorriu maliciosamente.

- Eu vou para a arena – baguncei com a mão seus cabelos cor de areia.

- E não me pediu permissão?

- Deixa de ser idiota – revirei os olhos e sorri.

Ele riu e entrou no chalé.

Fechei a porta e fui caminhando até a arena. Eu iria praticar esgrima com Sunny

Eu podia fazer o que quisesse com a maior tranqüilidade durante a noite e o dia nessas primeiras semanas do verão. O Acampamento não tinha nem vinte campistas no momento e no chalé de Hermes tinham apenas eu, Carlos, Arthur e os Stoll, mas eles preferem dormir na Casa Grande, dizem que lá tem camas mais confortáveis e não dói a coluna.

Passei pelo lago, tinha umas meninas de Afrodite ali discutindo com as náiades. Segurei a imensa vontade de ir correndo e empurrar uma para dentro do lago de canoagem.

Apertei firme o cabo da espada e segui para a arena.

Sunny estripava uns bonecos com violência.

Fui caminhando em silêncio até ela. Seus longos cabelos alaranjados esvoaçavam com os movimentos repetitivos.

Girei a espada e toquei Sunny nas costas com ela.

Ela ficou parada.

- Se eu quisesse te matar poderia ter feito isto agora – falei com indiferença.

Senti-a sorrir.

Ela se virou rapidamente e me encarou com os grandes olhos verdes.

Sunny Rydder também havia crescido no acampamento, assim como eu. Seu pai era Apolo e ela tinha a incrível habilidade de ser excelente com arco e flecha, quase nunca errando, mas preferia não falar muito a respeito deste dom.

Sunlight – gostava de ser chamada assim -, afastou minha espada com a dela e veio para cima de mim.

Ataquei por cima, Sunny bloqueou e as espadas se chocaram provocando um ruído estridente.

As espadas se chocaram novamente, Rodopiei e empurrei a espada da adversária, agachei e levei a arma acima da cabeça e depois para baixo deixando um corte na barriga da filha de Apolo.

Sunny fez uma careta e foi me empurrando para trás com a espada enquanto as armas iam se chocando a cada golpe, ela tentou atacar por cima, mas eu impedi, então atacou por baixo, cortando o meu tornozelo.

Só vi o céu azul e senti dor nas costas por ter caído com tudo de repente.

Caída no chão, eu não tinha muito que fazer, sentei com rapidez e com muita força arremessei a espada para a frente, atingindo o joelho de Sunny, que caiu de joelhos no chão deixando uma marca de sangue na terra e a espada caída ao seu lado.

Ignorei a leve ardência no tornozelo, fiquei de pé e apontei a espada para o pescoço oponente.

Ela sorriu, ofegante. Afastei a espada e estendi a mão, Sunny a pegou e ficou de pé.

- Lutou bem – falei.

- Obrigada, você também foi ótima – disse, limpando a poeira da roupa.

- É, anos de treino tinham de dar nisso, não é?

Ela riu.

- Engraçado – ela pegou a espada do chão – Estamos aqui há anos e tudo o que fazemos é treinar.

- Eu sei. – dei uma olhadinha rápida para o corte no meu tornozelo.

- Quer dizer, nunca tivemos uma missão nem nada.

- Não há o porquê de termos uma, Sun.

- Há sim, Charlie. Podíamos apenas ir procurar alguns monstros para matar, a única coisa que matamos são esses bonecos idiotas e aqueles “bixinhos” na floresta. Eles não são tão perigosos quanto o que tem lá fora.

Por um lado Sunny tinha razão. Não adianta nada treinar a vida inteira se você não vai ocupar suas habilidades para alguma coisa.

- Temos de dar um jeito de sair daqui – disse ela.

- Quíron não deixaria – rodopiei a espada e decepei um boneco – E faz muitos anos que nenhum campista sai em uma missão, desde que Percy Jackson acabou com Cronos.

Sunny suspirou e sentou no chão.

- Bom, se sairmos em uma missão, do que ela seria? – perguntei.

- Não faço ideia. Esqueça, você tem razão, não vamos sair dessa droga de acampamento nunca – disse.

Dessa vez eu suspirei.

- Vamos – disse eu, embainhando a espada.

- Onde? – ela pareceu confusa.

- Falar com Quíron. Perguntar quais são as chances de os campistas voltarem a fazer missões.

Um sorriso irradiou em seu rosto.

Ela ficou de pé depressa e colocou a espada Solaris nas costas, onde havia um suporte para ela. Sunny a tinha ganhado do pai no décimo primeiro aniversário.

Eu sempre me perguntei se ela gostara de ganhar a espada dourada como o sol ou se preferiria um simples arco e uma aljava cheia de flechas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Posto a parte dois com Reviews (: