Apocalypse escrita por DianaCK


Capítulo 1
Prólogo




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O Paraíso é uma dimensão única, um cosmo particular, e está dividido em sete camadas.

Lúcifer, a Estrela da Manhã, estava em sua caverna no Sheol, sentado em seu trono de crânios. Seus longos cabelos loiros estavam atados em uma trança que descia por suas costas, seus olhos azuis como o céu, sem expressão.

Poderia ser facilmente confundido com um belo anjo, mas, a única coisa que o mantinha longe de sua antiga existência – um Arcanjo – eram as asas de morcegos as suas costas.

O lacaio Samael entra arrastando-se na gruta de seu senhor.

- Meu ssssenhor – sibila a criatura com corpo de cobra e braços de homem.

- O que quer, Samael?

- Tenho alguém aqui que quer vê-lo.

- Quem? – indagou a Estrela da Manhã.

- Ele dizzzz-ssssse um titã, meu ssssssenhor.

- Um titã? – Lúcifer levantou-se de seu trono enquanto as labaredas do fogo do inferno ascendiam nas paredes da gruta maldita.

- Ssssssim, o Ssssenhor dos Titãsssss.

Lúcifer que possuía o rosto em pura surpresa, suavizou a expressão em um sorriso e voltou a sentar.

- Quanta falta de gentileza, Samael, mande o visitante entrar, sim?

- Sssssim, meu amo.

Samael era a serpente do Éden, a qual fez Adão comer o fruto proibido, e agora era o mais confiável comparsa do Diabo, arrastando-se com seu corpo reptiliano pelo inferno. Ele saiu da gruta.

Lúcifer acomodou-se melhor em seu trono de crânios.

Se fosse mesmo o Senhor dos Titãs a espera de vê-lo, o que realmente iria querer? Um acordo, talvez.

Mas o Filho do Alvorecer conhecia a história de anos atrás, Cronos havia sido vencido por um simples meio-sangue. Meio-sangues...

Será que ainda perambulavam pela face da terra?

Metade deuses gregos, metade bonecos de barro.

Sim, o barro. Dele que Deus os fez, não é?

Yahweh fez os mortais do barro, e ainda sim, o traíram, causando a fome, a destruição, a vingança, o ódio.

Lúcifer sorriu ao ver o homem que entrou em seu covil.

Ele tinha cabelos cinzentos e cacheados, não aparentava ter mais do que quarenta anos e usava uma calça jeans surrada, um tênis da Reebok e uma camiseta branca, que estava suja por marcas de terra.

Escorria uma gota de sangue de um ferimento ao lado de seu lado inferior.

- A quê devo a honra de sua visita, Senhor dos Titãs? – perguntei Lúcifer com um de seus sorrisos irônicos no rosto.

- Poupe-me de bajulações, Demônio – disse Cronos – Estou aqui para fazer um acordo.

- Tão direto e tão rude – disse o Diabo, sorrindo – Diga-me, que tipo de acordo pretende fazeres comigo, Cronos?

- Quero iniciar uma segunda batalha contra os Olimpianos.

Lúcifer riu debochadamente.

- Não cansou de perder duas vezes, ainda quer uma terceira derrota?

Cronos conhecia Lúcifer, não iria deixar-se abalar tão rapidamente.

Ele ignorou as falas do Senhor do Inferno.

- Sei que não irei perder se tiver ao meu lado alguém forte e tão poderoso, assim como eu.

- Tão poderoso como você? Então acho que eu deveria chamar Samael.

- Você não quer minha ira, Lúcifer, acredite, não quer – Cronos falou, com a voz firme.

O Diabo calou-se imediatamente.

- Pois bem – suspirou – Continue.

- Quero propor uma aliança com você. Poderíamos juntar nossas tropas e assim, vencer o Olimpo.

Lúcifer pensou um pouco.

Se ele ganhasse essa batalha, conseguiria tomar posse do Olimpo, um local cheio de poder, onde os deuses gregos viviam.

Sim, ele lutaria com seus demônios para conseguir vencer esta tal guerra. Quando conseguisse chegar ao Olimpo, daria um jeito no Senhor dos Titãs, e aí sim, poderia juntar poder e forças suficientes para se tornar maior que o próprio Deus.

- E que ganho em realizar esta aliança, meu caro Titã?

Cronos limitou-se a sorrir.

Chegara aonde queria.

- Ganharás honra e glória, Estrela da Manhã. Além do poder e dos reinos que conseguirá comandar.

O Senhor do Sheol achou interessante a proposta. Se tivesse poder suficiente, talvez conseguisse se tornar mais forte que Yahweh mais cedo e poderia se livrar de Cronos depois.

- Eu não tenho honra. Deixe-a para os querubins, Cronos.

Querubins, a casta dos anjos guerreiros. Eles eram os anjos que mais tinham habilidades marciais, os verdadeiros guerreiros celestes.

Cronos sorriu lentamente, ao se dar conta da pequena ardência do machucado em seu lábio, ele parou de sorrir.

- Então aceitas?

- Deixe-me ver. Deixe-me deixar tudo bem claro.

O Titã assentiu.

- Precisas de mim para vencer uma guerra. Lutaremos juntos, eu e todos os meus demônios com você e sua trupe. Aliás, quem são seus guerreiros, Senhor dos Titãs?

- Monstros e...

- Que tipo de monstros? – o Arcanjo Sombrio interrompeu.

- Monstros que você reconhece como monstros da mitologia grega. Fora os deuses menores que podem querer lutar ao meu lado e estamos recrutando meio-sangues.

Lúcifer não escondeu a surpresa em seu rosto.

- Meio-sangues? Eles ainda existem? – perguntou, finalmente tirando sua dúvida.

Cronos assentiu.

- Certamente.

- Certo. E com minha ajuda você acha que pode vencer?

- Tenho certeza – disse Cronos.

E era verdade.

Lúcifer tinha no inferno centenas de milhares de demônios que lutariam em seu nome.

Então a Estrela da Manhã concordou em fazer o acordo. Os dois juraram pelo rio Styx e finalmente, o plano de Cronos estava começando.

Ele planejara aquilo por todos os anos em que se recuperava da última batalha que travou contra aqueles semideuses imundos. Ele dormiu por anos em uma dimensão paralela muito, muito distante da Haled, do Olimpo e de todas as outras dimensões. Lá ele reuniu energia suficiente para pegar a essência de outros espíritos maléficos que ficavam na escuridão perto de si e com toda a força que reunira, ele fez seu próprio avatar e podia andar pela terra sem ser percebido pelos deuses.

- E esse pequeno ferimento em sua boca, Titã? – Lúcifer perguntou, ainda com o sorriso cheio de sarcasmo.

- Um de seus demônios me atacou – Cronos disse com ódio.

O Diabo riu.

- Perdoe-me pelos modos de Apollyon, meu caro.

Apollyon, o Exterminador, era um dos duques do inferno de Lúcifer. Em outrora, ele foi um oficial querubim, porém, foi expulso do Paraíso junto com Lúcifer e os outros Anjos Caídos.

- Por onde pretende começar esta guerra?

- Estamos tentando achar falhas na proteção do Acampamento Meio-Sangue. Se conseguirmos entrar tenho certeza de que com nossas tropas, eles irão se render e vão lutar contra os próprios pais.

Lúcifer assentiu.

- Já tentou entrar pelo Plano Etéreo?

- Plano Etéreo? – Cronos repetiu, confuso.

- Seu mundo está no Plano Etéreo, amigo – ele enfatizou a palavra “amigo” – São onde os fantasmas presos a Haled vagam, e é nele onde fica o Mundo Inferior, onde há o Tártaro, o qual você ficou por milênios a fio – o Filho do Alvorecer abriu um sorriso um tanto malicioso.

- Sei, lembro-me de ter ouvido falar em algum lugar.

Uma pequena figura mexeu-se nas sombras da caverna e aproximou-se do trono de Lúcifer.

Era Amael, o Senhor dos Vulcões.

Há muito tempo, Amael era um bom anjo, porém, afundou a cidade de Atlântida, matando milhares de vidas e caiu junto do Diabo para o Sheol.

- Deseja que eu reúna as tropas, meu amo? – ele se ajoelhou em frente ao trono de crânios.

- Oh, quanta formalidade, Amael. Levante-se e sim, prepare as tropas e avise-os que em breve teremos uma grande luta para travar – ele sorriu – contra o Olimpo.

- Se assim desejar, meu senhor.

Amael levantou-se saiu da gruta.

- Arrume suas tropas, Arcanjo Sombrio. Começaremos em breve a [i]minha[/i] vingança.

- Assim o deixo, Titã.

 Lúcifer ficou em pé e viu Cronos sair de seu covil.

- Samael! – gritou – Onde está aquele inútil? Samael!

O Arcanjo Sombrio ouviu sibilos vindos do outro lado da gruta, onde havia pura escuridão e logo, na luz das labaredas, apareceu rastejando-se quem ele procurava.

- Esssstou aqui, meu sssssenhor.

- Samael, pode explicar-me como ele entrou em meus domínios?

- Creio que viajou pelas águas do Ssssstyx, meu sssssenhor.

- Não. Não há como ele pagar os barqueiros – Lúcifer disse, pensando.

- Ele se teletransportou pelas sombras, meu mestre. – disse Orion, o rei caído de Atlântida, entrando na gruta. Ele mancava por causa de um eterno ferimento no joelho, apenas caminhava com a ajuda de uma muleta, a qual apoiava-se. Tinha a pele de um moreno claro, o cabelo escuro e a barba rala.

- Como?! – o Diabo exaltou-se.

Era impossível que Cronos conseguisse viajar pelas sombras.

- Com a ajuda de um cão infernal, senhor. – Orion falou.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem ^^